Grady, então, tomou a palavra, e sua voz firme e tranquila preencheu a sala.— Quando vocês estiverem com o juiz, não precisam mentir. Quero que falem a verdade, tudo o que sabem, tudo o que vivenciaram — disse ele, olhando para as crianças, que estavam tão quietas e atentas. — Isso inclui o tempo que passaram com o Derick e tudo o que aconteceu depois. O juiz precisa saber exatamente o que ocorreu, porque é isso que vai ajudar a resolver tudo da melhor forma.As crianças, embora tão novas, pareciam entender a seriedade do momento. Seus olhares estavam fixos em Grady, como se estivessem absorvendo cada palavra, e por um breve instante, eles pareciam mais velhos do que realmente eram. Eles assentiram, um de cada vez, como se estivessem assumindo uma responsabilidade imensa.Eu não pude evitar que uma lágrima escorresse pelo meu rosto. Não era só por toda a tensão que estávamos enfrentando, mas também por ver o quanto meus filhos estavam crescendo e assumindo um papel tão importante nes
O dia finalmente havia chegado. A ansiedade me consumia desde o momento em que acordei. Grady, sempre firme e tranquilo, segurava minha mão enquanto caminhávamos até o tribunal. As crianças estavam conosco, todas vestidas de forma impecável, e Tammy nos acompanhava, pronta para ajudar caso fosse necessário. Sua presença me dava um pouco mais de segurança, embora eu soubesse que o peso daquela audiência ainda estava sobre os meus ombros.Enquanto esperávamos na sala de recepção, o ambiente parecia sufocante. A cada vez que a porta do tribunal se abria e um nome era chamado, meu coração acelerava. Megan estava sentada no colo de Travor, enquanto Rayan mantinha um olhar atento, como se estivesse se preparando para qualquer coisa que viesse. Grady estava ao meu lado, apertando minha mão com força para me tranquilizar.Foi então que a porta se abriu novamente, e a figura imponente de Sheron surgiu no corredor. Ela estava acompanhada de seu advogado, impecavelmente vestido, e exalava confia
O silêncio na sala era esmagador. Eu podia ouvir meu próprio coração batendo como um tambor enquanto o juiz ajustava os óculos e organizava os papéis à sua frente. Ele olhou para mim e depois para Sheron, mantendo uma expressão neutra.— Senhora Sheron, senhora Simpson — começou o juiz, com a voz calma, mas firme. — Este caso não é apenas sobre finanças ou custódia, mas sobre o bem-estar de uma criança. Durante as últimas audiências e a conversa com as crianças, ficou claro que há um histórico complicado entre as partes. Gostaria de ouvir novamente de vocês dois antes de tomar minha decisão final.Olhei para Sheron, que ajeitou a postura como se estivesse pronta para um discurso.— Meritíssimo — ela começou, sua voz controlada, mas carregada de emoção forçada. — Não há dúvida de que amo minha neta. Meu único desejo é garantir que ela tenha estabilidade financeira e emocional, algo que acredito que a senhora Holly não possa proporcionar. Minha nora tem um histórico de decisões question
O livro "Uma Mãe Viúva e o Mecânico Sedutor" faz parte de algo maior: "Um Lugar para Recomeçar". Nele, contei a história de Holly, uma mulher forte, mãe de três crianças, tentando construir uma nova vida em um lugar completamente diferente. O medo de se abrir para um novo relacionamento acompanha sua jornada, mas ela prova que coragem e amor próprio podem superar qualquer obstáculo. Este livro foi inspirado na minha própria vida. Assim como Holly, sou mãe solo de duas crianças incríveis, de 8 e 7 anos. Só quem é mãe solteira sabe das dificuldades e desafios que enfrentamos todos os dias, mas também sabe da força e do amor imensurável que nos sustentam. Sempre que releio este livro, me emociono e choro, pois muitas das vivências de Holly refletem a minha realidade. O final dela é diferente do meu, mas ainda assim é um lembrete de que sonhos e esperanças podem nos levar longe. Talvez eu não viva um romance como o de Holly, mas se um dia chegar perto, já será um sonho realizado. Enq
