— Com licença Dylan, posso falar com a Suzana por um minuto?
— Claro. — Ele faz uma varredura por todo meu rosto.
Somente com seus olhos sobre mim ele parece me dissecar inteira. Essa pressão me faz suspirar e molhar os lábios em certa excitação desconhecida, com isso Dylan sorri calorosamente fazendo-me derreter mais um pouco. Respiro fundo e distancio meu olhar do seu e tento esfriar minha temperatura
— Pode falar Bia. — Ela diz com olhos fixos em Dylan.
— Pode ir até a biblioteca comigo?
— Por que não chama o nosso novo amigo Antony? — Suzana faz questão de responder sem me dar muita bola.
Dylan esconde um sorriso através de seu dedo indicador e não para de me observar, deixando o clima ainda mais pesado.
Gente o que ele tem para mexer assim comigo?
— Ele precisou revolver algo. — Engulo em seco ao ver Dylan franzir sua testa.
Ela não gosta muito da ideia, mas levanta de sua cadeira. — Vamos então.
Saímos do refeitório e pelo caminho noto como as coisas estavam tensas entre nós duas. O dia não está legal para mim hoje.
— O que você tem que fazer na biblioteca? — Ela pergunta mexendo em seu celular.
— Preciso do livro de biologia.
— Hum… Vamos logo tenho aula daqui a pouco.
Ao chegarmos à biblioteca interrompemos nossa conversa, porque reconhecemos ser um local para mantermos nossas bocas fechadas. Era minha primeira vinda aqui, e o local me encantou muito, muitas mesas de estudos, várias prateleiras e computadores individuais deixavam tudo harmonioso.
— Obrigada, se quiser pode ir Suzi. Vejo que está bem ocupada.
— Sim, tenho aula de biologia agora. Tchau. — Ela se despede enraivecida.
— Tchau.
Realmente mudamos muito depois que esse garoto esbarrou com a gente, e olha que hoje é somente o segundo dia. Logo começo a procurar meu livro, pois já estou atrasada para a próxima aula.
— Ei Bia precisa de ajuda? — Uma garota mais ou menos da minha altura, morena de cabelos cacheados me chama.
— Sim. Como me conhece?
— Conversei com a sua amiga a Suzana, ela não parava de falar Bia pra cá Bia pra lá. E queria muito te conhecer melhor. Sou umas das representantes de turma e conheço bem a biblioteca.
— Estou precisando de um livro de biologia emprestado. Não peguei meus livros e nem meu armário também.
— Ah! Sim, aqui emprestamos todos os tipos de livros, me deixa ver para você.
Eu a acompanho entre as diversas e enormes prateleiras. Ela parecia bem concentrada em sua tarefa e eu somente ouvia burburinhos baixos de alguns alunos que estavam estudando.
— Acho que estar nessa seção. — Sugere ao pararmos.
Somente dou um sorriso sem graça e observo o local. Há um abalo em todo meu corpo quando sinto um vento forte vindo das janelas, os meus pelos todos se eriçam e fico em alerta.
Não! Eu não aguento mais esse dia, desisto!
Tento mudar o foco desse sentimento, mas por mais que ignoro mais ele preenche meu ser e advirto que algo me impulsiona a olhar pra trás de mim. É o que faço, viro todo meu corpo de uma vez e a luz do sol apodera meus olhos, tampo com meu braço para tentar recompor minha visão. Segundos depois, enfim ela se endireita e pela janela só vejo uma face com olhos hipnotizante-mente dourados. Mas, em um contorno com um prata que o deixava ainda mais radiante. De longe é a coisa mais louca e perfeita que estou vendo, pena que não sei quem é o dono desse par de olhos impressionantes, não consegui visualizar a faceta de ninguém. Estou paralisada feito uma estátua e sem piscar as pálpebras por nenhum segundo, para não perder nenhum minuto se quer desse momento.
— Então, Bia!
— Ah! — Sobressalto e grito ao ouvir a voz da garota me chamando de volta para terra. A moça responsável pela biblioteca estava lendo seu livro e me olha feio após meu pequeno susto.
— O que foi? — Ela pergunta confusa.
Ponho a mão sobre meu coração que bate forte pelo espanto e tento me acalmar.
— Nada, eu só estou meio distante hoje.
— Está bem? Passando mal?
— Estou bem. Esse é o livro? — Tento mudar de assunto.
— Sim é e vou pegar uma autorização para pegar o restante dos livros e um armário.
— Oh! Obrigada. E qual é o nome da menina milagrosa? — Eu dou um leve sorriso.
— Meu nome é Julie Sanders sua futura nova amiga.
— Ah! Isso com certeza.
— No final da aula eu te encontro com seus livros, chave e senha do seu armário!
— Muito obrigada não sei o que eu faria sem você.
— É você estava perdidinha sem mim. — Ela murmura e concordamos risonhas.
