Lyra Müller
A semana do casamento de Eduarda tinha chegado. Ela estava atarefada, precisando de mim como nunca, mas eu não estava em condições de lhe fazer companhia, então pedi a minha mãe que a ajudasse. Inventei um tanto de coisas a ela e para o meu alívio, minha mãe entendeu e ficou com Eduarda.
As coisas entre Brian e eu não ficaram nada bem. Ele estava magoado e a culpa era minha. Brian não tinha como saber pelo que eu estava passando. Então eu liguei pra ele e pedi perdão, disse que minhas enxaquecas estavam piorando e prometi que iria ao médico. Ele também me pediu perdão. Meu coração se aqueceu com sua presença e a vontade de contar tudo o que estava acontecendo veio até a garganta.
Brian era louco por mim, eu não conseguia me imaginar contando pra ele que logo eu já não estaria mais ao seu lado. Não conseguia nem pensar no sofrimento que lhe traria. Por mais que eu tentasse, não conseguia aceitar aquela situação.
Mais uma vez eu apenas apertei seu braço e me encolhi ali, incapaz de dar uma notícia tão horrenda, incapaz de aceitar que me olhasse como uma moribunda. Brian sempre disse que se orgulhava de mim por ser uma mulher forte e não conseguia aceitar desfazer essa imagem que tinha de mim. Eu estava doente, estava morrendo e ter consciência disso estava me matando mais que a própria doença.
_ Lian está ocupado com os preparativos para o casamento, então terei que assumir os negócios essa semana – Brian fala acariciando meus cabelos – Mas já falei com Louise e pedi a ela que te leve no médico.
_ Tudo bem. Não quero que se preocupe – Falei ainda aninhada em seus braços.
Apesar de tudo, eu não podia reclamar de nada em minha vida. Eu tinha sido feliz, muito feliz. Tinha um marido maravilho e filhos saudáveis. Meu lar era um lugar abençoado e eu tinha alcançado o sucesso no trabalho. Eu amava minha irmã mais do que qualquer coisa e também amava a minha mãe. Dizem que a vida nunca é perfeita, mas a minha era, pois eu tinha tudo o que eu amava e me sentia completa e grata por isso.
Eu não queria acreditar que estava morrendo, não conseguia aceitar isso, mesmo com todos os sinais aparecendo a cada dia que passava. Meu peso tinha diminuído, meus cabelos estavam frágeis. Eu tinha até medo de pentear meus cabelos. Mas eu não tinha o direito de reclamar. Minha vida estava sendo curta, bem mais curta do que eu gostaria, então quando Brian deixou o nosso quarto aquele dia, eu fiz uma oração e pedi misericórdia, pedi por mais dias, mas também agradeci por tudo o que já tinha recebido.
Louise apareceu para irmos ao médico, mas lhe dei uma nova desculpa e saí com meus filhos. Fomos para o parque e passamos a tarde toda juntos. Ryan e Beatriz se divertiram muito e a tarde foi realmente agradável. Tanya e Louise também nos acompanharam. Louise tinha se mostrado um verdadeiro anjo na minha vida. Ouvia minhas lamentações e aguentou meus choros sempre em silêncio, me entregando sempre uma palavra amiga.
Dois dias depois fui novamente experimentar meu vestido. Eu não bebi mais os remédios aquela semana, pois eles me deixavam realmente mal e porque eram eles que estavam fazendo meus cabelos cair e isso acabava comigo.
O vestido era lindo, pena que eu estava muito magra, então tive que novamente reajustar a cintura, mas tirando isso, estava perfeito.
A festa de casamento de Eduarda não podia ter sido mais linda. Fiquei sem tomar as medicações, pois me deixavam tontas. Naquele dia, decidi que não lembraria mais daquele assunto e apenas aproveitaria minha vida.
_ Matteo Romano está te aguardando lá embaixo para te levar a igreja – Minha mãe falou e por um momento achei que estava imaginando coisas.
_ Eu estou de carro – Respondi a ela em um tom firme e desci me sentindo tensa. Como se não bastasse o inferno que estava vivendo, aquele homem ainda insistia em atormentar o meu juízo.
O impacto de me deparar com ele na sala foi mais severo do que eu estava preparada. Meu corpo inteiro se agitou diante da presença dele e eu me odiei terrivelmente por isso. Ele desceu lentamente seus olhos por meu corpo, como se eu fosse alguma pretendente ao seu alcance.
