Capítulo 5

Matteo Romano 

_ As tradições precisam ser cumpridas – Antonelli, um dos velhos do conselho reclama em alto e bom som, se escorando no apoio que tem do restante do conselho. Ele não tem medo de mim, nenhum deles tem e isso é bom. Os deixam seguros, relaxados, embriagados pela falsa impressão de que possuem controle sobre mim. 

      Papai costumava dizer que quanto mais se massageava o ego de um homem, mais dependente ele se tornava de reconhecimento. A vaidade era um vício a ser alimentado e constantemente tosado. 

_ A família é a base de tudo. É o centro e a motivação do coração de um homem e isso precisa vir antes de qualquer coisa – Continua Valério. 

     Reestabelecer o conselho demandou algum esforço. Para meu irmão, o conselho era desnecessário, para mim, peças essenciais de manobra. A organização da máfia era isso, um tabuleiro de xadrez. Quanto mais peças, melhor. Claro que um movimento em falso poderia me colocar em cheque. Era assim que as coisas funcionavam e comigo não era diferente.

     Para passar despercebido por eles, tive o cuidado de nomear famiglias com antigas rixas, garantindo que gastassem o tempo deles alfinetando um ao outro enquanto me movimentava entre eles sem grandes problemas, contudo, meu casamento era um ponto de consenso geral. Eu precisava me casar e eles tinham pressa.  

_ Um capo solteiro, não passa confiança – Bufou outro – Além disso, não há nenhum motivo para que o senhor permaneça solteiro. 

    Casamentos na máfia era um caminho de ida sem volta. Não dava para devolver a esposa depois do casamento consumado, afinal, se algo não estivesse como o combinado, no mínimo, a vida da garota seria cobrada. Isso se a família inteira não pagasse o preço da desonra. Era justamente por isso que as famiglias se preocupavam tanto com a pureza de suas filhas. A virgindade costumava ser um pré-requisito da grande maioria dos noivos. 

_ O baile de San Jorgino já está sendo organizado – Diz Danti – Será uma boa oportunidade para anunciar o nome de sua futura esposa.

_ Certamente – Concordei por fim, já entediado com aquele assunto. Casar era apenas mais uma formalidade que de fato precisava ser cumprida. 

     Levantei da poltrona dando o assunto por encerrado e deixei o salão em silêncio. Fabrizio me seguiu sem dizer nada. Ele sabia que aquele não era um assunto que me preocupava. Eu precisava de uma esposa apenas para cumprir protocolos. A mulher que eu queria, estava em Nova Iorque, casada e com dois filhos. Ela sim, demandaria um pouco de trabalho.       

    Com as moças da máfia, minha única preocupação seria garantir que fosse silenciosa e submissa. Há alguns anos atrás, essas eram as características marcantes de nossas moças, hoje, nem tanto. 

      

    Fabrizio e Petta apareceram com fotos de todas as garotas da máfia em idade de casar e Luna com Kate derramaram seus relatórios sobre cada uma delas. 

    

    Desde que meu pai estuprou aquela garota na minha frente, eu nunca mais consegui olhar para mulheres como as que estava vendo naquelas fotos, com cara de virgens a serem reivindicadas. Só de pensar eu sentia repulsa. Isso não funcionava em mim como fetiche, porque me trazia lembranças de um passado que não conseguia superar. Um passado que me recusava a superar, pois era a única coisa que de fato me diferenciava dele.   

_ Isso não vai funcionar – Empurro as fotos já sem paciência e puxo a gravata me sentindo sufocado. 

_ Matteo – Fabrizio bufa fazendo uma careta e eu empurro na garganta uma boa dose de bebida. 

_ Vocês estão dispensados – Deixo os três no escritório e vou para o meu quarto. Tiro a roupa e entro no banho. 

“Infernö” – Me apoio na parede enquanto a água desce por meu corpo nu. Por mais que eu tente, não consigo pensar em construir uma família de verdade. Eu não tinha esse direito. 

