Holly enrubesceu, tentando disfarçar a inquietação que começava a se espalhar por seu peito. O ar parecia mais denso, mais carregado de significados não ditos. Ela não sabia por que, mas sentiu como se aquela conversa fosse tocar algo que ela não queria revelar. Por isso, preferiu mudar de assunto.— Não sei por que ela nunca me falou de você.A voz de Grady soou suavemente, mas havia uma curiosidade ali, um toque de surpresa que Holly não pôde ignorar. Ele fez a pergunta, mas o tom que usou fazia claro que não esperava uma resposta direta, talvez já sabendo que aquela linha de conversa poderia se tornar mais complicada do que parecia.— Não sabe?O silêncio entre eles cresceu, e Holly percebeu que aquela pergunta podia levar a lugares mais profundos do que ela queria explorar. Ela se levantou, sentindo o peso da situação crescer.— O café já foi servido. Vou dar uma olhada nas crianças. — Ela se apressou a encerrar a conversa, sabendo que seria melhor fugir da pergunta antes que as p
Eu afaguei os cabelos de Ryan com um sorriso suave.— Não, querido. Ainda é noite. Volte para a cama, que eu vou arrumar o cobertor para você.Ele olhou para mim com uma expressão ansiosa, os olhos pálidos e o rosto marcado pela preocupação.— Nós não precisamos voltar para a fazenda, precisamos, mamãe? — Sua voz estava silenciosa, como se ele estivesse prestes a chorar.Eu o puxei para perto, agachando-me ao seu lado e o envolvendo em meus braços. O coração apertou ao perceber a fragilidade da sua emoção.— Não, Ryan. Nós vamos viver aqui, na casa da vovó, até vocês todos crescerem. — Beijei-lhe a testa, tentando passar confiança, tentando dar-lhe segurança. — Você teve um pesadelo?Ele balançou a cabeça, ainda com o olhar distante.— Tive.— Quer me contar?— Não. Posso tomar um copo de leite?— Claro. Quer uns biscoitos também?— Quero. — Ele sentou-se e pegou a lata de biscoitos. — Oi, Sr. O'Neil. A mamãe ofereceu biscoitos para você também? Experimente um. Esses não estão queimad
— O que está fazendo aqui? — Grady perguntou.Eu tentei manter o tom leve, brincando, mas o nervosismo estava claro em minha voz. A última coisa que eu queria era parecer vulnerável, mas ao vê-lo ali, tão perto, o ar parecia denso, como se uma tensão invisível pairasse entre nós.— Sou sua fada protetora, esqueceu? — Eu forcei um sorriso, tentando quebrar o silêncio constrangedor. — Venho às quartas-feiras para tirar a sujeira da casa e pendurar suas roupas. — Apontei para as peças espalhadas pelo chão, sentindo um leve toque de humor para suavizar o momento.Grady respondeu com um sorriso curto, mas seu olhar ainda estava fixo em mim.— Estas não têm de ser penduradas — ele disse calmamente, mas com um tom que sugeria algo mais. — Liz vai levá-las para doar a alguma instituição de caridade.Eu murmurei um "ah" desapontado, minha mente tentando imaginar o que aconteceria com aquelas roupas, especialmente a jaqueta. A cena que eu imaginara, ele me pedindo para guardar algo mais pessoal
A voz de Grady ecoou baixa e rouca.— Holly...Eu não sabia o que dizer, não conseguia nem pensar direito. As lágrimas escapavam sem controle, deslizando pelo meu rosto enquanto eu tentava falar entre soluços.— Eu... eu não posso, Grady. Desculpe...Ele me olhou, e aquela pergunta simples, quase em um sussurro, desarmou ainda mais meu coração.— Por quê?Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas, mas minha voz saiu trêmula.— Não posso correr o risco. Eu... eu fico grávida com muita facilidade.Ele me soltou, e no instante em que fechei os olhos, acreditei que fosse me deixar ali, sozinha. Mas ele não foi.Senti o colchão ceder quando ele se apoiou em um dos braços, trazendo o rosto para mais perto do meu. Seus dedos, com uma suavidade que quase me fez chorar mais, tocaram meu rosto, limpando as lágrimas com o polegar.— Olhe para mim, Holly — pediu, a voz tão calma e cheia de ternura que, mesmo em meio ao meu tumulto interno, eu não consegui ignorar.Relutante, abri os o
