Caminho lentamente de cabeça erguida e olhos baixos. Como gosto de viajar em pensamentos escolho o lugar perto da janela e começo a ajeitar minhas coisas.
— Pessoas novas como a Bianca, eu me chamo Rupert Salles professor de biologia e geografia dessa sala.
— E já faz muito tempo hein! — Antony faz um comentário piscando um olho na minha direção.
— Você é muito bobo. — Sussurro para ele entre duas mesas.
— Eu sei. — Responde baixinho.
Foi simplesmente algo sem planejamento ter esbarrado nele lá no corredor, só que foi divertido já que ele me arrancou várias risadas em poucos minutos da minha vida.
— Pior que é verdade senhor Jenkins. — Rupert se anima junto com os alunos.
O professor que é bem alto. É aparentemente legal e ligado nas modernidades dos adolescentes. Foi o que vi até agora, espero que ele continue assim até o final do ano letivo. Não preciso de mais notas baixas em meu histórico escolar, apesar de eu ser ótima em biologia é bom não arriscar. Professores com cara de bonzinho podem se transformar em bichos de sete cabeças. Como é de se esperar ele logo começou com sua aula, até que o professor necessitou sair. Assim, deixando a turma sozinha e uma algazarra começou interrompendo nosso conhecimento.
Conhecimento? Você disse que queria estar com seu corpo de preguiça em casa, precisamente em uma certa cama. Minha voz interior me alerta.
A manhã se estendeu tranquilamente, o que para mim o dia começou estranho, tornou-se pacífico até. Apercebi Suzana um pouco distante de mim, mas, pode ser somente uma impressão passageira.
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O final de semana passou velozmente desde que começamos a estudar, e especificamente hoje nesta segunda feira. Sinto-me contraditória mesmo com o dia alegre que me traz uma paz, o sentimento de que algo aconteceria me deixava muito pensativa.
Para minha infelicidade aquela sensação de que Suzi havia se distanciado era de fato verídica. Ela andou com novas pessoas, e eu me retraí em minhas brandas conversas com Antony. Sentava-me em outras aulas com Suzana, e por incrível que apareça nós não trocávamos nem uma dúzia de palavras. Nas aulas de Rupert então, eu seguia solitária, e comecei a apreciar essa solidão.
Encaminhei a sala do Sr. Salles, e sentei na janela como o de costume. A luz do dia raiava iluminando a sala por um todo, e meus pensamentos fluíam para quinta feira passada. Um dia que era para ser insignificante, tornou minha amizade com Suzana algo irreconhecível, mais do que aquele olhos azuis.
A voz do professor soava distante em minha mente pensante, — Claro, você já conhece a turma. Uma semana, e alguns minutos atrasado…
Eu fiz questão de nem olhar para o engraçadinho que havia chegado fora da hora. Respirei fundo, ajeitando meus materiais escolares acima da carteira. Aguardando, a pessoa a se sentar, e o professor retomar sua aula.
Só não quero que a pessoa venha em minha direção. Tomara que não venha para cá. Tomara… Tomara… Eu repetia o mantra mentalmente com a inútil esperança de ser ouvida. Apanhei minha mochila e a acomodei em cima da cadeira sobrando ao meu lado para reforçar minha reflexão.
Tudo se despedaçou quando ouço a voz do professor, — Sente-se ao lado de Bianca, ela é a única sem um parceiro na sala.
Visualizo zombeteira a carteira de Rupert, ele lança um límpido olhar para onde estou, para assim ressaltar sua fala. Somente vi a silhueta do que parece ser um rapaz, e me virei diretamente para a janela.
Merda!
Eu só escuto e mantenho indiferença. Quando o rapaz chegar aqui disfarço que não ouvi, peço desculpas e dou o lugar porque minha mamãe me ensinou educação. Com a aproximação dele sinto aquela maldita sensação de quinta passada, minha respiração se vai a mil por hora, minha garganta fica seca, minha pele queima em combustão ignota e meu coração aumenta suas palpitações. Quando ele para ao lado de minha mesa, não crio coragem para olhar para o lado, mas escuto sua voz bem vinda e familiar.
— Posso me sentar Bianca? — Ele me puxa de meus pensamentos.
Direciono meu rosto para realmente ver quem é de verdade e meus olhos mergulha em um olhar azul acentuado.
Não! Eu não acredito nisso! Só pode ser pegadinha meu Deus. O que o senhor quer mostrar com isso?
Encaramo-nos enquanto eu retiro minha mochila para ele se sentar. E não sei, se isso só é uma brincadeira de mau gosto, ou só uma coincidência.
Isso coincidência, essa segunda opção é bem melhor.
Há promessas em que não comprometo descumprir, e uma delas foi descobrir mais sobre Dylan se ele entrasse novamente em meu caminho. Então só me resta tentar achar as respostas para minhas inúmeras perguntas.
