Certo dia estava em casa todos sentados, à encurtada e simples sala de estar. Houve um barulho de um carro derrapando na rua, meu pai foi ver o que se tratava, mas logo ouvimos os sons de tiros que fizeram todas as janelas de vidro ir ao chão. Arrastei-me entre os estilhaços ao ver meu pai atingido perdendo sangue no carpete da entrada. Somente eu, e George saímos feridos daquele atentado, nos dirigimos direto para a emergência. Suspirei de suavizo ao receber notícias que a bala que entrou no abdome dele foi somente de raspão. Eu, por outro lado, fiquei com uma cicatriz pequena na coxa esquerda por conta do vidro, mas aquilo machucou mesmo foi meu interno. Fiquei traumatizada. Por isso jurei que nunca mais em minha vida veria um ente querido ferido, não importasse o que custasse.
Três semanas depois voltamos à escola com as fofocas da suposta morte de Jason, naquele momento tive um alívio muito grande que me fez até entrar em uma crise de choro. Estava livre daquele infeliz de uma vez por todas. Só que não demorou para saber o autor do feito, foi Gregory e lembro de suas palavras — Eu a tirei da merda gatinha, então você vai ficar me devendo.
Meu celular vibra em uma mensagem e minhas recordações se vão.
Número desconhecido: Não se preocupe! Estamos de olhos em todos, sinta-se segura sempre.
Olhos neles? Quem seria todos? De quem seria esse número?
Não sobra tempo para eu pensar em um suposto anônimo, pois, minha mãe me liga no mesmo segundo.— Bianca chegou à escola? Vocês estão bem? — Sua voz é um abafo.
— Ainda não mãe. Estamos a caminho de lá. — Culpo-me por não lhe contar os ocorridos.
— Perderam-se? Se sim, eu as encontro aí em alguns minutos.
— Não, mãe. Pode voltar trabalhar sossegada.
— Bianca você tem certeza, filha?
— Mãe quando eu chegar nós conversamos. Pode ser?
— Claro, mas não me deixa sem notícias. Eu senti algo estranho, como se estivesse em perigo.
— Relaxa mãe. Estamos bem e indo andando devagar pela beirada da estrada.
— Vou tirar um carro para mim e levarei vocês todos os dias. Não aguento de preocupação em vê-las andando sozinhas em uma cidade que ainda não conhecem.
— Mãe, não se preocupe. O seu carro será para fins de seu trabalho. Foi somente um susto.
— Ok. Vão com cuidado e que Deus as acompanhe.
— Fique com Deus também, beijos.
— Beijos. — Ela se despede em um suspiro e desliga.
Uma mensagem desconhecida e depois minha mãe. As coisas estão acontecendo hoje e nada está se conectando.
— Era a tia Sammy? — Suzana corta meus devaneios com sua pergunta.
— Sim, era minha mãe. — Respondo ainda refletiva.
— O que ela queria? Ela parecia um tanto nervosa.
— Você sabe muito bem que minha mãe é assim. Nós nos atracamos muito por conta de nossa personalidade.
— Ainda bem que o tio George é o pacífico da família. Pelo menos às vezes. Sei que ele é muito ciumento principalmente com você.
— Tratando de namorar meu pai se transforma em outra pessoa. — Sorrio por um breve período por conta do obvio. Sou a filhinha dele é claro que ele será sempre assim.
— Ao menos você tem um pai. Nunca soube da existência do meu. Ele foi um ingrato, minha mãe chorou por dias depois que descobriu a gravidez.
— Pare com isso, Suzi. Você vive dizendo a mesma asneira durante anos. Meu pai sempre a tratou como filha dele também, sabe que é da família. — Relato em angústia.
Poxa! Suzana me magoa com essas bobagens, pois, se meu pai der um corretivo em mim, ele faz o mesmo para ela. Se me presenteia, ele fornece a ela também. Não é justo ouvir algo tão egoísta vindo de sua boca depois de tudo que meu pai deu a ela, todo carinho e afeto. Nunca senti ciúmes de repartir a atenção dele com ela, pelo contrário. Sempre a chamava para nossas conversas, para as cartas nos dias dos pais, para os passeios ao playground. — Não preciso ouvir isso.
