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Capítulo 02 - Parte 04

— Chega assunto encerrado. — Aperto o cenho.

— Acho bom, agora vamos não é isso que tanto quer? — Ela diz expirando a certa sanha.

— Queria… — Afirmo e paraliso no corredor.

— Hã? — Ela pergunta me interrogando sem entender.

Seguro seus ombros e viro-a para a grande porta.

— Já chegamos ao nosso destino garota! — Debocho em tom morno.

— É, então deixa que eu bato. — Cochicha e seu corpo inteiro se estremece.

Abro um sorriso de orelha a orelha e quase não contenho a vontade de rir. Pelo o que se vê nossa querida e confiante Suzana esta se borrando de medo.

— Se vai bater, então bate logo. — Engulo o riso e tento permanecer séria.

— Não tem graça Bia, estou nervosa. — Seus braços se cruzam, mostrando seu pavor diante da porta.

 Gente eu não sustento a seriedade e entro na gargalhada, rio tanto que lágrimas saem sem querer dos meus olhos.

— Você é hilária. — Respiro rápido por conta dos risos.

— É sério, para. — Ela me dá um, tapa no braço e fecha a cara.

— Nervosa, sei. — ergo uma sobrancelha. — Isso se chama medo.

 Ela resmunga algo baixo e anda duro de um lado a outro. Acho que se eu não tomar uma atitude vamos ficar aqui até amanhã e sem saber nossas salas.

— Na hora de sair confiantemente atrás de rostos desconhecidos a senhora não se apavora não é mesmo? — Suspiro recuperando o fôlego.

— Mas aquilo foi diferente! — Suas pernas bambas a fazem parar ao meu lado.

— Ata sei!

— Para… — Ela pede.

— Eu bato sua medrosinha. Olha é só fazer assim, fechar a mãozinha e fazer Toc-toc. — Cerro o punho e levo minha mão em direção à porta.

Quando ia fazer alguns sinais de barulho. A porta se abre sozinha, mostrando um escritório bem moderno — uma proposta bem contradiria vindo da fachada da frente. Bem no meio está uma jovem mulher teclando em um computador sem perceber nossa presença.

— Podem entrar. — A voz feminina da mulher é doce e ecoa a sala chegando até nós.

Estamos empacadas na porta ainda sem entrar, pois isso foi muito advento. Pelo menos é uma diretora mulher, é por isso que Suzi estava com tanto medo. Ela não tem boas recordações da nossa antiga escola, onde era um diretor homem que comandava o local. Puta merda! O velho era uma mala e desgraçado. Bom, Suzana sempre diz: Quem melhor para entender as mulheres senão forem elas mesmas? Certo! Pior que ela tem razão.

— Venham meninas! Devem ser as novatas que tanto espero. Não se sintam nervosas, sentem-se. — Sua voz passível me alcança.

Adentramos calmamente e por um momento sinto um cheiro de alguma flor, um aroma doce tranquilizante. Um calor abrasador percorre meu corpo seguido por um frio de congelar. Seguidamente meus pelos se eriçam totalmente e uma paz sem sentido entrar por meus poros.

— Por que abriu a porta sem bater? — Ouço murmurinhos de Suzana.

 — Shh… Não abri nada, ela abriu sozinha. — Respondo em tom baixo.

— Não se preocupem meninas, a porta se abre sozinha em alguns momentos. — Ela nos corta e eu salto mais uma vez surpresa.

Engulo em seco, respiro fundo e acomodo-me na poltrona em frente de sua mesa. Claro que Suzi faz mesmo, mas ainda está meio estranha com esses acontecimentos. Quando finalmente relaxo, encaro os olhos verdes da diretora o que me deixa relativamente ainda mais calma e tranquila.

— E vocês se chamam? — Pergunta calmamente.

— Eu me chamo Bianca Carter Bryant. — Respondo educadamente.

— E eu me chamo Suzana Russell. — Diz apreensiva.

— Bem, meninas para todos os problemas e propósitos eu me chamo Agnella Parker diretora dessa incrível escola. — Ela se apresenta gentilmente.

— Viu, Bia? Incrível. — Suzi esbarra sua mão na minha.

— Isso não quer dizer nada. — Argumento. — Desculpe senhora Parker, continue, por favor.

— Claro, Bia. Bom, é um imenso prazer tê-las conosco nesse longo ano escolar. Do fundo do meu coração, eu não quero que me vejam somente como uma diretora carrasca e sim como uma amiga, confidente para todos os momentos, pois, prezo pela segurança de meus alunos. — Seus olhos se fixam nos meus demonstrando tal afirmativa. — Espero que estudem, deem o máximo de vocês para essa instituição e faremos o impossível para atender todas suas necessidades, façam amizades e constituam boas relações com os professores. — Diz remexendo alguns papéis.

