Ana
Rever Léo é difícil para mim,nunca conseguir me envolver com alguém depois dele, sempre que alguém se aproximava eu ficava com medo de querer apenas me usar como ele. E mesmo agora, mesmo depois de tudo que já me fez, não consigo negar que ainda sinto algo por ele.
Assim que eu entrei na sala de jantar percebi o olhar de Léo percorrer todo o meu corpo, ele já havia feito isso antes, ele flertava comigo quando ninguém estava olhando, olhei para Henrique que estava sentando ao lado oposto de de Léo, me sinto mais segura ali perto de Henrique, ele sempre foi meu amigo e meu cumples, imagino que se ele não tivesse ido estudar por um ano nos estados unidos eu não teria aceitado tão facilmente os flertes de Léo, porque Henrique iria tirar sarro até eu perceber como aquilo era ridículo. Mas não foi assim, ele não estava para me mostrar o quão patética eu estava sendo me apaixonando por seu irmão e eu me deixei levar.
E agora Léo está com o seu jeito arrogante me questionando e me julgando como se fosse melhor que eu, deve achar que sou uma idiota mesmo.
— Estão como sempre. Marta fez outra pobre moça se demitir, Henrique continua dormindo com a secretária, e eu fazendo aquilo funcionar enquanto tento não enlouquecer. Mas vamos falar sobre Ana, por onde andou todo esse tempo? — Ele pergunta me encarando, sinto vontade de socá-lo, me ajeitei na cadeira, e peguei um pouco do escondidinho na travessa.
— Estava em São Paulo. — Respondi sem encará-lo.
— Trabalhando? — Onde ele quer chegar?
— Sim, trabalhei lá. — O clima estava pesado e a dona Helena percebeu e interveio.
— Não seja inconveniente, Léo. — Ela o repreende e Henrique segura a risada.
— Achei que Ana era como da família. Que mal tem em saber por onde ela andou esse tempo? — Ele sorrir para mim, puxo o ar, Léo quer me provocar.
— Eu trabalhei, namorei um babaca, tive a Emily, fui abandonada pelo pai dela, e agora estou aqui. — Minha vontade era falar ali, contar a dona Helena o tipo de babaca que o filho dela é.
— Meu Deus, Josefa merece um aumento por esse escondidinho Henrique fala fechando os olhos. — Sério, mãe, a senhora tem que pagar o que Josefa vale ou eu a roubarei de você.
Dona Helena balança a cabeça e sorri, Henrique sempre foi o mais bem humorado da família, e eu sempre o adorei por isso, ele sempre faz tudo ficar leve.
— Não se preocupe com Josefa, ela é muito bem paga. — Dona Helena fala segura que Josefa nunca irá abandoná-la, a verdade é que todos que trabalham aqui são bem pagos e bem tratados, minha mãe dizia que era grata por isso, pois nem todo lugar é assim, e eu quando criança me sentava na mesa com os garotos, comia da mesma comida que eles, dona Helena pagava meus estudos sem descontar de minha mãe, e de seu jeito ela sempre ajudava a todos que trabalhavam com ela e por isso tem de todas a lealdade.
— Eu disse para minha mãe que Josefa vai processá-la por morar aqui e vai acabar ganhando essa mansão. — Henrique me fala, ele gosta de provocar a mãe.
— Pelo salário dela, tenho certeza que logo ela compra a mansão. — Léo fala da mesma forma arrogante de todos, ele se parece com o pai nesse quesito, como não vi isso antes? Como me deixei enganar tanto por ele? — E você, Ana, o que pretende fazer agora que voltou?
— Sua mãe me ajudará a achar algo. — Falei tentando não demonstrar minha irritação por ele.
— Sim, vou procurar algo para você. — Dona Helena fala de forma doce, não tem como não amá-la.
— Ana fez administração. Podemos achar algo para ela na empresa. Inclusive, me veio uma ideia: agora ela pode ser a nova assistente de Marta. — Henrique fala e eu dou uma cotovelada nele, sem dona Helena perceber.
— É isso mesmo, teve uma ótima ideia, Henrique. Ana com certeza é apta para o trabalho, e eu sei como você é esforçada. — Já era tarde ele havia usado um argumento que achava razoável eu trabalharia naquela empresa se assim ela quisesse.
— Marta que escolhe suas assistentes. — Léo fala pegando um pouco de escondidinho e percebo que ele não usa aliança de casamento.
— A deixe comigo. — Dona Helena já havia decidido e seja lá quem é Marta não a impediria.
— Eu acho que não estou à altura para um trabalho desses. Eu nunca exerci a profissão e, na verdade, nunca sequer voltei para pegar meu diploma. Posso nem ter passado. — Usei um argumento válido, não quero ficar perto de Léo, não quero dever nada a ele.
— Bem, podemos falar com Marta, e sobre o diploma sei que não teremos problema. E sobre o restante, não importa. Marta gosta das coisas do jeito dela, e ela irá te ensinar de qualquer forma. — E de repente ele mudou de ideia, Léo quer me provocar, não sei exatamente onde ele quer chegar com isso, mas se ele queria jogar eu iria jogar com ele.
