Pisquei chocada com suas palavras.
Marius continuou segurando minhas mãos pelos pulsos e me sacudiu levemente, seu olhar sobre mim firme e astuto.
— Me diga, Jane! Quantas vezes ele a beijou? Quantas vezes ele disse que você era dele e de mais ninguém? Foi assim que você sofreu por mim? Nos braços dele?
Minha loba começou a se agitar dentro de mim, sentindo meu sangue correr mais rápido e a raiva de ser acusada me envolver como uma serpente que carregava uma bomba prestes a explodir.
Minhas garras começaram a se alongar e o macho olhou para as minhas mãos.
— Está com raiva pelas minhas palavras? — ele perguntou em um tom cínico. — Apenas volte para ele. Seja sua princesa.
O macho me soltou e quando ele virou as costas, eu o empurrei contra o balcão.
Marius caiu em cima da garrafa de vinho que rolou do balcão e caiu no chão, todo o conteúdo sendo derramado.
O macho me olhou surpreso com a minha atitude e eu exclamei:
— Como você ousa me acusar dessa forma? E vejo pelas suas palavras que você não retornou hoje. Está me vigiando, há quanto tempo? Me deixou acreditar que estava morto e agora me acusa de seguir em frente? Eu aceitei o apoio dele, não ele!
Marius passou as mãos nos cabelos e respirou fundo, seu rosto ficando vermelho e seu peito subindo e descendo.
— O que aconteceu com você? Por que não voltou antes?
Ele avançou na minha direção mais rápido do que eu poderia sequer imaginar, me colocando contra a parede enquanto segurava as minhas mãos acima da minha cabeça.
— Me solte! Não tem o direito de me segurar assim! — gritei contra o seu rosto.
Marius inclinou a cabeça, encostando sua testa na minha e me mantendo sob o seu controle.
Seu rosto estava suado e eu podia sentir seu hálito de bebida.
— Me solte... — pedi, minha voz estava fraca.
Minha loba sentia o seu aroma e sentia o seu toque, todo o meu corpo estava se acendendo para ele. Meus pensamentos pareciam estar em uma tempestade.
Marius não me soltou, seu corpo pressionando o meu contra a parede, eu podia sentir seus músculos, o aroma de bebida e o suor descendo por sua testa até a minha. Eu podia ouvir seu coração batendo descompassado exatamente como eu e aquilo me quebrou em milhões de pedaços.
De repente, ele soltou minhas mãos e me puxou para um abraço quente e apertado afundando seu rosto em meu ombro. Eu podia sentir o bater rápido e forte de seu coração e logo em seguida suas lágrimas. Senti meu coração sendo perfurado por agulhas, porque aquilo era um abraço de despedida.
Ele estava se despedindo de mim e nada no mundo poderia ser pior do que aquilo.
Eu tentei me soltar de seu abraço, tentando me desvencilhar daquele momento que eu não conseguia aceitar.
Não, eu havia acabado de recuperá-lo da morte e ele estava se despedindo de mim por algo que eu não fiz. Depois de tudo que passamos, Marius estava finalmente me deixando, desistindo de mim.
— Não, você não fará isso. Eu não aceito, me solte... — gritei com ele, mas seus braços se estreitaram ainda mais ao meu redor, tão forte que ficou difícil até mesmo de me mover.
Marius estava em silencio, apenas os tremores eventuais de seu choro que me diziam que ele estava me ouvindo.
— Por favor, não faça isso... — implorei e seu corpo estremeceu e mais lágrimas desceram. — Apenas não me deixe.
— Que vida posso oferecer? Sou um criminoso. — Ele murmurou contra o meu pescoço, em seguida o beijou lentamente. Seus lábios estavam macios e molhados e todo o meu corpo foi perdendo as forças em seus braços.
Envolvi os braços ao seu redor, minhas mãos tocando a pele de suas costas, seus músculos. Minha visão foi se tornando turva devido as lágrimas que insistiam em descer.
— Que vida? Não, já conversamos sobre isso. Viveremos juntos, teremos filhos, lembra-se? — murmurei.
Marius me soltou lentamente, quando fitei seu rosto, arfei.
Seus olhos de Jasper estavam inundados pelas lágrimas, seu nariz vermelho e uma tristeza e impotência profunda parecia consumir até sua alma.
