Capítulo 3

Demétrius entrou no pequeno apartamento como um furacão, derrubando em seu caminho até mesmo um vaso de planta que ficava no corredor.

Seus passos rápidos e ao mesmo tempo pesados, seu corpo enorme com seus músculos tensionados, seus ombros tensos e seus punhos fortemente cerrados.

Eu arfei atrás dele enquanto seu olhar vasculhava a sala e para meu choque estava vazia. Uma das janelas estava aberta deixando que a brisa noturna entrasse, apenas o abajur ligado.

O olhar de Demétrius recaiu imediatamente para os rastros de sangue no chão e ele quase que imediatamente se virou na minha direção.

— Não estou ferida. —falei e ele caminhou até a sala, seu olhar analisando tudo ao seu redor. Era como se ele esperasse que a qualquer momento um macho pularia atrás dele.

Com cautela, caminhei até a janela e assim que coloquei o rosto lá fora eu o vi.

Parado no acostamento do outro lado da rua, o sangue em sua perna já havia cessado e estava apenas uma mancha em sua calça, não havia sinal da minha faca.

Lentamente, Kilian sorriu exatamente como um vilão e ergueu um pouco a minha faca, como se quisesse que eu soubesse que ele estava com ela.

Seus olhos vermelhos cintilaram na escuridão enquanto eu o encarava paralisada na janela, antes que Demétrius conseguisse chegar à janela, Kilian desapareceu em meio as arvores.

O macho seguiu o meu olhar aterrorizado e de repente me virou para ele.

Eu via seus lábios se mexerem enquanto ele parecia me chamar, mas não ouvia nada. Tudo ao meu redor pareceu ficar silencioso e meus pensamentos se voltaram para as palavras de Kilian.

Marius estava vivo e ele havia dito isso com toda a convicção, na verdade, aquela visita só havia acontecido porque ele acreditou que o macho estaria comigo, escondido. Ou no mínimo perto o suficiente para me salvar dele.

O príncipe voltou a me sacudir, dessa vez eu olhei em seus olhos tentando retornar ao presente. Lentamente comecei a entender suas palavras.

— Você está em choque! O que ele fez com você? Ele a tocou? Se ele a tocou precisa me dizer Jane! Quem era? — suas perguntas vinham acompanhadas de uma alta dose de desespero e fúria.

Suas mãos em meus ombros estavam apertando forte demais e isso começou a me despertar com mais rapidez.

Seu rosto estava vermelho e seus olhos azuis frios, foi quando percebi que suas garras estavam expostas e me cortando. Me desvencilhei dele dando alguns passos para trás.

— Ele não me tocou e você não deveria ter corrido até aqui. — Respondi e só quando vi sua expressão mudar para decepção que percebi que havia sido rude.

Antes que eu sequer pudesse pensar em como mudar o meu tom e consertar aquele mal-entendido, o macho retrucou:

— Eu não deveria ter corrido até aqui? É sério? Deveria ter simplesmente fugido? Quem você pensa que eu sou? Um covarde? — seus olhos estavam em chamas furiosas.

Ele estava extremamente ofendido, Demétrius acreditava que eu o estava chamando de covarde, pior, ele acreditava que eu pensava isso dele.

Quando na verdade só queria protegê-lo.

— Quem estava aqui? Quem foi o macho que invadiu o seu apartamento. Eu posso sentir o cheiro de um macho perfeitamente, e que sangue é esse em sua boca? — ele disparou.

— É o sangue dele. Eu o mordi e foi assim que fugi. — Eu deveria revelar que era Kilian? Já havia contado tudo as autoridades sobre existir a alcateia de lobos negros, sobre a alcateia de Kilian e todas as lobas que eles sequestravam para viver como escravas. Isso havia se tornado um segredo de estado.

Demétrius levantou uma sobrancelha, esperando impaciente a minha resposta.

— Era Kilian Hawthorn. — Revelei.

Os olhos de Demétrius se arregalaram e ele respirou fundo, seus punhos cerrados novamente. Entredentes, ele perguntou:

— O que esse desgraçado queria aqui?

— Ele desejava me levar com ele agora que Marius está morto.

“Você está mentindo.” Selene me acusou em minha mente.

“Não estou, apenas omiti algumas coisas.”

O macho diminuiu a distância entre nós e levou uma mão ao meu ombro.

Sua expressão se suavizou de repente e ele disse:

— Aqui não é mais seguro para você. Venha para Eldrynhouse comigo agora. — mesmo que suas palavras fossem suaves, eu sabia reconhecer ordens quando ouvia.

— Não. — Respondi quase que de imediato.

Sua expressão se tornou perplexa, ele realmente não esperava que eu fosse negar aquilo, afinal, não havia nem dez minutos que o macho me encontrou correndo aterrorizada no corredor.

