Uma filha para o CEO babaca
Uma filha para o CEO babaca
Por: DANI VENCES
Prólogo

Olhei para o teste em minhas mãos, as duas barras demonstrando positivo, e me sentei no chão do banheiro.

— Não pode ser, Deus, não pode ser. — Escutei uma batida na porta.

— Ana, vamos, o intervalo acabou, o professor já deve estar na sala. — Geovana falou. Eu queria contar a ela, mas ela diria que eu era burra, e ela estaria certa. Eu era burra. Levantei e puxei o ar. Eu não ia chorar. Léo me amava, íamos nos casar, não precisava ter medo. Abri a porta e Geovana me analisou.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, estou com medo da prova. — Ela revirou os olhos.

— Você tem que parar de se cobrar tanto, é a melhor aluna da turma. — Eu ri.

— Não diga isso em voz alta, capaz de Thiago sair das sombras e me desafiar a um duelo matemático. — Ela riu.

— Ele acha que ninguém é melhor que ele. Você viu ele questionando o professor? — Revirei os olhos.

— Ridículo isso. Se eu fosse o professor, o expulsaria da sala. — Saímos do banheiro e fomos para a sala.

A prova foi fácil. Geovana me levou para casa. Ela tinha uma condição financeira melhor que a minha, não que fosse rica como os Alcântaras, mas ainda assim podia ser considerada herdeira. Ela me olhou desconfiada.

— O que está acontecendo? — Ela sabia que eu escondia algo. Nunca fui de ficar quieta; sou falante no geral, falo até demais.

— Só cansaço. — Ela revirou os olhos azuis como o céu. Geovana era atípica: menina rica, pele clara, olhos claros, cabelos lisos castanho-claros. Tudo nela indicava que vinha de uma família de posses, apesar de não agir dessa forma.

— Pensei que Helena tinha te dispensado para que focasse nas provas. — Eu e minha boca grande.

— E eu foquei, estudei até tarde ontem. — Não era uma mentira completa.

— Se você diz, tudo bem. — Ela deu de ombros. — Tem certeza que não quer ir almoçar comigo e com meu pai?

— Não, obrigada. Como foi a última prova, eu vou voltar para o trabalho. Dona Helena tem sido muito bondosa, não quero abusar. — Ela deu de ombros novamente.

— Ana, você tem que parar de ser tão certinha. — Eu sorri e abri a porta do carro.

— E você tem que parar de ser uma má influência. — Ela riu.

Assim que Geovana sumiu com o carro, me virei e fui atrás de uma farmácia. Queria ter certeza da gravidez antes de contar ao Léo. Imaginei que seria uma confusão quando descobrissem sobre nós. Mas Dona Helena sempre foi gentil comigo, não iria se opor ao nosso casamento. Agora, Senhor Paulo...

Nem queria pensar em como o Senhor Paulo reagiria. Talvez ele fosse contra o meu casamento com Léo, ou talvez a minha gravidez amolecesse o coração dele. Comprei mais dois testes. Seria melhor não ter nenhuma dúvida. Coloquei os testes na bolsa e voltei para a mansão. Por um momento, enquanto olhava aquela casa enorme, senti um frio na barriga. O bebê que carregava agora era um dos donos de tudo isso. E o medo começou a me sufocar. E se Dona Helena pensasse que eu engravidei de propósito? E se Léo achasse isso?

Não, ele não pensaria isso. Ele me conhecia desde pequena, e ele me amava. Sabia que me amava. Ele nunca acharia que eu era uma golpista. Com esse pensamento, entrei na casa. Assim que entrei, vi uma movimentação estranha. Josefa andava de um lado para outro, floristas estavam pela casa e outras pessoas que eu nunca tinha visto.

— Que bom que chegou! — Josefa falou. — Estou ficando louca, Dona Helena decidiu dar um jantar de noivado esta noite. É apenas para os pais da noiva, mas ela está me deixando doida.

— Noivos?! — Quem estava noivo? Josefa já estava andando para a cozinha. — Josefa, quem está noivo? Do que está falando?

— O menino Leonardo, ele pediu a mão de Mariana em casamento. — Senti meu coração desacelerar e tudo se tornou escuro.

Quando acordei, estava no sofá da sala. Dona Helena e Josefa estavam ao meu lado com olhares apreensivos.

— Ela acordou! — Josefa falou aliviada.

— Ana, como está? — Dona Helena me perguntou, mas eu não tinha a resposta. Léo estava noivo de Mariana. Ele nem a suportava; ela sempre correu atrás dele, e ele correu dela. Em que momento isso mudou?

— Cansada. Posso ir para meu quarto? — Dona Helena me olhou desconfiada.

— Chamei o médico. Josefa me falou que você tem se alimentado mal. Eu sei que se preocupa com as provas, mas precisa se cuidar, Ana. — Ela me repreendeu.

— Não precisa de médico. Dormi tarde ontem, estudando. É só cansaço. Umas horas de sono e ficarei bem. — Ela concordou com a cabeça.

— Tudo bem, mas coma algo antes de se deitar. — Ela falou e saiu. Josefa me encarou.

— Foi porque falei do noivado, não é? — Ela sussurrou. — Eu te disse, menina, que essa sua paixão por ele não te faria bem. Eles não se casam com as empregadas. Nunca se casam com elas.

Fui para meu quarto e entrei no banheiro. Assim que os três testes deram positivo, eu soube que estava com problemas. Mandei mensagem para o Léo; ele me devia uma explicação.

Mas ele não me respondeu, e também não respondeu as outras vinte mensagens que mandei. Decidi ir até o quarto dele esperá-lo lá. O aguardei por uma hora até que ele apareceu. Seus olhos azuis caíram sobre mim.

— Você está com uma cara péssima, Ana. — Ele falou fechando a porta. — O que faz aqui?

— Sua mãe está preparando um jantar de noivado. Me disseram que pediu Mariana em casamento. A Mariana, Léo? — Ele puxou o ar e revirou os olhos.

— Estou na idade de casar. Se não fosse ela, seria outra. Ela ao menos me adora. — Ele falou em um tom comum, como se não tivéssemos nada, como se não me devesse nada.

— E eu, Léo? — Ele deu de ombros.

— O que tem você? — Senti meu coração acelerar. — Ana, você não achou que a gente seria mais que amantes, não é?

— Amantes? — Ele balançou a cabeça.

— Podemos continuar com isso. Não amo a Mariana, ela só preenche os requisitos que preciso. — A forma fria como ele falou aquilo me fez ver o quão idiota eu fui.

— Léo...

Eu ia contar, ia dizer a ele que estava grávida, mas não reconhecia esse homem que estava na minha frente. Ele era só um babaca, mesquinho.

— O que, Ana? — Ele se aproximou e eu me afastei.

— Nada. Eu entendi o meu lugar. Com licença. — Falei, indo até a porta.

— Ana, sabe que gosto de você, mas eu nunca poderia me casar com você. — E ele deu a última facada.

— Seja feliz, senhor Leonardo. — Falei saindo daquele quarto, e antes daquele noivado pretendia estar o mais longe possível daquele homem, daquela família.

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