Segredos de Família
Segredos de Família
Por: Paula Albertão
Prólogo

                A porta do quarto se abriu lentamente, deixando uma luminosidade refletir no chão, e eu senti meu coração acelerando fortemente, quase como se estivesse batendo na minha garganta.

                Vi o vulto do corpo dele atravessando a porta com um arrepio percorrendo meu corpo. Observei a silhueta do ombro, o modo como seu corpo se movia lentamente para não causar nenhum ruído e percebi que ele estava tão tenso quanto eu.

                Me movi na cama, deixando que percebesse que eu estava acordada, e por um momento ele parou no meio do quarto escuro. Talvez estivesse cogitando dar meia volta e sair, o que me fez apertar os dedos nos lençóis e segurar a respiração, mas depois voltou a andar, e fiquei mais aliviada do que realmente deveria ter ficado.

                Senti o colchão se mover quando ele sentou na cama, então finalmente me sentei, deslizando para fora das cobertas.

                Sentamos lado a lado, com os pés tocando o chão frio, e escutamos nossas respirações cortando a noite silenciosa. O tempo se prolongou e nenhum de nós tinha coragem para dar um passo adiante, em direção a algo que não poderíamos desfazer.

                A mão dele deslizou para a minha. Era grande, forte, com dedos grossos e compridos e a palma áspera. Pareceu engolir minha pequena mão.

                - Oi. – sussurrei com a voz entrecortada.

                - Oi. – a voz dele era grossa, um pouco rouca e estava nervosa.

                Virei o rosto em sua direção, querendo ver algum detalhe do seu rosto, mas estava escuro demais. Eu queria seus olhos, o contorno desenhado de sua boca, mas tudo que consegui foi um vulto indistinto.

                Sua mão subiu pelo meu braço, quente e levemente trêmula, como se ele estivesse agitado demais, e eu me virei lentamente em sua direção.

                Ele engoliu algumas vezes enquanto sua mão caminhava para o meu pescoço. Fiquei agitada quando seus dedos se encaixaram na minha nuca e abri a boca em um arquejo não planejado.

                Isso pareceu estimulá-lo, dar uma onda de coragem que estava faltando. Ele se inclinou na minha direção, buscando meus lábios no escuro, e eu facilitei, indo em direção a ele também. Nossos narizes se chocaram suavemente e depois sua boca encontrou a minha com delicadeza, mais delicadeza do que eu esperaria de um homem como aquele.

                Suas mãos seguraram meu rosto, sem que sua boca se afastasse da minha, e aproveitei para tocá-lo.

                Passei a mão pelos seus braços fortes, pelos ombros e depois desci pelo peito. O corpo dele era forte, quente e exalava um cheiro de banho com uma pitada de suor recente. Ele estava suando naquele momento, mesmo que o tempo estivesse frio, talvez pela ansiedade e tensão.

                Me aproximei mais, deixando que nossos corpos se tocassem, e isso pareceu deixá-lo ainda mais agitado. Sua mão desceu repentinamente para minha cintura, com uma pressão leve, mas firme.

                Hesitamos, afastando nossos rostos por milímetros. Nossos lábios continuavam se tocando ocasionalmente conforme respirávamos, e a mão dele estava começando a juntar uma pequena porção de suor na minha pele que esquentava gradualmente.

                Ele respirou fundo uma vez, talvez buscando controle de suas emoções ou juntando coragem para seguir adiante com aquilo. Eu apenas esperei, decidida a não me afastar fossem quais fossem as consequências.

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