2.

James Carter não gostava de imprevistos. Sua vida era regida pela rotina, planejada nos mínimos detalhes para garantir que cada minuto fosse produtivo. Ele não era apenas um empresário de sucesso – era o CEO de uma das maiores empresas farmacêuticas do país, a Carter Pharmaceuticals, uma potência no setor de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos.

Seus dias começavam cedo, antes mesmo do sol nascer. Após uma hora de treino intenso em sua academia particular, onde alternava entre musculação e corrida, tomava um banho frio e vestia um de seus ternos impecáveis. Cada peça era feita sob medida, sem rugas, sem falhas – assim como ele preferia manter sua vida.

O café da manhã era sempre o mesmo: café preto sem açúcar e uma omelete leve, enquanto lia relatórios financeiros e respondia e-mails. Tudo em sua rotina era otimizado para eficiência.

Às sete em ponto, o motorista já o esperava do lado de fora da mansão. Durante o trajeto até a sede da Carter Pharmaceuticals, localizada em um dos prédios mais modernos de São Paulo, James analisava projeções de mercado e revisava os pontos-chave das reuniões do dia.

Seu escritório ficava no último andar do edifício, um espaço luxuoso, mas funcional, com janelas de vidro que ofereciam uma vista panorâmica da cidade. A mesa de mogno sempre impecavelmente organizada e as prateleiras cheias de livros sobre negócios, economia e inovação médica eram um reflexo de sua personalidade.

O dia de James era uma sucessão de reuniões intermináveis. Conselheiros, investidores, diretores de pesquisa – todos queriam sua atenção. Ele era respeitado, temido por alguns, admirado por muitos. Sua postura fria e calculista fazia com que raramente demonstrasse emoção. Ele cobrava resultados e não tolerava erros.

— Senhor Carter, temos uma ligação da filial em Nova York sobre o novo medicamento em fase de testes — informou sua assistente, entrando no escritório com uma pasta de documentos.

— Agende para daqui a quinze minutos. — James nem levantou os olhos do relatório que lia.

O tempo era seu recurso mais precioso, e ele o usava com precisão cirúrgica.

O que ninguém via, no entanto, era o preço que esse ritmo de vida cobrava. Quanto mais ele se dedicava aos negócios, mais se afastava de sua filha. Emily estava crescendo sozinha, cercada de luxos, mas sem a presença do pai.

Nos últimos meses, James começou a notar mudanças sutis no comportamento da menina. Ela estava mais silenciosa, passava mais tempo sozinha em seu quarto, desenhando ou brincando sem muita animação.

A governanta, uma mulher mais velha chamada Sra. Collins, tentava distraí-la, mas Emily precisava de mais. Precisava de alguém que realmente se importasse, que a fizesse sorrir e que não desaparecesse por horas – ou dias – por causa do trabalho.

Na última viagem de negócios, James ficou fora por quase duas semanas. Quando voltou, encontrou Emily adormecida no sofá da sala, segurando um dos bichinhos de pelúcia que ele comprara para ela em Paris. Ao acordar e vê-lo, seus olhos se iluminaram por um breve instante, mas logo voltaram à sua expressão melancólica de sempre.

Foi nesse momento que James percebeu que precisava de ajuda.

Contratar uma babá nunca esteve nos planos. Ele confiava em poucas pessoas e não gostava da ideia de ter um estranho dentro de sua casa, cuidando de algo tão precioso quanto sua filha. Mas Emily precisava de companhia, de alguém que estivesse presente de verdade.

Por isso, depois de muita hesitação, aceitou que sua assistente selecionasse algumas candidatas. A maioria não passou nem da primeira etapa – ou porque eram excessivamente informais, ou porque ele simplesmente não confiava nelas.

E agora, Lilly Harper estava prestes a entrar em sua casa.

James não queria se envolver pessoalmente nessa decisão, mas sabia que precisava garantir que estava fazendo a escolha certa. Não queria apenas uma babá – queria alguém que compreendesse Emily e que não se tornasse um problema no futuro.

Quando o segurança avisou que a candidata havia chegado, James se levantou, ajeitou o terno e foi até a porta.

Ao abri-la, encontrou uma jovem de olhos verdes atentos e expressão nervosa. Ela era magra, vestia-se de maneira simples e profissional, e parecia hesitante, como se não soubesse o que esperar dali.

Por um breve segundo, ele percebeu que ela era bonita. Atraente, até. Mas afastou o pensamento tão rápido quanto ele surgiu. Lilly Harper era uma possível funcionária, nada mais do que isso.

Ele não precisava de distrações.

Não precisava de ninguém.

E certamente não precisava dela.

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