AquilesTodos os documentos estão assinados. Os contratos de confidencialidade foram levados até a casa da família Baker. Eu poderia ter feito online, mas prefiro assim. Quero que eles saibam o poder que tenho em minhas mãos. Os advogados informaram que eles leram e assinaram, não houve questionamentos.Essa semana planejo deixar Felipa livre, trabalhando, cuidando da própria vida, sem me intrometer, mas semana que vem ela vai dar adeus a sua vidinha medíocre e se tornar uma Escobar, e logo será a mãe do meu filho. Espero mesmo que seja logo, porque quanto mais rápido, menos preciso tolerar a mentira de ser um homem apaixonado.É quinta feira, o último dia da semana que compareço à empresa. No final de semana só cuido de casos urgentes. E tem que ser urgente mesmo.Estou saindo de uma reunião. Quando passo pelo corredor, vejo Felipa limpando. Esse é o horário que sempre limpam esse andar, eu aviso quando vou usar, mas dessa vez não o fiz. E nem foi para ter o prazer de irritar a moren
FelipaFiquei puta por Aquiles agir como um moleque e molhar o lugar que já estava limpo e seco, e ainda me provocar. Parecia mesmo uma criança fazendo bullying com coleguinha de escola. Cheguei até a imaginar como ele deve ter sido uma peste na escola.Mas eu passei por tudo sem me abalar, ou pelo menos sem deixar que notassem.— O que foi isso? — minha colega pergunta quando volta. — Eu vi de longe ele andar em círculos e depois falar algo com você. O que ele disse?— Reclamou da limpeza. — E nem é totalmente mentira.— O que?! Daria para comer nesse chão de tão limpo. Aff! Por isso o chamam de Demônio Implacável. Tão lindo e tão mal-humorado.— Pois é. Bora trabalhar para não chamar a atenção do Demônio.Ela ri e finalizamos a limpeza.Antes do final do expediente, nossa líder nos reúne para dar algumas informações. E no final da reunião ela recebe uma ligação e informa que o CEO quer me ver na sala dele.É aquele alvoroço na sala.— Será que é para reclamar da limpeza de hoje? — m
AquilesEstou sorrindo feito um bobo por saber que poderei subir ao altar sem a ajuda das muletas. Quero fazer uma surpresa para o amor da minha vida, quero que ela me veja andando sem elas.— Gabi, meu amor! Tenho uma surpresa para você. — Me aproximo dela ainda com as muletas. Estamos em meu quarto. — Fecha os olhos.— Agora não. — Ela desvia antes que eu possa me aproximar totalmente. — Aquiles, precisamos conversar. — Está tudo bem?— Sim. Só que não podemos mais casar.Acho que não ouvi direito. — O que?— Eu me apaixonei pelo seu primo Marco e me casei com ele.Meu coração congela. As muletas caem e me apoio na mesa. Tão atordoado que esqueço que não preciso mais delas.— Como assim? Gabi, falta duas semanas para o nosso casamento. Como pode ter se apaixonado por ele e decidido isso assim? Como pode ter se casado sem ao menos me dar uma satisfação? E a porra do amor que sentia por mim?— Desculpe, mas não posso amar um aleijado.— Aleijado... Aleijado — murmuro. — Você já me a
AquilesEu sou um homem observador. É esse um dos motivos que me faz ter total consciência que o velho Escobar sabe tudo que seus familiares aprontam. O seu dinheiro e poder é mais que suficiente para que tenha olhos e ouvidos em toda parte. Não me espantaria se ele descobrisse o contrato entre eu e Felipa, por isso minha estratégia é usar isso meu favor.Entramos em seu escritório pessoal e ele foi direto ao uísque.— Eu vou morrer. Não preciso me privar das coisas boas — fala quando meu olhar cai sobre o copo.Apenas sorrio. É um velho teimoso.Ele serve uma dose para mim e aponta o sofá com a bengala antes de sentar com seu copo.— Então, que tipo de conselho veio pedir?Pego o copo que ele serviu para mim e bebo um gole antes de responder.— Eu fiz uma grande merda com a Felipa. Mas foi a única forma que achei. Porque eu não iria simplesmente cortejá-la.O velho ri que quase engasga.— Rapaz, ninguém mais usa essa palavra.Dou de ombros.— Conta o que fez.— Eu a obriguei a assina
