Sequestrada pelo Alfa-Perdição
Sequestrada pelo Alfa-Perdição
Por: J.P Andrade
Capítulo 1

— Jane do orfanato de Delister está inocentada das acusações contra a alcateia de Delister. — A voz do juiz soou alta e imponente, eu havia me levantado para receber a sentença, mas no instante que ela foi proferida, os gritos da Luna Clarisse que havia perdido seu único filho no massacre romperam o silencio no tribunal.

— Não! Ela não pode ser inocentada. Ela ajudou a matar o meu filho naquela clareira! Ele foi despedaçado pelo lobo negro namorado dela! — A Luna gritou, seu rosto estava com uma máscara de dor e ódio. Seus cabelos sempre tão impecáveis estavam secos e sem vida, seus olhos inchados. Aquele julgamento havia sido rápido, não passando de duas semanas.

Quando ouvi a sentença, não senti nada. Não senti alívio, nem preocupação em ser executada. Uma parte de mim queria a execução.

A Luna tentou avançar em minha direção mesmo estando no tribunal e os guardas e o Alfa tiveram que conte-la, enquanto eu sentia mãos ao meu redor tentando me amparar, como se eu tivesse que ser amparada.

O macho me levou para fora da sala em direção ao corredor, e eu sabia que aquele resultado favorável para mim havia sido diretamente influenciado pelos vários advogados que o príncipe havia contratado para me defender. E sua influência sendo filho do rei alfa havia decidido tudo, ninguém, mesmo um juiz iria querer ir contra as vontades do príncipe rebelde, Demétrius Eldryn.

Quando finalmente paramos no corredor, eu podia sentir o olhar do macho sobre mim enquanto eu bebia água. Eu sabia que ele esperava uma reação minha, de alívio no mínimo.

— Você quer um café? — ele perguntou suavemente.

Assenti, eu apenas queria que ele se afastasse, que parasse de me olhar daquela forma.

“Ele apenas está preocupado conosco.” Disse Selene em minha mente.

“Apenas cale a boca.” retruquei e ela rosnou para mim.

O macho se afastou seguindo pelo longo corredor e eu me recostei na parede.

Quando fechei os olhos por alguns segundos a imagens dos olhos de Jasper de Marius surgiram em minha mente como sempre acontecia e meu coração novamente se apertou.

— Você realmente morreu? — sussurrei para mim mesma.

De repente uma porta foi aberta interrompendo meus pensamentos, abri os olhos e meu olhar se cruzou com os de Clarisse.

Seus olhos estavam injetados de ódio pelo resultado do julgamento, ela não deixou que os machos ao seu redor a contivessem, caminhando em minha direção com seus saltos altos e barulhentos.

Eu não recuei, esperando-a para que ela liberasse sua fúria.

Quando a fêmea chegou a centímetros de mim, a loba ergueu a mão em minha direção para desferir um tapa contra o meu rosto. Eu segurei seu pulso e desferi um tapa contra o dela. Tão alto e forte que ela cambaleeou para trás, perdendo o equilíbrio e caindo sentada no chão.

A loba me olhou horrorizada e eu sabia a razão. Ela era companheira de um Alfa e estava acostumada a erguer sua mão contra todos e não ser rebatida. Seu lado esquerdo do rosto estava vermelho agora e um fio de sangue saiu de sua boca.

Ela limpou com a mão horrorizada e levantou o olhar indignado em minha direção.

— Como você ousa sua assassina nojenta? Sua puta de lobos negros! Daquela raça maldita! — ela gritou ficando histérica.

Eu me inclinei até ela e retruquei:

— Seu filho era um estuprador imbecil. Sem caráter exatamente como a mãe. Marius o matou rápido demais, ele devia ter sofrido mais.

Eu não dei chance para que ela ficasse ainda mais histérica, me virando para sair do corredor. Logo a ouvi gritar e ter que ser contida por seus acompanhantes.

Quando cheguei ao fim do corredor, encontrei Demétrius me esperando com um café, agradeci e ele me levou em direção ao carro. Coloquei meus óculos escuros e deixei que ele colocasse sua mão em meu ombro, assim que saímos do tribunal, os flashs dos fotógrafos e da imprensa explodiam em nossos rostos.

Há semanas que saiam manchetes que o príncipe havia encontrado sua companheira, uma órfã de Delister. Uma ninguém.

— Para a minha casa, Jane? — Demétrius perguntou.

Respirei fundo. Eu havia estabelecido limites a ele desde aquela noite há semanas. Apenas um beijo, foi tudo que ele havia conseguido de mim. Quando me recuperei do choque de perder Marius, aceitei o emprego como rastreadora real e aluguei um apartamento na avenida 44.

Mas isso não significava que o macho não tentasse sempre me levar para o seu quarto.

— Para a avenida 44, Demétrius. — falei.

“Ele é nosso companheiro e eu sei que você o deseja.” Selene retrucou em minha mente.

“Não importa.” rebati.

Demétrius suspirou pesadamente e ligou o carro, eu sabia que ele estava ansioso para que eu o aceitasse, para que deixasse que ele me marcasse.

No momento que o macho parou em frente ao meu prédio, agradeci pelo apoio e me virei para abrir a porta, mas logo senti sua mão se fechar ao redor do meu pulso, me impedindo de sair.

— Espere, Jane. — Ele disse, suavemente.

Engoli em seco, a energia do seu toque percorrendo o meu corpo.

Respirei fundo e voltei meu olhar para o macho.

— Sim?

— Já chega desse luto. Ele está morto. Apenas se entregue a mim.

— Não há corpo. — falei e puxei meu pulso da sua mão, saindo do carro.

Não olhei para trás, entrando no prédio e subindo as escadas correndo, sem sequer cogitar o elevador.

Eu sabia que era irracional, mas uma parte de mim acreditava que ele poderia voltar. Ou tinha esperanças disso.

Minhas mãos tremiam enquanto eu abria a porta, até que senti um aroma familiar. Um aroma que eu não sentia há muito tempo.

Assim que abri a porta, vi a silhueta do macho sentado na poltrona perto da janela.

O macho ligou o abajur na mesinha ao lado e sorriu para mim, seus dentes brancos e retos, seu corte de cabelo curto e impecável e seus olhos de Jasper astutos e maldosos.

Não havia tempo para correr e eu não desejava isso.

Puxei minha faca de prata do bolso de trás e encarei o macho que odiava a minha frente.

— Quanto tempo não a vejo, Jane. Quem diria que a porra de uma órfã seria a companheira destinada do príncipe rebelde? — zombou Kilian Hawthorn.

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