     Fecho os olhos tentando tirar meus fantasmas da cabeça e pra isso penso em Lyra, molhada, dentro da piscina, com seu corpo colado no meu. Ela é a única que consegue limpar a minha mente. Lyra é como um anestésico sobre um ferimento exposto.  

      Lembro da minha boca contra a dela na piscina e já estou massageando o meu paü, fugindo do abismo obscuro em que me encontrava. Sua boca gostosa e quente, seu cheiro... caralh#o. Pensar nela me excita de um jeito viciante, me ascende, me enlouquece e por mais que seja casada, não me sinto culpado. As sensações que ela desperta em mim, me tiram completamente do eixo. 

     “Drogä” – Eu precisava resolver minha situação com ela. Não estava sendo nada engraçado ficar me enganando com outras. 

     Deixei o banheiro frustrado. Ter consciência de que a mulher que eu queria estava na cama de outro era de adormecer a porra dos nervos e isso acendia um alerta de que eu precisava me acalmar. Eu não era o tipo de pessoa que sabia drenar raiva. Ela se acumulava me deixando vulnerável a atitudes mais incisivas e com Lyra eu precisava ser um pouco mais paciência.     

      Olho para cama e vejo Geovana nua deitada nela. Olhei para a porta, me dando conta de que a tinha esquecido aberta. Com Geovana não dava para vacilar. 

_ Não vai conseguir fugir de mim pra sempre – Ela fala sorrindo. 

_ O que você quer Geovana? – Pergunto ignorando sua nudez já conhecida. 

_ O que você acha? 

_ Eu não estou brincando. 

_ Nem eu – Ela fala ficando de pé, vindo em minha direção – Soube que vai precisar se casar – A mão dela acaricia meu abdome e depois desce até meu membrö. Antes isso me deixava louco, hoje nem tanto. 

_ Sabe que não vai ocupar essa vaga, não é mesmo? – Digo o óbvio, no intuito de alfinetá-la. Anos antes, era ela quem tinha debochado da ideia, agora era a minha vez de me divertir com o assunto.   

_ Eu não tenho tal pretensão, mas posso te ajudar a escolher alguém. 

_ É mesmo? E quais seriam os seus critérios? – Pergunto tirando a mão dela do meu paü.  

_ Anna Caruso. Ela é filha de uma das famiglias mais poderosas e é visivelmente submissa. Você conseguiria facilmente conduzi-la sem grandes problemas.  

_ Conduzi-la? – Digo em um tom zombeteiro. Eu sabia muito bem qual era a preocupação de Geovana em me conseguir uma mulher submissa. 

_ Pode me recriminar, mas sabe que estou certa. Escolha uma mulher submissa, mesmo que isso te desagrade. 

_ Não estou com saco para ficar brincando de escolher esposas – Admito terminando de vestir a calça. 

_ Matteo... – Ela me puxa pelo braço com força _ Por quanto tempo vamos continuar assim? – Ela me imprensa contra a parede e beija meu tórax. Seus cabelos deslizam contra minha pele e sua boca começa a traçar um caminho perigoso. 

     Eu a seguro pelos cabelos, antes que ela assuma o controle. Vejo suas pupilas dilatadas e a boca entreaberta. Está excitada.

_ Seu brinquedinho está indisponível no momento – Falo com meu rosto perto do seu e ela ergue a cabeça mordendo meu queixo. 

     Sua mão novamente aperta meu membrö por cima da calça e eu solto um rosnado rouco. Eu tinha que reconhecer que sua mão era habilidosa e que ela sabia me atiçar.  

_ Eu estou duro assim, mas não é por sua causa. Eu estava batendo uma no banheiro, pra ela – Digo ciente de que ela sabe que estou falando de Lyra e vejo que minhas palavras surtem efeito imediato, pois ela me empurra. 

      Eu começo a sorrir de seu comportamento e ela sai do quarto enfurecida. 

      Geovana era perigosa, ela achava que ainda tinha sua coleira no meu pescoço e se irritava quando percebia que as coisas tinham mudado. 

 

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