Aquiles

A porta aberta nos dá uma visão dos seguranças levando Felipa. Ela não briga com os seguranças, se deixa levar.

Caminho até o batente e fecho a porta, trancando antes que Bruna venha com sua preocupação exagerada. Talvez eu deva trocar de secretária, ela já está começando a se achar minha namorada.

Jordan b**e palmas como se tivesse assistido a um show.

— Que furacão foi esse? Agora consigo imaginar a pequena Baker enfrentando um pitbull para salvar você. — Ele ri. — E agora, pretende fazer o que? Ela parece decidida a não ceder.

— Garantir que nenhuma delas consiga outro emprego. Ela vai voltar e pedir perdão.

— Cara, aquela mulher tem fogo e tem garra. Se não fosse pela tia dela você não teria chance.

Eu sei. Todo mundo tem um ponto fraco. E o de Felipa são os tios.

— Foi por isso que demiti a tia e não ela.

— O Demônio Implacável ataca novamente.

Reviro os olhos com seu comentário.

— Vamos voltar ao trabalho? Pode ser?

Ele dá de ombros e senta, pegando os papéis que estava analisando antes do furacão Felipa entrar. Eu já esperava que ela fosse atacar, mas foi mais intenso do que imaginei.

Termino o expediente sem mais surpresas e decido ir para a casa do meu bisavô. Quero contar a novidade sobre ter localizado a garota. Isso vai me garantir pontos nessa história de casamento e filhos.

Quando estaciono na porta da mansão de estilo grego, o carro do meu primo Samuel estacionado mostra que não sou o único visitante.

O mordomo me anuncia e entro.

— Boa tarde! — cumprimento ao encontrar marco sentado em um sofá ao lado de uma moça loira, segurando uma mão dela de forma intima.

— Oi, primo. Vim apresentar minha noiva ao vovô — anuncia com um sorriso presunçoso. — Sente-se conosco.

Samuel é irmão do Marco. São dois insuportáveis. Eles chamam nosso bisavô de vovô.

— Fico feliz por você — falo e cumprimento a moça, que se chama Jade. Depois me sento ao lado dele.

Uma empregada se aproxima e oferece café. Aceito e logo depois viro para meu bisavô.

— Como o senhor está, vovô? — claro que chamo ele assim também, depois que descobri que ele gosta, decidi imitar.

— Melhor impossível. E você, quando vai trazer sua noiva para que eu conheça? — o velho Escobar cobra.

É hora de atuar.

— Meu caso é complicado. Quem eu quero não me quer. — Monto meu teatro.

Eu sempre procurei Felipa para agradecer. E quando isso virou uma obsessão, toda família decidiu que eu não tinha nenhum relacionamento por causa dela. E obvio que usei isso para me livrar das pretendentes ridículas indicadas por meus pais. Felipa nem sabe o quanto me ajudou e ainda vai ajudar. Depois que receber minha herança a recompensarei muito bem.

— Ainda procurando a garotinha que te salvou há anos? — ele pergunta apoiando as duas mãos na muleta entre suas pernas.

— Eu a encontrei, mas ela não parece gostar da pessoa que me tornei.

— Como ela pode não gostar de um Escobar? — Samuel questiona desacreditado.

— Nem todas colocam o dinheiro antes dos sentimentos, primo.

Antes que ele retruque, o velho Escobar se adianta.

— E ela sabe que te salvou? Sabe dessa dívida que tem com ela?

— Não. Não queria forçar a barra usando isso. Meu plano era conquistar ela primeiro. Depois que já tivesse seu coração, eu revelaria.

— Que romântico! — Jade comenta distraída e leva uma olhada do meu primo.

— Por que não traz a garota para o nosso baile beneficente do próximo mês? É uma chance dela conhecer a família.

Isso! Ele caiu na história de amor não correspondido. Pontos para mim. Eu vou ganhar essa herança facilmente. Agora só preciso que Felipa seja boazinha e me dê um filho homem.

— Como o senhor sabe, ela é de família pobre. Temo que alguém a ofenda e isso piore minha situação com ela.

— Ela será minha convidada de honra. Tenha certeza que ninguém será louco de ofendê-la.

Sorrio. Apesar de Samuel ter chegado na frente, roubei a cena.

Agora só preciso forçar um pouco mais para que Felipa aceite meus termos mais rápido. Ela vai aceitar. Ninguém diz não a Aquiles Vincent Escobar.