Grady se mexeu de repente, e eu levantei a cabeça, curiosa. — O que foi? — perguntei, tentando entender sua agitação. Ele tirou algumas cédulas do bolso da frente da camisa e, antes que eu pudesse reagir, enfiou-as no bolso da minha. Era o dinheiro que eu tinha deixado na mesinha de cabeceira. — Tenho umas contas para acertar com você. E nunca mais faça isso, Holly Simpson! Meu rosto esquentou. A indignação me fez cruzar os braços. — Eu não posso aceitar. Não trabalhei para receber este pagamento — argumentei, embora soubesse que ele não iria ceder facilmente. Grady arqueou uma sobrancelha, desafiador. — Claro que trabalhou. — Grady, eu não... — Você cumpriu o horário combinado em minha casa. Não tem culpa se eu a atrapalhei. E assunto encerrado, Holly. — Seu tom firme me fez hesitar, mas ele continuou antes que eu protestasse de novo. — Além disso, você tem feito muito mais do que o combinado. Trabalha além do horário no meu escritório, e eu nunca toquei no assunto.
Toda a minha ansiedade estava voltada para a noite de sexta-feira. Era a minha chance de sair, de viver algo fora da rotina diária, e com Grady. Queria que fosse perfeito. Sonhava com um vestido bonito, algo que me fizesse sentir feminina e elegante. Mas, ao olhar para o meu guarda-roupa, percebi o quanto ele estava limitado. Um vestido antigo que já não me servia bem, uma calça que ainda dava para usar, uma blusa de qualidade razoável e uma saia azul-marinho que comprei em uma liquidação dois anos atrás. Era tudo o que eu tinha, fora os jeans e as camisetas do dia a dia. Comprar algo novo estava fora de questão, não agora. Talvez eu pudesse encontrar algo entre os vestidos antigos da minha avó. Quem sabe, com uma reforma aqui e ali, eu conseguisse algo que servisse. Eu me incline sobre a jaqueta de couro de Grady e suspirei. Seria bom poder me arrumar de forma mais especial, pelo menos naquela noite. — Vai sobrar algum retalho, mamãe? — Megan me tirou dos meus pensamentos, com seu
Megan, que estava ocupada com a caixa de botões, interrompeu com entusiasmo:— Podemos ir, mamãe? A Sra. Crawford falou que se um dia eu fosse acampar com ela podia dormir na cama de armar!Olhei para Megan, sentindo uma pontada de dúvida sobre deixá-la ir. Eu precisava de um descanso, mas será que eu poderia realmente me ausentar dessa forma?— Deixe as crianças irem comigo, Holly — Liz insistiu, seu tom amigável. — Eles não darão trabalho, tenho certeza. Além disso, você poderá ter uma folga.Eu suspirei, olhei para Liz, e depois para Megan, que esperava ansiosa por uma resposta. Estava realmente tentada a aceitar, precisava de uma pausa, mas ainda me sentia hesitante.— Bem... — comecei, indecisa. — Se você me garante que eles não serão muito incômodos...— Não será incômodo algum. Se saírem da linha, não terei dúvidas em tratá-los como trato os meus filhos. — Ela fez uma pausa, tomou outro gole de café e me observou com atenção. — Quer dizer que tem se encontrado com Grady O'Neil
Eu observei Liz enquanto ela me analisava com atenção, antes de segurar meu braço e me conduzir até a penteadeira.— Agora vamos cuidar da maquiagem.Eu estava prestes a protestar, mas Liz não me deu chance.— Fique quieta, Holly. Pare de ser desmancha prazeres.Liz, como distribuidora local de uma conhecida marca de cosméticos, vinha me insistindo há tempos para que eu fizesse uma demonstração. Eu sempre recusava, sabia que não poderia me dar ao luxo de comprar sequer o mais barato daqueles produtos. Mas, naquele momento, percebi que seria inútil resistir. Ela estava realmente decidida a me fazer passar por aquilo.Nunca usei maquiagem. Era um luxo que simplesmente não podia me permitir. Mas a transformação que vi no espelho, com as mãos habilidosas de Liz, foi inacreditável. Olhei para o reflexo e mal podia acreditar no que via. Eu não parecia mais comigo mesma.— Você está tão bonita, mamãe! — Megan exclamou, seus olhos arregalados de admiração. — Parece minha boneca.Sorrindo, res
