Era madrugada quando o celular de Olavo tocou. Meio sonolento, ele pegou o telefone e atendeu.Olavo: (Com a voz rouca de sono) Alô?Eduardo: (Ansioso, do outro lado da linha) Pai, Karina começou a sentir as contrações fortes. Já estamos indo para o hospital. Você pode vir pegar o José?Na mesma hora, Olavo se sentou na cama, despertando Vitória ao seu lado.Olavo: (Já mais desesperado) Claro, filho, estou indo para lá agora!Vitória, mesmo sonolenta, olhou para ele e disse:Vitória: (Com a voz baixa) O que houve?Olavo: (Colocando uma blusa rápida) Karina vai ter o bebê! Vou buscar José no hospital.Ela sorri sonoramente.Vitória: (Com carinho) Manda notícias… E dá um beijo na Karina por mim.Quando Eduardo chegou ao hospital, Olavo já estava lá, esperando.Eduardo: (Entregando José ainda dormindo nos braços do pai) Obrigado, pai. Vai ser agora, os enfermeiros já levaram a Karina para o centro cirúrgico.Olavo: (Apertando o ombro do filho) Vai dar tudo certo. Boa sorte, e qualquer c
A madrugada estava tranquila, e Olavo dormia profundamente , exausto depois de um longo dia na clínica. Ao seu lado, Vitória se revirava na cama , sentindo um incômodo estranho na barriga. Ela tentou ignorar, mas, de repente, uma forte dor a fez soltar um gemido alto.Vitória: (Sussurrando, tentando controlar a dor) Ah… Meu Deus!Ela tocou a barriga e percebeu que as contrações vieram mais fortes.Vitória: (Cutucando Olavo, aflita) Amor… Olavo… Acorda!Olavo abriu os olhos lentamente, ainda sonolento , mas ao ver Vitória segurando a barriga com uma expressão de dor, ele despertou na hora e sentou-se na cama, alarmado.Olavo: (Assustado) O que foi?! O bebê?!Vitória: (Respirando fundo, tentando não entrar em pânico) Acho que chegou a hora!Num pulo, Olavo saiu da cama e começou a pegar as malas do hospital. Vitória sentiu outra contração intensa e segurou o braço do marido com força.Vitória: (Ofegante) Precisamos deixar Carlinhos na casa do Eduardo!No caminho para o hospital, eles pa
O tempo passou rápido. Olavo agora era um homem idoso, de cabelos grisalhos e olhar sereno, mas ainda carregava a imponência e o respeito de sempre. Ele sentou-se na varanda de sua casa, observando o movimento ao seu redor com um sorriso satisfeito. Seus filhos e netos cresceram, e a família que ele e Vitória construíram se tornará seu maior orgulho.Carlinhos, agora com 26 anos, estava se formando em medicina. Ele seguiria os passos do pai e assumiria, em breve, seu lugar no hospital da família. Olavo sentiu o peito se encher de orgulho sempre que via o filho com aquele jaleco branco, pronto para ajudar as pessoas. E para completar sua felicidade, Carlinhos estava prestes a se casar com Sara, filha de um grande amigo de Olavo. Desde que soube do namoro, ele ficou imensamente feliz, pois sempre admirou a família da moça e sabia que seu filho estava em boas mãos.Olavo: (Sorrindo, emocionado enquanto observava Carlinhos organizando alguns papeis no hospital) Quem diria… Meu menino cres
Vitória olhou pela janela do quarto, fixando o olhar nas colinas do pequeno município onde vivia. O sol se punha devagar, tingindo o céu com uma laranja forte que ela raramente tinha tempo de apreciar. As sombras da noite chegaram, e junto delas, as lembranças dos dias de sua infância e juventude, pesadas e vívidas como se nunca tivessem partido.Crescer no supermercado da família não foi exatamente um sonho, mas um destino decidido. Filha única de Everaldo e Marisa, Vitória sempre sabia que seus pais queriam mais que uma menina. Eles queriam um sucessor, um herdeiro para a “Família Damasceno” e o pequeno império do supermercado que sustentava a casa e a imagem deles na cidade. Mas ela era o que eles tinham, e cabia a ela preencher o vazio da expectativa frustrada.Desde cedo, sua rotina era meticulosamente traçada: escola, casa, igreja. Aos domingos, Vitória usava seu vestido mais bonito e acompanhava a mãe à missa, ouvindo, no caminho, como ela deveria ser recatada, comportada, "dig
