Às vezes estamos em uma família onde muito de você é exigido, e é necessário que todas as regras sejam seguidas.Você até se esforça, faz o possível e o que está ao seu alcance para agradar um pai, uma mãe, uma avó… mas no fim, não pode matar suas próprias vontades e nem pode abrir mão de quem você é de verdade.Aprendi que talvez eu fosse uma coisinha fora da caixa. Eu não me encaixava em todos os padrões impostos e não podia agradar a todos. Escolhi minha felicidade, optei por fazer aquilo que me trazia alegria. Escolhi ser eu mesma, mesmo com as consequências que viriam.O fato é que elas sempre vêm.Independente de qual caminho você escolher para seguir, o que te agrada, ou o que agrada os outros, ambos vão trazer algumas consequências, o que é necessário se pensar é que, em algum deles sua paz vai ser maior.Com o tempo, aprendi que o caminho que decidi traçar pode ser difícil, contém certos obstáculos e não é nada fácil, mas é, definitivamente, o caminho que me faz extremamen
— Jason não mentiu. Você voltou mesmo.— Voltei e estou doida para conhecer meu sobrinho! Onde ele está?Corey me soltou, fez uma cara de cansaço olhando para o interior da casa.— Mia está tentando fazer ele dormir. Já faz algumas semanas que só a presença dela vem ajudando. É cansativo lidar com uma criança como ele. É um Legard, afinal.Um Legard muito gracioso, por sinal.As fotos que vi dele espalhadas pelo apartamento de Jason eram encantadoras. Quem diria que o nascimento de uma criança seria capaz de unir os dois que viviam em pé de guerra.Corey me guiou para dentro da casa me fazendo um milhão de questionamentos. Perguntou como tinha sido os três anos longe e também quis saber se eu havia me casado, o que me fez forçar uma ânsia de vômito.Quando enfim cheguei na sala de estar que tinha uma coisa ou outra diferente na decoração, vi a silhueta de uma mulher enrolada em um robe.Marisa não percebeu que eu estava ali, mas quando Corey a chamou fazendo os passos dela cessarem
Podiam se passar três, quatro e até cinco anos, eu ainda não sabia quem era Chloe Jessey de verdade, e por alguma razão tinha a certeza de que Kiara me faria enxergar um potencial talvez adormecido.Me avaliei no espelho do banheiro por uma última vez. A maquiagem pesada vinha sendo constante nos últimos dias, lápis preto e rímel deixavam meus olhos menos "mortos".Passei o dedo pelo cabelo todo platinado sentindo falta de quando deixava que as ondas naturais desse volume a ele.Agora estava completamente liso, acinzentado de tal forma que quando Sophie me viu pela primeira vez disse que eu parecia "Kalid" a personagem de um dos livros que lia para ela dormir. Uma guerreira, uma domadora de dragões.Talvez até tenha me inspirado nela para mudar o tom dos fios, mas também tive bastante influência vindo de Sullivan, que esteve ao meu lado por um certo tempo, no intuito de dar apoio à Marisa.Deixei que por um último momento todas as lembranças daqueles últimos dias passassem pela minh
Azul era literalmente a minha cor favorita.Toda vez que olhava para as íris de Scott sentia como se estivesse me afogando em um mar de possibilidades e de desejos. Era como se meu corpo estivesse sendo levado por uma correnteza de maravilhas. Amava ver seus olhos tão claros me encarando com todos os sentimentos sendo ditos em apenas um olhar.Eu amava Scott.Só que era difícil. Sempre foi difícil, isso não mudaria de uma hora para outra.Mas encarando mais uma vez o meu mar particular, pude me sentir como uma garotinha boba apreciando toda a excitação do primeiro amor.Deixei minhas pernas falharem porque seria uma das últimas vezes. Passaria tanto tempo em Kodar que não teria como me permitir passar por aquela merda mais uma vez.Seria a última.— Posso saber onde está o papai? — perguntei ríspida, cruzando os braços.Scott umedeceu os lábios e então olhou para trás, como se pudesse procurar por alguém, no entanto, só éramos eu e ele no meio de uma pista de pouso.Paul deveria es
