O telefone tocou novamente, e Olavo atendeu no primeiro toque, seu coração acelerado pela tensão era Lucian.Olavo: Já tenho o dinheiro. — Ele disse firme, tentando manter a calma, apesar do ódio fervendo em suas veias. — Mas antes, quero uma prova de vida.Do outro lado da linha, Lucian riu.Lucian: Sempre tão previsível, doutor. — Ele zumbiu, antes de virar a câmera do celular.Olavo sentiu o peito pressionado ao ver Vitória e Carlinhos. O menino chorava baixinho, agarrado à mãe, e Vitória o abraçava com força, tentando acalmá-lo. Seus olhos estavam vermelhos, mas sua voz era doce e firme ao sussurrar palavras de conforto para o filho.Vitória: Está tudo bem, meu amor. Mamãe está aqui… Vai ficar tudo bem.A imagem voltou para Lucian, que brilhou de maneira cruel.Lucian: Agora você já viu que eles estão vivos. Em duas horas, no lugar marcado. E com o meu dinheiro. Se tentar algo, se vier com a polícia, eu juro que esse reencontro vai ser o último.Antes de desligar, Lucian olhou par
As horas seguintes foram intensas. A polícia pegou os depoimentos de Vitória, Olavo e Carlinhos, querendo saber cada detalhe do que aconteceu. Apesar do trauma, Vitória fez questão de contar tudo, na esperança de que aquilo nunca mais se repetisse.Depois dos depoimentos, mãe e filho foram levados ao hospital para exames. Os médicos garantiram que estavam bem, apenas exaustos e abalados pelo que passaram. Olavo também foi atendido e fizeram um curativo, o tiro foi de raspão. Quando finalmente foram liberados, eles voltaram para casa, ansiosos para deixar tudo isso para trás e dar início a uma nova fase.Quando chegaram, a sensação de segurança os envolvia, mas o medo ainda estava ali, principalmente para Carlinhos. Ele se recusava a ficar sozinho e insistia em dormir na cama dos pais naquela noite.Vitória e Olavo trocaram olhares compreensivos. Sabiam que seria um longo caminho até que ele se sentisse seguro novamente.Deitado entre os pais, Carlinhos segurava a mão da mãe com força,
Depois de tudo o que passou, Olavo, Vitória e Carlinhos finalmente partiram para uma viagem tão esperada. O destino escolhido foi Fortaleza, um paraíso de praias encantadoras, culinária irresistível e calor humano.O voo foi tranquilo, e quando aterrissaram, sentiram o calor gostoso do Nordeste envolvendo seus corpos. O hotel era um verdadeiro refúgio, de frente para o mar, com uma vista deslumbrante.Os quartos foram preparados com carinho. O de Carlinhos ficou conectado ao de Olavo e Vitória por uma porta interna, garantindo que o menino tivesse seu espaço, mas também segurança para chamar os pais se precisasse.Assim que desfizeram das malas, Carlinhos correu até a varanda.Carlinhos: (Encantado, apontando para o mar azul infinito) Mãe! Pai! Olha isso! Parece coisa de filme!Vitória: (Sorrindo, abraçando Olavo de lado) É lindo mesmo, meu amor. Esse mês vai ser inesquecível.Olavo: (Beijando a testa de Vitória) E merecemos cada segundo dele.Nos primeiros dias, o trio aproveitou cad
Era madrugada quando o celular de Olavo tocou. Meio sonolento, ele pegou o telefone e atendeu.Olavo: (Com a voz rouca de sono) Alô?Eduardo: (Ansioso, do outro lado da linha) Pai, Karina começou a sentir as contrações fortes. Já estamos indo para o hospital. Você pode vir pegar o José?Na mesma hora, Olavo se sentou na cama, despertando Vitória ao seu lado.Olavo: (Já mais desesperado) Claro, filho, estou indo para lá agora!Vitória, mesmo sonolenta, olhou para ele e disse:Vitória: (Com a voz baixa) O que houve?Olavo: (Colocando uma blusa rápida) Karina vai ter o bebê! Vou buscar José no hospital.Ela sorri sonoramente.Vitória: (Com carinho) Manda notícias… E dá um beijo na Karina por mim.Quando Eduardo chegou ao hospital, Olavo já estava lá, esperando.Eduardo: (Entregando José ainda dormindo nos braços do pai) Obrigado, pai. Vai ser agora, os enfermeiros já levaram a Karina para o centro cirúrgico.Olavo: (Apertando o ombro do filho) Vai dar tudo certo. Boa sorte, e qualquer c