— Acho que já vou então. Já estou atrasada, nos vemos mais tarde Julie.
— É claro que sim, até mais Bia.
Julie é chamada por alguém e ela se vai, antes de tomar meu caminho me viro para janela, mas não tem ninguém lá. Será que foi coisa de novo da minha cabeça? É deve ser. Bom, me dirijo para minha sala e sinto um tédio com a aula lenta que parece não ter fim. Não consigo me concentrar em nada hoje, de um lado aquele garoto e do outro os olhos dourados, e lá dentro sinto uma obsessão de querer saber mais da segunda opção. Essas duas coisas me tocaram muito neste dia. Apesar de ser aula de geografia e Dylan se sentar comigo, foi tudo muito vago e eu e ele não trocamos nem mais olhares e muito menos palavras. Acho que foi melhor assim.
Graças a Deus bate o sinal para irmos embora. Desço de imediato e encontro Julie pelos corredores do primeiro andar, e ela já me entrega os livros e me leva até meu armário. Julie foi bem gentil comigo, ao menos fiz algumas amizades nesse dia mais do que singular, definitivamente não foi um dos meus dias aleatórios, porém sobrevivi. Sento do lado de fora e espero Suzi, que não demora chegar, caminhamos juntas sem falar nada uma com a outra e de alguma maneira eu não estava nem aí naquele momento. Somente pensava o dia em que veria aqueles olhos dourados novamente, nem os de Dylan azuis como os céus abertos chegariam aos pés daquela raridade. Finalmente chegamos em casa, subo mais do que imediatamente para meu quarto e me jogo na cama. Era tudo que eu mais queria depois de hoje, só deitar e colocar a mente no lugar.
Sobrevindo pela porta da minha casa na hora sinto-me mais aliviada. É agradável estar em um ambiente familiar onde ficamos mais confortáveis e pacíficos. Eu realizei o que mais desejava desde cedo, deitei-me na minha cama e somente refleti tudo o que aconteceu. Mas, me sinto perturbada. Pois, a exatamente uma semana atrás eu e Suzana éramos amigas e agora ela me encara como um cão raivoso. Estar aqui observando meu teto e com as pernas sobre minha cabeceira, eu me deixo esvair. Sair essa raiva que também sinto juntamente com a agonia de estar nessa situação. Se eu gosto dele e ela também… Formamos um triangulo amoroso? Nem sei o que idealizar desse pensamento estúpido, somente reconheço que não estou inteiramente em posição errada. Sou orgulhosa e muito, mas não quero abalar minha amizade por um garoto que por acaso apareceu em meu primeiro dia de aula. Eu preciso pelo menos tentar uma conversa com ela, esclarecer meus pontos e rever o
O quê? Eu tenho a mente em rodopios. Eu tentei acertar as coisas e agora eu sou errada? Suzana observa seu braço com cara de: Olhem bem! Não vê que ela me machucou? Eu dou passos para longe daquela estranha e permaneço sem raciocinar. Não imagino algo decente para argumentar em minha defesa pessoal. Eu me vejo, as encaro em silêncio, mas eu não ouvia nada mais que o som acelerado de minha respiração. Com isso tornando-me uma paisagem ali no meio do corredor. Que somente serve para ser alvo de olhares reprovadores e amargura. — Que história é essa? Suzana, você parece estar exagerando. — Amélia em seu sondar em sua filha, me fita com olhar doce e eu permaneço sem me protestar. — Você enxerga tia? Eu falei o que está acontecendo e minha mãe nem se preocupa comigo. — Suzana diz com feição inocente que faz minha mãe se sentir meio atordoada. — Somente eu acho que essa história está muito mal cont
— Não é bem assim mãe. — Reviro os olhos — Disse a ela que não quero brigar por causa disso. Aceitei minha ruína e percebi o interesse dele em Suzi. Só que tem algo que não deixa essas informações entrar na cabeça dela. — Sabe que Suzana é assim, isso vai passar. Porém, ela precisa saber que se você quiser ter uma relação com ele, será uma escolha não só sua e também do tal rapaz. — Ela clarificou com esperança no olhar, mas eu não a tinha da mesma forma. Meus sentimentos estavam destruídos já com o começo dessa história e não aguentaria para ver o final. — Verdade mãe, mas o nome dele é Dylan. — É! É esse aí mesmo. — Sua frase nos faz entrar em risos. Sinto-me bem melhor ao conversar com minha mãe, ela me entende muito mesmo com todos meus maus pensamentos. — Obrigada mãe, a senhora é a melhor. — Agradeço imediatamente e deposito meu copo na mesa de centro. — Você é meu maior tesouro filha, fico feliz de não me esconder
