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Capítulo 03 - Parte 02

Caminho lentamente de cabeça erguida e olhos baixos. Como gosto de viajar em pensamentos escolho o lugar perto da janela e começo a ajeitar minhas coisas.

— Pessoas novas como a Bianca, eu me chamo Rupert Salles professor de biologia e geografia dessa sala.

— E já faz muito tempo hein! — Antony faz um comentário piscando um olho na minha direção.

— Você é muito bobo. — Sussurro para ele entre duas mesas.

— Eu sei. — Responde baixinho.

  Foi simplesmente algo sem planejamento ter esbarrado nele lá no corredor, só que foi divertido já que ele me arrancou várias risadas em poucos minutos da minha vida.

— Pior que é verdade senhor Jenkins. — Rupert se anima junto com os alunos.

  O professor que é bem alto. É aparentemente legal e ligado nas modernidades dos adolescentes. Foi o que vi até agora, espero que ele continue assim até o final do ano letivo. Não preciso de mais notas baixas em meu histórico escolar, apesar de eu ser ótima em biologia é bom não arriscar. Professores com cara de bonzinho podem se transformar em bichos de sete cabeças. Como é de se esperar ele logo começou com sua aula, até que o professor necessitou sair. Assim, deixando a turma sozinha e uma algazarra começou interrompendo nosso conhecimento.

Conhecimento? Você disse que queria estar com seu corpo de preguiça em casa, precisamente em uma certa cama. Minha voz interior me alerta.

A manhã se estendeu tranquilamente, o que para mim o dia começou estranho, tornou-se pacífico até. Apercebi Suzana um pouco distante de mim, mas, pode ser somente uma impressão passageira.

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O final de semana passou velozmente desde que começamos a estudar, e especificamente hoje nesta segunda feira. Sinto-me contraditória mesmo com o dia alegre que me traz uma paz, o sentimento de que algo aconteceria me deixava muito pensativa.

Para minha infelicidade aquela sensação de que Suzi havia se distanciado era de fato verídica. Ela andou com novas pessoas, e eu me retraí em minhas brandas conversas com Antony. Sentava-me em outras aulas com Suzana, e por incrível que apareça nós não trocávamos nem uma dúzia de palavras. Nas aulas de Rupert então, eu seguia solitária, e comecei a apreciar essa solidão.

Encaminhei a sala do Sr. Salles, e sentei na janela como o de costume. A luz do dia raiava iluminando a sala por um todo, e meus pensamentos fluíam para quinta feira passada. Um dia que era para ser insignificante, tornou minha amizade com Suzana algo irreconhecível, mais do que aquele olhos azuis.

A voz do professor soava distante em minha mente pensante, — Claro, você já conhece a turma. Uma semana, e alguns minutos atrasado…

Eu fiz questão de nem olhar para o engraçadinho que havia chegado fora da hora. Respirei fundo, ajeitando meus materiais escolares acima da carteira. Aguardando, a pessoa a se sentar, e o professor retomar sua aula.

Só não quero que a pessoa venha em minha direção. Tomara que não venha para cá. Tomara… Tomara… Eu repetia o mantra mentalmente com a inútil esperança de ser ouvida. Apanhei minha mochila e a acomodei em cima da cadeira sobrando ao meu lado para reforçar minha reflexão.

Tudo se despedaçou quando ouço a voz do professor, — Sente-se ao lado de Bianca, ela é a única sem um parceiro na sala.

Visualizo zombeteira a carteira de Rupert, ele lança um límpido olhar para onde estou, para assim ressaltar sua fala. Somente vi a silhueta do que parece ser um rapaz, e me virei diretamente para a janela.

Merda! 

Eu só escuto e mantenho indiferença. Quando o rapaz chegar aqui disfarço que não ouvi, peço desculpas e dou o lugar porque minha mamãe me ensinou educação. Com a aproximação dele sinto aquela maldita sensação de quinta passada, minha respiração se vai a mil por hora, minha garganta fica seca, minha pele queima em combustão ignota e meu coração aumenta suas palpitações. Quando ele para ao lado de minha mesa, não crio coragem para olhar para o lado, mas escuto sua voz bem vinda e familiar.

— Posso me sentar Bianca? — Ele me puxa de meus pensamentos.

  Direciono meu rosto para realmente ver quem é de verdade e meus olhos mergulha em um olhar azul acentuado.

Não! Eu não acredito nisso! Só pode ser pegadinha meu Deus. O que o senhor quer mostrar com isso?

  Encaramo-nos enquanto eu retiro minha mochila para ele se sentar. E não sei, se isso só é uma brincadeira de mau gosto, ou só uma coincidência.

Isso coincidência, essa segunda opção é bem melhor.

  Há promessas em que não comprometo descumprir, e uma delas foi descobrir mais sobre Dylan se ele entrasse novamente em meu caminho. Então só me resta tentar achar as respostas para minhas inúmeras perguntas.

— Sim-m. — Eu gaguejo. Minhas bochechas ardem mais do que o comum, tanto que doíam e eu precisei desviar meu olhar.

Sério? 

Por que minhas bochechas estão queimando de vergonha? Tá legal, eu me sinto reprimida perto de alguns garotos. No entanto por que esse mexe mais comigo do que os demais? Ele é só um desconhecido.

— Lembra-se de mim senhorita Bryant? Pois eu me lembro de você.

— Se você acha que me intimida, você esta enganado. — Exponho lançando minhas palavras entre dentes.

  Pelo menos minha boca disse algo útil, mas minha mente reprova totalmente. Estou mais do que intimidada.

— Longe de mim lhe intimidar. — Ele diz com voz fraca e um sorriso de canto paira em seus lábios rosados.

 Bosta! 

Que sorriso lindo, é totalmente branco e encantador. Esse Dylan tem um charme bem, descrevamos… Diferente. É algo em que não consigo saber, mas me deixa intrometida. Admito ser curiosa, só que também estou com medo, por conta de tudo que ocorreu a alguns dias. Mesmo assim ele não para de me olhar, posso até afirmar certa felicidade vindo de seus olhos. Porém, pode ser somente impressão.

— Seu nome é Dylan, se não me engano? — Tento quebrar o clima de silêncio.

— Correto senhorita Bryant. — Diz pegando algumas coisas em sua mochila.

  Hum-mmm não gosto que me chamem assim, exceto com algumas pessoas que eu possa ter que tolerar.

— Chame-me apenas de Bia, ok?

— Certo, e sua amiga Suzana? — Ele me pergunta. Dylan está relaxado em seu assento, solto e sem preocupações. Estamos tão próximos que eu poderia encostar minha mão na dele a qualquer momento. Mas, eu me distancio um pouco e mantenho longitude.

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