— Bem, se não for causar nenhum transtorno eu posso fazer uma entrevista e ver se Marta me dá a oportunidade. — Henrique segura a risada.
— Eu sei que Léo pode convencê-la. — Léo não diz nada apenas confirma com a cabeça, Josefa aparece segurando Emily pela mão, minha filha está com os olhos vermelhos e cabelo bagunçado não era assim que eu queria que ela visse o pai pela primeira vez.
— Mamãe. — Ela me chama e corre em minha direção assim que me vê.— Eu disse que sua mãe estava aqui. — Josefa fala sorrindo, me levanto e Emily agarra minhas pernas.
— Tá tudo bem, querida. — Falo me baixando para olhá-la, ela sorrir e depois passa o olhar pela mesa.
— Mas é uma menina linda. — Dona helena fala sorrindo. — Quantos anos você tem?
Emily me olha como se não tivesse certeza do que dizer, Léo a olha atentamente e eu puxo o ar.
— Apenas Quatro anos. — Eu falo desejando mais do que tudo que eles acreditem nisso.
Não deixe de comentar, assim conseguimos manter uma comunicação e me ajuda muito com o livro. Se tiver gostando não deixe de indicar, quanto mais eu vejo que o livro ta indo bem, mas me insetiva a continuar com a escrita. Obrigada por ler.
Léo Quando a pequena entrou com seus cabelos negros lisos e olhos cor de mel, eu soube que era minha filha, meu coração acelerou e foi como se um sobro de vida tivesse me atingido. Aquilo era esperança, preenchendo cada canto da minha alma vazia. Ela correu para os braços da mãe e eu quase me levantei, queria abraçá-la, mas me contive, Ana teria que me explicar por que manteve minha filha longe de mim. — Tá tudo bem, querida. — Ana sussurra para ela. — Mas é uma menina linda. — Minha mãe fala sorrindo. — Quantos anos você tem? A garotinha olha confusa, como se quisesse lembrar de algo, talvez da idade, Ana parece nervosa. — Apenas quatro anos. — Ela fala, e sinto minha esperança se esvaindo, ela foi embora faz seis anos ao menos, a menina teria que ter cinco para ser minha filha, mas Ana pode estar mentindo, meu sentimento por aquela menina não pode estar errado.— Ela é grande para quatro. — Minha mãe e ela têm razão, reparando bem, Emily parece ter mais. — Eu daria cinco a
A forma como Léo olhou para Emily foi diferente, uma vozinha soou em minha mente “ele sabe”. Mas a ignorei, não posso suportar o olhar de pena de dona Helena, e não quero Léo na vida de Emily, não quero ele achando que tem algum direito sobre ela. — Venha Ana, eu pedi que limpasse a casa da piscina para vocês. — Dona Helena falou, se levantando. — Ela claramente suspeita de algo, o olhar que ela deu a Emily deixa isso claro. — Claro, venha Emily. — Eu falei, a segurando pela mão e fomos atrás da dona Helena. A casa da piscina é um lugar amplo e iluminado, é feita de vidro, a não ser o quarto e banheiro que guarda privacidade, mas a cozinha e a sala são de vidro. O lugar é aconchegante, mas isso eu tinha certeza, dona Helena sempre deixou seus convidados confortáveis. — Mamãe. — Emily puxa a minha mão. — Eu posso entrar na piscina. — Não. — Falei, me lembrando das tardes em que eu e Henrique ficávamos aqui, minha mãe horrorizada porque eu entrava na piscina com os donos da casa
LéoE minha tarde foi perdida, não consegui me concentrar em nada além de Ana,e também em sua filha ou nossa filha, Marta concordou em fazer uma entrevista com ela, amanhã e não sei se trabalhar no mesmo ambiente que Ana é uma boa ideia. Ainda a desejo, na verdade sempre a desejei, quando ela foi embora me senti confuso e pensei em desistir do casamento com Mariana, a verdade é que sempre pensei que teria Ana por perto, sei que ela merecia mais que a posição de amante, porém era o que eu podia oferecer a ela, e de fato na época eu acreditei que sim, ela consideraria, mas Ana tem mais valor e carácter que eu. Sai do meu escritório eu não iria render nada lá, não quando meus pensamentos estavam em Ana. — Tem alguma reunião marcada? — Perguntei para Marta. — Não, mas precisa assinar aqueles relatórios hoje. — Eu não quero passar horas vendo número, e vendo número de vendas que estão caindo, a verdade que no último ano a ocorrências chegou em nosso país com força, empresas de fora do pa