Marius lentamente levou sua mão ao meu rosto, seus dedos acariciando suavemente enquanto limpava as minhas lágrimas.
— Eu me odeio com toda a minha alma, Jane. Me odeio porque sou um lobo que não deveria existir, e seria uma maldição em sua vida.
Suas palavras me machucaram, me cortaram tão profundo que eu me senti sangrando bem ali. Seus olhos de Jasper brilhando com as lágrimas faziam com que tudo ao redor parecesse irreal. Não, eu havia acabado de recuperá-lo da morte e o estava perdendo outra vez. Selene ouvia e observava tudo atenta, sentindo cada emoção minha, sendo envolvida pelos meus sentimentos, sendo engolida pelo meu desespero. — Não... como você pode pensar isso de si mesmo? — murmurei e o macho respirou fundo e passou as mãos nos cabelos em frustração. Marius virou de costas e começou a catar os cacos de vidro do chão enquanto eu o observava com meu coração paralisado. Vários segundos se passaram sem que nenhum de nós dissesse nada, o ar ficando sufocante. Aquela cabana se tornando cada vez menor, minhas mãos suando e tremendo. Não, eu não podia aceitar aquilo. “Ele está sofrendo, Jane. E seu lobo está em agonia e desespero, me desejando.” Selene me alertou. Meu coração batia descompassado enquanto eu fi
Kilian cruzou os braços na porta e se recostou, seu sorriso cínico era largo agora e seu olhar estava divertido enquanto nos olhava. Marius se colocou a minha frente de modo defensivo. Mas eu e Selene não tínhamos medo de Kilian mais e eu não me importava se ele era mais forte, eu era mais rápida. Olhei em seus olhos sem medo. — Não devia estar escravizando fêmeas agora? — alfinetei. Kilian voltou seu olhar na minha direção. — Estou tirando uns dias de folga. Por que, você quer se oferecer para ir comigo? Bem que eu senti um clima quando fui ao seu apartamento... — Kilian insinuou e eu senti o corpo de Marius tenso imediatamente. Minha loba rosnou em minha mente e tentou assumir o controle ansiando por cravar os dentes na garganta de Kilian, mas eu a contive. — Deixe-a em paz. — Marius rosnou. Desci do balcão e me posicionei ao seu lado, meu corpo firme e meus olhos provavelmente mudando de cor, minhas garras se alongando. — Você é um porco e um dia terá exatamente o
Marius estava distante e suas palavras que ele não se importava estavam ecoando em minha mente. Perfurando o meu coração como mil lâmina de prata, e agora ele se recusava a olhar na minha direção. O macho virou de costas para mim, suas mãos em seus cabelos como se ele não tivesse mais energia para debater comigo e tudo que eu desejava entender era porque ele estava defendendo Kilian e sendo tão grosseiro comigo. E então, como um estalo repentino, algo me ocorreu novamente. — Ele me sequestrou da cabana há um ano. Se ele não tivesse feito aquilo, todos os eventos que aconteceram depois não teriam ocorrido. — falei e Marius respirou fundo, mas não se virou. Eu diminui a distância entre nós, caminhando direto para ele antes que eu pudesse tocar em seu ombro, o macho se virou. Seus olhos de Jasper estavam frios e distantes. — Por que pensar nisso agora? Apenas, vá embora. — ele ordenou. Marius virou as costas saindo do quarto e eu o segui, tentando falar com ele até que chegamos à
Marius estava estremecendo, seus ombros estavam tensos e ele baixou seu olhar ao dizer aquelas palavras tão cruéis de si mesmo. Morrer sozinho? “Como ele pode dizer isso de si mesmo? Ele não consegue sentir o nosso amor?” disse Selene e eu percebi que mesmo ela sentindo a ligação poderosa de companheiros com Demétrius, ela não estava alheia sobre o que eu sentia por Marius. Ela também sentia e estava tentando se comunicar com Gaius, seu lobo. Meu coração começou a bater mais devagar conforme a tristeza de Marius com suas palavras não envolvia apenas a ele, mas a mim. A melancolia estavam nos envolvendo naquela clareira escondida, a brisa gélida soprando em minhas costas e rosto. Apenas os sons da floresta entre nós, e isso me fez me lembrar do tempo que éramos apenas nós dois naquela cabana. No início quando a minha preocupação era apenas se eu poderia confiar nele para não me matar e lentamente o macho a minha frente foi ganhando o meu coração. Seus olhos de Jasper fitavam agora
