A forma como Léo olhou para Emily foi diferente, uma vozinha soou em minha mente “ele sabe”. Mas a ignorei, não posso suportar o olhar de pena de dona Helena, e não quero Léo na vida de Emily, não quero ele achando que tem algum direito sobre ela. — Venha Ana, eu pedi que limpasse a casa da piscina para vocês. — Dona Helena falou, se levantando. — Ela claramente suspeita de algo, o olhar que ela deu a Emily deixa isso claro. — Claro, venha Emily. — Eu falei, a segurando pela mão e fomos atrás da dona Helena. A casa da piscina é um lugar amplo e iluminado, é feita de vidro, a não ser o quarto e banheiro que guarda privacidade, mas a cozinha e a sala são de vidro. O lugar é aconchegante, mas isso eu tinha certeza, dona Helena sempre deixou seus convidados confortáveis. — Mamãe. — Emily puxa a minha mão. — Eu posso entrar na piscina. — Não. — Falei, me lembrando das tardes em que eu e Henrique ficávamos aqui, minha mãe horrorizada porque eu entrava na piscina com os donos da casa
LéoE minha tarde foi perdida, não consegui me concentrar em nada além de Ana,e também em sua filha ou nossa filha, Marta concordou em fazer uma entrevista com ela, amanhã e não sei se trabalhar no mesmo ambiente que Ana é uma boa ideia. Ainda a desejo, na verdade sempre a desejei, quando ela foi embora me senti confuso e pensei em desistir do casamento com Mariana, a verdade é que sempre pensei que teria Ana por perto, sei que ela merecia mais que a posição de amante, porém era o que eu podia oferecer a ela, e de fato na época eu acreditei que sim, ela consideraria, mas Ana tem mais valor e carácter que eu. Sai do meu escritório eu não iria render nada lá, não quando meus pensamentos estavam em Ana. — Tem alguma reunião marcada? — Perguntei para Marta. — Não, mas precisa assinar aqueles relatórios hoje. — Eu não quero passar horas vendo número, e vendo número de vendas que estão caindo, a verdade que no último ano a ocorrências chegou em nosso país com força, empresas de fora do pa
Eu nunca havia pisado na empresa dos Alcântaras, mas já tinha visto várias vezes em revistas. Sempre que a empresa era mencionada em alguma revista, dona Helena comemorava com um jantar especial; o pai dos meninos sorria, ele quase nunca sorria, mas nessas ocasiões ele sorria até mesmo para mim. E eu guardei em segredo bem lá no fundo o desejo de um dia trabalhar aqui. Não me lembrava desse sonho até chegar aqui. É um prédio grande com muitas janelas que refletem o sol, em um tom de azul marinho. Encostei no meu carro e um homem bem vestido veio em minha direção.— Como posso ajudar? — ele perguntou, olhando para o meu velho carro.— Tenho uma entrevista. — Ele me olhou como se não acreditasse em mim.— Como se chama?— Ana. Minha entrevista é com a Marta? — Ele olhou para minha roupa.— Por acaso trouxe outra roupa, Ana? — Engoli em seco. Eram minhas melhores roupas.— Não. — Falei constrangida. Ele puxou o ar.— Então lamento por você. Irei comunicar à senhorita Marta que chegou. —
As palavras de Ana ecoaram na minha cabeça. Ela saiu da sala e eu não a impedi, apenas fiquei ali olhando a porta aberta. Passaram alguns minutos e Henrique entrou.— O que aconteceu? Ana passou por mim chorando, Marta se diz inocente, segundo ela Ana saiu desse jeito do seu escritório. — Henrique fechou a porta atrás dele, colocou a mão no bolso e me encarou. — O que aconteceu, irmão?— Ana me acusou de tentar substituir Mateo colocando sua filha no lugar. Henrique foi até a mesa onde ficam as bebidas, colocou uísque em um copo, tomou uma dose e depois encheu outro copo para me entregar.— E é só isso? — Ele me questionou.— Não, claro que não, mas mereço saber se tenho uma filha, e sinto em cada célula do meu corpo que a menina é minha filha. — Henrique sorriu.— Ainda gosta da Ana, não é? — Seu olhar era o mesmo de quando éramos crianças e ele queria me provocar.— Ana está no passado, mas se a menina for minha, eu tenho direito sobre ela e posso proporcionar uma vida mais confortáv
