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Capítulo 07 - Por Grady O'Neill

Mulher Irresistível

Por Grady O’neill

Eu saí da oficina naquele dia com a intenção de dar um tempo para a mente. Tinha passado a manhã inteira resolvendo problemas de clientes, negociando preços e lidando com mais papelada do que eu gostaria. Tudo o que eu queria era um café forte e uns minutos de silêncio.

Mike e os outros já estavam do lado de fora do café quando cheguei. Eles conversavam animadamente sobre qualquer coisa que homens discutem para matar o tempo. Eu mal prestei atenção até que notei algo na rua. Um caminhão. Não, mais que isso... uma mulher saindo dele com um ar visivelmente tenso.

— Ei, moça, você sabia que está com um pneu furado? — Mike apontou, sempre o primeiro a notar tudo e a se intrometer.

Assim que os olhos dela se levantaram, fui atingido por um instante de algo que não acontecia há anos: curiosidade. A mulher tinha um jeito que mesclava fragilidade e força, como alguém que já carregou mais do que deveria, mas ainda assim se mantém em pé.

Eu me aproximei devagar, sem intenção de intimidar. Apenas observava. Não era minha intenção prolongar o olhar, mas algo nela me fazia querer entender mais. Como se a forma como ela segurava a chave na mão, apertando com força, dissesse mais do que qualquer palavra.

Mike, sempre prestativo e talvez um pouco antiquado, ofereceu ajuda. E foi aí que tudo desandou.

O jeito como ela rejeitou a oferta, erguendo o queixo com um misto de nervosismo e orgulho, me fez perceber que havia mais ali do que apenas um pneu furado. Era como se ela tivesse algo a provar, para nós, para si mesma, ou talvez para o mundo.

Mas o que realmente me incomodou foi o riso baixo de Pete. Conhecia bem aquele tom. Era o tipo de comentário que fazia qualquer mulher querer desaparecer. Tentei não reagir, mas quando vi a expressão dela mudar, passando de insegura para absolutamente devastada, alguma coisa em mim se acendeu.

Eu devia ter falado com Pete, mas ao invés disso, direcionei minha irritação a ela.

— No caso de você não ter notado, a oferta de Mike foi um ato de cortesia. Ele não teve qualquer intenção de ofendê-la. Mas se você está preocupada em defender ideias feministas, então se vire!

Assim que as palavras saíram, percebi que não deveria ter falado. Mas o orgulho me fez virar de costas e sair dali com os outros. Ainda assim, mesmo enquanto caminhava, não conseguia tirar o rosto dela da cabeça. A forma como ela segurava o capô do caminhão, como se ele fosse um escudo, e o olhar determinado, mesmo enquanto parecia à beira de desabar.

Quando entrei na oficina novamente, algo em mim já sabia que aquela não seria a última vez que veria aquela mulher. E, de alguma forma, isso me incomodava mais do que eu estava disposto a admitir.

Estava absorto em meus pensamentos no escritório, uma mistura de preocupações e memórias que não conseguiam me deixar em paz. Meu cérebro insistia em me lembrar daqueles olhos azuis, tão brilhantes e tão intensos. A beleza de Holly me perseguia, um lembrete doloroso que eu tentava ignorar.

Foi então que ouvi a batida leve na porta. Era Eric, sempre tão alegre, entrando com aquele jeito descontraído que tornava tudo mais leve.

— Ei, Grady — ele disse, com um sorriso largo. — Minha esposa acabou de passar um café e fazer um bolo. Que tal dar um pulo lá em casa para um lanche?

Eu hesitei por um segundo. Precisava tirar minha mente desses pensamentos. A presença de Holly era uma distração perigosa, e talvez sair um pouco fosse o que eu precisava.

— Claro — respondi, levantando-me da cadeira. — Aceito com prazer.

Chegando à casa de Liza, fui recebido por aquele ar acolhedor que sempre tinha. Ela abriu a porta com um sorriso gentil e nos convidou para entrar.

— Grady! Que bom que você veio — disse Liza, com aquele tom amigável. — Sinta-se à vontade para se sentar.

Ela foi até a cozinha, e Eric puxou conversa enquanto eu observava o ambiente tranquilo. Era um bom espaço, muito organizado, com aquele cheiro agradável de café e bolo recém-saído do forno.

Foi quando Liza voltou e, com uma leve curiosidade, perguntou:

— Vocês já conhecem a nova vizinha que chegou?

Eu não sabia o que responder, mas Eric parecia estar prestando atenção na pergunta. Ele deu um passo para frente, coçando a nuca, meio desconfortável.

— Ah... eu esbarrei com ela no centro outro dia — disse Eric, quase envergonhado. — Foi um pouco constrangedor, para ser honesto.

Fiquei em silêncio, apenas ouvindo. Não queria me intrometer em suas conversas, mas a informação sobre a nova vizinha me prendeu a atenção.

Liza pareceu entender o desconforto e logo pediu que não levassem aquilo muito a sério:

— Ah, não se preocupem — disse, com a voz suave e compreensiva. — Holly está passando por um momento difícil. Ela tem três filhos pequenos e está numa situação financeira bem complicada. Vamos ser compreensivos.

Concordei, mas algo me incomodava. Eu sabia que havia algo grotesco naquele encontro e me senti culpado por aquilo. Não disse nada, mas a sensação de arrependimento me apertava. Precisava corrigir isso assim que tivesse a oportunidade.

Eric, sempre leve e brincalhão, aproveitou aquele momento para mudar o clima:

— Grady, você precisa arrumar uma namorada, meu amigo — ele disse, rindo. — Você anda muito estressado.

Todos riram com aquilo, e eu não pude evitar um sorriso também. A leveza do momento era bem-vinda, especialmente depois de tantos pensamentos.

— Não, não é meu momento, Eric — respondi, tentando manter um tom firme, mas com um sorriso no rosto. — Eu não sou do tipo que gosta de correr atrás de mulheres.

A conversa terminou em risadas e descontração. Eric se despediu de Liza com um beijo carinhoso, e logo nos levantamos para sair. A atmosfera leve e acolhedora da casa de Liza fez bem ao meu espírito, mesmo que apenas por alguns instantes.

Saindo dali, eu continuei a me questionar sobre Holly e aquela sensação perturbadora. Não sabia o que o futuro traria, mas sabia que havia algo que precisava ser consertado.

— Vamos, Grady? — perguntou Eric, com um sorriso no rosto.

— Vamos — respondi, respirando fundo.

Deixamos a casa para trás, mas minha mente continuava inquieta.

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