A voz de Grady ecoou baixa e rouca.— Holly...Eu não sabia o que dizer, não conseguia nem pensar direito. As lágrimas escapavam sem controle, deslizando pelo meu rosto enquanto eu tentava falar entre soluços.— Eu... eu não posso, Grady. Desculpe...Ele me olhou, e aquela pergunta simples, quase em um sussurro, desarmou ainda mais meu coração.— Por quê?Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas, mas minha voz saiu trêmula.— Não posso correr o risco. Eu... eu fico grávida com muita facilidade.Ele me soltou, e no instante em que fechei os olhos, acreditei que fosse me deixar ali, sozinha. Mas ele não foi.Senti o colchão ceder quando ele se apoiou em um dos braços, trazendo o rosto para mais perto do meu. Seus dedos, com uma suavidade que quase me fez chorar mais, tocaram meu rosto, limpando as lágrimas com o polegar.— Olhe para mim, Holly — pediu, a voz tão calma e cheia de ternura que, mesmo em meio ao meu tumulto interno, eu não consegui ignorar.Relutante, abri os o
— Então, eu terei que me contentar em ficar abraçado com você – Grady murmurou contra a minha pele, enquanto deixava um beijo suave no meu pescoço.Apenas balancei a cabeça, incapaz de responder. As palavras estavam presas em algum lugar dentro de mim, sufocadas pela intensidade daquele momento. Por longos minutos, ficamos assim, em silêncio, envolvidos no calor do abraço dele. Eu sentia o movimento ritmado de sua respiração, e meu corpo finalmente começou a relaxar.Quando ele se deitou de costas e me puxou junto a si, permitindo que minha cabeça descansasse sobre o ombro dele, um novo tipo de paz tomou conta de mim. A mão dele deslizava lentamente pelas minhas costas, um gesto que parecia mais reconfortante do que provocativo. Com o passar do tempo, a febre do desejo cedeu, e a tensão foi substituída por uma tranquilidade rara.A verdade era que eu me sentia segura nos braços dele. Algo que não experimentava há muito tempo. E foi nessa segurança que, sem perceber, acabei adormecendo
Depois que coloquei as crianças na cama, finalmente tive um momento para mim. Ou pelo menos deveria ter tido. Mas, assim que me sentei no sofá, as lembranças da tarde com Grady invadiram minha mente. Era impossível ignorá-las, por mais que tentasse. Fechei os olhos e senti o calor subir pelo meu corpo ao reviver o momento em que ele me beijou pela primeira vez. Revivi aquele instante centenas de vezes, cada detalhe, cada toque, cada suspiro.Por volta das nove, eu já estava inquieta demais. Fazia anos que eu não sentia uma excitação tão real e devastadora, e Grady havia despertado algo em mim que eu sequer sabia que ainda existia. Desejos há muito reprimidos vieram à tona com tanta força que era quase insuportável. Minha mente não conseguia fugir da sensação do peso dele sobre mim, do calor de seu corpo contra o meu.Peguei a jaqueta de couro que ele havia deixado para consertar e a abracei com força, como se isso pudesse me trazer algum alívio. O cheiro dele ainda estava ali, impregn
Se eu não estivesse tão tomada pela confusão dos meus sentimentos, jamais teria coragem de me abrir com ele. Mas, naquele momento, a necessidade de desabafar foi mais forte que minha timidez. Eu precisava contar tudo a Grady. Falei sobre a ida à farmácia, o motivo de não ter comprado nada, a razão de não poder ir ao encontro dele. Aquelas palavras saíram como um desabafo, como se finalmente o peso que eu carregava estivesse sendo aliviado.Se eu não estivesse tão tomada pela confusão dos meus sentimentos, jamais teria coragem de me abrir com ele. Mas, naquele momento, a necessidade de desabafar foi mais forte que minha timidez. Eu precisava contar tudo a Grady. Falei sobre a ida à farmácia, o motivo de não ter comprado nada, a razão de não poder ir ao encontro dele. Aquelas palavras saíram como um desabafo, como se finalmente o peso que eu carregava estivesse sendo aliviado.Eu nunca falei sobre isso com ninguém, mas eu precisava que alguém soubesse, precisava que alguém entendesse o
