FelipaNo intervalo do almoço, que fiz mais tarde pelo meu “atraso”, resolvi ligar para tia Joyce.“Oi, querida. Aconteceu alguma coisa?”Ela sempre me atende assim quando não está esperando uma ligação minha.— Tia, o senhor Escobar voltou e falei com ele. A senhora pode voltar a trabalhar.Ela fica alguns instantes em silêncio. Só ouço sua respiração meio pesada.“Eu não quero mais.”Sua resposta me surpreende. Eu sei que ela quer. Todos os dias ela dizia o quanto sentia falta e queria voltar.— Por que? Achei que era o seu sonho.“E qual foi o preço que pagou pelo meu sonho? Eu não sou boba, Lipa. E apesar de ter saído da empresa tenho muitos amigos ali. Você não estava trabalhando depois que fui demitida, e hoje foi lá e conseguiu meu emprego de volta. Como?”Sou muito idiota por acreditar que ela não descobriria. Ainda bem que ninguém me viu ajoelhando e beijando os pés daquele miserável.Suspiro.Não adianta mentir.— Ele não vai permitir que trabalhemos em outro lugar. Já mandei
Aquiles— Puta que pariu! Você fez ela ajoelhar? — o idiota do Jordan chega a se levantar da cadeira quando conto o que houve minutos atrás.Ele chegou já dizendo que viu Felipa e queria saber como foi o retorno dela. Contei, e agora estou pagando pelo meu erro de abrir a boca.— E implorar — completo sem emoção, escorado em minha cadeira.— Ela deve te odiar.Ele anda de um lado para o outro da sala.Não posso dizer que me senti bem com o que fiz, mas precisava ser feito. As pessoas não aprendem com carinho e consideração. Eu aprendi isso desde muito cedo.— É o que quero. Ela precisa saber que ter um filho comigo é um acordo, assim como o casamento. Não quero que tenha ideias erradas. Eu sou seu chefe, não seu namorado.— Mesmo assim acho que exagerou. Cadê o cara que procurou a garota para pagar uma dívida de vida?— Você não entende de mulher, acho que nem de homem. — Jordan me mostra a língua e volta a se sentar. — Se eu simplesmente devolvesse o emprego da tia dela, a garota ter
FelipaQuinze minutos depois de me encontrar com a senhora Mendes, estou na sala dela, sentada à sua frente.Ela coloca o papel na minha frente. Na verdade, duas cópias.— Aqui diz que é pelas suas faltas injustificadas — explica.Então, ele não colocou mais nada. Pelo menos isso.Leio rapidamente.— Tudo bem. Pode me emprestar uma caneta para assinar?Primeiro Iara franze o rosto por eu não questionar nada, depois ela pega uma caneta e me entrega.Assino e empurro os papéis para ela.— Está tudo bem mesmo? Se tiver algo que eu possa fazer...— Tudo bem — respondo.— Se você diz.Seu olhar em minha direção é de desconfiança. Tenho quase certeza que é ela a pessoa que se comunica com minha tia. Assim como deve ter outros. Todos amam a tia Joyce, duvido que tenham ficado feliz com a demissão dela. Aquele babaca escroto...— Tudo bem mesmo? — pergunta.Percebo que me perdi em pensamentos assassinos envolvendo o CEO.— Sim. Tive alguns problemas pessoais que me tiraram o rumo, mas já re
Aquiles“Posso saber por que mandou me chamar dessa vez?”Quanto atrevimento dessa morena.As palavras ficam ecoando na minha cabeça enquanto os olhos como um lago verde e sereno me encaram com certa revolta e medo.Nesse momento, todos ao meu redor desaparecem. Tudo que quero é fazer essa mulher atrevida sucumbir diante de minhas ordens.— Ao que parece a senhorita gosta de fazer um show. — Cruzo meus braços e apoio o corpo no encosto da cadeira. — Perdeu o medo das consequências?— Ainda não, mas estou quase lá. — Ela continua atrevida.Se pensa que com isso irei desistir dos meus planos, se engana. Aquiles Vincent nunca muda de ideia.Mordo o lábio inferior. Felipa está muito gostosa nessa pose rebelde. Sempre reparei em como suas curvas ganham destaque no uniforme e como seus olhos se destacam com o cabelo preso em um coque. É uma mulher linda, não posso negar. E isso não significa que esteja apaixonado por ela, como o lesado do Jordan diz.Ouço alguém limpar a garganta e aviso a