Ergui a cabeça e passei por ele sem lhe dirigir qualquer palavra. Ele também não disse nada. Meu coração estava tão acelerado que poderia sair pela boca. Eu realmente não estava preparada para vê-lo. Achei que Lian tivesse proibido a presença dele no casamento.
Matteo Romano tinha plena consciência de sua m*****a beleza e achava que isso lhe dava algum direito de fantasiar coisas. Tenho certeza de que era em sua beleza que ele se confiava, pois além de beleza, ele não tinha nada. Um homem com um mínimo de respeito, não dava em cima de mulheres casadas. Eu nunca tinha lhe dado nenhuma liberdade para agir do jeito que agia comigo.
Com certeza se achava um homem irresistível e achava que isso era suficiente para confundir a cabeça das mulheres, mas eu era uma mulher casada e muito bem-casada e tinha dois filhos que amava mais do que qualquer coisa nesse mundo e jamais trairia minha família por um caso extraconjugal, só porque o cara não entendia o que significava respeito.
Entrei no meu carro e Louise e Tanya também vieram comigo.
_ Você parece muito bem hoje – Disse Louise.
_ Eu estou. Hoje é um dia muito especial na vida de minha irmã – Disse com um sorriso leve e mais tranquilo. Logo estaria na igreja e assim que a cerimônia religiosa acabasse, ficaria ao lado de Brian e não teria nenhum motivo para prestar atenção em Matteo novamente. Eu definitivamente não confiava nele.
Infelizmente tive que entrar na igreja ao lado de Matteo, já que ele substituiu o lugar do irmão como o padrinho de minha irmã. Nunca perdoaria Eduarda por ter escolhido um Romano como padrinho. Para meu alívio, Brian não criou confusão e Matteo não tentou se aproximar mais que o necessário. Tudo seguiu da forma mais tranquila possível e isso me deixou mais calma. Brian ficava extremamente nervoso quando me via perto de Matteo.
Após a despedida dos noivos, seguimos para o salão de festas. Eu estava um pouco fraca, mas bastante animada. Ryan e Beatriz tinha ficado com a babá em casa, por se tratar de uma festa de adultos.
Não era de beber, mas peguei a taça e propus um brinde. Luise brindou conosco. Uma música animada começou a tocar e ela puxou o meu braço insistindo que eu deveria dançar. Eu só tinha tomado duas taças do champagne, mas já estava me sentindo um pouco tonta.
_ Ah não. Não vou arriscar. Vá com ela – Disse a Brian sorrindo. Tanya já estava de pé – Nós viemos nos divertir e é isso que quero.
Brian me olhou pensativo e Louise puxou a mão dele. Aquilo me causou uma sensação estranha, mas fingi que estava tudo bem. Meu fôlego ameaçou faltar e toda a alegria que estava sentido pareceu se transformar em uma sensação de náuseas.
A vida era mesmo uma piada cruël. Nunca imaginei em toda a minha vida que veria meu marido dançando com outra mulher na minha frente e não faria nada. Eles não estavam se agarrando, nem beijando, mas perceber que ele levantou da mesa e me deixou sozinha para fazer companhia a ela, por mais que fosse apenas por uma dança, me magoou de um jeito desconcertante.
Eu sabia que estava sendo exagerada. Que se realmente amasse meu marido, estaria feliz em vê-lo feliz, mas eu era mesquinha e pequena. Vê-lo feliz quando eu estava a beira da morte, não foi algo agradável. Na verdade foi perturbador.
Levantei da mesa e fui ao banheiro feminino. Me sentindo enjoada, fui ao vaso e vomitei tudo o que tinha bebido e comido até aquele momento. Eu estava cada dia pior e a vontade que sentia era a de por logo um fim em tudo aquilo.
Tonta, cai sentada no piso do banheiro e fechei os olhos. Minha visão foi perdendo o foco e quando me dei por mim, alguém já me erguia do chão. Abracei o homem na certeza de que era meu marido e deixei que ele me tirasse dali.
Um casaco foi colocado sobre meu rosto, mas não me incomodei. Na verdade me senti mais protegida. Não queria que as pessoas soubessem quão deplorável eu estava.
_ Por que está chorando assim? – A voz do homem não era a de Brian. Ele puxou o casaco e mesmo com a visão duplicada, pude ver o rosto de Matteo Romano diante dos meus olhos.