— Desculpa, Bia. Só é difícil saber que eu fui gerada em um caso de uma noite, por causa de uma boa noite cinderela. — Ela sussurrou chateada.
— Suzi, você não pode culpar sua mãe por isso. Ela era jovem e experimentando algo novo. Todo mundo erra, nós, duas já erramos. — Exponho minha opinião com gosto amargo em minha boca.
— Nós? — Ela perguntou com ironia. — Nós, Bia? — Ela retorna a perguntar sem evasão.
— Sim, Suzi. Nós, duas.
— Não é isso que eu lembro. Errei sozinha, principalmente com aquela história com Jason. Aquele cretino deve estar queimando no inferno.
— Nós não podemos julgar nada Suzana. Não temos esse poder, mas eu estava lembrando dessa passagem de nossa vida hoje.
— Passagem? Aquela foi a maior burrada que eu já fiz na vida. Não quero mais passar por aquilo.
— E não vai. Você está bem melhor em suas escolhas. Bom, você progrediu bem.
— É? Nossa estou me sentindo agora. — Ela soa como se tivesse ganhado um troféu da vitória.
— Suzi o que aconteceu com você? Você estava meio… Hipnotizada.
— Hum? Deixa-me lembrar. — Ela se perde, pensando no que falar. — Começou com você. Bia, tu estava me deixando falar sozinha. Depois salvei sua vida. Obrigada… Obrigada… — Ela brincou com um risinho.
— Você tem bons reflexos, mas continua.
— Acho que tinha visto alguém, mas não recordo muito bem. Depois daquilo vi o Dylan. Quando o vi, parecia que os olhos dele estavam dourados! Dourados com as pupilas maiores que o normal e aquele dourado quase não davam para se notar. Eu só percebi por que eles brilharam.
Hã? O que ela está dizendo?
— Não sei como não viu. Foi impressionante, um fenômeno incomum. Sem dizer que ele é um completo cavalheiro.
— É achei isso interessante. — Assinto.
— Bom aonde vamos mesmo? — Ela questiona-se meio avoada.
— Para escola lembra? Primeiro dia de aula! — Deixo minha exaltação amostra.
— Oh! Sim, é verdade.
Preciso de mais informações e ela está tentando me deixar para trás. Essa não é minha amiga ela foi levada ou abduzida.
— Conta-me o resto, Suzi.
— Quando cheguei lá eram aqueles olhos azuis que te disse. Perguntei a ele sobre seus olhos e ele disse que era só uma coincidência.
Por que, no fundo, não creio nessa história? Sua resposta foi ridícula e isso me força a ser indiferente.
— Hum! Está bem então! — Dou de ombros.
Será que fui muito rude com ele? Não! Creio que não. Entretanto, algo rolou entre a gente e sei que também há algo que não está certo sobre o Dylan. Preciso estar alerta, após essa demência momentânea de Suzana. Sei que não quero, mas se o ver novamente. Prometo descobrir com cuidado mais sobre tudo e colocar algumas coisas no lugar. Até lá, irei tentar esquecer tudo… Eu acho.
Pedia tanto para sair daquela situação embaraçosa que parece que Deus ouviu minhas preces. O caminho até a escola parecia não ter fim, mas estamos bem longe ainda. Contudo, consigo visualizar torso de algumas pessoas.
— Suzi, acho que chegamos.
— Sim, estou vendo uma movimentação ali em frente.
— Quantas horas são?
— São sete horas em ponto. — Ela está sem preocupação.
— Pelo menos não vamos chegar atrasadas. — Digo.
Ela dar de ombros como resposta.
— Como será aqui? — Pergunto.
— Com certeza melhor do que todas que já estudamos. Acho que vão ser pelo menos hospitaleiros, não é!?
