Um contrato com o CEO
Um contrato com o CEO
Por: Chloe Reymond
Prólogo

— O senhor Escobar a aguarda. — A secretária  avisa me olhando novamente dos pés a cabeça. Como se não tivesse feito isso já duas vezes desde que entrei na sala. Ela sempre faz isso. E eu nunca me acostumo. Que mulher nojenta.

Eu não sou a mais bela, também não sou deformada. Não entendo essa antipatia da secretária do CEO.

E eu entendo menos ainda o que esse aprendiz de traficante deseja de mim.

Não que ele seja traficante mesmo. É o nome. É impossível não pensar no Pablo quando escuto Escobar.

Seja o que for, tenho que escutar. Tenho que agradar o CEO. Hoje minha tia Joyce faz trinta anos que trabalha aqui. Tem gente que sonha com cargos melhores, salários melhores, ela não, seu sonho sempre foi se aposentar aqui, cozinhando para os funcionários da empresa. Ela ama esse trabalho e essas pessoas que trabalham aqui. Enquanto eu só estou aqui para pagar minha contas até o fim do curso. Serei veterinária e terei uma fazenda. Não serei sempre uma das meninas da faxina como agora. Se é um cargo com seus méritos, claro, afinal paga minha contas. Mas sonho alto. Sonhar é grátis. Lutar pelo sonho também.

Bato na porta e escuto um “entre”.

Assim que entro e fecho a porta atrás de mim, noto o homem de pé diante da janela imensa de vidro que dá para algo como uma sacada. A vista é linda.

A vista dele também, Aquiles Vincent Escobar é um homem de tirar o fôlego. Um metro e noventa de beleza bem distribuída. Cabelos lisos e escuros penteados para trás, o terno azul escuro pendurado em um gancho na parede enquanto seu peitoral quase saltava na camisa preta sob o colete do mesmo tom do terno e mesmo tom das calças.

Passo meus olhos pelo seu corpo dos pés a cabeça. Assim como a secretária fez comigo.

Ele se vira para mim afrouxando a gravata escura. Seus olhos da cor do uísque que bilionários como ele costumam tomar nos livros e filmes de romance. São hipnotizantes.

— Tenho um contrato para que leia e assine, senhorita Baker.

Limpo a garganta para espantar os pensamento involuntários, nada decentes. Coisas que envolvem eu tirando a roupa dele e ficando de joelhos.

Sim, eu tenho problemas com minha imaginação.

— Contrato? — questiono.

Não consigo imaginar algo que uma funcionária da faxina precisa assinar na presença do poderoso CEO.

— Fiz algo tão errado assim?

Ele levanta a sobrancelha, parece confuso.

— Tratamos sempre com o RH. Se eu estou aqui é porque é sério. E confesso que mesmo se tivesse falto algo grave, não consigo imaginar um motivo para estar aqui.

— Você fala demais, alguém já te disse isso? — diz impaciente. — Apenas leia e assine.

— Senhor... Que tipo de contrato o CEO teria com alguém que nunca viu?

É um fato. Durante esses doze meses que trabalho aqui nunca sequer olhei nos olhos desse homem.

— Um que vai garantir o emprego seu e de sua tia pelos próximos anos.

Isso é uma ameaça? Me pareceu uma ameaça.

Decido não discutir antes de ler o que tem nesse tal contrato.

Me aproximo da mesa e pego o papel.

— Pode sentar.

Penso em dizer não, mas mudo de ideia e sento na cadeira confortável.

“Contrato de Gestação por Substituição”. Leio.

Que porra é essa?

Leio a parte que tem os nomes das partes envolvidas. Que nesse caso somos nós dois.

Quando termina isso é que começa a pegadinha. Só pode ser pegadinha.

A Gestante concorda em carregar e dar à luz ao filho de Aquiles Vincent Escobar mediante os termos e condições deste Contrato. — Leio em voz alta.

Ele não parece nada incomodado, ainda parado no mesmo lugar.

— O senhor está me confundindo com alguém? É isso?

— De forma alguma. Eu escolhi você.

— Por que?

A pergunta que não quer calar.

— Porque eu quero. E porque eu posso.

Mas que filho da puta atrevido. Que vontade de subir na cadeira e socar sua cara.

— E acha que vou ceder a minha barriga para carregar um filho seu e depois entregá-lo?

— Será bem recompensada.

— Senhor, eu devo conhecer pelo menos doze mulheres que literalmente matariam para estar aqui e assinar isso. Todas que trabalham aqui. Só que eu não sou uma delas.

— Que pena. — Ele caminha e senta, colocando os pés sobre a mesa, me encarando. — Hoje soube sobre a sua tia. Até mesmo mandei um presente pelos trinta anos conosco. Seria uma pena ela perder o emprego.

— Está me ameaçando?

Ele sorri. O safado sorri.

Não. Isso é muito estranho. Não tem como ser real.

Nego sorrindo.

— Já sei. Eu estou sonhando. Só pode ser isso.

— Eu tenho meus motivos para ter escolhido você. E será você.

Sorrio novamente, descrente, e me levanto.

— Claro. Posso esperar aqui o sonho acabar? Ou agora pulamos para a parte em que já estou parindo seu filho?

Ele se aproxima e me belisca a bunda. Me surpreendo com essa ousadia.

— Ai! Por que fez isso?

— Apenas pare de agir como se estivesse sonhando. Mandamos uma cópia do contrato no seu e-mail. Leia as condições e benefícios e volte aqui amanhã às nove. Pode sair.

Quando estou na porta, ele chama de volta. Olho para trás ainda com a mão na maçaneta.

— Senhorita Baker, diga a sua tia que espero que ela tenha gostado do presente.

Saio da sala do CEO como se fosse um zumbi. Nem ligo para os olhares da secretária.

Eu não estou entendendo nada. Por que um homem tão poderoso iria me querer como barriga de aluguel do seu filho? Ao ponto de me ameaçar.

Que eu saiba não tenho nenhum gene raro ou inteligência superior, muito menos uma beleza única, rara. Sou apenas uma mulher comum, com meus 1,60 de altura, corpo normal e cabelos ondulados e rebeldes.

Então, que porra está acontecendo?

Eu ainda acho que é um sonho. Isso não faz sentido.

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