Grady estava de pé do lado de fora, olhando para a rua com as mãos nos bolsos da calça. Quando ele me viu, sua expressão mudou instantaneamente para uma surpresa genuína. Entrou na sala sem desviar os olhos, examinando-me com um olhar demorado e intenso. Então, ele se aproximou, acariciou meu rosto com delicadeza e abriu um sorriso que parecia cheio de admiração.— Você está linda, Holly! — disse ele, com uma suavidade que fez meu coração acelerar.Eu me sentia atordoada sob o peso daquele olhar tão fixo e profundo. Foi preciso um esforço considerável para esboçar um sorriso, mesmo que hesitante.— Obrigada — murmurei, quase sem voz.Grady estava impecável. Vestia a jaqueta que eu havia reformado, combinada com uma camisa branca, gravata cinza-claro e uma calça cinza-chumbo. A brancura do colarinho destacava sua pele bronzeada e os cabelos negros de uma forma quase hipnotizante. Ver aquele homem à minha frente, tão elegante e confiante, despertou algo dentro de mim que eu não consegui
— Quer sobremesa? — Grady indagou, depois que o garçom retirou os pratos.— Não, obrigada.— Café?— Não. Eu prefiro terminar o vinho.Ele esticou a mão e afastou uma mecha do meu cabelo que caía sobre o rosto.— Estou achando que você vai dormir durante todo o caminho de volta.Tudo estaria bem se ele não tivesse me tocado, mas aquela pequena carícia foi suficiente para me perturbar e trazer de volta a excitação violenta que havia experimentado antes. Era algo tão avassalador que minha mente se confundia, e eu mal conseguia pensar com clareza. Fechei os olhos, lutando para controlar a onda de desejo que me invadira. Nunca imaginei que fosse possível querer alguém tanto quanto eu queria Grady O'Neil naquele instante.Eu tinha vontade de sentir o corpo dele sobre o meu, os braços fortes me apertando, o contato da pele quente sem as barreiras das roupas. Queria senti-lo movendo-se de encontro a mim, sem nenhuma restrição...— Holly!Abri os olhos de repente, encontrando o rosto sério de
O quarto estava envolto em uma penumbra suave, o tipo de escuridão que deixa tudo mais intimo, mais próximo. Quando entrei, meu coração estava acelerado, e eu podia sentir o calor da expectativa crescer a cada passo. Olhei para Grady, que estava deitado de bruços sobre a cama, com o rosto voltado para o lado. A luz suave do abajur iluminava seus cabelos escuros e as costas expostas, revelando a tensão nos ombros e na linha rigida de sua coluna.Ele não se moveu até eu me sentar na beirada da cama e soltar o cinto do meu robe. Então, com uma lentidão deliberada, ele me puxou para perto de si, de modo suave, mas tão firme que não houve como me esquivar. Não resisti. A sensação de ser envolvida pelos braços dele me preencheu de tal forma que quase parecia que meu corpo havia esperado por aquele momento toda a vida.— Parece que esperel por isso a vida inteira — Grady murmurou com a voz rouca, seus dedos deslizando suavemente nas minhas costas, como se estivesse tentando desenhar um mapa,
Com um suspiro, desliguei o motor e retirei a chave da ignição, sentindo meus dedos ligeiramente trêmulos. Entreguei-a a Grady, que a guardou no bolso sem dizer nada, mas o pequeno sorriso que surgiu no canto de seus lábios denunciava seu pensamento.— Quer entrar? — perguntei, hesitante, minha voz quase um sussurro.Ele inclinou a cabeça levemente, analisando-me.— Você quer que eu entre?Mordi o lábio inferior antes de responder.— Quero.Aquele sorriso travesso dele se alargou, e Grady respondeu com uma leve provocação.— Então eu aceito. Estava louco para ouvir esse convite.Antes que pudesse me envergonhar da minha própria audácia, ele se inclinou para um beijo rápido. Algo contido, como se ambos tivéssemos receio de sermos flagrados ali. Saímos do carro, mas eu sentia o calor de sua presença me acompanhando a cada passo.Ao entrar na sala, joguei minha bolsa no sofá e tentei recuperar a compostura.— Quer um café? — ofereci, mais como um reflexo do que como um desejo genuíno de