Azul era literalmente a minha cor favorita.Toda vez que olhava para as íris de Scott sentia como se estivesse me afogando em um mar de possibilidades e de desejos. Era como se meu corpo estivesse sendo levado por uma correnteza de maravilhas. Amava ver seus olhos tão claros me encarando com todos os sentimentos sendo ditos em apenas um olhar.Eu amava Scott.Só que era difícil. Sempre foi difícil, isso não mudaria de uma hora para outra.Mas encarando mais uma vez o meu mar particular, pude me sentir como uma garotinha boba apreciando toda a excitação do primeiro amor.Deixei minhas pernas falharem porque seria uma das últimas vezes. Passaria tanto tempo em Kodar que não teria como me permitir passar por aquela merda mais uma vez.Seria a última.— Posso saber onde está o papai? — perguntei ríspida, cruzando os braços.Scott umedeceu os lábios e então olhou para trás, como se pudesse procurar por alguém, no entanto, só éramos eu e ele no meio de uma pista de pouso.Paul deveria es
— Mesmo se eu disser que abro mão de tudo para ficar com você? Que eu deixo a Hayans e vou para Kodar, agora, nesse momento?Suspirei balançando a cabeça de um lado para o outro.— Não. Eu não quero que faça isso, e não quero você ao meu lado. E não é porque deixei de te amar, mas é porque sacrifícios assim têm um preço alto. Não posso aceitar que abra mão dos seus sonhos para tentar fazer eu ter um. Isso seria um incômodo dia após dia.— Eu não me incomodo de abrir mão da minha vida para viver a sua.— Já eu, me incomodaria se fizesse isso. Agora que estamos livres, não quero te ver preso a uma vida que só agradaria a mim. Nós precisamos aceitar que nossos anseios são distintos, e que nossos caminhos sempre estiveram destinados a serem percorridos em direções diferentes.Ele se aproximou mais, segurando meu rosto com as duas mãos.Um jogo bem baixo.— Mas eu escolho te amar, Chloe.— E eu escolho não aceitar o seu amor.Scott deixou os ombros caírem.Aquilo seria difícil, tanto para
Com passos apressados praticamente corri pelos corredores do colégio enorme. Já conhecia muito bem aquele local, infelizmente, e minhas últimas idas até ali não foram por bons motivos. Duvidava muito que dessa vez seria.Um tanto ofegante, parei assim que cheguei na sala da diretora e após duas batidas na porta, pude ver o olhar de descontentamento da mulher de uns quarenta anos que já havia me chamado mais de cinco vezes só nos últimos dois meses.— Por favor, senhora Legard, entre!Ela abriu passagem para mim com um desânimo assustador, me fazendo pensar em qual seria a gravidade da situação dessa vez.Dava para imaginar muita coisa, e por mais insano que fosse, eu não duvidava de que tivessem feito alguma delas.Os dois pares de olhos foram até mim assim que parei na frente deles. Vi a garota engolindo em seco ao perceber que eu não estava nada contente em ter que sair do trabalho para ir até o colégio, e eu já disse não disse? Mais uma vez. Mais uma em tão pouco tempo.— Sente
— Bateu nele?— Exatamente como o senhor me instruiu! — falou como se fosse um pequeno soldado dizendo que tinha cumprido sua missão.Só tive mais vontade de bater em Scott quando ele lançou uma piscadela para o garoto e a diretora balançou a cabeça de um lado para o outro novamente, imaginando o porquê de aqueles dois serem tão problemáticos.Estavam frequentemente na diretoria porque, lógico, eram influenciados a fazerem aquelas merdas.Não que eu não quisesse que Logan defendesse minha menina, mas não queria que as pessoas pensassem que éramos todos animais vivendo de uma forma onde só se conhece a violência.Eu, Chloe Legard, abominava violência. Pelo menos abominava que fosse direcionada para os meus pequenos, e abominava que eles usassem dela para resolver situações.Sabia que nem tudo poderia ser solucionado na base da pancadaria.— Olha, eu sinto muito que isso tenha se repetido. Vou conversar com as crianças e prometo que elas vão entrar na linha.— Não pode me prometer isso
