— É só apoiar direito que não acontecerá nada — garanti, confiante. — Será seguro se colocarmos uma escora aqui na frente. Vamos tentar?Ele respirou fundo, ainda desconfiado, mas cedeu.— Está certo, mas espere até eu deixar isso bem firme.E assim começamos de novo. Uma hora depois, com as mãos sujas de terra e o cabelo desalinhado, observei a varanda praticamente nivelada e senti um orgulho imenso.— Foi uma melhora e tanto! — comemorei, limpando a testa com as costas da mão.Mas Grady, com aquele jeito provocador de sempre, me analisou de cima a baixo antes de declarar:— É pena que eu não possa dizer o mesmo de você.Revirei os olhos, exasperada.— Muito obrigada!Ele riu, satisfeito.— De nada. Agora, vamos aos bolinhos de canela.Cruzei os braços e fiz minha melhor imitação de uma mãe exigente.— Diga, "por favor".Grady parou, sua expressão mudando de súbita leveza para algo mais intenso. Quando respondeu, sua voz estava repleta de algo que não consegui decifrar.— Não,
"Olá Tigrinha... "Ela estava furiosa, claro. Não era exatamente uma novidade, mas, por algum motivo, eu nunca me cansava de vê-la assim. Holly tinha esse jeito peculiar de transformar a raiva em um espetáculo. Até o modo como jogava o macaco no chão parecia coreografado. Frustrada, determinada, ferozmente encantadora.A ironia na resposta dela me fez sorrir. Não importava quantas vezes eu tentasse ajudar, ela sempre rebatia com alguma provocação. Ainda assim, eu sabia que ela precisava de mim, mesmo que nunca admitisse.Enquanto inspecionava o parapeito, ouvi sua ameaça de dinamite e ri baixinho. Era típico de Holly exagerar, mas eu não duvidava que, se tivesse mesmo uma banana de dinamite, ela já teria resolvido a questão sozinha. Ela era como uma tempestade—intensa e impossível de ignorar."Você quer ou não quer ajuda?" perguntei, mantendo o tom leve, mesmo enquanto meu coração dava aquele salto irritante. Não sei bem por que gostava tanto de provocá-la. Talvez fosse o jeito como o
Eu me sentia vulnerável e ao mesmo tempo inquieta com a proximidade de Grady. Quando sua voz grave soou tão perto do meu ouvido, um arrepio percorreu minha espinha.— Oi, tigrinha — ele murmurou.Engoli em seco. O calor de seu corpo irradiava para o meu, e a maneira como ele disse aquelas palavras me desarmava completamente. Fiquei paralisada por um instante, lutando contra a sensação de fraqueza que me dominava.— Gostei das suas palavras sobre rapazinhos querendo parecer gente grande. Alguém já lhe disse que você é cruel?Cruel. Eu, cruel? Ele tirou uma das mãos do bolso e, antes que eu pudesse reagir, enlaçou seus dedos nos meus. Senti meu rosto corar, e temi que ele pudesse enxergar em meus olhos o que eu tentava esconder: uma confusão de sentimentos que me deixava exposta.— Meus filhos me dizem isso o tempo todo — respondi, forçando um sorriso para mascarar meu nervosismo. — Obrigada por ter me defendido, Grady.— Duvido que você precisasse mesmo de ajuda — ele retrucou, com uma
Simplesmente lhes oferecera um emprego. Eu recebi a mesma oferta e não hesitei em aceitar.Parados em frente à varanda de casa, Grady me fitou, com uma expressão que parecia indecifrável. O silêncio entre nós era repleto de algo que eu não sabia explicar. Meus pensamentos estavam uma bagunça, e minha voz parecia incapaz de romper aquele instante.Por fim, arrisquei um sorriso.— Gostaria de continuar esta conversa lá dentro?— Que tal se esquecermos esta conversa aqui fora e iniciarmos outra lá dentro? — ele respondeu, e o tom leve arrancou de mim uma risada espontânea.— Pode ser — falei, ainda rindo. — Esta conversa não está mesmo levando a lugar algum.Grady me olhou de um jeito diferente, algo mais profundo. Então, lentamente, ergueu a mão e afastou os cabelos do meu rosto. Meu coração acelerou, e todo o meu corpo parecia em alerta pelo toque suave de seus dedos.— Está com frio? — ele perguntou, sua voz grave e baixa.— Não — murmurei, quase sem fôlego, incapaz de desviar o olhar