Olavo Castellani, médico de 40 anos, terminou mais um dia de trabalho exaustivo, em que mal teve tempo para começar. Depois de um banho rápido, foi à cozinha e pegou uma de suas muitas marmitas congeladas, que enchiam o congelador. Era assim quase todas as noites: uma refeição solitária, rápida, antes de encontrar algum momento de paz. Com um copo de uísque na mão, caminhou até a varanda do apartamento, sentou-se e permitiu-se, mais uma vez, relembrar sua vida.Ele nasceu em uma família rica e tradicional, onde todos eram médicos. Desde pequeno, sempre soubemos que o mesmo destino o aguardava. Como único filho, carregava a expectativa dos pais de seguir os passos deles e dar continuidade ao legado familiar. Seus pais, rígidos e muito religiosos, vinham de um casamento arranjado. Não havia amor entre eles; sua união era um negócio de família, algo que Olavo cresceu observando em silêncio.Na faculdade de medicina, o peso dessas expectativas tornou-se ainda maior quando seu pai foi info
Vitória estava no segundo ano de faculdade e, ansiosa para terminar logo, mantinha-se focada. Ela não tinha amigos e Vivia de casa para a faculdade, até que um dia conheceu Lucian, seu professor. Foi uma paixão imediata. Desde então, ela foi para casa pensando nele, e para a faculdade, seu coração parecia sair pela boca a cada vez que o via.Uma tarde, Vitória estava na biblioteca depois da aula quando Lucian se mudou e perguntou se poderia sentar-se à mesa dela. Ela concordou, e eles começaram a conversar. A partir daquele dia, passamos a conversar com frequência. Meses depois, saiu pela primeira vez, e o encontro se tornou algo regular sempre que Vitória tinha tempo. Com o tempo, comecei a namorar.Lucian, porém, fez questão de dizer que eles não poderiam contar a ninguém sobre o relacionamento. Explicou que, se alguém soubesse, ele seria demitido. Mas ele a tranquilizou: disse que, assim que ela se formasse, assumiriam o namoro e se casariam. Vitória estava encantada e mais apaixon
Eduardo estava de férias da faculdade e, como sempre, passava esses dias com o pai. Olavo adorava a companhia do filho; era um descanso da rotina e também um momento de se aproximarem ainda mais. Naquela noite, saíram para jantar em um restaurante elegante, aproveitaram a deliciosa comida e, depois, caminharam pela cidade. Florianópolis era linda, com as luzes refletindo no mar, e os dois se deixaram levar pelo clima tranquilo da noite.Eduardo, embora estivesse gostando da experiência da faculdade, sentia saudade de casa. Ele planejava, assim que o curso terminasse, voltar para ficar perto do pai. Via que Olavo, apesar de ser um homem bem-sucedido, levava uma vida um tanto solitária e parecia viver no “automático”. Mais de uma vez, Eduardo tenta incentivá-lo a encontrar alguém. Desejava que o pai pudesse encontrar o amor verdadeiro, algo que ele mesmo ainda não experimentara.Eduardo, aos 23 anos, começava a pensar que era de família a falta de sorte no amor. Ele também não se via in
Milene se deu conta de que seus sentimentos por Olavo, que ela acreditava estarem adormecidos há anos, na verdade, nunca haviam desaparecido. Desde a adolescência, quando ele passou a fazer parte de sua vida, ela sempre tentou de tudo para chamar sua atenção, esperando que ele finalmente correspondesse a seus sentimentos. A mágoa de ser constantemente rejeitada se enraizou nela, e ela passou anos convencida de que deveria ter sido ela, e não sua irmã Luiza, a se casar com Olavo.O ressentimento que guardava a levou a fazer escolhas impensáveis. No fundo de sua amargura, ela foi a culpada da morte da irmã, silenciosamente, fazendo com que Luiza não sobrevivesse ao parto, acreditando que isso abriria espaço para que ela pudesse, finalmente, ficar com Olavo. Mas o destino não seguiu seu plano sombrio: mesmo com a perda da esposa, Olavo jamais olhou para Milene com outros olhos. E, ao se casar, ela se viu presa em um casamento infeliz. Seu marido percebeu os sentimentos que ainda nutria p