_ Matteo? – Eu soltei seu pescoço, mas suas mãos me seguraram. Ele sorriu pra mim e eu tentei me levantar de seu colo, mas meu corpo estava pesado e fraco.
_ Está tudo bem. Logo o efeito da bebida que ingeriu vai passar – Ele avisou em um tom de voz tranquilo e o sono foi tomando de conta do meu corpo, me fazendo apagar por completo.
Lyra MüllerNão sei por quanto tempo eu dormi. Os braços de Brian me abraçavam como um polvo. Não tínhamos costume de dormir abraçados. Ele até que tentou no começo de nosso casamento, mas nunca deu certo. Sempre fui espaçosa na cama e gostava de liberdade. Eu até tentava pegar no sono, mas meu braço doía, ou eu ficava mudando de posição. Resumindo, eu não dormia até estar completamente solta na cama.Eu apertei ele com carinho e quando fiz isso senti algo estranho. O abdome dele parecia tão firme que tive que passar a mão para ter certeza e quando fiz isso, ele colocou sua mão sobre a minha. Brian era vaidoso, tinha o corpo em forma, mas não ao ponto de estar tão definido.Ergui o corpo porque precisava ver a mágica que tinha acontecido ali e quando vi, franzi o cenho confusa. Olhei para o rosto do homem com tórax despido ao meu lado e minha cabeça quase deu um nó quando vi Matteo Romano olhando pra mim._ Bom dia, princesa – Falou me despertando do transe que cai e minha reação foi
Matteo RomanoEla diz que está com câncer e por um momento não sei como lhe dar com isso. Não consigo acreditar em uma porra dessas, mas também não posso acreditar que ela esteja brincando com isso. Aquela notícia foi como um tiro no meio do meu peito. Não sei o que vou fazer se isso for verdade.Depois que se troca no banheiro, seus cabelos estão novamente organizados e o vestido perfeitamente ajustado ao corpo. Avalio seu corpo magro e sinto um aperto desconfortável no peito. Eu precisava dar um passo a frente em nossa relação, precisava explicar que em breve me casaria e que por isso não iria mais receber minhas mensagens. Eu precisava sentir suas reações e a deixar a par de meus planos. Ela não era imune a mim, mas tinha uma resistência deliciosa.Talvez meu sumiço não significasse nada pra ela, mas eu gostava de pensar que significava. Gostava de ver como se comportava em seu escritório quando recebia minhas mensagens. Ela não tinha a menor ideia de que eu tinha uma câmera em seu
Lyra Müller Retorno para minha casa muito feliz. Feliz como se tivesse renascido. Uma felicidade tão grande que explodia meu coração. Tudo o que eu queria era encontrar meus filhos e meu esposo e dizer o quanto euos amava e o quanto era grata por terem eles na minha vida. Entro no meu apartamento e quando vejo minha mãe e meus filhos, eu os abraço com muita força e choro de tanta felicidade._ Onde esteve Lyra? – Minha mãe pergunta com o semblante preocupado – Seu marido estava te procurando como um louco – Ela fala e um frio transpassa por minha barriga. Brian entra na sala e a sua cara não é de boas-vindas. Ele me olha de cima a baixo e sem dizer nada sobepara o quarto. Eu sinto um nó esquisito na minha garganta, diferente de qualquer coisa que já tenha sentido antes. Entro no quarto e Brian está de pé diante da janela. Fecho a porta e ele se vira pra mim._ Passou a noite com ele? – Percebo ele novamente olhando para minhas roupas. Meu coração subiu para a boca.
