TRISTAN Ela estava diferente. Seus olhos estavam de uma cor diferente, estavam de um tom de verde quase surreais, como se eu estivesse olhando para uma pintura muito realista. Seus machucados haviam desaparecidos e eu não via sinal de sangue em seu rosto, também não ouvia seu coração. Nádia, irmã do rei dos vampiros havia me explicado como acontecia a transformação, se Meg retornasse, o que havia grande chance de não acontecer, ela voltaria como uma morta viva. Não seria como os nascidos vampiros, seria mais como os humanos transformados. E eu lamentava por dar essa vida a ela. Sem filhotes, sem um coração batendo. Mas como eu poderia deixá-la partir? Que a deusa me castigasse por isso, mas como eu poderia não tentar mantê-la comigo? Eu não conseguia nem sequer me imaginar existindo sem Meg... — Meg... deixe-me tocá-la. Por favor. — Implorei. Seu olhar verde florescente desceu para os meus pés, e naquele instante eu senti que ela estava sentindo vergonha de si mesma. Como isso
MEG Seu toque e suas palavras faziam todo o meu corpo estremecer. Eu ansiava por aquele macho mais do que qualquer outra coisa. Eu o desejava com a minha alma, contudo, não era essa a vida que eu queria para mim. Seu toque fazia todo o meu corpo responder a ele, e tudo que eu desejava era poder me entregar aquele macho. O som da sua voz fez com que meu corpo chegasse ainda mais perto dele, clamando pelo seu toque. — Isso não está certo, eu deveria ter morrido... com que direito você me condenou a essa vida? — murmurei, meu coração sendo despedaçado a cada palavra. Tristan balançou a cabeça em negação, abri a boca para continuar dizendo que ele não tinha esse direito, mas o macho colocou seus dedos em meus lábios pedindo que eu me calasse. — Eu não tinha qualquer direito de trazê-la de volta nessa forma, mas eu fiz isso e não pode ser desfeito. A única coisa que posso dar a você é meu coração Meg, meu coração e minha lealdade. Juro pela deusa, aonde for, eu vou. Seus olhos verd
JANE O macho estava parado na entrada da porta, ele usava um casaco preto e seus cabelos estavam cuidadosamente penteados. Com calças azul e escuro e sapatos pretos, combinados com uma camisa branca impecável. Eu havia visto o príncipe herdeiro poucas vezes, todos diziam que ele era um viciado em trabalho, muito empenhado nos problemas do país. Já Demétrius dizia que ele era apenas um solitário que se culpava. Quando eu perguntava pelo que ele se culpava, o macho mudava de assunto, se esquivando das minhas perguntas. O que atiçava ainda mais a minha curiosidade. — Principe herdeiro. — Eu disse, e fiz uma pequena mesura. Não gostava de ter que me curvar toda vez que o via, mas ele era o próximo rei Alfa e eu tinha que demonstrar todo o respeito e consideração. A semelhança dele com Demétrius era assustadora, mas mesmo sendo gêmeos, eu podia ver alguns detalhes que os diferenciava. Demétrius era alguns centímetros mais alto, e os olhos de Zephyrus não era de um Jade tão profund
Eu o estava desafiando e sabia que aquilo era algo perigoso de se fazer. Mas aquele macho, príncipe ou não, havia vindo até o meu quarto para tentar me intimidar e eu não cederia aquilo. Eu havia crescido cercada de lobas que me desprezavam, apanhando de pessoas mais fortes e desde que havia sido sequestrada por Marius, minha vida havia ficado em risco muitas vezes. Naquele instante lembrei das torturas sofridas na cela da Luna de Delister, do terror que havia vivido e como mesmo com aquilo, não havia dito nada sobre Marius. Mas aqui estava esse príncipe que não conhecia nada sobre dor, acreditando que poderia fazer com que eu dissesse algo para prejudicá-lo. — Você me olha com desprezo, como se eu fosse um macho inferior a você. Por quê? —Zephyrus me questionou. Seus braços musculosos ainda estavam cruzados e agora seu olhar estava ainda mais atento, seus olhos ficavam intercalando entre o verde e o azul de seu lobo. — Eu não o olho como um macho inferior. Mas se veio aqui para