— Você não pode estar falando sério! Aqui não é seguro, um Alfa negro invadiu esse apartamento com a intenção de levá-la, se eu não estivesse aqui para afugentá-lo...

— Como sabe que o afugentou? — eu o interrompi.

Ele parou de falar e me encarou.

— É claro que eu o afugentei. Ele deve ter me ouvido e sentido o meu cheiro, por isso fugiu. Esses lobos negros são apenas covardes que sequestram fêmeas...

— Marius não é covarde! — retruquei irritada.

— Você quer dizer “era”. — O macho me corrigiu. 

Paralisei no instante que percebi que estava falando de Marius com a certeza que ele estava vivo. Eu não desejava que Demétrius soubesse o que Kilian havia dito.

Algo me dizia que ele não ficaria feliz com a notícia, no fundo, acreditava que ele tentaria minar todas as minhas esperanças com argumentos lógicos e o maior deles seria que Kilian não era confiável, que estava tentando me atrair para uma armadilha.

Engoli em seco suas palavras e desviei o olhar antes de responder:

— Sim, era. Ele não era um covarde, Marius era diferente todos eles.

— Ele sequestrou você, se esqueceu? — rebateu o macho e eu senti a frieza em suas palavras.

Voltei meu olhar em sua direção.

— Ele me salvou...

— E depois a sequestrou e a obrigou a ficar com ele para cumprir um proposito, encontrar a fêmea dos seus sonhos, acha que ele se importava com você? — suas palavras causaram em mim uma verdadeira tempestade.

Senti meu sangue correr mais rápido, meus olhos deviam ter mudado de cor porque o macho respirou como se estivesse percebendo que eu não aprovava o que ele estava dizendo.

— Você não sabe o que ele e eu tínhamos. Não sabe todas as coisas que ele fez por mim. Coisas que ninguém faria. — Rebati com dentes cerrados.

Demétrius me surpreendeu diminuindo a distância entre nós e me puxando pela nuca, seu aperto forte e possessivo, me obrigando a encará-lo.

— Nunca mais, Jane, nunca mais, diga que ninguém faria as coisas que ele fez por você. Meu único erro foi não a ter encontrado primeiro. — disse ele, pronunciando cada palavra de modo lento e claro.

Minha boca ainda estava suja do sangue de Kilian, mesmo que eu tivesse cuspido a maior parte eu ainda sentia o gosto metálico do seu sangue.

Mas nada disso parecia importar para Demétrius, seu olhar desceu para os meus lábios e lentamente seus olhos voltaram para a cor natural deles, um verde escuro, profundo como uma lagoa.

De repente o ar entre nós foi ficando tenso, tudo ao redor se tornando mais silencioso, apenas nossos corações batendo.

Um martelar incessante entre nós, sua respiração contra o meu rosto enquanto lentamente ele me puxava para ainda mais perto dele, meu peito batendo de encontro ao seu. Sua mão em minha nuca firme, até que seus dedos começaram a roçar a pele do meu pescoço de modo lento e demorado.

Por um segundo, fechei os olhos e arfei contra seus lábios enquanto meu corpo reagia a ele.

Eu podia sentir o aroma de sua excitação, Selene estava completamente desperta em minha mente, observando cada detalhe do que acontecia e lutando para assumir o controle, enquanto eu lutava de volta.

Não, não era aquilo que eu queria.

Aquilo era a necessidade do meu corpo, era o laço de companheiros que me fazia querer me entregar para aquele macho...

Seu aroma me envolveu como se eu estivesse bêbada, me deixando tão completamente embriagada por ele que não protestei quando ele se inclinou para o lado e seus lábios tocaram levemente a pele do meu pescoço.

Seus lábios estavam quentes e macios e enviou uma corrente elétrica por todo o meu corpo. Senti meus pelos se eriçarem e minhas pernas tremeram levemente quando seu beijo em meu pescoço se tornou mais profundo.

Em seguida o macho inspirou profundamente, como se quisesse guardar na memória o meu aroma para sempre.

— Venha comigo. — Ele sussurrou contra a minha orelha, seu hálito quente em minha pele. Sua outra mão desceu para a minha cintura me puxando ainda mais para ele, meu corpo de encontro ao seu. Eu podia sentir seus músculos e seu calor.

— Venha comigo, meu amor. — Ele sussurrou novamente, sua voz grave e sensual que fez meu coração bater ainda mais rápido e minha loba implorar que eu dissesse que sim.

— Eu... — mas antes que eu pudesse continuar, senti aquele aroma familiar que eu passei tempo demais acreditando que nunca mais sentiria.

O aroma de Marius.

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