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Capítulo 4 - O Falecimento de Derick

Eu afastei o cabelo do rosto e apoiei a cabeça na madeira fria da porta, sentindo o peso do desânimo no olhar. Precisava me lembrar constantemente dos aspectos positivos da minha situação: a casa estava paga, as crianças tinham saúde, e eu ainda era capaz de trabalhar duro. Poderia ser pior, eu dizia a mim mesma.

Admirei o nascer do sol por mais alguns momentos, antes de desviar o olhar para a rua tranquila. A casa da minha avó era muito bem localizada. A rua em frente à propriedade já fora parte de uma auto-estrada, e, desde que a nova rodovia foi construída há alguns anos, tornou-se a principal via de acesso à cidade. Não havia muitos sinais de desenvolvimento na região, até a estrada de ferro: uma oficina reformada com uma grande placa dizendo "O'Neil Veículos", um posto de gasolina, a velha estação ferroviária e um grande prédio que pertencia a um comerciante de implementos agrícolas. Mais adiante, do outro lado dos trilhos, erguiam-se quatro enormes elevadores de grãos, que abasteciam os trens a caminho dos mercados consumidores.

Eu começava a me identificar com Jennings, uma típica cidade do sudoeste canadense, onde a maior parte da economia se baseava nas prósperas comunidades agrícolas que a cercavam. Era um lugar pequeno, com uma população gentil e hospitaleira, e tinha ainda a vantagem de ser próxima a uma cidade grande: Calgary ficava a apenas uma hora de carro, na direção sul. As montanhas estavam a pouca distância, e a paisagem da região era incrivelmente bela.

A casa ficava nos limites da cidade, com apenas duas outras residências ao norte. Nos fundos da propriedade havia uma depressão no terreno, formando uma divisão natural entre a cidade e os vários hectares de terra desabitada. Diversas árvores cresciam ao longo da borda da ravina e, no fundo dela, entre moitas de inúmeros matizes de verde, corria um fio de água, serpenteando sobre um leito rochoso. Uma trilha estreita levava à propriedade do outro lado, e foi durante uma caminhada no meu primeiro dia em Jennings que descobri uma pequena casa de madeira meio escondida entre as árvores. Quando percebi que o local era habitado, decidi não avançar mais, embora me sentisse tentada. Era um lugar retirado e pitoresco, onde as plantas cresciam sem serem molestadas e flores silvestres se espalhavam exuberantes. Havia também um laguinho, cujas águas cintilavam ao sol quando a brisa suave agitava sua superfície. Eu costumava ir com frequência à ravina com meus filhos, e, enquanto as três crianças brincavam, eu me sentava durante longos e silenciosos minutos sob uma enorme árvore, desfrutando a paz e a tranquilidade que encontrara ali. Gostava de ir para lá principalmente ao alvorecer, quando o sol começava a surgir no céu e o lago sombreado refletia as plantas molhadas de orvalho. Para mim, aquele ambiente era pura mágica.

O relógio de pêndulo bateu sete horas, e eu ouvi distraída o som melodioso, imaginando se as crianças demorariam a acordar. Há tanto tempo elas se levantavam comigo ao romper da manhã que não costumavam mais dormir muito além disso. De fato, havíamos enfrentado uma dura e ingrata rotina. Foi logo após Megan nascer que Derek, finalmente, conseguiu um emprego fixo em uma fazenda em Manitoba. Mudamo-nos para a casa apertada que era cedida aos trabalhadores locais assim que eu saí da maternidade. Por pior que fosse, era o primeiro lar de verdade que conseguíamos ter.

Eu me sentira tão esperançosa com o emprego, convencida de que Derek se daria bem ali. Mas, em seis meses, ele já havia se desinteressado pelo trabalho e retornado aos eternos rodeios. As únicas ocasiões em que permanecia na fazenda eram durante o plantio e a colheita; no restante do tempo, a responsabilidade pelas tarefas recaía sobre mim. Felizmente, para nós, Stan Rogers, o patrão, não se importava muito com quem se encarregava do trabalho, desde que este fosse feito. Foi um tempo difícil, em que eu precisava levantar de madrugada para alimentar o gado, limpar os celeiros, recolher grãos. Era a única maneira de garantir casa e comida para minha família. O salário mal dava para vestir e alimentar a todos, mas pelo menos conseguíamos sobreviver, e isso era o que importava para mim.

Então, descobri que Derek estava dormindo com a esposa do patrão desde que nos mudamos para lá e pensei que iria enlouquecer. Nunca me senti tão amargurada em minha vida. Quatro meses depois, Derek apareceu bêbado em um rodeio e insistiu em fazer sua prova de qualificação em um dos touros mais ferozes e rápidos que havia. Meu marido, que continuava perseguindo sonhos e apostando na sorte grande, foi atirado para longe do animal logo no início da prova e morreu em questão de segundos.

Stan permitiu que eu ficasse na fazenda pelo menos até receber o pequeno seguro de vida a que tinha direito. Mas então ele descobriu sobre Derek e sua esposa e me disse, em uma entrevista humilhante, que dirigia uma fazenda, não uma casa de caridade, e que eu tinha um mês para sair de lá. Felizmente, o seguro foi liberado dentro desse prazo, ou eu teria de partir sem um centavo no bolso.

— O que foi, mamãe? — Trevor me interrompeu, olhando para mim com curiosidade.

— Nada, querido — respondi, forçando um sorriso. — Só estava pensando.

— No papai?

— Sim, no seu pai — confirmei, hesitante. Observei meu filho em silêncio, atenta. Estava preocupada pelo fato de os meninos terem demonstrado tão pouco sofrimento pela morte do pai. Na verdade, Derek nunca havia sido duro com os garotos. Ele deixava que fizessem tudo o que quisessem. Felizmente para mim, Derek ficava tão pouco em casa que eu tive a oportunidade de contornar a excessiva permissividade dele, conseguindo que as crianças desenvolvessem um sólido senso de responsabilidade.

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