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Capítulo 06 - Janela Quebrada

Eu estava sentada à mesa da cozinha, tentando desesperadamente equilibrar as contas. O caminhão vendido, os impostos pagos, e ainda assim, o dinheiro parecia evaporar antes de eu conseguir respirar aliviada. Era como se a vida jogasse contra mim. O pagamento pelo serviço na escola ainda estava distante, e o pouco que ganhara ajudando a limpar as salas mal cobria a babá. Minha cabeça latejava, mas eu precisava me concentrar.

— Mamãe, eu preciso falar com você. — A voz de Ryan cortou minha concentração.

— Só um minuto, Ryan. Deixe-me terminar estas contas. — Respondi sem tirar os olhos da coluna de números.

Mas ele insistiu, e algo na sua voz me fez largar a caneta.

— O que foi, Ryan? Não vê que estou ocupada?

— Eu e Trev tivemos uma espécie de acidente. — Ele parecia ansioso, pálido até.

Meu coração apertou.

— Acidente? Trev está machucado?

— Não, ele está bem. Foi um tipo diferente de acidente.

— O que aconteceu desta vez? — Perguntei, já prevendo algum estrago.

Então, Ryan confessou tudo de uma vez, sem respirar.

Minha cabeça girou. O’Neil Veículos. Grady O’Neil. Ótimo, o homem mais carrancudo da cidade. Eu já conseguia imaginar o olhar gélido dele quando soubesse que os causadores da confusão eram meus filhos.

— Onde está seu irmão? — Perguntei com a calma que me restava.

— Sentado na varanda, querendo morrer.

Revirei os olhos, mas um sorriso escapou. Apesar de tudo, eles sabiam quando tinham ultrapassado o limite.

Caminhei até a varanda, onde encontrei Trevor sentado no degrau mais baixo, com o rosto enterrado nas mãos e os ombros sacudindo de tanto chorar. Meu coração apertou. Ele estava com medo, e, por mais que tivesse causado o problema, ainda era apenas uma criança.

Sentei-me ao lado dele, pousando uma mão suave em suas costas.

— Ei, Trev... Olhe para mim.

Ele levantou o rosto, as bochechas úmidas e os olhos arregalados de pavor.

— Mamãe, eu juro que foi sem querer! Eu não queria quebrar nada!

— Eu sei, querido. E vai ficar tudo bem, ok? — Acariciei seu cabelo, tentando transmitir alguma calma.

— E se... e se ele chamar a polícia? — Trevor fungou, apertando os olhos como se tentasse conter mais lágrimas. — Eu não quero ir preso, mamãe!

Segurei seu rosto com as duas mãos, forçando-o a me encarar.

— Você não vai ser preso, Trev. Ouça o que eu estou dizendo: você é apenas uma criança. Quebrou uma janela, e isso pode ser resolvido. Agora, respire fundo. — Esperei ele obedecer antes de continuar. — Nós vamos até a oficina, vamos falar com o Sr. O’Neil, pedir desculpas e tentar resolver isso da melhor forma possível.

Ele balançou a cabeça, relutante.

— E se ele ficar bravo?

— Talvez fique, sim. — Admiti, mantendo meu tom sereno. — Mas, mesmo que ele fique bravo, o que importa é que estamos assumindo a responsabilidade. E você não estará sozinho, ok? Eu vou segurar sua mão o tempo todo.

Trevor olhou para mim, hesitando, e depois desviou o olhar para a rua onde ficava a oficina. Finalmente, ele deu um leve aceno de cabeça.

— Certo, mamãe.

Segurei sua mão com firmeza e me levantei, puxando-o gentilmente para que ele fizesse o mesmo. Ryan apareceu na porta, observando de longe.

— Ryan, venha cá. — Chamei, e ele se aproximou. — Nós vamos até a oficina juntos. O que aconteceu foi um erro, mas vocês dois vão mostrar ao Sr. O’Neil que têm coragem de admitir isso e consertar o que puderem.

Ryan concordou, mais confiante que Trevor, mas ainda preocupado. Juntos, atravessamos a rua, Megan caminhando atrás de nós, segurando um dos meus dedos.

Enquanto seguíamos para a oficina, continuei conversando com eles, encorajando cada passo:

— O importante é que vocês aprendam com isso. Vocês dois são meninos bons, e bons meninos assumem seus erros.

Quando paramos diante da porta da O’Neil Veículos, olhei para eles mais uma vez, apertando suas mãos levemente.

— Vai dar tudo certo. — Sorri, apesar do aperto no peito. — Agora, vamos lá.

Ao entrar no estabelecimento, meu coração disparava como se fosse eu a culpada. Quando Grady finalmente apareceu, segurando aquele manual enorme, senti que o ar ficou mais pesado. Ele me olhou com aquele jeito frio e impessoal que parecia ser sua marca registrada.

Engoli em seco, mas não podia recuar.

A presença imponente do Senhor Grady O’Neill surgiu na porta do estabelecimento, fiquei um pouco receosa, mais criei coragem e comecei a falar:

— Bom dia Sr. O’Neill, meus filhos estavam brincando com pedras e acabaram quebrando o vidro de sua porta. Eu vim lhe pedir desculpas e dizer que pretendo pagar pelo conserto.

Ele não reagiu. Fiquei ali, plantada, me sentindo minúscula, até que Trevor tomou a frente, com coragem inesperada.

— Eu devo pagar, Sr. O’Neil. A culpa foi minha.

Ryan logo seguiu o exemplo do irmão.

— Foi culpa minha também. Trevor só começou porque eu comecei.

Por um instante, achei que o vi esboçar um sorriso, mas ele voltou a encará-los com firmeza.

— Se foram os responsáveis pelo estrago, não acham que a obrigação de arcar com o conserto é de vocês, e não de sua mãe?

Eu fiquei sem palavras. Antes que pudesse intervir, Trevor, cabisbaixo, respondeu:

— Claro, mas não temos dinheiro.

Meu coração apertou. Aqueles meninos, com tão pouco, já sabiam o que significava responsabilidade.

Então, Sr. Grady falou, surpreendendo a todos.

— Se vocês pensam assim, talvez possamos fazer um trato. Preciso de alguém para recolher o lixo e limpar o pátio. Se fizerem isso para mim, considerarei o vidro pago.

O alívio tomou conta de mim, misturado a um orgulho imenso. Trevor e Ryan aceitaram imediatamente, a confiança voltando aos olhos deles.

Eles concordaram e pra finalizar o acordo cada um deram um aperto de mão no Sr. O’Naill.

Enquanto saíamos dali, senti que, apesar de todos os desafios, talvez estivéssemos indo na direção certa. Grady não era tão carrancudo quanto parecia, afinal.

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