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Capítulo 08 - Um Pouco de Esperança

Enquanto atravessávamos a rua, percebi que meu coração estava mais leve. Grady O’Neil não era apenas o carrancudo que aparentava ser. Ele havia demonstrado bondade e compreensão. Isso me fez refletir: Se ele foi capaz de ajudar os meninos com esse trabalho, talvez pudesse ter algo para mim também.

Nos últimos meses, a situação financeira tinha se tornado insustentável. Era como se cada dia trouxesse mais contas, mais dificuldades e menos soluções. Eu estava disposta a aceitar qualquer trabalho: faxina, lavagem de carros, organização do pátio... qualquer coisa que pudesse aliviar a carga que pesava sobre meus ombros.

Quando vi o homem mexendo no motor do caminhão, decidi voltar. Talvez ele pudesse me ajudar de algum jeito. Não custa tentar, pensei, tentando afastar a vergonha e o medo de ser rejeitada.

Sem esperar por mais nada, segurei Megan pela mão e conduzi meus filhos até a calçada. Ao atravessar a rua, notei um homem mexendo no motor de um caminhão. Um frio percorreu minha espinha, e meu rosto queimou ao reconhecê-lo. Era o mesmo homem que havia me oferecido ajuda com o pneu furado dias atrás.

— Meg, corra para casa. Vou ficar observando você atravessar.

Ela hesitou, mas ao ver minha expressão, obedeceu. Assim que a vi na calçada oposta, virei-me e caminhei até o caminhão

Respirei fundo. Holly, você precisa corrigir isso. Chega de evitar as pessoas por vergonha.

— Meg, corra para casa. Vou ficar observando você atravessar.

Ela hesitou, mas ao ver minha expressão, obedeceu. Assim que a vi na calçada oposta, virei-me e caminhei até o caminhão.

— Com licença — chamei, tentando parecer mais confiante do que me sentia. — Será que podemos conversar um instante?

Ele levantou-se, surpreso ao me reconhecer. Eu engoli em seco, juntando coragem.

— Quero pedir desculpas. No dia em que o senhor se ofereceu para trocar o pneu, eu fui grosseira e rude. Sinto muito, não era minha intenção e eu não estava nos meus melhores dias.

O homem sorriu, revelando um sorriso perfeito e encantador.

— Não se preocupe com isso, mocinha. Todo mundo tem seus dias ruins.

Seu tom era tão gentil que senti meu nervosismo diminuir.

— Prometo que, se outro pneu furar, deixarei o senhor trocar.

— Será um prazer — ele respondeu, voltando a mexer na caixa de ferramentas.

Sorri, agradeci novamente e me despedi, sentindo-me um pouco mais leve. Talvez eu consiga corrigir mais do que apenas pneus furados na minha vida, pensei, enquanto voltava para casa.

No fim da tarde, acompanhei os meninos à oficina de Grady. Eles trabalharam com dedicação, e eu me juntei a eles, arrancando o mato crescido. Quando terminamos, o lugar parecia outro. Grady, embora não dissesse muito, parecia satisfeito.

Deixei os meninos irem brincar com os filhos de Liz e voltei para casa. Havia muito a ser feito no jardim, e decidi começar. Logo Tammy apareceu, sentando-se ao meu lado.

— Oi, Holly. — Ela começou a falar sobre a escola, e eu ouvi atentamente.

Enquanto eu arrancava o mato teimoso que havia tomado conta do jardim, senti uma presença se aproximando. Tammy, minha jovem vizinha de quinze anos, sentou-se no batente da varanda com sua mochila jogada ao lado, deixando escapar um suspiro cansado.

— Dia difícil? — perguntei, lançando-lhe um olhar por cima do ombro.

— Nem tanto, mas... sabe como é, escola pode ser bem chata às vezes — ela respondeu, apoiando o queixo nas mãos. — Hoje tivemos prova de matemática. Acho que fui bem, mas a professora também passou um trabalho para fazermos em grupo, e eu não sei nem por onde começar.

Deixei o ancinho de lado por um momento e me sentei na grama, limpando as mãos na calça.

— O que é esse trabalho? Talvez eu possa ajudar.

Tammy deu um sorriso pequeno, mas algo nos olhos dela dizia que estava realmente aliviada por alguém se importar.

— Temos que fazer uma pesquisa sobre invenções importantes e apresentar para a turma. Parece simples, mas eu não tenho ideia de onde procurar ou como montar isso.

Pensei por um instante. Não era como se eu tivesse muita experiência com esse tipo de coisa, mas havia vários livros antigos na estante da sala, deixados por minha tia quando nos mudamos para cá. Talvez eles fossem úteis.

— Bem, eu não sou exatamente uma expert, mas temos alguns livros em casa que podem ajudar. Se quiser, podemos olhar juntos e ver se encontramos algo.

Os olhos de Tammy se iluminaram, e ela assentiu entusiasmada.

— Sério? Eu adoraria! Minha mãe vive ocupada, e nunca tem tempo para me ajudar com essas coisas.

Eu sorri, sentindo-me satisfeita por poder contribuir de alguma forma.

— Então é só combinar o dia. Podemos fazer isso à tarde, quando você voltar da escola.

— Combinado. — Ela ajeitou os cabelos e trocou de assunto com a naturalidade de uma adolescente. — Ah, e por falar nisso, vi umas blusas lindas numa revista outro dia. Eu queria tanto uma, mas são tão caras...

— Por que não compra o tecido e traz para mim? — sugeri quando ela mencionou as blusas caras que queria. — Posso costurar quatro blusas pelo preço de uma.

Seus olhos brilharam.

— Você faria isso por mim?

Assenti, e ela, animada, pegou a pá de jardinagem das minhas mãos.

— Deixe-me ajudar no jardim, então!

Aceitei, sorrindo. Por um breve momento, senti que estava começando a reconstruir não só minha casa, mas também a minha vida.

Naquela noite, deitada em minha cama, meu corpo exausto, minha mente vagou. Não era o constrangimento do dia que me assombrava, mas um par de olhos azuis e frios. Desde o dia em que o vi, algo despertou em mim, algo que eu não sentia há muito tempo.

Cruzei as mãos sob a cabeça, tentando afastar a ideia. O mundo real era duro demais para fantasias, mas, ainda assim, os olhos dele não me deixavam.

Virei-me de bruços na cama, tentando apagar da minha mente aquela imagem. Aqueles olhos azuis continuavam ali, brilhando, como se tivessem se cravado em meu coração e me deixado completamente sem ar. Fechei as pálpebras, mas não conseguia afastar a melancolia que me invadia. Meu coração apertava e, por um momento, imaginei se um dia teria a sorte de encontrar alguém para ficar ao meu lado, alguém para preencher o vazio que tantas vezes parecia sufocá-lo.

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