Faziam exatos dez dias que minha vida tinha virado um verdadeiro caos. Dez estressantes dias desde que Corey Legard havia anunciado que estava noivo e que planejava uma festa para marcar esse feito horrível.Meu chefe era um desmiolado.Não era preciso muita explicação para descrever um típico garoto rico que conseguia todas as mulheres que desejava. Corey foi assim a vida inteira. Ele olhava para uma garota, sorria para ela e então conseguia arrancar sua calcinha. O grande problema é que ele não gostava de repetir a mesma mulher — mais clichê que isso impossível — e partia para outras assim que conseguia uma transa. E então, o ciclo se iniciava mais uma vez... Uma busca quase comparada à caça, um olhar terrivelmente sedutor, o sorriso que ouso dizer ser um dos mais lindos que já vi, a lábia sem igual que era sua marca registrada, e por fim e não menos importante, a foda. Com todas as etapas concluídas, ele partia mais uma vez para outra. Corey parecia não cansar nunca, não conseg
Talvez cerca de cem quilos de papéis estavam sobre minha mesa, todos com palavras que descreviam problemas não resolvidos. Problemas que eu deveria dar jeito.Havia muita coisa para ser solucionado na Revista, mas eu deveria ignorar toda a papelada para continuar cuidando dos preparativos de um casamento que não me agradava nem um pouco. Ainda tinha que convencer o dono do castelo e providenciar a aliança nas Joalherias Calisto. Deveria ser de lá, única e especialmente feita para Lily. Essa exigência não sei se foi mesmo de Corey ou dela.— Senhorita J. ?Ergui o olhar para ter o vislumbre de um homem moreno, sorriso perfeito e terno chiquérrimo, me encarando com apenas metade do corpo dentro da minha sala. A outra metade ele sempre deixava do lado de fora para aumentar ainda mais as fantasias eróticas dos outros funcionários.— Olá, Andrew. Em que posso ajudar?Fiz a pergunta ainda focada em meus papéis, fingi não sucumbir aos efeitos terrivelmente sedutores daquele monumento de ho
Jazz ressoando pelo apartamento inteiro e o cheiro suave de um ótimo vinho tinto me inebriando, essa era de longe a descrição da minha noite perfeita. Não precisava de muito para me sentir satisfeita, para sentir paz.Passei o dia inteiro me desdobrando em mil para fazer tudo o que era possível na Hayans. Fiz mais umas trezentas ligações para resolver assuntos do casamento e tive uns quinhentos picos de raiva em cada uma delas. Mas a noite me pertencia. Não me permitiria continuar sofrendo mais, os últimos dias tinham feito o belo trabalho de me deixar em cacos. Bastava.— Ah, e teve aquela vez que meu pai pegou o Scott transando com uma garota no escritório dele na mansão. Acho que nunca vi Paul Legard tão decepcionado... Sendo assim, meus irmãos ganham de mim em "motivos para serem deserdados" — concluiu, bebendo o último gole do líquido tinto em sua taça.Eu não deveria deixar Corey beber, mas o final de semana estava próximo então, foda-se.— Depois dessa noite as coisas ficaram
— Corey, entenda uma só coisa: homem casado só dorme na casa de uma mulher que não seja a sua... Uma única mulher e uma única casa.— Posso saber em qual? — Cruzou os braços e já começou a ficar irritado.— A da sua mãe, óbvio. No mais, dormir no apartamento da melhor amiga está proibido. É assim que os relacionamentos são, bobão. — Me movimentei para deixar a cumbuca vazia no chão e fingi prestar atenção nas notícias.— Tá dizendo que eu não vou ser bem vindo aqui quando me casar? Você vai me excluir da sua vida? — Agora sim estava irritado.— É uma das consequências... Eu posso lidar com os boatos de que nós dois transamos, mas não posso lidar com o de que eu serei sua amante. Tudo tem limite. Você continuar vindo aqui só vai fazer as pessoas falarem mais bobagens do que já falam — expliquei, paciente.— As pessoas que importam sabem muito bem que nunca tivemos nada — replicou em um tom mais alto, indignado.— A sua noiva agora é uma das pessoas que importam, e ela não tem noção de
