Um amor além do preconceito - Ceo
Um amor além do preconceito - Ceo
Por: Bruna Mattos
1- Prólogo

Prólogo :

Guilherme narrando :

Eu sabia que aquele dia não seria como os outros. Desde o momento em que acordei, uma sensação estranha me acompanhava, como se algo estivesse prestes a acontecer. Algo ruim.

O meu instinto gritava, mas eu ignorei. Estava ansioso para ver Camila, para sentir o seu cheiro, para tê-la nos meus braços mais uma vez. Era como um vício, uma obsessão que eu não conseguia controlar.

A casa de praia da família dela era o nosso refúgio, o lugar onde podíamos nos esconder do mundo. Onde ela me dizia, entre suspiros e beijos, que nunca sentiu nada igual. E eu sempre acreditei nisso. Eu acreditei que ela era minha, assim como eu era dela.

Cheguei lá com o coração disparado. A porta estava entreaberta, como se estivesse me esperando. Algo no silêncio do lugar me incomodou. O som das ondas parecia distante, abafado pela sensação sufocante que tomou conta de mim. Um arrepio percorreu minha espinha.

— Camila? — chamei, a minha voz soando estranha até para mim.

Nenhuma resposta. O silêncio absoluto.

Procurei por todos os cômodos, chamando pelo nome dela, com o peito apertado e uma sensação de inquietação crescente. Eu sabia que ela estava ali, porque tínhamos combinado. Então, sem pensar muito, fui até o quarto, o último lugar onde não a havia procurado.

Abri a porta do quarto sem hesitar. O que vi ali me paralisou, minha alma se despedaçou.

Camila estava na cama, vestindo apenas uma lingerie preta rendada. Mas não estava sozinha. Havia um homem ao lado dela. Um maldito qualquer, deitado, relaxado, como se pertencesse ali. Como se tivesse direito de tocá-la da maneira que apenas eu deveria.

Meu mundo girou.

Camila arregalou os olhos ao me ver. A cor fugiu de seu rosto, e ela sentou-se num movimento brusco, puxando o lençol para cobrir o corpo. O outro cara apenas se virou lentamente, a expressão de confusão evidente.

O silêncio no quarto foi opressor.

A dor rasgou o meu peito como uma lâmina afiada, e em segundos se transformou em uma raiva avassaladora. Minhas mãos tremiam, meu maxilar estava travado. Não conseguia respirar direito. Era como se o chão tivesse sumido sob meus pés.

— Guilherme… — Camila sussurrou, mas eu levantei a mão, mandando-a calar a boca antes que conseguisse soltar mais uma palavra.

— Não. — Minha voz saiu baixa, mas carregada de fúria. — Não diz nada. Não tenta me explicar coisa nenhuma.

Meus olhos ardiam, e meu peito subia e descia descontroladamente. O cara ao lado dela começou a se mexer, claramente desconfortável. Meu sangue ferveu ainda mais.

— Quem é esse cara? — minha voz saiu cortante. Camila abriu a boca, mas antes que ela pudesse responder, ele se levantou.

— Cara, eu não sei o que tá acontecendo, eu só…

Não esperei ele terminar. Cruzei o quarto em dois passos e o agarrei pela gola da camisa, erguendo-o contra a parede com força. O susto estampado no rosto dele me deu um prazer mórbido.

— Guilherme, para! — Camila gritou, puxando meu braço, mas eu a ignorei.

— Eu juro por Deus, se você falar mais uma palavra, eu quebro sua cara aqui mesmo. — Minha voz era um rosnado baixo e ameaçador.

O desgraçado levantou as mãos em rendição, engolindo em seco.

— Eu não sabia, cara. Eu não sabia que ela estava com alguém. — Ele se defendeu, a voz falhando.

Soltei-o com um empurrão, e ele tropeçou para trás. Meu olhar voltou para Camila, que me olhava desesperada, lágrimas começando a se formar nos olhos.

— Me escuta, por favor! — ela implorou, sua voz embargada.

— Escutar? — gargalhei sem humor, passando as mãos pelos cabelos em puro desespero.

— O que exatamente eu deveria escutar, Camila? Como você me fez de palhaço esse tempo todo? Como você se deitou com esse sujeito enquanto dizia que me amava? Como você conseguiu olhar nos meus olhos e mentir tão bem?

Ela soluçou, as lágrimas finalmente escorrendo. Mas naquele momento, eu não me importava. Eu queria que ela sentisse pelo menos um pouco da dor que estava me destruindo por dentro.

— Não é isso!

Ela se aproximou, tentando tocar meu braço, mas eu me afastei como se seu toque queimasse.

— Eu nunca quis te machucar. Eu te amo!

— Você não sabe o que é amor. — cuspi as palavras, meus olhos cravados nos dela.

— Se soubesse, não teria feito isso.

Ela chorava agora, seu corpo tremia, mas eu já não conseguia mais sentir nada além do vazio. O cara, ainda encostado na parede, com uma aparente satisfação estampada no rosto.

Dei um passo para trás, cada fibra do meu ser implorando para sair dali antes que perdesse o controle de vez.

— Acabou, Camila. Você me destruiu. Espero que tenha valido a pena.

Sinto um gosto amargo subir pela garganta

Dou um passo à frente, meu olhar cravado no dela, carregado de mágoa e indignação.

— Me diz a verdade, Camila. O problema sou eu? É porque sou pobre? Porque sou preto? Foi por isso que preferiu estar na cama com um homem branco e rico? — minha voz sai rouca, carregada de dor e ressentimento.

Os olhos dela se arregalam, os lábios tremem. Ela parece desesperada.

— Não, Guilherme! Pelo amor de Deus, não é isso! Eu te amo!

Ela tenta se aproximar, me tocar, mas dou um passo para trás como se seu toque fosse veneno.

Solto uma risada seca, sem qualquer humor, balançando a cabeça.

— Você precisa se tratar, Camila. Só alguém muito doente consegue ser tão dissimulada assim.

Sem esperar por mais uma desculpa, viro as costas e saio, sentindo a dor me rasgar por dentro.

Cruzei a casa como um furacão, saindo porta afora e sentindo o ar frio da noite bater contra meu rosto. Mas nada disso amenizava a dor latejante dentro de mim.

Antes de ir embora, olhei para trás uma última vez. Camila estava na porta, os olhos inchados, a expressão devastada.

E foi nesse momento que percebi. Havia algo a mais naquela história. Algo que ela não estava me contando.

Mas naquele momento, eu já não queria mais saber. Eu não conseguia acredita que Camila tinha me traído dessa forma, ela era tudo pra mim, a minha vida. Tudo que eu fazia era por ela, eu a amava. Como Camila fez isso, ela parecia ser tão diferente, parecia ser outra pessoa. Como ela teve coragem de destruir o que a gente tinha ?

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