AquilesDepois de uma conversa sincera com os tios de Felipa, ele decidam ir sem me matar.Tive que contornar a situação que Gabrielle criou por dois motivos: os Baker são pessoas simples e são amigos do velho Escobar, que não só me tiraria do testamento quanto me mataria se soubesse que magoei seus amigos.— Senhor, seu telefone não para de tocar. — Uma empregada entrega o celular que acabei deixando na cozinha.Vejo uma ligação de Jordan que logo cai.Quando vou ligar de volta percebo várias ligações de Felipa e uma mensagem de voz. Uma mistura de choro e palavras que doeu meu coração.Vocês estão zombando de mim. Contou a ela que era tudo mentira e estava zombando de mim. A primeira coisa que penso quando escuto isso é que Gabrielle ouviu a conversa antes de sair daqui e foi direto até Felipa. Maldita cobra.Felipa continua falando até gritar de... dor?Eu te odeio tanto, Vincent. Aii... Deus. Se eu perder as minhas filhas nunca vou te perdoar.Ela faz uma longa pausa onde só ouço
FelipaO carro para diante da mansão, logo o portão é aberto e o motorista continua dirigindo.Apesar de Vincent ter me visitado no hospital todos os dias e meus tios terem confirmado sua história sobre a vagabunda da Gabrielle, me sinto estranha entrando aqui. Ainda mais estranha quando entro no quarto das meninas, no qual nada fui eu que coloquei.Fiquei no hospital até o dia em que elas foram liberadas. Saímos juntas, claro que rodeadas de amigos babões.Passo o dia recebendo visitas. Os pais de Vincent acabaram de sair.Mal percebo que estou cochilando no sofá quando meu marido me pega no colo.— O que está fazendo? — murmuro sonolenta.— Acabou de dar a luz a gêmeas, não pode dormir aqui.Não reclamo, deixo que ele me leve escada acima, até perceber que está passando direto do meu quarto.— Onde está me levando?— Ao nosso quarto.— Nosso?— Nosso, senhora Escobar. Deixa de ser teimosa e aceita que nos amamos e vamos viver juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, at
FelipaMeses depois...Passaram vários meses desde que tivemos a conversa no quarto das meninas. Naquela noite eu dormi aninhada ao corpo duro do meu marido. Não fizemos nada, apenas dormimos. Afinal, acabei de passar por um parto. Mas quando o médico liberou... devo dizer que matamos toda a saudade. Desde aquele dia não teve um que passamos sem nos amar. Dessa vez é tudo tão mais intenso, sem regras, sem contratos, apenas amor e desejo.As nossas princesas estão crescendo lindas e sapecas. Viraram a paixão do vovô Escobar. Ele dá atenção a todas as crianças que vieram por causa da tal herança, inclusive o menino da piranha da Gabrielle, mas sinto que o amor que sente por elas é maior, assim como vejo o quanto ele prefere Vincent aos outros parentes.Nos últimos dias tivemos que passar bastante tempo com ele, que está de cama. Segundo ele, a doença e a idade vão levá-lo em breve, mas está feliz por ter passado momentos tão felizes com todas as crianças, e seus amigos. Também por ter
AquilesMeses depois...Eu já sabia que uma hora o velho Escobar partiria, mas, sendo sincero, uma parte minha queria que ele fosse eterno e continuasse suas ameaças de mudar o testamento. Depois que desisti da herança, pude perceber que tudo que eu queria era tempo com ele. Não que eu tenha desperdiçado meu tempo, sei que desde sempre tivemos uma boa ligação e conveniência. Vou sentir falta. Principalmente de o ver com a costumeira bengala e a companheira teimosia.Enfim, espero que esteja melhor onde estiver.Chegou o dia da leitura do testamento.O velho mandar instalar um telão no quintal da sua mansão, do estilo cinema de estacionamento, daqueles filmes antigos onde as pessoas assistem dos carros, mas no lugar dos carros foram disponibilizadas várias cadeiras. Coisas que o velho Escobar ama fazer (chamar a atenção com exageros).Os advogados explicam a parte técnica, e logo o vídeo começa com a imagem do velho Escobar sentado em sua poltrona favorita, segurando sua bengala.Ele o
