Aquiles“Posso saber por que mandou me chamar dessa vez?”Quanto atrevimento dessa morena.As palavras ficam ecoando na minha cabeça enquanto os olhos como um lago verde e sereno me encaram com certa revolta e medo.Nesse momento, todos ao meu redor desaparecem. Tudo que quero é fazer essa mulher atrevida sucumbir diante de minhas ordens.— Ao que parece a senhorita gosta de fazer um show. — Cruzo meus braços e apoio o corpo no encosto da cadeira. — Perdeu o medo das consequências?— Ainda não, mas estou quase lá. — Ela continua atrevida.Se pensa que com isso irei desistir dos meus planos, se engana. Aquiles Vincent nunca muda de ideia.Mordo o lábio inferior. Felipa está muito gostosa nessa pose rebelde. Sempre reparei em como suas curvas ganham destaque no uniforme e como seus olhos se destacam com o cabelo preso em um coque. É uma mulher linda, não posso negar. E isso não significa que esteja apaixonado por ela, como o lesado do Jordan diz.Ouço alguém limpar a garganta e aviso a
FelipaTalentos?“Dois escrotos”. Falo sem som, mas pela sobrancelha levantada dele sei que entendeu.Estou pouco me fodendo se entendeu ou não. Esse cara vem e faz de tudo para me obrigar a assinar esse contrato maluco sem nenhum motivo e vem dizer que aquela vaca tem talentos. Que ele enfie o talento dela no rabo.— Tanto faz, continue lendo. — Sua voz me tira dos pensamentos assassinos, onde o torturo com ferro quente.Irritada, me sento.Leio todo o contrato sob o olhar dos quatro homens.Resumindo, tenho que me casar com ele na data em que ele escolher, ter um filho homem e agir como sua esposa apaixonada não importa a ocasião. No final receberei uma pensão mensal pelo resto da vida que me garantiria nunca mais precisar trabalhar, e nem meus tios. Ainda não entendi muito a parte de se vier meninas. Mas acredito que eu ficarei com elas e ele não vai fazer mais do que ajudar financeiramente, nem deve ter contato.Eu nem me assusto. Estou calejada de saber o quão mau um pai e uma mã
Felipa— Filha, o que houve hoje?— Aconteceu que eu não podia ter contado nada para vocês. Podemos ser processados se isso espalhar. E aquele imb... homem — me corrijo — pode nos colocar na cadeia.A cara do meu tio não é nada boa.— Terei uma conversinha com esse senhor. Ele não pode nos ameaçar assim. Somos pessoas decentes.— Não precisa, tio. Eu aceitei os termos dele. Assinei o contrato.— Filha, como vai ter um filho de alguém assim? — ele insiste enquanto me tia nos observa. — Filho é uma coisa séria.É meio difícil colocar na cabeça dele que ter um filho nesse caso não passaria de um trabalho.— E não para por ai... — aproveito que a garrafa de café perto e despejo um pouco na caneca que sempre acompanha a garrafa. — Já que terão que assinar o tal documento de confidencialidade vou contar tudo. Também terei que casar com ele.— Mas não seria barriga de aluguel? Estou confusa. — Minha tia fala enquanto volta a mexer na receita que prepara.Dou de ombros.— Um casamento por con
AquilesTodos os documentos estão assinados. Os contratos de confidencialidade foram levados até a casa da família Baker. Eu poderia ter feito online, mas prefiro assim. Quero que eles saibam o poder que tenho em minhas mãos. Os advogados informaram que eles leram e assinaram, não houve questionamentos.Essa semana planejo deixar Felipa livre, trabalhando, cuidando da própria vida, sem me intrometer, mas semana que vem ela vai dar adeus a sua vidinha medíocre e se tornar uma Escobar, e logo será a mãe do meu filho. Espero mesmo que seja logo, porque quanto mais rápido, menos preciso tolerar a mentira de ser um homem apaixonado.É quinta feira, o último dia da semana que compareço à empresa. No final de semana só cuido de casos urgentes. E tem que ser urgente mesmo.Estou saindo de uma reunião. Quando passo pelo corredor, vejo Felipa limpando. Esse é o horário que sempre limpam esse andar, eu aviso quando vou usar, mas dessa vez não o fiz. E nem foi para ter o prazer de irritar a moren