Ao abrir os olhos pela manhã eu sentia diferente e eu logo entendi que era o meu humor em seus piores dias. Eu ainda pensei que a noite iria me deixar melhor do que ontem. Mas, estou um caco quebrado e o sono não foi tão renovador assim. Sem esquecer que minha cabeça latejava fortemente, pode haver vários conflitos internos que queiram rodear meus pensamentos agora. Porém, aproveito que meu corpo está lento, assim meus processamentos não estão a todo vapor ainda e consigo ignorar por alguns instantes. Eu levantei desanimada e logo me joguei abaixo do jato quente da ducha. A fim de ao menos eu sentir uma melhora considerável e a vontade de faltar às aulas se dissipassem. Depois de soltar meus cabelos, vestir um jeans em lavagem escura e camiseta básica, eu desço para tomar um café. Não vi o meu pai o que demonstrava que ele havia ido, George andava muito ocupado com seu novo negocio, mas o bom que mamãe e tia Amélia trabalham em casa. Ambas possuem sociedade em um site online
— Como tem tanta certeza? — Não tenho, mas sou capaz de fazer isso. Seria o melhor agora e se quero evitar Dylan, nada melhor do que sentar com meu novo amigo. Claro que foi o que eu fiz e mesmo com aquele idiota me secando a todo o momento. Tony me fez entrar em risos, Rupert quase o colocou para fora hoje, mas consegui reverter à situação. As horas passaram rápidas e logo o sinal soa anunciando o intervalo. — Fiquei sabendo que me trocou. — Tony brinca ao sairmos para o corredor. — Será que troquei? Se sim foi por quem? — Eu questiono. — Ué pela Julie, foi o que fiquei sabendo. — Ah, ela é muito linda, ganha de 10 a 0 sobre você. — Eu caçoei de sua cara e ele faz uma careta. — Também não é pra tanto, ela não pode te fazer rir como eu. — Ele esbarra seu ombro no meu todo brincalhão. — É, não pode. — Eu reviro os olhos em divertimento. — Sorte sua que ela é uma chegada minha. Vamos nos sentar
— Não foi com seus amigos. Tem certeza que não comerá algo? — Ele pergunta, sua voz falecidamente calma. — Sim! — Eu me levanto da mesa e estou fervendo de ódio. — É extremamente teimosa. — Ele diz ao se levantar também. — O que você tem com isso? — Pergunto-lhe repugnada. — Mais do que imagina… — Sua voz se torna mais tranquilizante. Uma tontura me faz desequilibrar e por a mão na mesa procurando apoio. Estou me sentindo fraca e sinto meu coração bater de forma irreconhecível dentro de mim. — Ei! Está bem? — Dylan chega bem veloz em mim, foi tão rápido demais que aquilo me deixou ainda mais atordoada. A mão dele enlaça a linha de minha cintura, minha respiração foge de meu controle, meu corpo ascende e não tenho como me manter em pé perto de sua presença. Eu cravo minhas unhas em seu braço procurando estabilidade, mas eu me desloco em direção para o chão. — Não… Sei… — Meus olhos se fecham sem eu
— Sim. — Digo-lhe secamente. — Antes que você jogue tudo de novo na minha cara, me deixa explicar tudo. — Estou ouvindo. — Ok, maninha. Confesso que não estava em meu juízo imperfeito. — Imperfeito? — Pergunto levantando as sobrancelhas. — Sim imperfeito, meu juízo doido de sempre. — Ela disse tentando se desculpar. — Ah entendo. — Não sei dizer o que fez pensar aquelas loucuras sobre o Dylan. Acho que um impulso e… — ela faz uma pausa — Ele nunca me deu atenção de verdade, nos tornamos amigos por gostar de uma coisa em especial. — E o que seria? — Eu soei curiosa. — Não posso contar Bia. Foi por isso que tornamos amigos e se trata de um segredo. — Não pode contar nem um pouquinho. — Faço carinha de pidona. — Não, mas entendi que ele não faz o meu tipo. Somente estava cega por motivos idiotas. É não rolou! Ela não vai abrir a boca. — Como você chegou a essa
Em meios a olhos precipitadamente cerrados, identifiquei a mais deleitável das lembranças. Aquela que me impelia ao lago do paraíso, e mesmo que ela me desfalecesse, eu permaneceria bem. A morte seria bem vinda se por executada em suas afetuosas mãos. O devanear desperto pode conter um sabor agridoce. Não obstante, ao abrir seus olhos a factualidade* perfura, esmaga a esperança de uma única alma. Contemplando declive de uma vegetação vicejante, a cor das luzes solares aperfeiçoarem a ilustre paisagem do pôr do sol. Esvaindo-se pausadamente pelos traços tortuosos das cordilheiras verdes da América do Sul. Buscava atrair a sorte ao meu lado, é indispensável de algum modo. Pois, deparo-me aqui afetado pelo vislumbre, pelo soar de par de asas de um beija flor alimentando-se logo adiante, com a brisa suave murmurando uma canção em meus ouvidos. Sentia-me vivo, mas não parte desse conjunto, dessa realidade. Eu carecia de uma consolação para essa amarga sobrevivência, não sup