Eu não vi os meninos pelo resto da tarde. Por volta das cinco horas, não consegui mais conter a minha curiosidade e fui espiar o que estava acontecendo. minha cerca ficou reduzida a uma pilha caprichada de madeira para fogo e a terra havia sido espalhada por igual sobre a horta da sra. Potter. Eu mal contive o riso quando dei a volta na garagem e vi Trevor, sério e suado, varrendo dedicadamente a calçada da vizinha enquanto Ryan vinha atrás com uma mangueira de água.Eu ia voltar para casa quando o caminhão da O’Neil Veículos estacionou no meio-fio e Grady desceu. Ele me cumprimentou com um aceno de cabeça e encaminhou-se para onde os meninos se encontravam. Colocou as mãos nos quadris, olhou em volta e falou alguma coisa com Trevor. O garoto pegou as pás e a vassoura e depositou-as na carroceria do caminhão. Ryan enrolou a mangueira e aproximou-se do irmão.Eu os observei por um momento, depois virei-me e voltei para casa. Ao passar pelos canteiros de flores, notei algum mato cresc
"Risadas e Frustrações" Enquanto cuidava do jardim, meus olhos inevitavelmente se voltaram para a varanda. As pilastras cederam sob o peso do peitoril de cimento, e a cena gritava por uma solução. A casa ficaria com uma aparência bem melhor se eu conseguisse consertá-la. Era uma ideia simples: com um macaco de automóvel grande o suficiente, poderia levantar o parapeito inclinado e colocar sob ele os blocos de cimento que vi na garagem. Não parecia algo tão difícil. Olhei na direção da oficina de Grady, onde Mike Tuttle acabava de estacionar seu caminhão. Hesitei por um momento antes de atravessar a rua e me aproximar. — Oi, Mike. Como vai? — cumprimentei, tentando parecer casual. — Ótimo. E você? — Estou bem, obrigada. Será que poderia me emprestar o macaco do seu caminhão? Quero tentar levantar o parapeito da varanda. — Pode pegar. Está na caixa de ferramentas. Quando terminar, é só colocá-lo de volta. Sinto muito por não poder ajudar, mas tenho uma entrega para fazer daqui a po
— É só apoiar direito que não acontecerá nada — garanti, confiante. — Será seguro se colocarmos uma escora aqui na frente. Vamos tentar?Ele respirou fundo, ainda desconfiado, mas cedeu.— Está certo, mas espere até eu deixar isso bem firme.E assim começamos de novo. Uma hora depois, com as mãos sujas de terra e o cabelo desalinhado, observei a varanda praticamente nivelada e senti um orgulho imenso.— Foi uma melhora e tanto! — comemorei, limpando a testa com as costas da mão.Mas Grady, com aquele jeito provocador de sempre, me analisou de cima a baixo antes de declarar:— É pena que eu não possa dizer o mesmo de você.Revirei os olhos, exasperada.— Muito obrigada!Ele riu, satisfeito.— De nada. Agora, vamos aos bolinhos de canela.Cruzei os braços e fiz minha melhor imitação de uma mãe exigente.— Diga, "por favor".Grady parou, sua expressão mudando de súbita leveza para algo mais intenso. Quando respondeu, sua voz estava repleta de algo que não consegui decifrar.— Não,
"Olá Tigrinha... "Ela estava furiosa, claro. Não era exatamente uma novidade, mas, por algum motivo, eu nunca me cansava de vê-la assim. Holly tinha esse jeito peculiar de transformar a raiva em um espetáculo. Até o modo como jogava o macaco no chão parecia coreografado. Frustrada, determinada, ferozmente encantadora.A ironia na resposta dela me fez sorrir. Não importava quantas vezes eu tentasse ajudar, ela sempre rebatia com alguma provocação. Ainda assim, eu sabia que ela precisava de mim, mesmo que nunca admitisse.Enquanto inspecionava o parapeito, ouvi sua ameaça de dinamite e ri baixinho. Era típico de Holly exagerar, mas eu não duvidava que, se tivesse mesmo uma banana de dinamite, ela já teria resolvido a questão sozinha. Ela era como uma tempestade—intensa e impossível de ignorar."Você quer ou não quer ajuda?" perguntei, mantendo o tom leve, mesmo enquanto meu coração dava aquele salto irritante. Não sei bem por que gostava tanto de provocá-la. Talvez fosse o jeito como o