AnaE estou contratada, agora sou funcionária da empresa em que Léo é o CEO, e apesar disso, não consigo negar que me sinto realizada, é a primeira vez em anos que tenho um emprego de verdade, que tenho a segurança de ter uma carteira assinada. E posso manter Leo longe, só preciso convencê-lo de que Emily não é sua filha. Entrei na mansão e Emily correu em minha direção. — Mamãe. — Ela fala, se jogando em meu colo. — Tia Helena disse que vamos fazer compras de roupas, Emily fala animada, dona Helena aparece e sorri.— Leonardo me ligou, disse que foi contratada, pediu que comprasse o que fosse preciso para ir trabalhar.E assim foi o restante do dia, dona Helena comprou coisas não só para mim, mas para Emily, passamos o dia no shopping, e nunca vi minha filha tão feliz, a verdade é que não tínhamos condições de ter um dia de compra no shopping. — Nunca vou conseguir te agradecer. — Falei para dona Helena que sorriu para mim. — Não se preocupa, fazer Emily feliz me deixa feliz, eu
Léo Eu me olhei no espelho, tentando me convencer de que tudo ficaria bem. Meu reflexo estava ali, mas meus pensamentos estavam longe, perdidos em dúvidas. Eu ainda não sabia se era o pai de Emily. A ideia de que poderia ser, que eu poderia ter uma filha e nem saber, me consume. Me sinto incerto sobre como isso me afeta, talvez eu queira tanto que ela seja minha que esteja me perdendo. Eu quero vê-las, quero estar perto delas, mas, ao mesmo tempo, tenho medo. Medo de descobrir a verdade. Medo de encarar o que minha vida se tornou. Ana está de volta, e, de alguma forma, ela ainda tem o poder de me deixar sem palavras. Quando entrei na mansão, senti o silêncio pesado, como se algo estivesse esperando para explodir. Lá estavam elas: Ana, tão séria e imponente, com Emily ao seu lado. A menina parecia tão pequena, tão vulnerável, mas há algo nela que me chama, uma ligação que posso eu está inventando. Ela tem os olhos, o sorriso parecido com o meu, com os de Mateeo. Não tem como não ac
AnaOlhei para o relógio, já era tarde. Emily já estava dormindo, e o silêncio da casa só me fazia sentir mais sozinha. Eu me sentei no sofá, com uma xícara de chá entre as mãos, e deixei os pensamentos tomarem conta. A lembrança do jantar ainda estava fresca na minha mente — Léo, com seu olhar cheio de incerteza e, ao mesmo tempo, uma intensidade que eu não conseguia ignorar.O que eu queria de verdade? Eu ainda me pergunto. Ele estava tentando se aproximar, mas algo dentro de mim me impedia de me entregar completamente. O passado entre nós não é simples. Nunca seria.Eu me peguei pensando em Emily e no sorriso dela quando falava da boneca. Como ela parecia tão feliz com tão pouco. Como eu gostaria de ter tido essa felicidade, aquela sensação de que alguém estava ao meu lado, me apoiando de verdade. E Léo... ele me deixou, me abandonou em um dos momentos mais difíceis da minha vida. Agora ele estava de volta, com todo esse carinho por Emily, tentando estabelecer algum vínculo com ela
Léo Olhei para o relógio novamente. O tempo parecia correr mais devagar desde que ela entrou na empresa. Cada vez que meus olhos a viam, algo dentro de mim se agitava. Eu tentava me concentrar no trabalho, mas as distrações eram demais. Ana estava ali, sempre ali, com aquele olhar cauteloso, com a postura rígida que me fazia querer puxá-la para mais perto ou afastá-la completamente. Não sabia qual era o melhor caminho.Eu sabia que ela estava nervosa, o jeito como olhava para o chão, como evitava meus olhos, como se eu fosse uma ameaça. Talvez eu fosse. Talvez fosse o maior erro da minha vida voltar agora e tentar fazer as pazes, mas eu não sabia fazer diferente. Não sei como concertar as coisas, como explicar para Ana que ela não foi um caso de adolescência que sempre a aquis.Eu me recostei na cadeira e me forcei a olhar para os papéis na minha mesa. Mas tudo o que via era a imagem dela. O jeito como ela se movia, o jeito como sua presença preenchia o ambiente, como ela ainda tinha