Ameli. Eu sabia que aquele era o meu nome de nascimento, mas o odiava. O rastreador real Devon Grayson havia tentado me contatar diversas vezes depois do ocorrido no penhasco, ele queria me confirmar que era o meu pai. Mas eu havia recusado todas as suas investidas, todas as suas tentativas. Ele havia me abandonado no nascimento, mesmo que em sua carta tivesse negado isso. Eu pensei em tudo que passei para ir atrás dele, mesmo depois dele ter torturado Marius, mesmo após tudo que passamos presos em sua casa... Eu havia envenenado o macho que amava para ir atrás de Devon Grayson, eu era uma órfã carente idiota na época. Mas nunca mais seria assim. Marius começou a caminhar e eu gritei: — Esse não é o meu nome! Ele parou por alguns segundos e virou o rosto de lado levemente. — Eu não me importo. — Rebateu e voltou a caminhar. Gritei seu nome, uma, duas, três vezes e nenhuma delas o fez parar. “Ele nos rejeitou.” Selene lamentou em minha mente e eu sentia sua dor, ela compartilha
Pov Marius Eu queria ter olhado para trás, queria ter dito a fêmea que ela possuía o meu coração. Mas de que isso adiantaria agora? Eu estava sendo caçado como o animal que eu era. Eu estava em perigo e todos a minha volta também estariam. Continuei caminhando, até que sua voz chorosa e trêmula soou. Chamando pelo meu nome, implorando para que eu me virasse. Meu coração se despedaçou, mas minhas pernas continuaram a se mover de volta a cabana. "Elas precisam de nós! Marius seu a**o covarde!" Gaius se rebelou em minha mente, ele havia se apaixonado pela loba Selene no instante que ouviu sua voz o chamando dentro de Jane. Eu o ignorei, mas me mantive ainda mais firme para que ele não se aproveitasse para assumir o controle do meu corpo. Assim que entrei na cabana, Kilian levantou uma sobrancelha, enquanto saboreava sua bebida em sua garrafa de metal. Agora quase não se podia ver os cortes feitos pelas garras de Jane em seu rosto. O desgraçado estava completamente curado. Seu olh
Kilian estava destruído por dentro a sua maneira. Ele era a porta de um covarde que matou uma fêmea que desejava fugir dele, após ele a sequestrar... — Você é um tolo. Você a sequestrou e esperava que ela fosse leal a você? Que o amasse e não tentasse fugir? — retruquei. Como ele podia ser tolo o suficiente para acreditar que Karen o amava? Ela devia odiá-lo. Kilian baixou o olhar, seus olhos ainda vermelhos, seus punhos cerrados. Seu maxilar trincado. Eu sabia que ele desejava avançar contra mim, que seu lobo devia estar desejando o meu sangue pelas minhas palavras. Eu o estava ferindo dizendo aquelas coisas. — Você sequestrou Jane e ela é leal a você. O ama. — ele disse de repente e isso me surpreendeu. Kilian levantou o olhar na minha direção, seus olhos lentamente voltando a sua cor original. — Eu jamais coloquei uma coleira em Jane. — falei, e isso pareceu deixá-lo abalado por alguns segundos. Kilian me encarou por alguns segundos antes de dizer: — Você não
JANE Tudo que eu desejava estava bem na minha frente. Eu fui envolvida pelo calor de Marius, eu podia sentir o seu aroma me envolvendo como uma manta quente. Todo o meu corpo respondeu a ele de uma maneira que não respondia a mais ninguém, minha última lembrança era de olhar em seus olhos de Jaspe enquanto a chuva caía forte sobre nós. Marius estava ali novamente para mim, novamente me resgatando em seus braços. Quando abrir os olhos e me vi na cabana, novamente na cabana onde tudo havia começado, meu coração bateu descompassado. Seus olhos avermelhados me observavam com preocupação e eu o olhei com desejo, porque meu coração estava ansiando por ele mais do que já havia ansiado por qualquer outra coisa. “Beije-o. Jane, beije-o, ele é nosso.” a voz de Selene rompeu o silencio em minha mente e sem pensar, por um segundo, deixem que ela me dominasse. Selene me impulsionou para frente e nossos lábios se tocaram. Foi como retornar para casa. E eu não tinha como saber como era essa