A madrugada estava tranquila, e Olavo dormia profundamente , exausto depois de um longo dia na clínica. Ao seu lado, Vitória se revirava na cama , sentindo um incômodo estranho na barriga. Ela tentou ignorar, mas, de repente, uma forte dor a fez soltar um gemido alto.Vitória: (Sussurrando, tentando controlar a dor) Ah… Meu Deus!Ela tocou a barriga e percebeu que as contrações vieram mais fortes.Vitória: (Cutucando Olavo, aflita) Amor… Olavo… Acorda!Olavo abriu os olhos lentamente, ainda sonolento , mas ao ver Vitória segurando a barriga com uma expressão de dor, ele despertou na hora e sentou-se na cama, alarmado.Olavo: (Assustado) O que foi?! O bebê?!Vitória: (Respirando fundo, tentando não entrar em pânico) Acho que chegou a hora!Num pulo, Olavo saiu da cama e começou a pegar as malas do hospital. Vitória sentiu outra contração intensa e segurou o braço do marido com força.Vitória: (Ofegante) Precisamos deixar Carlinhos na casa do Eduardo!No caminho para o hospital, eles pa
O tempo passou rápido. Olavo agora era um homem idoso, de cabelos grisalhos e olhar sereno, mas ainda carregava a imponência e o respeito de sempre. Ele sentou-se na varanda de sua casa, observando o movimento ao seu redor com um sorriso satisfeito. Seus filhos e netos cresceram, e a família que ele e Vitória construíram se tornará seu maior orgulho.Carlinhos, agora com 26 anos, estava se formando em medicina. Ele seguiria os passos do pai e assumiria, em breve, seu lugar no hospital da família. Olavo sentiu o peito se encher de orgulho sempre que via o filho com aquele jaleco branco, pronto para ajudar as pessoas. E para completar sua felicidade, Carlinhos estava prestes a se casar com Sara, filha de um grande amigo de Olavo. Desde que soube do namoro, ele ficou imensamente feliz, pois sempre admirou a família da moça e sabia que seu filho estava em boas mãos.Olavo: (Sorrindo, emocionado enquanto observava Carlinhos organizando alguns papeis no hospital) Quem diria… Meu menino cres
Vitória olhou pela janela do quarto, fixando o olhar nas colinas do pequeno município onde vivia. O sol se punha devagar, tingindo o céu com uma laranja forte que ela raramente tinha tempo de apreciar. As sombras da noite chegaram, e junto delas, as lembranças dos dias de sua infância e juventude, pesadas e vívidas como se nunca tivessem partido.Crescer no supermercado da família não foi exatamente um sonho, mas um destino decidido. Filha única de Everaldo e Marisa, Vitória sempre sabia que seus pais queriam mais que uma menina. Eles queriam um sucessor, um herdeiro para a “Família Damasceno” e o pequeno império do supermercado que sustentava a casa e a imagem deles na cidade. Mas ela era o que eles tinham, e cabia a ela preencher o vazio da expectativa frustrada.Desde cedo, sua rotina era meticulosamente traçada: escola, casa, igreja. Aos domingos, Vitória usava seu vestido mais bonito e acompanhava a mãe à missa, ouvindo, no caminho, como ela deveria ser recatada, comportada, "dig
Olavo Castellani, médico de 40 anos, terminou mais um dia de trabalho exaustivo, em que mal teve tempo para começar. Depois de um banho rápido, foi à cozinha e pegou uma de suas muitas marmitas congeladas, que enchiam o congelador. Era assim quase todas as noites: uma refeição solitária, rápida, antes de encontrar algum momento de paz. Com um copo de uísque na mão, caminhou até a varanda do apartamento, sentou-se e permitiu-se, mais uma vez, relembrar sua vida.Ele nasceu em uma família rica e tradicional, onde todos eram médicos. Desde pequeno, sempre soubemos que o mesmo destino o aguardava. Como único filho, carregava a expectativa dos pais de seguir os passos deles e dar continuidade ao legado familiar. Seus pais, rígidos e muito religiosos, vinham de um casamento arranjado. Não havia amor entre eles; sua união era um negócio de família, algo que Olavo cresceu observando em silêncio.Na faculdade de medicina, o peso dessas expectativas tornou-se ainda maior quando seu pai foi info