FelipaFiquei puta por Aquiles agir como um moleque e molhar o lugar que já estava limpo e seco, e ainda me provocar. Parecia mesmo uma criança fazendo bullying com coleguinha de escola. Cheguei até a imaginar como ele deve ter sido uma peste na escola.Mas eu passei por tudo sem me abalar, ou pelo menos sem deixar que notassem.— O que foi isso? — minha colega pergunta quando volta. — Eu vi de longe ele andar em círculos e depois falar algo com você. O que ele disse?— Reclamou da limpeza. — E nem é totalmente mentira.— O que?! Daria para comer nesse chão de tão limpo. Aff! Por isso o chamam de Demônio Implacável. Tão lindo e tão mal-humorado.— Pois é. Bora trabalhar para não chamar a atenção do Demônio.Ela ri e finalizamos a limpeza.Antes do final do expediente, nossa líder nos reúne para dar algumas informações. E no final da reunião ela recebe uma ligação e informa que o CEO quer me ver na sala dele.É aquele alvoroço na sala.— Será que é para reclamar da limpeza de hoje? — m
AquilesEstou sorrindo feito um bobo por saber que poderei subir ao altar sem a ajuda das muletas. Quero fazer uma surpresa para o amor da minha vida, quero que ela me veja andando sem elas.— Gabi, meu amor! Tenho uma surpresa para você. — Me aproximo dela ainda com as muletas. Estamos em meu quarto. — Fecha os olhos.— Agora não. — Ela desvia antes que eu possa me aproximar totalmente. — Aquiles, precisamos conversar. — Está tudo bem?— Sim. Só que não podemos mais casar.Acho que não ouvi direito. — O que?— Eu me apaixonei pelo seu primo Marco e me casei com ele.Meu coração congela. As muletas caem e me apoio na mesa. Tão atordoado que esqueço que não preciso mais delas.— Como assim? Gabi, falta duas semanas para o nosso casamento. Como pode ter se apaixonado por ele e decidido isso assim? Como pode ter se casado sem ao menos me dar uma satisfação? E a porra do amor que sentia por mim?— Desculpe, mas não posso amar um aleijado.— Aleijado... Aleijado — murmuro. — Você já me a
AquilesEu sou um homem observador. É esse um dos motivos que me faz ter total consciência que o velho Escobar sabe tudo que seus familiares aprontam. O seu dinheiro e poder é mais que suficiente para que tenha olhos e ouvidos em toda parte. Não me espantaria se ele descobrisse o contrato entre eu e Felipa, por isso minha estratégia é usar isso meu favor.Entramos em seu escritório pessoal e ele foi direto ao uísque.— Eu vou morrer. Não preciso me privar das coisas boas — fala quando meu olhar cai sobre o copo.Apenas sorrio. É um velho teimoso.Ele serve uma dose para mim e aponta o sofá com a bengala antes de sentar com seu copo.— Então, que tipo de conselho veio pedir?Pego o copo que ele serviu para mim e bebo um gole antes de responder.— Eu fiz uma grande merda com a Felipa. Mas foi a única forma que achei. Porque eu não iria simplesmente cortejá-la.O velho ri que quase engasga.— Rapaz, ninguém mais usa essa palavra.Dou de ombros.— Conta o que fez.— Eu a obriguei a assina
FelipaOlho novamente a caixa sobre minha cama. Foi mandada por ele. Tia Joyce disse que o entregador veio bem cedinho.— Não vaia abrir? — a voz da Lana, minha colega de quarto, me tira do transe. Ela se ofereceu para vir comigo visitar meus tios. O que não é novidade porque quem prova da comida da Joyce sempre se apaixona.Abro a caixa e encontro um vestido branco. Ao tirá-lo da caixa vejo que é curto e tem alguns detalhes em renda, além de mangas curtas.— Caralho! Lindo! — ela exclama. — Tem um cartão — completa.Deixo a curiosa segurar o vestido e pego o cartão.“Use-o e esteja na empresa às 14hs, vamos nos casar hoje no cartório.”— Casar? — a curiosa ler por trás dos meus ombros. — Como assim?— É uma longa história... que só vou te contar depois que casar para não dar azar.— Sua bruxa cruel! — Lana senta na cama e analisa o tecido do vestido. — Parece caro. Ele é rico?— Muito. O bastante para eu achar que estou sonhando.— Se está sonhando, eu também estou. E nem ouse me aco