FelipaFiquei puta por Aquiles agir como um moleque e molhar o lugar que já estava limpo e seco, e ainda me provocar. Parecia mesmo uma criança fazendo bullying com coleguinha de escola. Cheguei até a imaginar como ele deve ter sido uma peste na escola.Mas eu passei por tudo sem me abalar, ou pelo menos sem deixar que notassem.— O que foi isso? — minha colega pergunta quando volta. — Eu vi de longe ele andar em círculos e depois falar algo com você. O que ele disse?— Reclamou da limpeza. — E nem é totalmente mentira.— O que?! Daria para comer nesse chão de tão limpo. Aff! Por isso o chamam de Demônio Implacável. Tão lindo e tão mal-humorado.— Pois é. Bora trabalhar para não chamar a atenção do Demônio.Ela ri e finalizamos a limpeza.Antes do final do expediente, nossa líder nos reúne para dar algumas informações. E no final da reunião ela recebe uma ligação e informa que o CEO quer me ver na sala dele.É aquele alvoroço na sala.— Será que é para reclamar da limpeza de hoje? — m
AquilesEstou sorrindo feito um bobo por saber que poderei subir ao altar sem a ajuda das muletas. Quero fazer uma surpresa para o amor da minha vida, quero que ela me veja andando sem elas.— Gabi, meu amor! Tenho uma surpresa para você. — Me aproximo dela ainda com as muletas. Estamos em meu quarto. — Fecha os olhos.— Agora não. — Ela desvia antes que eu possa me aproximar totalmente. — Aquiles, precisamos conversar. — Está tudo bem?— Sim. Só que não podemos mais casar.Acho que não ouvi direito. — O que?— Eu me apaixonei pelo seu primo Marco e me casei com ele.Meu coração congela. As muletas caem e me apoio na mesa. Tão atordoado que esqueço que não preciso mais delas.— Como assim? Gabi, falta duas semanas para o nosso casamento. Como pode ter se apaixonado por ele e decidido isso assim? Como pode ter se casado sem ao menos me dar uma satisfação? E a porra do amor que sentia por mim?— Desculpe, mas não posso amar um aleijado.— Aleijado... Aleijado — murmuro. — Você já me a
AquilesEu sou um homem observador. É esse um dos motivos que me faz ter total consciência que o velho Escobar sabe tudo que seus familiares aprontam. O seu dinheiro e poder é mais que suficiente para que tenha olhos e ouvidos em toda parte. Não me espantaria se ele descobrisse o contrato entre eu e Felipa, por isso minha estratégia é usar isso meu favor.Entramos em seu escritório pessoal e ele foi direto ao uísque.— Eu vou morrer. Não preciso me privar das coisas boas — fala quando meu olhar cai sobre o copo.Apenas sorrio. É um velho teimoso.Ele serve uma dose para mim e aponta o sofá com a bengala antes de sentar com seu copo.— Então, que tipo de conselho veio pedir?Pego o copo que ele serviu para mim e bebo um gole antes de responder.— Eu fiz uma grande merda com a Felipa. Mas foi a única forma que achei. Porque eu não iria simplesmente cortejá-la.O velho ri que quase engasga.— Rapaz, ninguém mais usa essa palavra.Dou de ombros.— Conta o que fez.— Eu a obriguei a assina
FelipaOlho novamente a caixa sobre minha cama. Foi mandada por ele. Tia Joyce disse que o entregador veio bem cedinho.— Não vaia abrir? — a voz da Lana, minha colega de quarto, me tira do transe. Ela se ofereceu para vir comigo visitar meus tios. O que não é novidade porque quem prova da comida da Joyce sempre se apaixona.Abro a caixa e encontro um vestido branco. Ao tirá-lo da caixa vejo que é curto e tem alguns detalhes em renda, além de mangas curtas.— Caralho! Lindo! — ela exclama. — Tem um cartão — completa.Deixo a curiosa segurar o vestido e pego o cartão.“Use-o e esteja na empresa às 14hs, vamos nos casar hoje no cartório.”— Casar? — a curiosa ler por trás dos meus ombros. — Como assim?— É uma longa história... que só vou te contar depois que casar para não dar azar.— Sua bruxa cruel! — Lana senta na cama e analisa o tecido do vestido. — Parece caro. Ele é rico?— Muito. O bastante para eu achar que estou sonhando.— Se está sonhando, eu também estou. E nem ouse me aco