— Jane do orfanato de Delister está inocentada das acusações contra a alcateia de Delister. — A voz do juiz soou alta e imponente, eu havia me levantado para receber a sentença, mas no instante que ela foi proferida, os gritos da Luna Clarisse que havia perdido seu único filho no massacre romperam o silencio no tribunal. — Não! Ela não pode ser inocentada. Ela ajudou a matar o meu filho naquela clareira! Ele foi despedaçado pelo lobo negro namorado dela! — A Luna gritou, seu rosto estava com uma máscara de dor e ódio. Seus cabelos sempre tão impecáveis estavam secos e sem vida, seus olhos inchados. Aquele julgamento havia sido rápido, não passando de duas semanas. Quando ouvi a sentença, não senti nada. Não senti alívio, nem preocupação em ser executada. Uma parte de mim queria a execução. A Luna tentou avançar em minha direção mesmo estando no tribunal e os guardas e o Alfa tiveram que conte-la, enquanto eu sentia mãos ao meu redor tentando me amparar, como se eu tivesse que ser a
Suas palavras não tiveram o efeito que no passado haviam tido sobre mim. A palavra “órfã” já não me afetava mais como antes. Enquanto eu olhava para aquele macho, para aquele Alfa dos lobos negros tudo que eu sentia era raiva e repulsa. Ele havia tratado Marius e a todos a sua volta como lixo, havia tratado a mim como lixo. Um lobo cruel e sanguinário. Kilian se levantou da poltrona com sua postura ereta e orgulhosa, seus olhos fixos em mim como se eu não passasse de um gatinho assustado. De uma presa fácil para ele. Seu olhar de Jasper desceu para a faca de prata que eu empunhava de modo defensivo e ele sorriu. — Isso é para mim? — ele perguntou, quase como se sentisse lisonjeado. — O que você acha? — respondi entredentes. Eu ainda estava parada a uma distância particularmente segura dele, mas sabia que ele poderia diminuir aquela distância em um segundo. “Não temos chance contra ele, devíamos fugir.” Selene anunciou em minha mente. “Eu não vou fugir nunca mais.” rebati. Se
Demétrius entrou no pequeno apartamento como um furacão, derrubando em seu caminho até mesmo um vaso de planta que ficava no corredor. Seus passos rápidos e ao mesmo tempo pesados, seu corpo enorme com seus músculos tensionados, seus ombros tensos e seus punhos fortemente cerrados. Eu arfei atrás dele enquanto seu olhar vasculhava a sala e para meu choque estava vazia. Uma das janelas estava aberta deixando que a brisa noturna entrasse, apenas o abajur ligado. O olhar de Demétrius recaiu imediatamente para os rastros de sangue no chão e ele quase que imediatamente se virou na minha direção. — Não estou ferida. —falei e ele caminhou até a sala, seu olhar analisando tudo ao seu redor. Era como se ele esperasse que a qualquer momento um macho pularia atrás dele. Com cautela, caminhei até a janela e assim que coloquei o rosto lá fora eu o vi. Parado no acostamento do outro lado da rua, o sangue em sua perna já havia cessado e estava apenas uma mancha em sua calça, não havia sinal d
Todo o meu corpo estremeceu. Abri os olhos que nem sequer havia percebido que estavam fechados e no instante que meu olhar se cruzou com os do príncipe, ele percebeu o aroma. O macho se afastou repentinamente olhando ao redor e procurando a origem do aroma de Marius, assim como eu. E tão repentinamente como surgiu, ele desapareceu. O macho olhou em minha direção, sua expressão um misto de emoções e eu reconheci todas elas. Incredulidade, em seguida raiva e finalmente, ciúmes. Demétrius estava se sentindo traído. — Isso não é possível. Ele... — suas palavras morreram no ar. Mas eu sabia que era possível. Marius estava vivo e estava perto daqui. Tão perto que eu desconfiava que por um instante, ele estava aqui. Meu coração batia descompassado e naquele momento tudo que eu ansiava era estar sozinha. Estar sozinha para que ele viesse até mim, para que eu o abraçasse, que o beijasse. Mas o que eu mais desejava era seu perdão. — Eu não irei com você. — falei. Seu olhar se voltou