Estava digitando as últimas palavras do relatório que precisava ser entregue na manhã seguinte quando escutei o barulho da porta da sala se abrindo.Droga. Ele era sempre tão barulhento.Levantei o olhar para a porta fechada do meu quarto e Corey me encarou com o cenho franzido, como se perguntasse internamente quem estava às quase duas da manhã no meu apartamento.— Olha só, não sai desse quarto de jeito nenhum! — ordenei, me levantando rapidamente para correr até a sala e impedir a desgraça de acontecer.— Mas quem é? A Mia? — Elevou o tronco e se apoiou nos cotovelos, ficando em uma posição tão sexy e provocativa.Ah se não fosse o Corey...— Provavelmente — menti.Caminhei com passos apressados até a sala, rezando internamente para conseguir mandar o homem ir embora antes que o teimoso do meu melhor amigo fosse atrás de mim, no entanto, quando cheguei no cômodo não mais escuro, iluminado pela luz do abajur, não precisou de dois segundos para ser pega pela cintura e jogada sobre a
— Muito interessante essa ceninha de vocês dois, Chloe. Você está namorando e não passou pela sua cabeça me contar?— Ele não é meu namorado, Corey. O que acontece entre nós é sexo casual, e só. — Puxei a camisola para cima, tentando não deixar que meus seios fossem vistos.— Sexo casual. Sério? Você gosta que ele faça sexo casual com você nessa mesinha? — Se aproximou ainda mais e praticamente me encurralou ali, espalmando as mãos sobre a madeira fria, lado a lado de meu corpo quase descoberto. — Me diz, quantas vezes ele já te comeu aqui? — Soou tão rude que eu quase não o reconheci. Corey não era assim.— Talvez quatro ou cinco vezes nessa mesa. Duas no sofá e três na bancada da cozinha — respondi no mesmo tom estúpido que ele. — Me comeu gostoso em cada canto do apartamento, só nunca foi para a minha cama porque ele não passa de sexo casual, de um cara que não vai durar muito tempo na minha vida, porque eu sou previsível, certo? Eu afasto os homens de mim.Corey estava tão perto,
O sol majestoso já estava se pondo quando cheguei na casa de Marisa Legard, ou melhor dizendo, na mansão Legard tão bem conhecida por mim. Havia muitos carros no estacionamento e um em especial me chamou a atenção. Era na cor rosa bebê, bem a cara da tal Lily. Conversei com a mulher uma única vez desde que Corey a apresentou. A loira me tratou como uma mera funcionária, e hoje, para sua surpresa, ela entenderia qual o meu posto na Família e qual o lugar que eu ocupava na mesa de jantar. Sim, isso era de grande importância, ela veria que sim.Não demorei para sair do táxi e caminhar em direção à escada, subindo lentamente cada degrau bem pintado para chegar até a porta de uns quatro metros, pesada e linda. A empurrei e adentrei o salão de entrada, avistando a imensa escada de mármore branco e os sofás chiquérrimos que adornavam o cômodo. Marisa tinha um dom incrível para decorar ambientes, não era atoa que iniciou sua carreira na Hayans como a designer de interiores que comandava
— É um prazer, Chloe.Estendi a mão para um aperto formal e ela retribuiu, parecendo muito gentil. Aproveitei para cumprimentar Lily também, com outro aperto de mão, e Corey não se contentou apenas com esse mesmo cumprimento que fui lhe dar, ele teve que me puxar pela cintura ignorando todas as pessoas ali, tocando minhas costas com a pele exposta pelo decote, e beijando meu rosto com uma demora perceptível e quase incômoda. Então, bem a contragosto, me desvencilhei dele para beijar Paul e Jason, meu pai adotivo e meu irmão do meio. Todos devidamente cumprimentados, e eu deixando bem destacado o meu papel ali. Se Lily achava que eu era só uma funcionária da Hayans e melhor amiga do seu noivo, percebeu que tinha se enganado.— Bom, todos estão no jardim. Vamos nos juntar a eles já que as majestades chegaram — Jason se referiu a mim e a mãe, saindo da cozinha acompanhado de Paul sem mais esperar.Fiquei intacta ao lado de Marisa enquanto um silêncio reinou por alguns segundos. A noi