Aquiles— Minha cabeça está explodindo. — Jordan esfrega as têmporas pela enésima vez. — Que ressaca!Iara acabou de sair da sala, estávamos em reunião sobre a abertura de uma filial e os dados iniciais para decidirmos sobre as contratações.— Isso é resultado de beber mais do que deve.— A culpa é sua por me chamar para sair.— Eu chamei você um dia. O problema é seu se decidiu continuar o fim de semana todo entre álcool e boceta.— A gata era ruiva. Eu não resisto a uma ruiva.— Então, vai ver ela novamente?— Também não exagera. Tem outras ruivas na cidade. Por que me limitar a uma?— Você não tem jeito. Levanta. Vamos descer. Logo o terceiro remédio faz efeito e melhora ou te derruba.— Vamos fazer o que lá embaixo? A sua noiva já deve estar chegando.— Quero verificar uma informação no marketing. Ela pode esperar. Eu não.Sem dar tempo que ele responda, caminho em direção a porta. Nem preciso olhar para saber que me segue.Que porra Bruna está pensando? Quando abro a porta para d
Felipa— Puta que pariu!Sim, essa foi a primeira coisa que ouvimos ao entrar no restaurante. É Nania que fala, antes de vir correndo abraçar minha tia e eu.— Você estão tão com cara de ricos. — Ela segura minha tia pelos ombros, analisando seu vestido. — Quase não reconheci.— É uma ocasião especial. — Tia Joyce diz de um jeito misterioso. Já meu tio fica quieto em seu canto diante dessas pessoas barulhentas.— Qual? Por acaso vieram enfrentar o CEO? — um dos funcionários fala.— Fiquei sabendo que ele te demitiu — outro completa olhando para mim.— Mesmo depois de readmitir a Joyce que nem veio trabalhar — outro se intromete.Não disse... pessoas barulhentas. O ambiente que minha tia adora.— É uma longa história. Que tal um cafezinho para eu contar a fofoca?Reviro os olhos para minha tia. Ela adora mesmo essas coisas.Seguimos até uma das mesas e sentamos os quatro. Nem preciso dizer que fomos rodeados por curiosos.— A minha Felipa foi demitida sim. E eu não vim trabalhar hoje.
FelipaDurante o caminho até o cartório, Vincent finge não se importar com o que minha tia relata que inventou, mas sei que está puto, posso sentir a ira emanando dele. Não falei muito, deixei que minha tia monopolizasse a conversa.Quando chegamos ao cartório fomos recebidos como se fossemos da realeza e nos levaram em uma sala onde um senhor muito idoso estava sentado segurando uma bengala cravejada de pedras vermelhas.— Demorou, Vincent! — ele levanta com um sorriso pequeno.— Desculpe, vovô. Tivemos um pequeno problema. Essa é a Felipa Baker, minha noiva. — Ele me apresenta ao senhor.O homem me analisa com a um objeto diferente de tudo que já viu.— É tão linda. Agora entendo sua obsessão.Vincent ri.— Esses são seus tios. — Ele os apresenta um a um.O senhor olha ao redor.— Onde estão seus pais? Desculpe a pergunta, mas são vivos?— Não são presentes — digo simplesmente. Não gosto de entrar nesse assunto.O senhor parece não se importar com minha resposta vaga.— Entendo. Inf
AquilesFoi bem esquisito dormir em casa sabendo que minha esposa dorme em um quarto próximo ao meu. Estou mesmo casado. A aliança pesa em meu dedo de tal forma que acabo tirando para dormir.Acordo no horário de sempre e me arrumo para o trabalho. Sem esquecer de colocar o símbolo do meu “amor” por Felipa. Ao chegar na sala de jantar encontro a mesa posta para dois. As duas empregadas que estão finalizando seja lá o que na mesa, param ao lado.— Bom dia! — cumprimento.— Bom dia, senhor! — respondem baixo, em uníssono.— Avise a senhora que estou aguardando.— Sim, senhor. — Elas se olham, e uma sai.Ela sai e demora quase dez minutos para voltar, rindo com uma Felipa em um vestido da cor vinho que se molda a suas curvas. Os cabelos dela estão soltos e brilhantes. A mulher é um caralho de linda.— Bom dia, senhor! — diz parando de rir ao me ver.— Senhor? — a repreendo.— Desculpe, Vincent. É o costume. Vai demorar um pouco para me acostumar.— Venha aqui me dar um beijo de bom dia e