Cap. 4

— Então admita que esta voltando pela mulher olhos perolados, a deusa pervertida - Jasper riu de canto passando a mão pelo cabelo. — Quem garante que depois de treze anos ela ainda te espera? Era uma bela mulher, uma mulher jovem, virgem... - Jasper parou o riso. Voltou para ver o mar do lado de fora, era seu lugar preferido.

— Ela não é mais virgem. Com todo aquele fogo. - Riu com escárnio — Talvez tenha me esquecido. Suas promessas eram fortes, seus dedos, suas investidas, tudo nela era intenso, mas eu nunca quis me envolver, a achava tão nova para mim, tão limpa para um homem corrompido como eu. Mas ainda assim, ela desejava me ter, que eu a tocasse, que eu a penetrasse com toda força.

Riu de canto. Aquela mulher nunca o deixou de todo jeito. Sempre esteve presente em seus pensamentos e sonhos, tudo.

— Talvez eu esteja voltando para ela, prometi encontrá-la, e a farei minha de qualquer forma, a tomarei em meus braços e a arrastarei para minha cama, para meu barco, a levarei para o alto mar a amarei com todo meu coração. Eu prometi que voltaria, demorou, mas eu voltei, e se ela me espera, ela prometeu que me esperaria, estou voltando para ter o que é meu.

— Ela ainda deverá acreditar em tuas palavras depois de treze anos? - Eliott voltou a repetir agora chamando atenção de seu capitão. — E se já houver se casado? Tido filhos? Morrido.

— Ela não morreu. Se tiver casado não vou me importar, ela escolheu sua própria vida, quem seria eu para dizer algo? Mas daria tudo para vê-la ao menos outra vez, lembro-me de seu rosto meigo e safado. Quero a ver tão crescida e mulher, de verdade. - Riu de canto. - Me excita apenas em pensar nisso.

— Tudo certo. - Eliott assentiu - Estaremos em Milianas depois da meia noite. Aguente firme - Avisou e saiu deixando o capitão sozinho. Jasper olhou ao redor, encarou um quadro pintado por suas mãos, depois outro, riu de lado.

— Estou voltando deusa da minha alma. Espero que ainda esteja de pernas abertas, vou me afundar tão forte em você que nunca mais vai esquecer de que eu estive dentro.

Nas margens de um rio iluminado pela luz da lua a gente pode pensar e pensar no quanto a nossa vida vale. Se tu tens crenças nos deuses passados, deve ter certeza de onde a tua alma irá pousar, qual deus irá lhe levar para os mais profundos segredos da vida após a morte.

Teus feitos são seus advogados perante a casa do julgamento e somente eles poderão ordenar e dizer a qual caminho deve seguir. Se forem ruins, terás vida dentro de uma brasa de fogo queimando e chorando, se fez coisas boas, terás o mesmo destino porque o deus a quem segue não é tão divino tão pouco aquele que acredita nas bondades e atitudes boas sendo que teu coração está carregado de egoísmo e maldade. As atitudes não valem nada se seu peito carrega um coração que b**e em maldição.

O purgatório é o êxtase de qualquer ser iluminado, ou das trevas mais obscuras.

Ao longo do mar escuro onde era possível ver somente o brilho da lua refletido, ele conseguia enxergar o mundo em cada onda, o caminho que trilharia a cada subir e levantar. Era um pirata com desejos proibidos, carregava no peito largo um coração cheio de promessas e uma mulher vedada pelos deuses a sua capacidade de agir. Como um anjo cheio de graça e luz, ela veio para a terra foder à cabeça de um homem que nunca quis ser corrompido. Seria essa a maldição da sua família? Sempre se envolver com mulheres belas e morrer por elas? Ele decidiu não o fazer, mas o matou por dentro.

Naquela época ele a rejeitou, mas amava vê-la enfiar os dedos naquela carne virgem e molhada, era intensamente gostosa ao seu ponto de vista, carregava em seu corpo o mel a qual ele queria tomar, mas também trazia desgraça para seu ser, pois ele não defloraria uma deusa, não importava a quão safada era.

O tempo passou, sim, e ele ainda a deseja, sempre a desejou, a deixou para que pudesse encontrar outro homem a quem pudesse pensar duas vezes antes de chamar para o escuro. Suas ações não eram discutidas e ele não queria ser contrariado. Trazê-la para seu barco não o faria feliz, nem mesmo Amice; navegar ao redor de homens e somente água, no meio de uma guerra por barcos, dinheiro, mais mulheres, cerveja e ilha? Oh não, não era vida para uma deusa, e ele jamais a deixaria em meio ao tiroteio para que não houvesse possibilidades de morte a sua deusa da noite.

A noite estava se intensificando naquele mar aberto, as luzes de seu navio estavam se apagando a cada raio de luz da lua. Era magnífica a paisagem que os deuses lhe enviavam. Apesar de anos, foi apenas ver o primeiro vislumbre de luz de Milianas que a saudade o abateu. Ele cresceu naquela aldeia pequena, repleto de pessoas felizes mesmo tão humildes. Ainda era um Lorde, o Lorde de seu clã, mas o título lhe trouxe desgraça e mil mulheres para casar. Nunca houve alguma que pudesse escolher para ter uma família, não até conhecer a deusa órfã que fodeu seus pensamentos, mas assim como o desejo de uma família sua veio ela se foi para longe ao lembrar-se do destino dos Dickson. Ele nunca soube como, ou o porquê, mas o castigo cai para todos, e seus antepassados não eram pessoas boas.

A cada minuto que passava chegando mais perto de Milianas, Jasper sentia o coração bater contra o peito, o frio percorrer cada pedaço do corpo, era tão gélido e intenso, mais intenso que o chuvisco fraco que caia sobre o barco. Olhando de cima, ele encarou a cidade que crescia a cada piscar de olhos, e como Eliott disse, a meia noite eles estavam diante da cidade que hoje possui casas maiores, o porto estava aberto, poucas pessoas. Jasper deu um riso pequeno ao ver além do porto, a casa mais esperada a visitada daquela cidade, o bordel.

Ele fora escolhido à beira da água por causa dos marinheiros, quem visitava a cidade passava ali primeiro, e quem não se aprofundava nos conceitos da aldeia, penetravam em uma boa prostituta que sabia todos os costumes, conceitos, regras e posições que levariam um homem a ficar naquela m*****a cidade. O medo se alastrou pelo corpo do capitão. Será mesmo que ela estaria casada e com filhos? Teria morrido? Ainda o esperava? Treze anos se passou desde aquela promessa onde alimentou as esperanças dela, e ela as dele, pois se fora capaz de o amor, um ser tão puro e virgem foi capaz de amá-lo, é porque ele não era tão ruim, poderia ter salvação quem sabe..., mas... Será?

— Preparar a âncora - A voz grossa de outro de seu marinheiro não o espantou ou causou calafrios como os gritos de Eliott mais abaixo dando ordens para que tudo saísse bem. Odiava erros, odiava ter que cuidar pessoalmente de cada comando. Era por isso que tinha seus marinheiros confidentes para isso.

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