Eu nunca havia pisado na empresa dos Alcântaras, mas já tinha visto várias vezes em revistas. Sempre que a empresa era mencionada em alguma revista, dona Helena comemorava com um jantar especial; o pai dos meninos sorria, ele quase nunca sorria, mas nessas ocasiões ele sorria até mesmo para mim. E eu guardei em segredo bem lá no fundo o desejo de um dia trabalhar aqui. Não me lembrava desse sonho até chegar aqui. É um prédio grande com muitas janelas que refletem o sol, em um tom de azul marinho. Encostei no meu carro e um homem bem vestido veio em minha direção.— Como posso ajudar? — ele perguntou, olhando para o meu velho carro.— Tenho uma entrevista. — Ele me olhou como se não acreditasse em mim.— Como se chama?— Ana. Minha entrevista é com a Marta? — Ele olhou para minha roupa.— Por acaso trouxe outra roupa, Ana? — Engoli em seco. Eram minhas melhores roupas.— Não. — Falei constrangida. Ele puxou o ar.— Então lamento por você. Irei comunicar à senhorita Marta que chegou. —
As palavras de Ana ecoaram na minha cabeça. Ela saiu da sala e eu não a impedi, apenas fiquei ali olhando a porta aberta. Passaram alguns minutos e Henrique entrou.— O que aconteceu? Ana passou por mim chorando, Marta se diz inocente, segundo ela Ana saiu desse jeito do seu escritório. — Henrique fechou a porta atrás dele, colocou a mão no bolso e me encarou. — O que aconteceu, irmão?— Ana me acusou de tentar substituir Mateo colocando sua filha no lugar. Henrique foi até a mesa onde ficam as bebidas, colocou uísque em um copo, tomou uma dose e depois encheu outro copo para me entregar.— E é só isso? — Ele me questionou.— Não, claro que não, mas mereço saber se tenho uma filha, e sinto em cada célula do meu corpo que a menina é minha filha. — Henrique sorriu.— Ainda gosta da Ana, não é? — Seu olhar era o mesmo de quando éramos crianças e ele queria me provocar.— Ana está no passado, mas se a menina for minha, eu tenho direito sobre ela e posso proporcionar uma vida mais confortáv
Olhei para o teste em minhas mãos, as duas barras demonstrando positivo, e me sentei no chão do banheiro.— Não pode ser, Deus, não pode ser. — Escutei uma batida na porta.— Ana, vamos, o intervalo acabou, o professor já deve estar na sala. — Geovana falou. Eu queria contar a ela, mas ela diria que eu era burra, e ela estaria certa. Eu era burra. Levantei e puxei o ar. Eu não ia chorar. Léo me amava, íamos nos casar, não precisava ter medo. Abri a porta e Geovana me analisou.— Aconteceu alguma coisa?— Não, estou com medo da prova. — Ela revirou os olhos.— Você tem que parar de se cobrar tanto, é a melhor aluna da turma. — Eu ri.— Não diga isso em voz alta, capaz de Thiago sair das sombras e me desafiar a um duelo matemático. — Ela riu.— Ele acha que ninguém é melhor que ele. Você viu ele questionando o professor? — Revirei os olhos.— Ridículo isso. Se eu fosse o professor, o expulsaria da sala. — Saímos do banheiro e fomos para a sala.A prova foi fácil. Geovana me levou para c
AnaCinco anos depois Emily brincava no banco de trás, suas bochechas rosadas e o sorriso confiante me davam forças para continuar. Havíamos sido despejadas, e não culpo o proprietário; seis meses sem pagar o aluguel era demais. Eu devia vender o carro e pagar o aluguel, mas o carro estava com IPVA atrasado e algumas multas acumuladas. O meu Corsinha de 4 portas, vermelho de 2008, não valia tanto quanto quando o adquiri, na verdade, estava caindo aos pedaços. Eu só conseguiria uma merreca e ainda ficaria sem pagar todo o aluguel e sem o carro. Parei o carro na beira da estrada; não podia ficar dirigindo sem rumo. Emily não reclamou, mas imaginei que estivesse com fome. Eu estava com fome. Só tiramos as roupas do corpo. Eu poderia pedir abrigo a alguma amiga, mas isso seria humilhante demais. Olhei para a pulseira em meu pulso. Durante todos esses anos, me recusei a vendê-la, mas era a única coisa de valor que eu tinha. Sempre a guardei caso algo me acontecesse e Emily precisasse prov
LéoO despertador tocou e eu o desliguei. Outro dia e tudo de novo. Os dias se tornavam entediantes: eu acordava, ia para a empresa, fazia reuniões e voltava para o meu apartamento vazio. Dormia e, no dia seguinte, repetia tudo novamente. Minha psicóloga disse que eu devia tentar fazer algo diferente, começar um hobby.— Que tal golfe? — Ela sugeriu, como se eu realmente tivesse tempo para isso ou como se isso fosse preencher o vazio que Mateo deixou.O pensamento intruso me veio. Eu tentava não pensar em Mateo, todos os dias eu tentava não pensar nele, não pensar em suas mãozinhas pequenas e gordinhas, não pensar em como o sorriso dele me fazia falta. Levantei, eu falhei nessa missão hoje e sabia que falharia nessa missão amanhã. Dizem que eu tinha que seguir em frente, Leonardo, ele não iria querer te ver assim.Todos falavam como se conhecessem Mateo, como se soubessem como era superar a morte de um filho, mas eles não sabiam. Ninguém além de mim e de Mariana sabia a falta que Mate