— Mesmo se eu disser que abro mão de tudo para ficar com você? Que eu deixo a Hayans e vou para Kodar, agora, nesse momento?Suspirei balançando a cabeça de um lado para o outro.— Não. Eu não quero que faça isso, e não quero você ao meu lado. E não é porque deixei de te amar, mas é porque sacrifícios assim têm um preço alto. Não posso aceitar que abra mão dos seus sonhos para tentar fazer eu ter um. Isso seria um incômodo dia após dia.— Eu não me incomodo de abrir mão da minha vida para viver a sua.— Já eu, me incomodaria se fizesse isso. Agora que estamos livres, não quero te ver preso a uma vida que só agradaria a mim. Nós precisamos aceitar que nossos anseios são distintos, e que nossos caminhos sempre estiveram destinados a serem percorridos em direções diferentes.Ele se aproximou mais, segurando meu rosto com as duas mãos.Um jogo bem baixo.— Mas eu escolho te amar, Chloe.— E eu escolho não aceitar o seu amor.Scott deixou os ombros caírem.Aquilo seria difícil, tanto para
Com passos apressados praticamente corri pelos corredores do colégio enorme. Já conhecia muito bem aquele local, infelizmente, e minhas últimas idas até ali não foram por bons motivos. Duvidava muito que dessa vez seria.Um tanto ofegante, parei assim que cheguei na sala da diretora e após duas batidas na porta, pude ver o olhar de descontentamento da mulher de uns quarenta anos que já havia me chamado mais de cinco vezes só nos últimos dois meses.— Por favor, senhora Legard, entre!Ela abriu passagem para mim com um desânimo assustador, me fazendo pensar em qual seria a gravidade da situação dessa vez.Dava para imaginar muita coisa, e por mais insano que fosse, eu não duvidava de que tivessem feito alguma delas.Os dois pares de olhos foram até mim assim que parei na frente deles. Vi a garota engolindo em seco ao perceber que eu não estava nada contente em ter que sair do trabalho para ir até o colégio, e eu já disse não disse? Mais uma vez. Mais uma em tão pouco tempo.— Sente
— Bateu nele?— Exatamente como o senhor me instruiu! — falou como se fosse um pequeno soldado dizendo que tinha cumprido sua missão.Só tive mais vontade de bater em Scott quando ele lançou uma piscadela para o garoto e a diretora balançou a cabeça de um lado para o outro novamente, imaginando o porquê de aqueles dois serem tão problemáticos.Estavam frequentemente na diretoria porque, lógico, eram influenciados a fazerem aquelas merdas.Não que eu não quisesse que Logan defendesse minha menina, mas não queria que as pessoas pensassem que éramos todos animais vivendo de uma forma onde só se conhece a violência.Eu, Chloe Legard, abominava violência. Pelo menos abominava que fosse direcionada para os meus pequenos, e abominava que eles usassem dela para resolver situações.Sabia que nem tudo poderia ser solucionado na base da pancadaria.— Olha, eu sinto muito que isso tenha se repetido. Vou conversar com as crianças e prometo que elas vão entrar na linha.— Não pode me prometer isso
Finalizei o discurso e após alguns minutos me retirei da sala.Ao longe pude ver Sophie conversando com Mandy enquanto Logan apenas observava a situação com os olhos cerrados e cara de poucos amigos. O cabelo claro agora parecia muito com o meu tingido, puxava para um tom quase branco, o deixando lindo.Decidida, me enfiei na sala de Scott e bati a porta assim que entrei. Seus olhos azuis foram do computador para mim e suas sobrancelhas arquearam ao me ver cruzando os braços com feição de quem estava pronta para matá-lo.— Você não pode ensinar essas merdas para ele! Caralho, Scott. Como eu vou falar para a Mia que ele brigou mais uma vez e que arrancou sangue de um garoto de dez anos? Está de sacanagem? Eu não vou tolerar uma merda dessas!O desgraçado apenas deu de ombros, como se ignorasse toda a minha fúria.— São Legards, você sabe que eu te defendia até do vento. Não vou deixar que a nossa filha seja machucada, e que ele apenas a observe em silêncio.Ri com sarcasmo, balançand