Grady estava agachado em frente ao sofá, seus olhos presos aos meus com uma preocupação que parecia me despir de qualquer resistência.— Holly? — Ele perguntou suavemente, sua voz carregada de cuidado. — Você está bem?Meu sorriso surgiu como uma resposta automática, embora minha mente ainda estivesse revirando os eventos da noite.— Estou.— Tem certeza?— Sim — insisti, mas as palavras saíram mais frágeis do que eu pretendia. Então, uma onda de emoção me atingiu, e antes que pudesse me conter, desabei em seus braços. — Oh, Grady! Não sei o que teria feito se você não viesse me ver. Achei que ia ficar maluca.Ele se acomodou ao meu lado no sofá, e sua presença parecia estabilizar algo dentro de mim.— Eu gostaria que tivesse sido melhor para você — murmurou, seus olhos refletindo uma intensidade que me deixou vulnerável.— Foi maravilhoso — assegurei, deixando minha mão tocar levemente seus lábios. No entanto, percebi que ele estava tenso, como se algo o incomodasse. — E você? Está t
Grady se mexeu de repente, e eu levantei a cabeça, curiosa. — O que foi? — perguntei, tentando entender sua agitação. Ele tirou algumas cédulas do bolso da frente da camisa e, antes que eu pudesse reagir, enfiou-as no bolso da minha. Era o dinheiro que eu tinha deixado na mesinha de cabeceira. — Tenho umas contas para acertar com você. E nunca mais faça isso, Holly Simpson! Meu rosto esquentou. A indignação me fez cruzar os braços. — Eu não posso aceitar. Não trabalhei para receber este pagamento — argumentei, embora soubesse que ele não iria ceder facilmente. Grady arqueou uma sobrancelha, desafiador. — Claro que trabalhou. — Grady, eu não... — Você cumpriu o horário combinado em minha casa. Não tem culpa se eu a atrapalhei. E assunto encerrado, Holly. — Seu tom firme me fez hesitar, mas ele continuou antes que eu protestasse de novo. — Além disso, você tem feito muito mais do que o combinado. Trabalha além do horário no meu escritório, e eu nunca toquei no assunto.
Toda a minha ansiedade estava voltada para a noite de sexta-feira. Era a minha chance de sair, de viver algo fora da rotina diária, e com Grady. Queria que fosse perfeito. Sonhava com um vestido bonito, algo que me fizesse sentir feminina e elegante. Mas, ao olhar para o meu guarda-roupa, percebi o quanto ele estava limitado. Um vestido antigo que já não me servia bem, uma calça que ainda dava para usar, uma blusa de qualidade razoável e uma saia azul-marinho que comprei em uma liquidação dois anos atrás. Era tudo o que eu tinha, fora os jeans e as camisetas do dia a dia. Comprar algo novo estava fora de questão, não agora. Talvez eu pudesse encontrar algo entre os vestidos antigos da minha avó. Quem sabe, com uma reforma aqui e ali, eu conseguisse algo que servisse. Eu me incline sobre a jaqueta de couro de Grady e suspirei. Seria bom poder me arrumar de forma mais especial, pelo menos naquela noite. — Vai sobrar algum retalho, mamãe? — Megan me tirou dos meus pensamentos, com seu
Megan, que estava ocupada com a caixa de botões, interrompeu com entusiasmo:— Podemos ir, mamãe? A Sra. Crawford falou que se um dia eu fosse acampar com ela podia dormir na cama de armar!Olhei para Megan, sentindo uma pontada de dúvida sobre deixá-la ir. Eu precisava de um descanso, mas será que eu poderia realmente me ausentar dessa forma?— Deixe as crianças irem comigo, Holly — Liz insistiu, seu tom amigável. — Eles não darão trabalho, tenho certeza. Além disso, você poderá ter uma folga.Eu suspirei, olhei para Liz, e depois para Megan, que esperava ansiosa por uma resposta. Estava realmente tentada a aceitar, precisava de uma pausa, mas ainda me sentia hesitante.— Bem... — comecei, indecisa. — Se você me garante que eles não serão muito incômodos...— Não será incômodo algum. Se saírem da linha, não terei dúvidas em tratá-los como trato os meus filhos. — Ela fez uma pausa, tomou outro gole de café e me observou com atenção. — Quer dizer que tem se encontrado com Grady O'Neil