Holly enrubesceu, tentando disfarçar a inquietação que começava a se espalhar por seu peito. O ar parecia mais denso, mais carregado de significados não ditos. Ela não sabia por que, mas sentiu como se aquela conversa fosse tocar algo que ela não queria revelar. Por isso, preferiu mudar de assunto.— Não sei por que ela nunca me falou de você.A voz de Grady soou suavemente, mas havia uma curiosidade ali, um toque de surpresa que Holly não pôde ignorar. Ele fez a pergunta, mas o tom que usou fazia claro que não esperava uma resposta direta, talvez já sabendo que aquela linha de conversa poderia se tornar mais complicada do que parecia.— Não sabe?O silêncio entre eles cresceu, e Holly percebeu que aquela pergunta podia levar a lugares mais profundos do que ela queria explorar. Ela se levantou, sentindo o peso da situação crescer.— O café já foi servido. Vou dar uma olhada nas crianças. — Ela se apressou a encerrar a conversa, sabendo que seria melhor fugir da pergunta antes que as p
Eu afaguei os cabelos de Ryan com um sorriso suave.— Não, querido. Ainda é noite. Volte para a cama, que eu vou arrumar o cobertor para você.Ele olhou para mim com uma expressão ansiosa, os olhos pálidos e o rosto marcado pela preocupação.— Nós não precisamos voltar para a fazenda, precisamos, mamãe? — Sua voz estava silenciosa, como se ele estivesse prestes a chorar.Eu o puxei para perto, agachando-me ao seu lado e o envolvendo em meus braços. O coração apertou ao perceber a fragilidade da sua emoção.— Não, Ryan. Nós vamos viver aqui, na casa da vovó, até vocês todos crescerem. — Beijei-lhe a testa, tentando passar confiança, tentando dar-lhe segurança. — Você teve um pesadelo?Ele balançou a cabeça, ainda com o olhar distante.— Tive.— Quer me contar?— Não. Posso tomar um copo de leite?— Claro. Quer uns biscoitos também?— Quero. — Ele sentou-se e pegou a lata de biscoitos. — Oi, Sr. O'Neil. A mamãe ofereceu biscoitos para você também? Experimente um. Esses não estão queimad
— O que está fazendo aqui? — Grady perguntou.Eu tentei manter o tom leve, brincando, mas o nervosismo estava claro em minha voz. A última coisa que eu queria era parecer vulnerável, mas ao vê-lo ali, tão perto, o ar parecia denso, como se uma tensão invisível pairasse entre nós.— Sou sua fada protetora, esqueceu? — Eu forcei um sorriso, tentando quebrar o silêncio constrangedor. — Venho às quartas-feiras para tirar a sujeira da casa e pendurar suas roupas. — Apontei para as peças espalhadas pelo chão, sentindo um leve toque de humor para suavizar o momento.Grady respondeu com um sorriso curto, mas seu olhar ainda estava fixo em mim.— Estas não têm de ser penduradas — ele disse calmamente, mas com um tom que sugeria algo mais. — Liz vai levá-las para doar a alguma instituição de caridade.Eu murmurei um "ah" desapontado, minha mente tentando imaginar o que aconteceria com aquelas roupas, especialmente a jaqueta. A cena que eu imaginara, ele me pedindo para guardar algo mais pessoal
A voz de Grady ecoou baixa e rouca.— Holly...Eu não sabia o que dizer, não conseguia nem pensar direito. As lágrimas escapavam sem controle, deslizando pelo meu rosto enquanto eu tentava falar entre soluços.— Eu... eu não posso, Grady. Desculpe...Ele me olhou, e aquela pergunta simples, quase em um sussurro, desarmou ainda mais meu coração.— Por quê?Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas, mas minha voz saiu trêmula.— Não posso correr o risco. Eu... eu fico grávida com muita facilidade.Ele me soltou, e no instante em que fechei os olhos, acreditei que fosse me deixar ali, sozinha. Mas ele não foi.Senti o colchão ceder quando ele se apoiou em um dos braços, trazendo o rosto para mais perto do meu. Seus dedos, com uma suavidade que quase me fez chorar mais, tocaram meu rosto, limpando as lágrimas com o polegar.— Olhe para mim, Holly — pediu, a voz tão calma e cheia de ternura que, mesmo em meio ao meu tumulto interno, eu não consegui ignorar.Relutante, abri os o