— É o mínimo que espero. — Respondo em obstinação. — Foi bom também ter mudado para cá nas férias. Assim, vai ser menos estranho duas novatas nessa escola. Menos tumultuado.
— Ela para mim já parece legal. — Ela diz se referindo o local.
Contemplamos bobas, o prédio. Ele parece bem diferente do tradicional, feito em tijolos largos alaranjados, as grandes janelas de vidros acompanham a cor de toda extensão, há um vasto jardim e grama por todos os lados. É! Parece bem antigo, mas muito convidativo. — Suzana me diz por que Samantha optou por essa escola? Havia tantas outras para estudarmos. — Você não vai acreditar no que descobri. — Ela diz ignorando meu pedido, mas digita rapidamente em seu iphone. — Leia, aproveita que ainda nos restas alguns minutos. — Ela afirma ao teclar enviar fazendo meu celular vibrar. W******p de: Suzana Russel Para: Bia Bryant Data: 01 de março de 2018 07:03 Esse livro explica tudo. Link: https://www.leronlinelivromisticismosecularavidadedraper.com — Quem seria Douglas Draper? Pelo, o que parece nosso colégio carrega o nome dele. Você poderia dar uma
— Chega assunto encerrado. — Aperto o cenho. — Acho bom, agora vamos não é isso que tanto quer? — Ela diz expirando a certa sanha. — Queria… — Afirmo e paraliso no corredor. — Hã? — Ela pergunta me interrogando sem entender. Seguro seus ombros e viro-a para a grande porta. — Já chegamos ao nosso destino garota! — Debocho em tom morno. — É, então deixa que eu bato. — Cochicha e seu corpo inteiro se estremece. Abro um sorriso de orelha a orelha e quase não contenho a vontade de rir. Pelo o que se vê nossa querida e confiante Suzana esta se borrando de medo. — Se vai bater, então bate logo. — Engulo o riso e tento permanecer séria. — Não tem graça Bia, estou nervosa. — Seus braços se cruzam, mostrando seu pavor diante da porta. Gente eu não sustento a seriedade e entro na gargalhada, rio tanto que lágrimas saem sem querer dos meus olhos. — Você é hilária. — Respiro rápido por conta dos risos.<
É desconcertante, tão incomodativo todos esses problemas estão se tornando em meu torno, que me faz respirar extremamente forte. Desejo imensamente é que esse dia de merda chegue ao seu fim e assim deitar meu corpo cansado em minha acolhedora cama. Porém, é impossível já que ao menos comecei minhas aulas e como uma boa cidadã americana, é uma necessidade obter um diploma para ter um emprego decente. Essa escola é gigantesca, um grande prédio com muitas turmas e meus horários. Tudo bem diferente agora. Esse colégio é bem mesclado, tanto em ensinos como em todo o restante. Não entendo por nenhum local que passo, por mais que leio o mapa demonstrando onde fica cada coisa. — Suzana eu não entendo muito bem, mas pelo o que parece minha primeira aula é de biologia. E não é no laboratório. — Eu me estanco ao centro do corredor, tentando entender em que parte estamos. Leio as informações com uma interrogação em meu semblante. — Que bom para você, porque vou começar com geogr
Caminho lentamente de cabeça erguida e olhos baixos. Como gosto de viajar em pensamentos escolho o lugar perto da janela e começo a ajeitar minhas coisas. — Pessoas novas como a Bianca, eu me chamo Rupert Salles professor de biologia e geografia dessa sala. — E já faz muito tempo hein! — Antony faz um comentário piscando um olho na minha direção. — Você é muito bobo. — Sussurro para ele entre duas mesas. — Eu sei. — Responde baixinho. Foi simplesmente algo sem planejamento ter esbarrado nele lá no corredor, só que foi divertido já que ele me arrancou várias risadas em poucos minutos da minha vida. — Pior que é verdade senhor Jenkins. — Rupert se anima junto com os alunos. O professor que é bem alto. É aparentemente legal e ligado nas modernidades dos adolescentes. Foi o que vi até agora, espero que ele continue assim até o final do ano letivo. Não preciso de mais notas baixas em meu histórico escolar, apesar de eu