— O senhor Escobar a aguarda. — A secretária avisa me olhando novamente dos pés a cabeça. Como se não tivesse feito isso já duas vezes desde que entrei na sala. Ela sempre faz isso. E eu nunca me acostumo. Que mulher nojenta.Eu não sou a mais bela, também não sou deformada. Não entendo essa antipatia da secretária do CEO.E eu entendo menos ainda o que esse aprendiz de traficante deseja de mim.Não que ele seja traficante mesmo. É o nome. É impossível não pensar no Pablo quando escuto Escobar.Seja o que for, tenho que escutar. Tenho que agradar o CEO. Hoje minha tia Joyce faz trinta anos que trabalha aqui. Tem gente que sonha com cargos melhores, salários melhores, ela não, seu sonho sempre foi se aposentar aqui, cozinhando para os funcionários da empresa. Ela ama esse trabalho e essas pessoas que trabalham aqui. Enquanto eu só estou aqui para pagar minha contas até o fim do curso. Serei veterinária e terei uma fazenda. Não serei sempre uma das meninas da faxina como agora. Se é um
AquilesUma semana antes...Estamos todos reunidos à mesa. O jantar mensal do Escobar. Meu avô sentado do lado direito do meu bisavó e minha avó do lado esquerdo. Meus pais, meus tios, primos e eu estamos espalhados na grande mesa.O mais velho se levanta, chamando a atenção de todos à mesa.— Sei que estão todos aqui pelo testamento. Souberam que fiz alguma modificações.Ele olha cada um com seu olhos pequenos e astutos. Apesar da mesa ser imensa para caber todos os seus parentes, a voz do velho é potente o suficiente para que todos ouçam.Cada um aqui tem sua própria fortuna, mas nenhuma como a de Elias Escobar, meu bisavô. Fez fortuna em pura sorte ao receber de herança um terreno onde “brotavam” rubis. Até hoje ele possui essas terras e ainda se encontra tais pedras. Ela está incluída na tal herança. O dinheiro que veio com as pedras, ele fez multiplicar. Se tornando o segundo homem mais poderoso financeiramente do mundo. Sua diversão é o tal testamento. Sempre ameaça mudar e tir
FelipaTermino meu trabalho meio aérea. Minha cabeça fica procurando respostas para o que aconteceu na sala do CEO. Eu estou alucinando? É a única explicação. Aquele homem não me conhece. Como pode querer que carregue um filho seu?— Não vai embora, filha?Minha tia está parada na minha frente, com seu sorriso gentil de sempre no rosto e uma cesta linda nas mãos.— Vou sim. O que é isso? — aponto a cesta.— Presente do CEO, acredita? E ele me deu duas passagens para uma semana em um hotel fazenda na cidade do meu velho. Ele vai ficar tão feliz.— Que maravilha, tia! — tento mostrar felicidade em meio a confusão. Ela ter recebido um presente faz aquela conversa parecer mais real. — Faz tempo que o tio fala querer visitar seus parentes.— O CEO me entregou os presentes pessoalmente e me agradeceu pelo meu trabalho — diz toda sorridente. — Está vendo? Esse é o melhor trabalho do mundo. Aquele homem é um anjo.— Não é como o chamam. Já ouvi várias vezes que o nome que o chamam é Demônio i
AquilesUm anos antes...— Trouxe novidades. — Jordan entra na minha sala sem bater.Desvio o olhar dos papéis sobre a minha mesa e encaro meu amigo com seu terno sob medida e seus cabelos loiros penteados para trás e sem um fio fora do lugar.— Espero que seja importante para invadir minha sala.Seus olhos verdes brilham de empolgação.— Você lembra que me pediu para encontrar a garota que te salvou quando era moleque?— A encontrou?— Melhor, ela nos encontrou. Pelas características que me passou, tenho noventa e oito por cento de certeza que ela acabou de ser contratada pela sua empresa. — Ele balança a pasta que segura. E traz para mim.Abro o papel e vejo a moça em várias fotos, aqui na empresa e fora dela. Em algumas ela está sorrindo. Um sorriso que toma seu rosto inteiro e faz seus olhos escuros brilhares.— Ela é da cidade onde aconteceu. Tem a idade aproximada que você falou e as características físicas, além da cicatriz.— Como você...— Olha as fotos. Ela não esconde.Ele