Lyra Müller Naquela noite fui dormir pensando em tudo o que tinha acontecido. Era inegável que a culpa de tudo o que tinha acontecido na minha vida era de Matteo. Aquela conversa furada de que só queria dizer que iria se casar não passava de um pretexto para terminar de acabar com meu casamento. Aquilo agora era tão óbvio que me fazia sentir uma completa idiota. Ele com certeza decidiu que se não me teria, destruiria minha vida. Era assim que mafiosos agiam, destruíam tudo o que não lhes pertenciam. Tudo aconteceu de forma tão inesperada que ainda não sei como chegou a esse ponto. Matteo tinha passado três meses me atormentando. Não consigo acreditar que nada que venha dele possa ser bom – Digo a mim mesma quando lembro a forma como se preocupou ao descobrir que eu estava doente. Talvez fosse um bom ator, ou apenas educado o suficiente para enfiar a faca no meu peito e ainda parecer gentil. Não sei nem o que pensar. A ideia diabólica de que ele podia estar por trás de
Bellano - ItáliaJanne de Santis (Narrando) – Um mês antes. O que dizer a meu respeito? Não sou bonita, nem rica e nem legal. É triste ter que admitir isso, mas pior ainda é viver iludida com o contrário, como minhas primas que não aceitam o fato de serem tão pobres quanto eu. Digo pobre porque precisamos trabalhar para sobreviver, já que o dinheiro não cai do céu._ Você vai ficar responsável pelo almoço e pela limpeza da casa – Roberta fala antes de sair de casa. Aquilo me dá uma raiva tão grande que meu corpo adormece. Tudo bem que sou a única que está desempregada, mas se vou ficar responsável pela casa e pelo almoço, então eu também deveria receber uns trocados delas, mas nem adianta eu me iludir com isso, porque nem Roberta, nem Vivian vão gastar um mísero centavo comigo. Elas já acham que ganho muito por estar morando de favor na casa delas. Retiro a carne congelada do frízer e a jogo na pia. Eu não sou legal, não gosto de ser legal. Na verdade eu odeio ser
Janne di Santis Minha nossa senhora das gordinhas esquecidas, aquilo não era uma casa, era um castelo fora da cidade._ Lembra que eu falei que o emprego era quase perfeito – Dulce cochicha no meu ouvido. Ela estava de folga aquele dia e me levou em seu carro na entrevista._ Não – Eu não era boa em processar pontos negativos. Geralmente quando me empolgava com as coisas esquecia de lembrar que nem tudo era flores._ Então. Essa família é muito famosa na Itália, não só pelo vinho e pela fortuna que possuem, mas porque dizem que são abertamente mafiosos._ O que? – Fiquei branca – Você é doida? Quer que eu venha trabalhar pra bandido?_ Você disse que qualquer coisa servia – Ela reclama pegando corda._ Qualquer coisa dentro da lei._ Isso é dentro da lei. Você vai cuidar da criança e não participar dos roubos._ Não Dulce. Você ficou biruta. Pode dá... – meu coração acelerou quando o segurança da mansão bateu no vidro do carro e perguntando o que estávamos fazendo ali._ Ela veio
#Esse é um apanhado rápido sobre a chegada de Janne na mansão até o seu recesso de fim de ano# Janne de Santis No dia seguinte, na hora que pisei o pé naquela casa, prometi a mim mesma que não ficaria ali mais que uma semana. Trabalharia apenas para pagar a pequena estátua de anjo que tinha quebrado e cairia fora. Só de pensar que aquele povo era mafioso e que qualquer erro em falso poderiam meter uma bala na minha cabeça, ou até mesmo tentarem me assediar. Eu não era a Sharon Stone, mas tinha meus encantos. Entro naquela casa depois de me benzer três vezes e quando vejo a velhinha que me recebe com a cara amarrada igual repolho retorcido, me dou conta de que as coisas não serão nada fácil. A governanta da casa também tem uma cara de bund@. Não sei se todo mundo amanheceu com a pá virada, ou se algo sério aconteceu na casa, mas pelo menos a mulher me faz o favor de me levar até a criança. Giorgina Romano era uma adolescente de treze anos simplesment
Matteo Romano_ Onde ela está? _ pergunto por telefone assim que piso em solo italiano. _ Continua em Nova York._ Faça com que a notícia de que vou me casar chegue aos ouvidos dela – Ordeno ao segurança que está de olho em Geovana. Eu sabia que ela não deixaria Lyra em paz, depois de me ver correndo atrás dela no dia da festa da colheita. Geovana era ciumenta e achava que tinha direitos sobre mim._ Quero que investigue tudo sobre o falso diagnóstico que a senhora Müller recebeu. Investigue a clínica, o médico, os exames... quero um resumo detalhado dessa história ainda essa semana. Eu sabia que desde que Geovana tinha colocado as mãos no dinheiro que lhe dei, tinha estado em Nova York, onde andava muito próxima de sua prima, Louise. A aproximação das duas exigia atenção. Geovana era uma mulher vingativa e audaciosa. Do contrário, não teria aguentado meu pai e surfado em cima de mim por tantos anos. Era gulosa e a vantagem das pessoas gulosas é que sempre m