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Capítulo 02 - Parte 01

 Minha cabeça se esforça para entender a cena que acabou de acontecer. Foi tudo muito inesperado e duvidoso. Esse empenho me proporciona uma leve dor de cabeça o que não é nada bom, pois, demonstra que aquilo foi algo não muito normal. Tem também o comportamento de Suzana que não foi nada natural.

— Suzi você realmente está bem? — Pergunto-lhe cautelosamente.

— Estou ótima! — Ela exclama. O que atiça meu instinto investigativo.

— Não foi isso que eu vi. Você me pareceu bem estranha. — Exijo com a recordação fresca em minha mente.

— Aí! Você que estava estranha. Aquele, cara é o maior gato, qualquer uma ficaria boba perto dele.

— Suzana, qualquer uma menos eu. — Na verdade, senti algo diferente… Mas isso não contém importância.

— E não deveria. Ele vai ser meu! — Ela rosna mudando sua postura de adoração.

Como ela tem tanta certeza disso? E que verá ele de novo?

— Se você diz não é! Mas, o que viu de tão especial nele? — Dou um leve franzir em minha testa não conformada com suas revelações.

— Não sei se você é cega ou esta se fazendo de uma. — A voz dela contém raiva em alternância com algo a mais. Eu por um momento senti um ciúme desconhecido o que se torna um leve enjoo.

— Hey! Sou sua amiga e me preocupo com você. Só quero que diga o que viu nele exatamente?  — Eu me concentro em minha pergunta e em deixar somente esvair minha curiosidade.

— Ah! Ele é lindo! — Ela solta um suspirar de paixão, ficando parada com olhos desejosos de algo proibido.

  Estou sentindo uma coisa anfibológica em todo meu corpo. Essa declaração me deixa atenta, ela nem o conhece ainda. Na verdade, não conhece absolutamente nada sobre o Dylan.

Dylan? Já estou até falando o nome dele. Isso é inaceitável!

— O quanto lindo ele é para você? Explica-me os detalhes, Suzi. Você nunca me escondeu nada. — Quero disfarçar essa preocupação que está emanando em todo meu ser.

— Ele é alto, cabelos castanhos escuros, olhos azuis tão lindos quanto o céu. — Após suas afirmações ela olha pra cima para o céu que estava azul sem nenhuma nuvem aparente.

Pego-me em seus detalhes, aqueles olhos azuis sedutores, lábios levemente rosados. Sei que qualquer uma mataria para estar nos braços dele, até mesmo Suzana. Reconheço que se ela tentar irá conseguir muito bem. Ela tem seus encantos, tipo mulher fatal, e mesmo sendo às vezes meio boba. Ela é esperta quando se trata de algum rapaz. Estranho isso me faz lembrar sua louca história com Jason, um traficante de drogas da nossa escola antiga.

— Acha que eu gostei de ser tocada por aqueles nojentos? Não, Bia. Foi sorte Jason ter chegado lá e me tirado das mãos deles. — Ela choraminga escondendo as marcas de sua pele, sentindo-se enojada.

— Suzana, eles chegaram até o final? Tipo você sabe — Sinto minha boca se tornar uma linha dura, mas me mantenho fundamentada em meu apoio. Eu limpo seus olhos, lábios. Onde consiste uma maquiagem borrada.

— N-não — Ela soluça e me afronta com olhar de menina inocente. — Eles tentaram, chegaram a me bater em partes do meu corpo, me morderam também. Mas foi como eu disse, Jason chegou com a turma dele. Ele tem uma espécie de poder no colégio.

— Claro! Esqueceu-se de que ele é de uma gangue? O que adiantou ele ter te acudido aquele dia e agredir você hoje? Não vou deixar se encontrar com ele mais. — Acoberto seu rosto úmido de lágrimas e fixo meu olhar em seus olhos. — Você não se tornará mulher de bandido, entendeu?

— Eu não vou, Bia. — Ela aquiesce me abraçando procurando comodidade. Suzana pode ser mais velha, contudo, eu sempre fui seu porto seguro. Mais madura e responsável. — Mas ele vai vir atrás de mim. Jason me ameaçou Bia. — Ela estremece e chora ainda mais.

— O que realmente ele falou a você? — Acalento suas costas, sua cabeça. Suzi agora é somente uma criança que necessita se sentir protegida e eu serei esse bloqueio entre ela e o desgraçado do Jason.

— Ele… Ele… — Ela volta seus temidos olhos a minha fronte. — Ele disse que vai atrás de mim aonde eu for. Vai me levar para a boca de fumo dele e…

— Suzana termine de falar. — Ordeno já furiosa. O que leva a um viciado pensar que pode tratar alguém como lixo?

— Eu me lembro de Jason segurar uma faca contra meu rosto… Uma faca com um símbolo estranho.

— Que símbolo? — Perguntei, enquanto ela se encontrava perdida em suas recordações.