Fico observando-a com certa curiosidade e meus olhos param em suas mãos. Tudo normal até eu ver seu pequeno e delicado anel brilhar intensamente. Ponho as mãos nos olhos para tampar a forte luz e recompor minha visão.

— Srta. Bryant está tudo bem? — Pergunta ajeitando seu anel.

— Sim, somente uma dor de cabeça que vai passar em instantes. — Deixo claro ao esfregar meus olhos.

— Qualquer piora vá diretamente à enfermaria. — Sua voz é firme e preocupada.

— Sim, senhora Parker. 

Bom, claro que não está tudo bem. Entretanto, fingirei não ter visto nada.

Ela faz algumas anotações na folha e me observa.

— Efetivamente darei as autorizações de pedido de horários para começarem as suas aulas brevemente. Aqui também obtém uma lista de regras bem explicativa. Podem se sentirem a vontade para questionar qualquer dúvida. Espero ter sido clara. — Ela deposita as folhas sobre a mesa.

— É! Senhora Parker, posso perguntar uma coisa? — Pergunto pegando os papéis que ela acabou de entregar.

— Sim, claro! — Diz me avaliando através de seus óculos.

Noto que ela parece ser bem nova para ser diretora, é loira com cabelos cacheados e longos, alta, magra, e não posso deixar de encarar seu olhar esmeralda.

Não me reprimo e pergunto: — Suzana poderia ficar comigo em todas as aulas? Eu me sentiria mais confortável. Ela é a única que conheço aqui. — Tenho esperança nas palavras.

— Sim se a Srta. Russell assim desejar. — Ela afirma com olhos sobre Suzi.

  Viro meu rosto para Suzi e aguardo sua resposta. Espero que o nervosismo não a faça dizer besteiras.

— Ah! Claro que sim diretora. — Suzana adverte.

— Sendo assim vou inserir uma observação em sua folha de autorização.

— Obrigada diretora. — Alargo um sorriso contente de sua fala.

— Não há de quê. — Comenta com um sorriso que não chega aos seus olhos. 

  Depois de fazer o que pedi, ela nos aconselhou para irmos para a secretária e assim pegar nossos horários. Enfim, vamos logo estudar, para isso que viemos parar aqui.

— De alguma forma, gostei da diretora. Ela parece ser bem compreensível, amável, educada e atende nossas necessidades. — Descontraio enquanto caminhamos juntas.

— Verdade. Estou até mais calma e obrigada por falar por mim. — Ela suspira acalmada.

  Também me sinto agradecida por criar coragem, sou assim corajosa quando é preciso. Suzi sempre gosta de falar com as pessoas para treinar seu espírito de repórter, mas dessa vez a situação não saiu como esperado e não aconteceu como ela imaginava.

— De nada. Com licença aqui é a secretaria? — Pergunto através do balcão.

  A moça faz um gesto com o dedo indicando para esperarmos. Dessa forma, encostamo-nos à parede e ficamos esperando a moça voltar. Sentamo-nos em umas poltronas confortáveis da sala. Não tem nada de mais nesse local, é uma secretária como todas as outras.  

Depois de uns minutos ela diz: — Em que posso ajudá-las?

— Somos novatas e acabamos de sair da sala da senhora Parker. Ela deixou uma autorização com a gente para o pedido de horário das aulas. — Levanto-me e os entrego através da bancada.

— Ah! Sim Bianca e Suzana correto? — Ela pede colocando seus óculos na cabeça.

— Sim! — Suzana diz avaliando ela.

— Sou Marie, fiz a matrícula de vocês. Sentem-se, volto em um momento.

  Após alguns minutos, Marie retorna com rugas de preocupação. Não entendo o porquê dessa expressão, mas espero que não, seja algo muito grave.

— Garotas, eu não trouxe boas notícias. — Elas nos dar às folhas de horários. 

— O quê? Tem algo errado? — Temo o pior.

— As aulas de geografia e biologia serão em salas separadas. — Sua feição é triste.

— Tudo bem Marie, sei que fez o melhor por nós. Pelo menos são somente duas. — Tento ser um pouco positiva.

— Sim e boas aulas. — Ela nos concebe um sorriso agradável.

— Obrigada. — Suzi e eu falamos ao mesmo tempo, e saímos dali.

  Sou uma tola, porque em certo momento achei que as coisas estariam normais. As escolas eram para serem habituais, não é? Contudo, quando pus os pés no colégio tudo parece ter ficado ainda mais bizarro. Pensando bem, hoje o dia está muito esquisito. Não me sinto bem e sim diferente dos outros dias. Parece estar tudo de forma incomum. Espero que pelos menos as aulas sejam normais como nas demais escolas.

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