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Capítulo 03 - Parte 03

Observando ele de perto assim eu retiro todas as más impressões que fiz de imediato, ele está revirando minha mente como um liquidificador batendo uma bebida proibida e quando ouço o nome “Suzana”, minha ficha cai na lata.

  Estou sentindo ciúmes? Não! Deve ser algo bem desigual disso. Não posso estar enciumada por alguém que acabei de conhecer.

  Mas, o que parece é que ele estar querendo ela. Também é o certo, já que ela se interessou nele em primeira vista.

— Ela ficou em outra sala. — Suspiro. Eu soltei muito rápido essa frase, em um fôlego só.

  Para Bia! Esqueceu como respirar agora? Você pratica respiração desde o ventre de sua mãe.

— Entendo. — Ele segura fortemente a caneta e brinca com ela entre seus dedos.

— O que realmente você disse a ela? Suzana não estava bem quando conversei com ela aquele dia.

— Suponho que ela tenha dito a você. — Ele elevou suas sobrancelhas em forma sugestiva e busca uma investigativa.

Desvio o olhar para longe de sua face.

— Na verdade ela estava meio estranha sem falar coisa com coisa. — Argumento com precisão.

— Aí pode haver somente uma justaposição essa… Reação dela, não acha? — Sua expressão se fecha, escondendo seu rosto gentil.

— Não, conheço bem ela.

— Presumo que sim.

Como assim ele sabe?

— Como você sabe disso então?

— Deu parar notar por sua preocupação com ela, que são bem próximas.

— Somos sim. — Confirmo desconfiada.

— Você, Bianca se considera uma pessoa desconfiada? — A pergunta dele em voz angelical me fez o encarar absorta.

  Minha garganta fica seca, o que me faz querer enterrar minha cabeça na terra como um avestruz.

— Que foi? Ficou sem falas? — Dylan me desafia, quase que presumindo o óbvio.

Raspo a faringe e respiro fundo, — Na verdade me considero muitas coisas.

— Reparando de mais perto. — Ele faz uma pausa e me avalia atentamente. — Pressuponho ser do tipo pavio curto, corajosa e inteligente.

  Sua revelação exata sobre mim deixa-me aguçada de receio. Medo talvez de ele for algum maníaco que estar atrás de mim e queira me matar. A forma que nos esbarramos na rua foi suspeita sim.  Na verdade nem me surpreendo depois de tudo que se passou desde que me mudei para essa cidade. Mas, algo lá no fundo me força a perguntar coisas para saber mais e assim definir mais opções em questão dessa conversa sobre ele.

— Você tem quantos anos? — Eu digo ainda com dificuldade, mas deixo minhas mãos impacientes ao estojo.  

— Hum-m dezoito. — Ele disse meio apreensivo.

  Claro! Parece que não gosta de falar sobre a idade.

— Você mora aqui há quanto tempo? — Ele me perguntou espantando o assunto.

Haha não Dylan, esse joguinho dois podem jogar.

— A um par de semanas e você? — Aposto ser vazia nas palavras.

— A tempo de mais para me lembrar. — Entristece. 

  Aparenta que algo relacionado no fato de morar aqui há muito tempo deixa ele triste de algum jeito. Isso me coloca para baixo e me sinto uma idiota paranóica. Ele é só um garoto normal em seu primeiro dia de aula, não quero ficar magoando as pessoas só porque não tive um dia razoável. Nesse momento me lembro de que estava perdendo vinte minutos de aula, porque a babaca aqui ficou interrogando os outros.

— Sem apreensões Bianca. Se houver a possibilidade de eu ajudá-la, eu posso fazer isso e deliberar a questão da matéria que perdemos enquanto conversávamos. — Ele murmurou me tirando de meus devaneios.

Eu e minha boca… Espera, mente esperta. Só eu dizer que o menino é normal que parece que ele leu minha mente.

— Sim eu agradeço, mas como você sabe disso?

— Disso o quê? — Ele franze a testa em inegável indiferença.

— Nada, obrigada pela ajuda, mas posso fazê-lo sozinha.

— Tudo bem se assim que você deseja, respeito sua humilde decisão.

  Tenho que prender meus pensamentos, alguém pode estar lendo eles. Fixo meus olhos ao professor, Dylan ri de alguma coisa insólita e faço uma leve careta de rejeição. Às vezes o pego olhando para mim e ele não faz nenhum esforço para disfarçar. O que o deixa realmente mais atraente e eu mais carmesim.

  Não! Não!

Fico repetindo isso na minha mente. Não posso achar ele bonito e gostoso posso? Não claro que não. Suzana gostou dele primeiro e ela é como uma irmã para mim, eu nunca faria isso.

  Foi complicada essa aula com ele me secando com seu olhar intenso. Ainda que, tudo passou bem lentamente, como se aquele momento fosse somente nosso, ou talvez dele. Depois que acabou, tive que buscar minha próxima sala. Assim eu veria Suzana e poderia contar tudo que senti de diferente em relação ao Dylan, também deixaria claro que estávamos fazendo biologia juntos. Não demorei em achar ela, já que é bem sociável estava conversando com alguns alunos nos corredores. Conto brevemente alguns fatos sem muitos detalhes e ela paralisa para me ouvir.

— Até que enfim você caiu em si Bia, ele é lindo mesmo. Mas, você sabe que gostei dele primeiro. — Ela desconfia de algo em seu olhar.

— Poxa Suzana, se eu não soubesse não viria te dizer essas porcarias. Somos amigas e queria que soubesse o que sinto também. — Eu lhe afirmo com firmeza e tristeza.

— Dylan vai escolher com quem ele vai andar a partir de hoje. — Ela se exalta e bate forte seu armário.

  Nossa! 

Ela é rápida no gatilho, já tem armário, livros e possui uma forte intuição de achar que manda em quem ele irá andar.

  Como quero respirar mais aliviada, decido só concordar com a cabeça e aceitar o que ela disse. Os dois parece estarem bem interessados um no outro e se for para eu competir com Suzi, de fato eu já perdi. Tivemos mais aulas juntas, Dylan também estava nas mesmas salas que nós duas. No entanto, ele sentou com o que parece ser amigo dele.

Pelo menos passaram rápidas e trouxe o tão sonhado sinal do intervalo. Sério, eu precisava de ar puro, aquela tensão estava me enlouquecendo. A coisa boa é que Antony se encontrou comigo, fomos ao refeitório e me fez companhia, já que Suzana foi bem atrevida e sentou-se à mesa do Dylan. Ele por outro lado não estava tão interessado nos assuntos tratados entre eles, pois seus olhos estavam sobre mim a todo o momento. Como perdi um pouco da matéria de biologia e Suzi já havia pegado seus livros, decido a chamar para me acompanhar até a biblioteca. Assim, poderíamos conversar e esclarecer algumas coisas. Tento respirar fundo e controlar meus sentimentos aflorados e caminho até eles.

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