Cap. 3

Apesar de ainda querer ficar na aldeia, aquele lugar não mais pertencia a sua morada. Queria viajar pelo mundo conhecer novos lugares, mares e pessoas. Esse era seu maior desejo desde que nasceu, e agora sem as honras de sua família ou alguém para obrigá-lo a casar com qualquer outra mulher, ele estava livre para viver sua vida mais livre que pudesse. E não foi sozinho. Junto dos amigos ele subiu naquele barco com seu nome e gritou para todos que estava indo, e que não havia chances de voltar… Mas ele voltaria, cedo ou tarde, justamente para os braços daquela mulher mesmo que não acreditasse.

Sua vida seguiu regada de riquezas e mulheres todas as noites em cidades diferentes ou seu barco e quando achava que estavam tranquilas, as palavras de Amice, se tornaram verídicas a cada abrir e fechar de seus olhos dentro do navio. Não houve mulher, não houve carinho porre, cerveja, outros piratas ou ouro que o pudesse fazer esquecer aquela deusa que o chamava para mais intenso prazer.

Ouvia seus gemidos quando estava sozinho. Sonhou com ela todas as noites em que esteve em alto mar. Via seu rosto em cada mulher que levou para a cama, e todas elas estava ali para dar tudo de si, e parecia que nenhuma era capaz de fazê-lo esquecer da cena de uma garota virgem de masturbando sob a luz da lua num quarto sujo e abandonado.

“— Me ame.”

Não.

“— Eu estou tão excitada. Estou molhada”.

Não.

“— Porque me rejeita? Eu sei que você me deseja”

Sim. Muito.

“— Então venha. Toque-me, meu Lorde. Eu sou toda sua. Não podes ver? Não acreditas?”.

Sim. Eu acredito.

“— Então me torne sua. Até não lembrar-me que houve outro homem ao meu lado”.

Farei isso. E apenas por isso, irei voltar.

Seus olhos abriram como brasa em meio ao fogo que nunca termina.

Seu peito subia e descia, o movimento do barco fazia seu corpo ir e vir em cima da cama escondida pelos lençóis azuis espalhados e amarrotados. Com uma leve respirada ele encarou a janela de seu quarto, o coração batia forte desejando pular para fora e cair no mar nadando por conta própria até a dona d’ele tê-lo, e nunca mais soltar.

Com o pensamento ele ergueu o corpo grande cambaleando para o lado. A noite passada foi tão vantajosa quanto às garotas que deitaram em sua cama. Elas nunca conseguiriam ir até o final de sua libido para acabar com toda sua vontade de foder uma linda bunda. Isso o irritava, o estressava tanto.

Abrindo a porta deu de cara com o mar. Se apoiou nas barras trazendo o aroma da água para suas narinas recuperando o fôlego que foi perdido novamente em um sonho que custou toda sua noite. Era ela novamente, fodendo sua mente, os pensamentos, acabando com as chances de encontrar prazer em outro lugar, com outra mulher. Ah, como se arrependia de não a ter trazido, mas ela não merecia aquele lugar, não pertencia, era linda demais, perfeita demais, os deuses o condenariam se a trouxesse para seu ninho de selvageria, a fodendo com tanta força que ela não levantaria de sua cama nem mesmo para tomar banho e deitar para começar novamente.

Essa era sua vontade, desde o momento em que levou prostitutas para seu quarto de baixo, onde desfrutou uma noite inteira de duas a três e nada conseguiu fazer a imagem daquela mulher se masturbando dissipar de sua mente perturbada.

Ouvindo passos calmos e quase silenciosos ele mexeu o pescoço para o lado assistindo seu amigo parar diante de si e fazer uma cara de nojo. Sua expressão não era das melhores, ele sabia, mas quem iria contra seu comando dentro daquele imenso e belo navio?

— Bebeu demais? Ou foram as mulheres? - Sua voz soou com brincadeira e logo colocou as mãos na cintura — Estou brincando. A cidade era produtiva e quente, o bordel era bom. Mas acho que não foi o suficiente para você.

— Eu sonhei com ela de novo - Disse em sussurro e seu amigo riu de canto se aproximando mais. — M*****a mulher.

— M*****a mulher. - Repetiu imitando seu comandante - Porque está voltando para Milianas? É por ela?

— Não sei ao certo. - Respirando fundo, tomando sua pose intimidadora diante do seu marinheiro, o lembrou: - Alexandre, Alexandre Brodonmor quer comprar as terras da minha família. Esse é um bom motivo para voltar depois de treze anos para Milianas.

— Eu não me admiro tanto. Não sei como demorou tudo isso para alguém se interessar e fazer de tudo para lhe trazer de volta - Confidenciou o homem de cabelos dourados e um olhar gélido. - Tem mais alguma coisa que não estou sabendo?

— Como irei saber? Foi você quem recebeu a carta. Ele dizia que queria ter um encontro comigo, as terras dos meus pais lhe interessavam, e ele estava disposto a pagar o quanto eu pedisse por elas.

— E tu vai mesmo vender as terras da tua família? - Jasper riu de canto voltando ao seu quarto. A calça folgada lhe caia bem, prendendo na cintura e deixando seu troco libidinoso desnudo e desejoso. Suado e molhado, ele desfilou pelo quarto estreito, mas espaçoso o suficiente para o capitão daquele navio.

— Claro que não. - Com uma dose de uísque pela manhã, ele gemeu jogando para dentro o líquido quente e balançou a cabeça fazendo uma careta deixando novamente a jarra perto da cama. — Eu deixei as terras da minha família para as pessoas que não tinham onde morar. O cultivo das terras que atravessam o Norte chega a dar mais lucro que um dos meus quadros - Os dois olharam para a parede. — Eu não piso em Milianas há muito tempo, mas todo o dinheiro que é tirado do gado e das plantações vai para as famílias necessitadas, nunca precisei do dinheiro, mas elas precisam.

— Talvez o novo dono ajude as famílias também. - Jasper encarou o outro com certo receio. Nunca tinha ouvido falar deste nome quando morou em Milianas, então se era novo na aldeia, provavelmente não sabia do que as pessoas precisavam. Então não, ninguém ia ajudar aquelas pessoas de verdade.

— Não venderei minha herança. Minhas terras são a única lembrança que eu tenho da minha família, meus pais, meus antepassados trabalharam dia e noite para ter tudo aquilo, metade de Milianas pertence aos Dickson, a mim, e eu não sei serei tolo para vender o que é meu. O que é meu é meu.

— Então admita que esta voltando pela mulher olhos perolados, a deusa pervertida.

Ele riu de canto.

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