— Então, eu terei que me contentar em ficar abraçado com você – Grady murmurou contra a minha pele, enquanto deixava um beijo suave no meu pescoço.Apenas balancei a cabeça, incapaz de responder. As palavras estavam presas em algum lugar dentro de mim, sufocadas pela intensidade daquele momento. Por longos minutos, ficamos assim, em silêncio, envolvidos no calor do abraço dele. Eu sentia o movimento ritmado de sua respiração, e meu corpo finalmente começou a relaxar.Quando ele se deitou de costas e me puxou junto a si, permitindo que minha cabeça descansasse sobre o ombro dele, um novo tipo de paz tomou conta de mim. A mão dele deslizava lentamente pelas minhas costas, um gesto que parecia mais reconfortante do que provocativo. Com o passar do tempo, a febre do desejo cedeu, e a tensão foi substituída por uma tranquilidade rara.A verdade era que eu me sentia segura nos braços dele. Algo que não experimentava há muito tempo. E foi nessa segurança que, sem perceber, acabei adormecendo
Depois que coloquei as crianças na cama, finalmente tive um momento para mim. Ou pelo menos deveria ter tido. Mas, assim que me sentei no sofá, as lembranças da tarde com Grady invadiram minha mente. Era impossível ignorá-las, por mais que tentasse. Fechei os olhos e senti o calor subir pelo meu corpo ao reviver o momento em que ele me beijou pela primeira vez. Revivi aquele instante centenas de vezes, cada detalhe, cada toque, cada suspiro.Por volta das nove, eu já estava inquieta demais. Fazia anos que eu não sentia uma excitação tão real e devastadora, e Grady havia despertado algo em mim que eu sequer sabia que ainda existia. Desejos há muito reprimidos vieram à tona com tanta força que era quase insuportável. Minha mente não conseguia fugir da sensação do peso dele sobre mim, do calor de seu corpo contra o meu.Peguei a jaqueta de couro que ele havia deixado para consertar e a abracei com força, como se isso pudesse me trazer algum alívio. O cheiro dele ainda estava ali, impregn
Se eu não estivesse tão tomada pela confusão dos meus sentimentos, jamais teria coragem de me abrir com ele. Mas, naquele momento, a necessidade de desabafar foi mais forte que minha timidez. Eu precisava contar tudo a Grady. Falei sobre a ida à farmácia, o motivo de não ter comprado nada, a razão de não poder ir ao encontro dele. Aquelas palavras saíram como um desabafo, como se finalmente o peso que eu carregava estivesse sendo aliviado.Se eu não estivesse tão tomada pela confusão dos meus sentimentos, jamais teria coragem de me abrir com ele. Mas, naquele momento, a necessidade de desabafar foi mais forte que minha timidez. Eu precisava contar tudo a Grady. Falei sobre a ida à farmácia, o motivo de não ter comprado nada, a razão de não poder ir ao encontro dele. Aquelas palavras saíram como um desabafo, como se finalmente o peso que eu carregava estivesse sendo aliviado.Eu nunca falei sobre isso com ninguém, mas eu precisava que alguém soubesse, precisava que alguém entendesse o
Grady estava agachado em frente ao sofá, seus olhos presos aos meus com uma preocupação que parecia me despir de qualquer resistência.— Holly? — Ele perguntou suavemente, sua voz carregada de cuidado. — Você está bem?Meu sorriso surgiu como uma resposta automática, embora minha mente ainda estivesse revirando os eventos da noite.— Estou.— Tem certeza?— Sim — insisti, mas as palavras saíram mais frágeis do que eu pretendia. Então, uma onda de emoção me atingiu, e antes que pudesse me conter, desabei em seus braços. — Oh, Grady! Não sei o que teria feito se você não viesse me ver. Achei que ia ficar maluca.Ele se acomodou ao meu lado no sofá, e sua presença parecia estabilizar algo dentro de mim.— Eu gostaria que tivesse sido melhor para você — murmurou, seus olhos refletindo uma intensidade que me deixou vulnerável.— Foi maravilhoso — assegurei, deixando minha mão tocar levemente seus lábios. No entanto, percebi que ele estava tenso, como se algo o incomodasse. — E você? Está t