— Sim-m. — Eu gaguejo. Minhas bochechas ardem mais do que o comum, tanto que doíam e eu precisei desviar meu olhar.
Sério?
Por que minhas bochechas estão queimando de vergonha? Tá legal, eu me sinto reprimida perto de alguns garotos. No entanto por que esse mexe mais comigo do que os demais? Ele é só um desconhecido.
— Lembra-se de mim senhorita Bryant? Pois eu me lembro de você.
— Se você acha que me intimida, você esta enganado. — Exponho lançando minhas palavras entre dentes.
Pelo menos minha boca disse algo útil, mas minha mente reprova totalmente. Estou mais do que intimidada.
— Longe de mim lhe intimidar. — Ele diz com voz fraca e um sorriso de canto paira em seus lábios rosados.
Bosta!
Que sorriso lindo, é totalmente branco e encantador. Esse Dylan tem um charme bem, descrevamos… Diferente. É algo em que não consigo saber, mas me deixa intrometida. Admito ser curiosa, só que também estou com medo, por conta de tudo que ocorreu a alguns dias. Mesmo assim ele não para de me olhar, posso até afirmar certa felicidade vindo de seus olhos. Porém, pode ser somente impressão.
— Seu nome é Dylan, se não me engano? — Tento quebrar o clima de silêncio.
— Correto senhorita Bryant. — Diz pegando algumas coisas em sua mochila.
Hum-mmm não gosto que me chamem assim, exceto com algumas pessoas que eu possa ter que tolerar.
— Chame-me apenas de Bia, ok?
— Certo, e sua amiga Suzana? — Ele me pergunta. Dylan está relaxado em seu assento, solto e sem preocupações. Estamos tão próximos que eu poderia encostar minha mão na dele a qualquer momento. Mas, eu me distancio um pouco e mantenho longitude.
Observando ele de perto assim eu retiro todas as más impressões que fiz de imediato, ele está revirando minha mente como um liquidificador batendo uma bebida proibida e quando ouço o nome “Suzana”, minha ficha cai na lata. Estou sentindo ciúmes? Não! Deve ser algo bem desigual disso. Não posso estar enciumada por alguém que acabei de conhecer. Mas, o que parece é que ele estar querendo ela. Também é o certo, já que ela se interessou nele em primeira vista. — Ela ficou em outra sala. — Suspiro. Eu soltei muito rápido essa frase, em um fôlego só. Para Bia!Esqueceu como respirar agora? Você pratica respiração desde o ventre de sua mãe. — Entendo. — Ele segura fortemente a caneta e brinca com ela entre seus dedos. — O que realmente você disse a ela? Suzana não estava bem quando conversei com ela aquele dia. — Suponho que ela tenha dito a você. — Ele elevou suas sobrancelhas em forma suge
— Com licença Dylan, posso falar com a Suzana por um minuto? — Claro.— Ele faz uma varredura por todo meu rosto. Somente com seus olhos sobre mim ele parece me dissecar inteira. Essa pressão me faz suspirar e molhar os lábios em certa excitação desconhecida, com isso Dylan sorri calorosamente fazendo-me derreter mais um pouco. Respiro fundo e distancio meu olhar do seu e tento esfriar minha temperatura — Pode falar Bia. — Ela diz com olhos fixos em Dylan. — Pode ir até a biblioteca comigo? — Por que não chama o nosso novo amigo Antony? — Suzana faz questão de responder sem me dar muita bola. Dylan esconde um sorriso através de seu dedo indicador e não para de me observar, deixando o clima ainda mais pesado. Gente o que ele tem para mexer assim comigo? — Ele precisou revolver algo. — Engulo em seco ao ver Dylan franzir sua testa. Ela não gosta muito da ideia, mas levanta de sua cadeir
Sobrevindo pela porta da minha casa na hora sinto-me mais aliviada. É agradável estar em um ambiente familiar onde ficamos mais confortáveis e pacíficos. Eu realizei o que mais desejava desde cedo, deitei-me na minha cama e somente refleti tudo o que aconteceu. Mas, me sinto perturbada. Pois, a exatamente uma semana atrás eu e Suzana éramos amigas e agora ela me encara como um cão raivoso. Estar aqui observando meu teto e com as pernas sobre minha cabeceira, eu me deixo esvair. Sair essa raiva que também sinto juntamente com a agonia de estar nessa situação. Se eu gosto dele e ela também… Formamos um triangulo amoroso? Nem sei o que idealizar desse pensamento estúpido, somente reconheço que não estou inteiramente em posição errada. Sou orgulhosa e muito, mas não quero abalar minha amizade por um garoto que por acaso apareceu em meu primeiro dia de aula. Eu preciso pelo menos tentar uma conversa com ela, esclarecer meus pontos e rever o