FelipaTalentos?“Dois escrotos”. Falo sem som, mas pela sobrancelha levantada dele sei que entendeu.Estou pouco me fodendo se entendeu ou não. Esse cara vem e faz de tudo para me obrigar a assinar esse contrato maluco sem nenhum motivo e vem dizer que aquela vaca tem talentos. Que ele enfie o talento dela no rabo.— Tanto faz, continue lendo. — Sua voz me tira dos pensamentos assassinos, onde o torturo com ferro quente.Irritada, me sento.Leio todo o contrato sob o olhar dos quatro homens.Resumindo, tenho que me casar com ele na data em que ele escolher, ter um filho homem e agir como sua esposa apaixonada não importa a ocasião. No final receberei uma pensão mensal pelo resto da vida que me garantiria nunca mais precisar trabalhar, e nem meus tios. Ainda não entendi muito a parte de se vier meninas. Mas acredito que eu ficarei com elas e ele não vai fazer mais do que ajudar financeiramente, nem deve ter contato.Eu nem me assusto. Estou calejada de saber o quão mau um pai e uma mã
Felipa— Filha, o que houve hoje?— Aconteceu que eu não podia ter contado nada para vocês. Podemos ser processados se isso espalhar. E aquele imb... homem — me corrijo — pode nos colocar na cadeia.A cara do meu tio não é nada boa.— Terei uma conversinha com esse senhor. Ele não pode nos ameaçar assim. Somos pessoas decentes.— Não precisa, tio. Eu aceitei os termos dele. Assinei o contrato.— Filha, como vai ter um filho de alguém assim? — ele insiste enquanto me tia nos observa. — Filho é uma coisa séria.É meio difícil colocar na cabeça dele que ter um filho nesse caso não passaria de um trabalho.— E não para por ai... — aproveito que a garrafa de café perto e despejo um pouco na caneca que sempre acompanha a garrafa. — Já que terão que assinar o tal documento de confidencialidade vou contar tudo. Também terei que casar com ele.— Mas não seria barriga de aluguel? Estou confusa. — Minha tia fala enquanto volta a mexer na receita que prepara.Dou de ombros.— Um casamento por con
AquilesTodos os documentos estão assinados. Os contratos de confidencialidade foram levados até a casa da família Baker. Eu poderia ter feito online, mas prefiro assim. Quero que eles saibam o poder que tenho em minhas mãos. Os advogados informaram que eles leram e assinaram, não houve questionamentos.Essa semana planejo deixar Felipa livre, trabalhando, cuidando da própria vida, sem me intrometer, mas semana que vem ela vai dar adeus a sua vidinha medíocre e se tornar uma Escobar, e logo será a mãe do meu filho. Espero mesmo que seja logo, porque quanto mais rápido, menos preciso tolerar a mentira de ser um homem apaixonado.É quinta feira, o último dia da semana que compareço à empresa. No final de semana só cuido de casos urgentes. E tem que ser urgente mesmo.Estou saindo de uma reunião. Quando passo pelo corredor, vejo Felipa limpando. Esse é o horário que sempre limpam esse andar, eu aviso quando vou usar, mas dessa vez não o fiz. E nem foi para ter o prazer de irritar a moren
FelipaFiquei puta por Aquiles agir como um moleque e molhar o lugar que já estava limpo e seco, e ainda me provocar. Parecia mesmo uma criança fazendo bullying com coleguinha de escola. Cheguei até a imaginar como ele deve ter sido uma peste na escola.Mas eu passei por tudo sem me abalar, ou pelo menos sem deixar que notassem.— O que foi isso? — minha colega pergunta quando volta. — Eu vi de longe ele andar em círculos e depois falar algo com você. O que ele disse?— Reclamou da limpeza. — E nem é totalmente mentira.— O que?! Daria para comer nesse chão de tão limpo. Aff! Por isso o chamam de Demônio Implacável. Tão lindo e tão mal-humorado.— Pois é. Bora trabalhar para não chamar a atenção do Demônio.Ela ri e finalizamos a limpeza.Antes do final do expediente, nossa líder nos reúne para dar algumas informações. E no final da reunião ela recebe uma ligação e informa que o CEO quer me ver na sala dele.É aquele alvoroço na sala.— Será que é para reclamar da limpeza de hoje? — m