Finalizei o discurso e após alguns minutos me retirei da sala.Ao longe pude ver Sophie conversando com Mandy enquanto Logan apenas observava a situação com os olhos cerrados e cara de poucos amigos. O cabelo claro agora parecia muito com o meu tingido, puxava para um tom quase branco, o deixando lindo.Decidida, me enfiei na sala de Scott e bati a porta assim que entrei. Seus olhos azuis foram do computador para mim e suas sobrancelhas arquearam ao me ver cruzando os braços com feição de quem estava pronta para matá-lo.— Você não pode ensinar essas merdas para ele! Caralho, Scott. Como eu vou falar para a Mia que ele brigou mais uma vez e que arrancou sangue de um garoto de dez anos? Está de sacanagem? Eu não vou tolerar uma merda dessas!O desgraçado apenas deu de ombros, como se ignorasse toda a minha fúria.— São Legards, você sabe que eu te defendia até do vento. Não vou deixar que a nossa filha seja machucada, e que ele apenas a observe em silêncio.Ri com sarcasmo, balançand
Faziam exatos dez dias que minha vida tinha virado um verdadeiro caos. Dez estressantes dias desde que Corey Legard havia anunciado que estava noivo e que planejava uma festa para marcar esse feito horrível.Meu chefe era um desmiolado.Não era preciso muita explicação para descrever um típico garoto rico que conseguia todas as mulheres que desejava. Corey foi assim a vida inteira. Ele olhava para uma garota, sorria para ela e então conseguia arrancar sua calcinha. O grande problema é que ele não gostava de repetir a mesma mulher — mais clichê que isso impossível — e partia para outras assim que conseguia uma transa. E então, o ciclo se iniciava mais uma vez... Uma busca quase comparada à caça, um olhar terrivelmente sedutor, o sorriso que ouso dizer ser um dos mais lindos que já vi, a lábia sem igual que era sua marca registrada, e por fim e não menos importante, a foda. Com todas as etapas concluídas, ele partia mais uma vez para outra. Corey parecia não cansar nunca, não conseg
Talvez cerca de cem quilos de papéis estavam sobre minha mesa, todos com palavras que descreviam problemas não resolvidos. Problemas que eu deveria dar jeito.Havia muita coisa para ser solucionado na Revista, mas eu deveria ignorar toda a papelada para continuar cuidando dos preparativos de um casamento que não me agradava nem um pouco. Ainda tinha que convencer o dono do castelo e providenciar a aliança nas Joalherias Calisto. Deveria ser de lá, única e especialmente feita para Lily. Essa exigência não sei se foi mesmo de Corey ou dela.— Senhorita J. ?Ergui o olhar para ter o vislumbre de um homem moreno, sorriso perfeito e terno chiquérrimo, me encarando com apenas metade do corpo dentro da minha sala. A outra metade ele sempre deixava do lado de fora para aumentar ainda mais as fantasias eróticas dos outros funcionários.— Olá, Andrew. Em que posso ajudar?Fiz a pergunta ainda focada em meus papéis, fingi não sucumbir aos efeitos terrivelmente sedutores daquele monumento de ho
Jazz ressoando pelo apartamento inteiro e o cheiro suave de um ótimo vinho tinto me inebriando, essa era de longe a descrição da minha noite perfeita. Não precisava de muito para me sentir satisfeita, para sentir paz.Passei o dia inteiro me desdobrando em mil para fazer tudo o que era possível na Hayans. Fiz mais umas trezentas ligações para resolver assuntos do casamento e tive uns quinhentos picos de raiva em cada uma delas. Mas a noite me pertencia. Não me permitiria continuar sofrendo mais, os últimos dias tinham feito o belo trabalho de me deixar em cacos. Bastava.— Ah, e teve aquela vez que meu pai pegou o Scott transando com uma garota no escritório dele na mansão. Acho que nunca vi Paul Legard tão decepcionado... Sendo assim, meus irmãos ganham de mim em "motivos para serem deserdados" — concluiu, bebendo o último gole do líquido tinto em sua taça.Eu não deveria deixar Corey beber, mas o final de semana estava próximo então, foda-se.— Depois dessa noite as coisas ficaram