Seus lábios tremeram antes dela voltar a falar. — Era em ouro com um símbolo de duas mãos segurando uma corrente. Tinha mais alguma coisa, mas meu medo não deixou ver. A voz dele ainda está aqui… — Ela aperta suas mãos contra sua cabeça.

— O que mais ele disse? — Aperto firme minhas mãos em sua face, ela me encara assustada.

— Ele falou que ia deixar todos os clientes da boca dele me usar como a puta que eu era. Depois que não sobrasse mais nada… Ele cortaria de dentro pra fora ainda viva com aquela maldita faca. E depois… Depois ia enviar os pedaços da minha carne branca pra minha mãe. — Suzana saiu de minhas mãos, e se encolhe no chão frio do banheiro asqueroso. — Bianca! Ele sabe da minha mãe, e sabe onde a gente mora.

Filho da puta! Não consigo mostrar argumentos. Nunca havia presenciado Suzana tão aterrorizada assim. Porém, eu não vou me reprimir, esse vagabundo não vai fazer o mesmo comigo.

— Vamos arrumar uma forma de nos afastar dele, mas agora temos que sair dessa casa. Você sabe onde estamos?

— Não! Não podemos sair. Jason está lá fora e se ele me pegar, pegará você também. Bianca, ele é doido para colocar as mãos em você.

— Você nunca me disse isso antes. Por que ele me quer assim?

— Eu ouvi sobre um leilão. — Ela abaixa o olhar envergonhada.

— Que tipo de leilão? — Solicito-lhe. Engatinho até ela e ergo sua cabeça para me encarar.

— Leilão com uns milionários. Eles negociam virgens. Em certas ocasiões adolescentes, ou mulheres puras… Filhas de testemunhas de Jeová.

— Aonde foi se meter Suzana?

— Desculpa… Eu pensei que fazendo o que ele queria você ficaria longe de problemas.

— Adiantou alguma merda você fazer isso? Estamos em uma furada. — Digo-lhe em decepção, sento-me deixando minha cabeça entre os joelhos. Se eu soubesse jamais a deixaria fazer essa loucura abominável.

— Ele está aqui… Ele está aqui… Não! Não! Vai se foder sozinho. — Suzana explode em um surto arranhando as paredes imundas do banheiro.

— Pare! Cala a boca! Assim ele vai nos ouvir mesmo. — Seguro-a enquanto ela se debate chegando a enviar arranhões e tapas por meu rosto. — Suzi! Suzi! — Chamo por ela e aos poucos ela se retorna a si.

— Não… — Ela vozeira por uma última vez.

— Você está usando drogas?

— Não! Você sabe que não!

— Ele te dopou então. Vem, vamos lavar esse rosto e dar o fora.    

— Não, Bia. Você foge, e eu fico. Não quero que sua virgindade seja tirada pelas mãos de um cretino. — Ela diz com destreza, angústia. Com um ferimento estampado em sua expressão.

— Foda-se minha virgindade. Não irei sair daqui sem você. — Solto um grunhir que a faz se assustar. Abro a torneira e a ajudo se lavar. — Vamos sair juntas e se for morrermos… Vai ser juntas também. — Esclareço antes de entrar na nevoa de maconha do outro cômodo. Possuo certeza que com a multidão e som alto, Jason não notará nossa presença.

Nunca devíamos ter ido naquela festa no meio do nada, conseguimos com custo pular uma janela do segundo andar. O que fez Suzi quebrar seu braço esquerdo. Até hoje ainda consigo sentir a bofetada de minha mãe que levei na cara e Suzana não ficou de fora. Amélia se sentiu uma péssima mãe e descontou com uma coça nela. Horrorizo-me com a cena antes e após sairmos de lá. Não sei o que foi o pior pegar Suzi transando com Jason, ou vê-la toda arrebentada pelas mãos dele.

Ele era um brutamonte, corpo másculo, cabelos raspados nas laterais. Para mim era um gigante não só em aparência, mas também rudeza. Muitas vezes ele me via de uma forma desconcertantemente hostil. No entanto, nunca o venerei, jamais. Pelo contrário já cheguei o confrontar na última vez que o vi, depois daquele dia. Precisei ralar muito para conseguir minha segurança, de Suzana e nossa família. Aquela escola havia gangues, mas não era só feita delas. Havia um estudante rico lá Gregory Campbell, eu sempre tentava me aproximar com a curiosidade de saber o porquê de sua insistência em estudar ali. Então descobri que seu pai havia um esquema e mexia com negócios sujos.

Foi em Gregory que me aliei para ter minha segurança de volta. Ele era bonito, alto, claro era capitão respeitado do time de futebol americano. Só que também era um completo asno, não sabia nem escrever o próprio nome, ele pagava para que todos fizessem suas tarefas. Para a aula de gramática tinha antipática nerd Marjhory, assim como todas as outras disciplinas, retirando que ele não continha quem fizesse suas redações. Então expliquei minha situação e pedi-lhe proteção. Tive que realizar redações durante sete meses para todos que ele queria e nunca Suzana soube desse acontecimento.

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