A casa se erguia solitária no meio de um amplo terreno abandonado, onde o mato atingia mais de um metro de altura. A pintura branca, gasta pela contínua exposição ao tempo, estava descascando por toda a extensão das paredes, e a porta de tela, solta das dobradiças, estava caída na varanda. A madeira envelhecida dos batentes das janelas ainda revelava restos de tinta verde, e, de frente para a rua, um vidro quebrado brilhava como uma teia de aranha prateada sob o sol de fim de tarde. Apesar do mato, eu conseguia distinguir uma calçada de cimento em torno da residência, com plantas crescendo pelas rachaduras, revelando os vários meses de total negligência. Apenas as quatro grandes árvores alinhadas no fundo do terreno se salvavam da atmosfera de destruição e descaso que permeava todo o local.Apertei as mãos úmidas e respirei fundo antes de descer do caminhão, tentando disfarçar a profunda decepção que me invadiu. Por um breve instante, uma onda de pânico quase me dominou, mas consegui
Assim que a recém-chegada acenou para mim, abriu um sorriso ainda maior ao se aproximar. Era como se já nos conhecêssemos, e sua energia era quase contagiante. — Oi! Você é a Holly, certo? Eu a reconheci pelas fotos que sua avó me mostrava. Já estou aqui esperando desde cedo e achei que vocês não viriam mais! — Ela estendeu a mão quando chegou perto o suficiente. Seu rosto irradiava uma alegria genuína, refletindo sua natureza extrovertida. — Sou Liz Crawford, moro a duas casas daqui, descendo a rua. Seja bem-vinda a Jennings. — Obrigada — respondi, devolvendo o sorriso. — Também achei que não chegaríamos mais. Foi uma viagem longa. — Imagino, ainda mais com crianças, não é? — Liz riu, parecendo entender perfeitamente o que eu passara. — Os meus brigam, discutem e reclamam até estarmos a uns dez quilômetros de casa. Só então encostam a cabeça no banco e dormem. — Os meus passaram os últimos mil e duzentos quilômetros brigando pela janela. — Suspirei, lembrando da jornada exaustiv
Eu nunca me senti tão pressionada como no dia em que fui conversar com o advogado. Precisava urgentemente arranjar uma babá para as crianças. Não era justo continuar dependendo da boa vontade de Liz por muito tempo, mesmo sabendo que minhas condições financeiras estavam longe de permitir isso. Mas como eu pagaria? Acabara de gastar uma quantia considerável para instalar um telefone, e minhas economias estavam acabando depressa. Depois de comprar mantimentos e outros produtos essenciais para a casa, restaram-me exatamente quinhentos e quarenta dólares. Se eu controlasse rigorosamente cada centavo, poderia manter a família por mais umas seis semanas.— Sra. Simpson, o Sr. Brown vai recebê-la agora — avisou a secretária.Respirei fundo e, tensa, peguei a bolsa antes de me dirigir ao escritório que ela indicou. O homem magro, parado junto à escrivaninha abarrotada de papéis, levantou-se ao me ver entrar e estendeu a mão com um sorriso amistoso.— Sou Ned Brown. Seja bem-vinda à nossa cida
Eu afastei o cabelo do rosto e apoiei a cabeça na madeira fria da porta, sentindo o peso do desânimo no olhar. Precisava me lembrar constantemente dos aspectos positivos da minha situação: a casa estava paga, as crianças tinham saúde, e eu ainda era capaz de trabalhar duro. Poderia ser pior, eu dizia a mim mesma.Admirei o nascer do sol por mais alguns momentos, antes de desviar o olhar para a rua tranquila. A casa da minha avó era muito bem localizada. A rua em frente à propriedade já fora parte de uma auto-estrada, e, desde que a nova rodovia foi construída há alguns anos, tornou-se a principal via de acesso à cidade. Não havia muitos sinais de desenvolvimento na região, até a estrada de ferro: uma oficina reformada com uma grande placa dizendo "O'Neil Veículos", um posto de gasolina, a velha estação ferroviária e um grande prédio que pertencia a um comerciante de implementos agrícolas. Mais adiante, do outro lado dos trilhos, erguiam-se quatro enormes elevadores de grãos, que abast