Observando ele de perto assim eu retiro todas as más impressões que fiz de imediato, ele está revirando minha mente como um liquidificador batendo uma bebida proibida e quando ouço o nome “Suzana”, minha ficha cai na lata. Estou sentindo ciúmes? Não! Deve ser algo bem desigual disso. Não posso estar enciumada por alguém que acabei de conhecer. Mas, o que parece é que ele estar querendo ela. Também é o certo, já que ela se interessou nele em primeira vista. — Ela ficou em outra sala. — Suspiro. Eu soltei muito rápido essa frase, em um fôlego só. Para Bia!Esqueceu como respirar agora? Você pratica respiração desde o ventre de sua mãe. — Entendo. — Ele segura fortemente a caneta e brinca com ela entre seus dedos. — O que realmente você disse a ela? Suzana não estava bem quando conversei com ela aquele dia. — Suponho que ela tenha dito a você. — Ele elevou suas sobrancelhas em forma suge
— Com licença Dylan, posso falar com a Suzana por um minuto? — Claro.— Ele faz uma varredura por todo meu rosto. Somente com seus olhos sobre mim ele parece me dissecar inteira. Essa pressão me faz suspirar e molhar os lábios em certa excitação desconhecida, com isso Dylan sorri calorosamente fazendo-me derreter mais um pouco. Respiro fundo e distancio meu olhar do seu e tento esfriar minha temperatura — Pode falar Bia. — Ela diz com olhos fixos em Dylan. — Pode ir até a biblioteca comigo? — Por que não chama o nosso novo amigo Antony? — Suzana faz questão de responder sem me dar muita bola. Dylan esconde um sorriso através de seu dedo indicador e não para de me observar, deixando o clima ainda mais pesado. Gente o que ele tem para mexer assim comigo? — Ele precisou revolver algo. — Engulo em seco ao ver Dylan franzir sua testa. Ela não gosta muito da ideia, mas levanta de sua cadeir
Sobrevindo pela porta da minha casa na hora sinto-me mais aliviada. É agradável estar em um ambiente familiar onde ficamos mais confortáveis e pacíficos. Eu realizei o que mais desejava desde cedo, deitei-me na minha cama e somente refleti tudo o que aconteceu. Mas, me sinto perturbada. Pois, a exatamente uma semana atrás eu e Suzana éramos amigas e agora ela me encara como um cão raivoso. Estar aqui observando meu teto e com as pernas sobre minha cabeceira, eu me deixo esvair. Sair essa raiva que também sinto juntamente com a agonia de estar nessa situação. Se eu gosto dele e ela também… Formamos um triangulo amoroso? Nem sei o que idealizar desse pensamento estúpido, somente reconheço que não estou inteiramente em posição errada. Sou orgulhosa e muito, mas não quero abalar minha amizade por um garoto que por acaso apareceu em meu primeiro dia de aula. Eu preciso pelo menos tentar uma conversa com ela, esclarecer meus pontos e rever o
O quê? Eu tenho a mente em rodopios. Eu tentei acertar as coisas e agora eu sou errada? Suzana observa seu braço com cara de: Olhem bem! Não vê que ela me machucou? Eu dou passos para longe daquela estranha e permaneço sem raciocinar. Não imagino algo decente para argumentar em minha defesa pessoal. Eu me vejo, as encaro em silêncio, mas eu não ouvia nada mais que o som acelerado de minha respiração. Com isso tornando-me uma paisagem ali no meio do corredor. Que somente serve para ser alvo de olhares reprovadores e amargura. — Que história é essa? Suzana, você parece estar exagerando. — Amélia em seu sondar em sua filha, me fita com olhar doce e eu permaneço sem me protestar. — Você enxerga tia? Eu falei o que está acontecendo e minha mãe nem se preocupa comigo. — Suzana diz com feição inocente que faz minha mãe se sentir meio atordoada. — Somente eu acho que essa história está muito mal cont