Capítulo 1

Aquiles

Uma semana antes...

Estamos todos reunidos à mesa. O jantar mensal do Escobar. Meu avô sentado do lado direito do meu bisavó e minha avó do lado esquerdo. Meus pais, meus tios, primos e eu estamos espalhados na grande mesa.

O mais velho se levanta, chamando a atenção de todos à mesa.

— Sei que estão todos aqui pelo testamento. Souberam que fiz alguma modificações.

Ele olha cada um com seu olhos pequenos e astutos. Apesar da mesa ser imensa para caber todos os seus parentes, a voz do velho é potente o suficiente para que todos ouçam.

Cada um aqui tem sua própria fortuna, mas nenhuma como a de Elias Escobar, meu bisavô. Fez fortuna em pura sorte ao receber de herança um terreno onde “brotavam” rubis. Até hoje ele possui essas terras e ainda se encontra tais pedras. Ela está incluída na tal herança. O dinheiro que veio com as pedras, ele fez multiplicar. Se tornando o segundo homem mais poderoso financeiramente do mundo.  

Sua diversão é o tal testamento. Sempre ameaça mudar e tirar seus filhos e netos.

Assim como meus primos, eu quero essa fortuna. Precisar eu não preciso, mas eu quero. Gosto de poder. E se tenho chance de herdar mais poder, não irei desperdiçar.

— Vocês todos solteiros, só esperando para usufruir do meu dinheiro com vadias, drogas e luxos inúteis.

— Eu tenho esposa. — Marco interrompe.

— Mas cadê os filhos? Os jovens de hoje tem que pensar no futuro, em que herdará seus bens e seus frutos. Está decidido, darei meu dinheiro a aquele que me trouxer o primeiro filho homem. E nem pensem em sair por ai engravidando quaisquer garotas ou contratando barrigas de aluguel. Quero casamento. E quero acreditar no amor. Eu viverei pelo menos uns bons cinco anos. E vou acompanhar de perto tudo. E ai de quem tentar apressar meu funeral. Meus advogados já estão instruídos a doar toda minha fortuna se eu não tiver uma morte comprovadamente natural.

Ninguém responde. Sei que alguns aqui teriam coragem de fazer algo assim. Um deles é o meu primo Marco. Cheio de esqueletos no armário.

O velho levanta a taça.

— Agora chega de assuntos chatos, vamos jantar.

Como se alguém tivesse alguma fome depois disso.

Casar? Filho?

Só pode ser brincadeira.

Ele sempre disse que sua fortuna ficaria para um neto, mas nunca decidiu qual. Ficava analisando cada um de nós e jogando indiretas para que ficássemos um contra o outro. É um canalha, como todos da família Escobar.

O jantar continua sem maiores discussões. Todos sabem que não adiante discutir ou implorar.

Preciso de uma esposa e um filho. Urgente.

Jogo a pasta sobre a mesa, assustando o infeliz do meu secretário. Você ter o secretário pessoal no melhor amigo é uma merda. Ele sempre sabe de tudo e não é obediente ou discreto. Mas como despedir esse infeliz?

— O que foi? O velho fez alguma coisa com o testamento? — Jordan pergunta. O infeliz está sentado na minha cadeira e com o pé na minha mesa. Folgado do caralho!

O empurro da cadeira, e ele levanta resmungando.

Me sento, e só depois conto:

— Ele está exigindo casamento e filho para decidir o herdeiro. Nessa ordem, e tem que ser menino. Disse que o primeiro que o convencer que está casado por amor e estiver com um filho leva a grana.

— Complicado. Você só tem olhos para uma mulher.

O encaro de mau humor. Não gosto que toque nesse assunto.

— Pensei em fazer um trato com alguém, mas essa pessoa pode se tornar ambiciosa. Não quero ter que no fim dividir aquilo que lutei para ser só meu.

— Você é ambicioso demais. Por que não casa de verdade?

— Quem aceitaria um acordo pré-nupcial que não lhe daria nada além de uma pensão mixuruca?

— Alguém que tem menos que essa pensão mixuruca. Ela, por exemplo. Aposto que a tal pensão seria de grande ajuda com tudo que sabemos que ela tem passado. — Ele se senta na minha frente. — Não acredito que descobriu tudo sobre ela só para ficar olhando. Um verdadeiro stalker.

— É problema meu.

Ele ri.

Felipa Baker. Eu tenho uma divida com essa mulher. Devo a ela a minha vida e ela nem parece notar ou se lembrar.

— O negocio é que ela trabalha aqui. Tem a mulher ideal se ela for tudo que descobrimos. De acordo com o dossiê ela é a pessoa mais honesta que já existiu.

— E por isso eu duvido que ela aceite.

— E desde quando isso é problema para o Implacável? Te chamam assim por um bom motivo.

Jordan está certo.

— Ok. Faremos isso. Vamos redigir o contrato. Informarei a ela que se casará comigo.

Ele ri e b**e palmas.

— É assim que se faz.

Esse babaca adora uma confusão. E vai ser uma confusão. Aposto que ela vai se negar. E será divertido convencer.

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