Emanuele
A festa de Ester e Martim foi perfeita, tão animada que quase me esqueci do aparecimento de Guilherme e de suas palavras confusas. Será que era verdade? Que nós dois éramos primos e não irmãos?
Cansada por todo o trabalho da semana, fiquei aliviada ao ver os convidados partindo em seus carros quando o sol começou a descer no céu. Eu precisaria de um longo descanso depois de toda a preocupação em fazer aquele dia o mais perfeito possível.
- Tudo bem com você? – minha irmã passou pela porta da frente após se despedir de uma porção de parentes de Martim.
Emanuele Quando li a última palavra do diário de Emma, já de madrugada, eu estava chorando. A história era cheia de reviravoltas e momentos tristes, mas no fim tudo tinha ficado bem. Emma tinha conseguido escapar da fazenda e viver com o homem que realmente amava, Francisco, o pai de Guilherme. Eu consegui imaginar como foi quando ela o viu pela primeira vez, e pela descrição física já tinha dado para saber que Guilherme tinha me contado a verdade, e percebi que não havia sido tão diferente da maneira que eu conheci seu filho. Exatamente na mesma porta.
Emanuele Mamãe tinha razão. Não só em quinze minutos eu estava dentro do carro bem alimentada, como tinha conseguido vestir peças de roupa que combinavam e domado os nós dos cabelos com mais cuidado. Claro que o tempo parecia infinito, e eu precisava do mapa para achar a cidade de Guilherme, mas estava conseguindo manter a expectativa sob controle. Se tudo desse certo, ao final daquele dia, nós estaríamos tendo uma conversa clara sobre nós dois. Meu coração disparou assim que entrei na cidade, logo no começo da tarde. Agora era uma questão de achar a rua e o número corretos e Guilherme estaria bem na minha frente.
Emanuele Meus medos se mostraram infundados porque, depois de conversar com o médico e finalmente colocar meus olhos em Guilherme, percebi que mesmo muito machucado ele poderia se recuperar com cuidados e paciência. Consegui me aproximar dele depois de prometer que não faria nada que alterasse sua calma. Ele estava tomando vários medicamentos que o deixavam sonolento e confuso, e não deveria se estressar até que estivesse bem o suficiente para ter alta. Apoiei as mãos ao seu lado, no colchão, muito lentamente para que não acordasse. Seu rosto estava cheio de hematomas e havia um curativo bem grande logo acima da sobrancelha, o lábio inferior es
Emanuele Guilherme ficou plenamente ciente da minha presença vários dias depois. Antes disso, ele abria e fechava os olhos e parecia ter uma vaga noção de onde estava, mas ao passar os olhos por mim não parecia realmente me ver. Aconteceu em uma tarde. Eu estava sentada ao seu lado folheando uma revista, algo que eu tinha me habituado a fazer durante as longas horas apenas esperando o tempo passar, quando ergui a cabeça, como fazia de cinco e cinco minutos, e seus olhos estavam alertas mirando o teto. - Guilherme! – chamei, rapidamente largando a revista e me aproximando mais.&nbs
Emanuele - Onde é que isso tem que ficar? – Guilherme perguntou pela décima vez, arrastando um vaso enorme com uma planta que eu não me lembrava o nome, mas que minha mãe havia insistido em me dar para a casa nova. - Você não consegue decidir nada sozinho? – reclamei, me afastando das caixas de papelão outra vez – Desse jeito não vou acabar de desembalar as coisas nunca. - Me diz logo. – implorou. - Coloca na varanda, logo ao lado da porta da sala. – indiquei, e voltei para dentro.&n
A porta do quarto se abriu lentamente, deixando uma luminosidade refletir no chão, e eu senti meu coração acelerando fortemente, quase como se estivesse batendo na minha garganta. Vi o vulto do corpo dele atravessando a porta com um arrepio percorrendo meu corpo. Observei a silhueta do ombro, o modo como seu corpo se movia lentamente para não causar nenhum ruído e percebi que ele estava tão tenso quanto eu. Me movi na cama, deixando que percebesse que eu estava acordada, e por um momento ele parou no meio do quarto escuro. Talvez estivesse cogitando dar meia volta e sair, o que me fez apertar os dedos nos lençóis e segurar a respiração, mas depois voltou a andar, e f
Emmanuele Joguei minhas coisas dentro da mala com toda a força, empurrando o bolo disforme de roupas sem nenhum cuidado até que fosse possível fechar o zíper. Tinha acontecido outra vez. E tudo que eu pensava era o quanto eu tinha sido burra por acreditar que não aconteceria, por ter acreditado em todas as palavras de perdão e arrependimento, os presentes e a viagem para arejarmos a cabeça e começarmos de novo. Eu estava fazendo o que já deveria ter feito dois anos antes, deixar Rafael. Escutei a porta do andar de baixo batendo, sinal de que ele tinha ch
Emmanuele - Não sei como você ainda não é completamente famosa. – comentei, maravilhada, quando Ester se juntou a mim. Ela riu enquanto puxava a cadeira para se sentar bem ao meu lado, mas parecia brilhar de tanta animação. Havia mais vida na minha irmã quando ela cantava. - O que achou do lugar? – perguntou com um meio sorriso. - É diferente do que estou acostumada. – olhei mais uma vez ao redor. - Eu sei. Bem vinda ao meu mundo.&nbs