Eu me sentia vulnerável e ao mesmo tempo inquieta com a proximidade de Grady. Quando sua voz grave soou tão perto do meu ouvido, um arrepio percorreu minha espinha.— Oi, tigrinha — ele murmurou.Engoli em seco. O calor de seu corpo irradiava para o meu, e a maneira como ele disse aquelas palavras me desarmava completamente. Fiquei paralisada por um instante, lutando contra a sensação de fraqueza que me dominava.— Gostei das suas palavras sobre rapazinhos querendo parecer gente grande. Alguém já lhe disse que você é cruel?Cruel. Eu, cruel? Ele tirou uma das mãos do bolso e, antes que eu pudesse reagir, enlaçou seus dedos nos meus. Senti meu rosto corar, e temi que ele pudesse enxergar em meus olhos o que eu tentava esconder: uma confusão de sentimentos que me deixava exposta.— Meus filhos me dizem isso o tempo todo — respondi, forçando um sorriso para mascarar meu nervosismo. — Obrigada por ter me defendido, Grady.— Duvido que você precisasse mesmo de ajuda — ele retrucou, com uma
Simplesmente lhes oferecera um emprego. Eu recebi a mesma oferta e não hesitei em aceitar.Parados em frente à varanda de casa, Grady me fitou, com uma expressão que parecia indecifrável. O silêncio entre nós era repleto de algo que eu não sabia explicar. Meus pensamentos estavam uma bagunça, e minha voz parecia incapaz de romper aquele instante.Por fim, arrisquei um sorriso.— Gostaria de continuar esta conversa lá dentro?— Que tal se esquecermos esta conversa aqui fora e iniciarmos outra lá dentro? — ele respondeu, e o tom leve arrancou de mim uma risada espontânea.— Pode ser — falei, ainda rindo. — Esta conversa não está mesmo levando a lugar algum.Grady me olhou de um jeito diferente, algo mais profundo. Então, lentamente, ergueu a mão e afastou os cabelos do meu rosto. Meu coração acelerou, e todo o meu corpo parecia em alerta pelo toque suave de seus dedos.— Está com frio? — ele perguntou, sua voz grave e baixa.— Não — murmurei, quase sem fôlego, incapaz de desviar o olhar
Holly enrubesceu, tentando disfarçar a inquietação que começava a se espalhar por seu peito. O ar parecia mais denso, mais carregado de significados não ditos. Ela não sabia por que, mas sentiu como se aquela conversa fosse tocar algo que ela não queria revelar. Por isso, preferiu mudar de assunto.— Não sei por que ela nunca me falou de você.A voz de Grady soou suavemente, mas havia uma curiosidade ali, um toque de surpresa que Holly não pôde ignorar. Ele fez a pergunta, mas o tom que usou fazia claro que não esperava uma resposta direta, talvez já sabendo que aquela linha de conversa poderia se tornar mais complicada do que parecia.— Não sabe?O silêncio entre eles cresceu, e Holly percebeu que aquela pergunta podia levar a lugares mais profundos do que ela queria explorar. Ela se levantou, sentindo o peso da situação crescer.— O café já foi servido. Vou dar uma olhada nas crianças. — Ela se apressou a encerrar a conversa, sabendo que seria melhor fugir da pergunta antes que as p
Eu afaguei os cabelos de Ryan com um sorriso suave.— Não, querido. Ainda é noite. Volte para a cama, que eu vou arrumar o cobertor para você.Ele olhou para mim com uma expressão ansiosa, os olhos pálidos e o rosto marcado pela preocupação.— Nós não precisamos voltar para a fazenda, precisamos, mamãe? — Sua voz estava silenciosa, como se ele estivesse prestes a chorar.Eu o puxei para perto, agachando-me ao seu lado e o envolvendo em meus braços. O coração apertou ao perceber a fragilidade da sua emoção.— Não, Ryan. Nós vamos viver aqui, na casa da vovó, até vocês todos crescerem. — Beijei-lhe a testa, tentando passar confiança, tentando dar-lhe segurança. — Você teve um pesadelo?Ele balançou a cabeça, ainda com o olhar distante.— Tive.— Quer me contar?— Não. Posso tomar um copo de leite?— Claro. Quer uns biscoitos também?— Quero. — Ele sentou-se e pegou a lata de biscoitos. — Oi, Sr. O'Neil. A mamãe ofereceu biscoitos para você também? Experimente um. Esses não estão queimad