O quê? Eu tenho a mente em rodopios. Eu tentei acertar as coisas e agora eu sou errada? Suzana observa seu braço com cara de: Olhem bem! Não vê que ela me machucou? Eu dou passos para longe daquela estranha e permaneço sem raciocinar. Não imagino algo decente para argumentar em minha defesa pessoal. Eu me vejo, as encaro em silêncio, mas eu não ouvia nada mais que o som acelerado de minha respiração. Com isso tornando-me uma paisagem ali no meio do corredor. Que somente serve para ser alvo de olhares reprovadores e amargura. — Que história é essa? Suzana, você parece estar exagerando. — Amélia em seu sondar em sua filha, me fita com olhar doce e eu permaneço sem me protestar. — Você enxerga tia? Eu falei o que está acontecendo e minha mãe nem se preocupa comigo. — Suzana diz com feição inocente que faz minha mãe se sentir meio atordoada. — Somente eu acho que essa história está muito mal cont
— Não é bem assim mãe. — Reviro os olhos — Disse a ela que não quero brigar por causa disso. Aceitei minha ruína e percebi o interesse dele em Suzi. Só que tem algo que não deixa essas informações entrar na cabeça dela. — Sabe que Suzana é assim, isso vai passar. Porém, ela precisa saber que se você quiser ter uma relação com ele, será uma escolha não só sua e também do tal rapaz. — Ela clarificou com esperança no olhar, mas eu não a tinha da mesma forma. Meus sentimentos estavam destruídos já com o começo dessa história e não aguentaria para ver o final. — Verdade mãe, mas o nome dele é Dylan. — É! É esse aí mesmo. — Sua frase nos faz entrar em risos. Sinto-me bem melhor ao conversar com minha mãe, ela me entende muito mesmo com todos meus maus pensamentos. — Obrigada mãe, a senhora é a melhor. — Agradeço imediatamente e deposito meu copo na mesa de centro. — Você é meu maior tesouro filha, fico feliz de não me esconder
Ao abrir os olhos pela manhã eu sentia diferente e eu logo entendi que era o meu humor em seus piores dias. Eu ainda pensei que a noite iria me deixar melhor do que ontem. Mas, estou um caco quebrado e o sono não foi tão renovador assim. Sem esquecer que minha cabeça latejava fortemente, pode haver vários conflitos internos que queiram rodear meus pensamentos agora. Porém, aproveito que meu corpo está lento, assim meus processamentos não estão a todo vapor ainda e consigo ignorar por alguns instantes. Eu levantei desanimada e logo me joguei abaixo do jato quente da ducha. A fim de ao menos eu sentir uma melhora considerável e a vontade de faltar às aulas se dissipassem. Depois de soltar meus cabelos, vestir um jeans em lavagem escura e camiseta básica, eu desço para tomar um café. Não vi o meu pai o que demonstrava que ele havia ido, George andava muito ocupado com seu novo negocio, mas o bom que mamãe e tia Amélia trabalham em casa. Ambas possuem sociedade em um site online
— Como tem tanta certeza? — Não tenho, mas sou capaz de fazer isso. Seria o melhor agora e se quero evitar Dylan, nada melhor do que sentar com meu novo amigo. Claro que foi o que eu fiz e mesmo com aquele idiota me secando a todo o momento. Tony me fez entrar em risos, Rupert quase o colocou para fora hoje, mas consegui reverter à situação. As horas passaram rápidas e logo o sinal soa anunciando o intervalo. — Fiquei sabendo que me trocou. — Tony brinca ao sairmos para o corredor. — Será que troquei? Se sim foi por quem? — Eu questiono. — Ué pela Julie, foi o que fiquei sabendo. — Ah, ela é muito linda, ganha de 10 a 0 sobre você. — Eu caçoei de sua cara e ele faz uma careta. — Também não é pra tanto, ela não pode te fazer rir como eu. — Ele esbarra seu ombro no meu todo brincalhão. — É, não pode. — Eu reviro os olhos em divertimento. — Sorte sua que ela é uma chegada minha. Vamos nos sentar
— Não foi com seus amigos. Tem certeza que não comerá algo? — Ele pergunta, sua voz falecidamente calma. — Sim! — Eu me levanto da mesa e estou fervendo de ódio. — É extremamente teimosa. — Ele diz ao se levantar também. — O que você tem com isso? — Pergunto-lhe repugnada. — Mais do que imagina… — Sua voz se torna mais tranquilizante. Uma tontura me faz desequilibrar e por a mão na mesa procurando apoio. Estou me sentindo fraca e sinto meu coração bater de forma irreconhecível dentro de mim. — Ei! Está bem? — Dylan chega bem veloz em mim, foi tão rápido demais que aquilo me deixou ainda mais atordoada. A mão dele enlaça a linha de minha cintura, minha respiração foge de meu controle, meu corpo ascende e não tenho como me manter em pé perto de sua presença. Eu cravo minhas unhas em seu braço procurando estabilidade, mas eu me desloco em direção para o chão. — Não… Sei… — Meus olhos se fecham sem eu