FelipaOlho novamente a caixa sobre minha cama. Foi mandada por ele. Tia Joyce disse que o entregador veio bem cedinho.— Não vaia abrir? — a voz da Lana, minha colega de quarto, me tira do transe. Ela se ofereceu para vir comigo visitar meus tios. O que não é novidade porque quem prova da comida da Joyce sempre se apaixona.Abro a caixa e encontro um vestido branco. Ao tirá-lo da caixa vejo que é curto e tem alguns detalhes em renda, além de mangas curtas.— Caralho! Lindo! — ela exclama. — Tem um cartão — completa.Deixo a curiosa segurar o vestido e pego o cartão.“Use-o e esteja na empresa às 14hs, vamos nos casar hoje no cartório.”— Casar? — a curiosa ler por trás dos meus ombros. — Como assim?— É uma longa história... que só vou te contar depois que casar para não dar azar.— Sua bruxa cruel! — Lana senta na cama e analisa o tecido do vestido. — Parece caro. Ele é rico?— Muito. O bastante para eu achar que estou sonhando.— Se está sonhando, eu também estou. E nem ouse me aco
Aquiles— Minha cabeça está explodindo. — Jordan esfrega as têmporas pela enésima vez. — Que ressaca!Iara acabou de sair da sala, estávamos em reunião sobre a abertura de uma filial e os dados iniciais para decidirmos sobre as contratações.— Isso é resultado de beber mais do que deve.— A culpa é sua por me chamar para sair.— Eu chamei você um dia. O problema é seu se decidiu continuar o fim de semana todo entre álcool e boceta.— A gata era ruiva. Eu não resisto a uma ruiva.— Então, vai ver ela novamente?— Também não exagera. Tem outras ruivas na cidade. Por que me limitar a uma?— Você não tem jeito. Levanta. Vamos descer. Logo o terceiro remédio faz efeito e melhora ou te derruba.— Vamos fazer o que lá embaixo? A sua noiva já deve estar chegando.— Quero verificar uma informação no marketing. Ela pode esperar. Eu não.Sem dar tempo que ele responda, caminho em direção a porta. Nem preciso olhar para saber que me segue.Que porra Bruna está pensando? Quando abro a porta para d
Felipa— Puta que pariu!Sim, essa foi a primeira coisa que ouvimos ao entrar no restaurante. É Nania que fala, antes de vir correndo abraçar minha tia e eu.— Você estão tão com cara de ricos. — Ela segura minha tia pelos ombros, analisando seu vestido. — Quase não reconheci.— É uma ocasião especial. — Tia Joyce diz de um jeito misterioso. Já meu tio fica quieto em seu canto diante dessas pessoas barulhentas.— Qual? Por acaso vieram enfrentar o CEO? — um dos funcionários fala.— Fiquei sabendo que ele te demitiu — outro completa olhando para mim.— Mesmo depois de readmitir a Joyce que nem veio trabalhar — outro se intromete.Não disse... pessoas barulhentas. O ambiente que minha tia adora.— É uma longa história. Que tal um cafezinho para eu contar a fofoca?Reviro os olhos para minha tia. Ela adora mesmo essas coisas.Seguimos até uma das mesas e sentamos os quatro. Nem preciso dizer que fomos rodeados por curiosos.— A minha Felipa foi demitida sim. E eu não vim trabalhar hoje.
FelipaDurante o caminho até o cartório, Vincent finge não se importar com o que minha tia relata que inventou, mas sei que está puto, posso sentir a ira emanando dele. Não falei muito, deixei que minha tia monopolizasse a conversa.Quando chegamos ao cartório fomos recebidos como se fossemos da realeza e nos levaram em uma sala onde um senhor muito idoso estava sentado segurando uma bengala cravejada de pedras vermelhas.— Demorou, Vincent! — ele levanta com um sorriso pequeno.— Desculpe, vovô. Tivemos um pequeno problema. Essa é a Felipa Baker, minha noiva. — Ele me apresenta ao senhor.O homem me analisa com a um objeto diferente de tudo que já viu.— É tão linda. Agora entendo sua obsessão.Vincent ri.— Esses são seus tios. — Ele os apresenta um a um.O senhor olha ao redor.— Onde estão seus pais? Desculpe a pergunta, mas são vivos?— Não são presentes — digo simplesmente. Não gosto de entrar nesse assunto.O senhor parece não se importar com minha resposta vaga.— Entendo. Inf