Estava digitando as últimas palavras do relatório que precisava ser entregue na manhã seguinte quando escutei o barulho da porta da sala se abrindo.
Droga. Ele era sempre tão barulhento.
Levantei o olhar para a porta fechada do meu quarto e Corey me encarou com o cenho franzido, como se perguntasse internamente quem estava às quase duas da manhã no meu apartamento.
— Olha só, não sai desse quarto de jeito nenhum! — ordenei, me levantando rapidamente para correr até a sala e impedir a desgraça de acontecer.
— Mas quem é? A Mia? — Elevou o tronco e se apoiou nos cotovelos, ficando em uma posição tão sexy e provocativa.
Ah se não fosse o Corey...
— Provavelmente — menti.
Caminhei com passos apressados até a sala, rezando internamente para conseguir mandar o homem ir embora antes que o teimoso do meu melhor amigo fosse atrás de mim, no entanto, quando cheguei no cômodo não mais escuro, iluminado pela luz do abajur, não precisou de dois segundos para ser pega pela cintura e jogada sobre a mesa de madeira perto do sofá, tendo o homem alto se colocando no meio das minhas pernas bambas.
Ele amava me foder ali.
— Boa noite, linda. Senti sua falta.
As mãos do homem estavam desesperadas, assim como ele, e foram subindo minha camisola para cima em questão de nanosegundos, até que toda a parte de baixo estivesse descoberta só para ele explorar melhor.
Sempre tão apressado.
— Andrew, você tem que sair daqui. Volta amanhã, por favor. Hoje eu não tô podendo — supliquei desesperada.
— A gente dá um jeito, pequena. Sempre damos. — Depositou beijos pela extensão do meu pescoço e foi descendo para alcançar meus seios rígidos. As mãos grandes e fortes apertando minhas coxas, subindo para a lateral da calcinha, prontas para arrancá-la de mim e me deixar vulnerável a ele.
Resmunguei novamente, tentando afastar o homem, no entanto, nunca resistia a seu bom sexo e sua maravilhosa capacidade de me fazer gozar pra cacete enquanto me chupava.
E naquela fase do meu ciclo menstrual, próximo ao meu período fértil, eu ficava com tanto tesão que mal raciocinava direito.
Até me esqueci de que no meu quarto Corey estava esperando para dormirmos e que ouviria meus gemidos caso eu não resistisse mais aos toques deliciosos de Andrew, o homem que ele detestava.
— Andi... Por favor — balbuciei em meio aos seus beijos no meu seio sobre o tecido fino da camisola.
Sua mão direita alcançou minha calcinha e a afastou para o lado com a maior facilidade do mundo, tocando enfim minha pele quente.
Arqueei as costas não sabendo lidar de modo diferente com um estímulo tão bom.
— Senti sua falta de um jeito que chegou a doer, literalmente — sussurrou, aproximando mais seu corpo do meu, se é que era possível.
Não podia prosseguir com a cena pornográfica bem no canto da minha sala de estar, mas foi difícil brecar o homem. Dois dedos me invadiram sem aviso, e quando dei por mim, um gemido já havia saído de forma involuntária, ecoando pela sala.
E então aconteceu.
— Andrew? — A voz aguda e séria de Corey foi ouvida ressoando por todo o cômodo mais alto que o meu resmungo anterior. Travei e arregalei os olhos antes fechados, vendo a luz se acender por completo, dando visão suficiente para ele ter ciência das perversidades que fazíamos ali. — Não sabia que teríamos visita às duas da manhã.
O homem entre minhas pernas me olhou com certa raiva ao tirar sua boca do meu seio.
Ele não gostava o suficiente de Corey para engolir vê-lo em meu apartamento apenas de calça jeans e meias. Aquilo era como se todos os boatos tivessem fundamentos reais, já que praticamente ninguém na empresa sabia a minha real relação com a Família Legard, os grandes e respeitados donos de um império.
— Bom, costumo fazer elas quase sempre. Achei que já soubesse, sendo o melhor amigo — provocou, sem se mover, mantendo seus dedos dentro de mim.
Corey cerrou os punhos e trincou o maxilar. Uma falha tentativa de se controlar para não sair socando meio mundo.
— Não, eu não sabia. No entanto, posso ficar aqui a noite toda, só esperando por uma conversa digna, sobre um namorado — falou entredentes, me encarando como se quisesse me matar.
Merda.
— Bom, eu aguento a noite toda — Andrew retrucou com o duplo sentido soando forte. — Chloe sabe bem disso, não é, linda? — Voltou seus olhos escuros para mim e sorriu ladino.
— Eu quero que você vá embora, Andi. Por favor. Amanhã nós conversamos — implorei. Não queria ter que discutir nada na frente dele, muito menos explicar que o sexo casual entre nós não tinha nada a ver com uma relação séria, do tipo namoro.
Corey cruzou os braços e aquilo lhe deixou ainda maior e mais intimidador. Ficou ali, parado perto do sofá, a quatro metros de nós, só esperando que o seu subordinado na empresa atendesse meu pedido.
— Isso é injusto, pequena — resmungou me fazendo rolar os olhos. Odiava ter que insistir para atender a pedidos simples.
— Acho melhor você sair logo, Andrew, antes que sua desobediência te leve a uma perda de cargo dentro da empresa.
Mas não era possível! Corey ameaçando tirar o serviço do homem era ultrapassar limites. Ele não tinha o direito de controlar minha vida dessa forma.
— Calado, Legard — ordenei, lhe lançando o pior dos olhares.
— Tudo bem. Eu vou porque sei te respeitar. — Tirou os dedos de dentro de mim devagar e me encarou malicioso, levando os dois até sua boca para chupar com vontade e sorrir triunfante ao sentir meu gosto. — Sempre tão doce.
Quis estapear a cara dele por ser tão descarado, mas o que senti foi só excitação.
Sem esperar muito mais, ele caminhou até a porta. Voltou a olhar para Corey e depois levou sua íris escura até meu corpo estático ainda sentado sobre a mesinha.
— Vou levar a minha chave. — Balançou o objetivo no ar para mostrar que eu havia dado passe livre, que estávamos em um nível um pouco mais avançado. O que fez Corey me odiar, tinha certeza que sim.
Não respondi, apenas esperei que o homem saísse e trancasse a porta.
Dois segundos depois que fez isso, um Corey Legard muito bravo andou em minha direção e parou na minha frente, respirando tão fundo que podia ver seu peito descer e subir com brutalidade.
A brutalidade que ele desejou despejar em Andrew.
Os olhos com aquela sombra negra não era bom sinal. Além de sentir raiva, ele estava decepcionado por não saber sobre o que eu estava fazendo. Mas afinal, ele só sentiu na pele o que eu senti quando soube sobre seu noivado, a única diferença era que eu não me casaria e estragaria tudo para sempre.
Certo?
Certo!
— Muito interessante essa ceninha de vocês dois, Chloe. Você está namorando e não passou pela sua cabeça me contar?— Ele não é meu namorado, Corey. O que acontece entre nós é sexo casual, e só. — Puxei a camisola para cima, tentando não deixar que meus seios fossem vistos.— Sexo casual. Sério? Você gosta que ele faça sexo casual com você nessa mesinha? — Se aproximou ainda mais e praticamente me encurralou ali, espalmando as mãos sobre a madeira fria, lado a lado de meu corpo quase descoberto. — Me diz, quantas vezes ele já te comeu aqui? — Soou tão rude que eu quase não o reconheci. Corey não era assim.— Talvez quatro ou cinco vezes nessa mesa. Duas no sofá e três na bancada da cozinha — respondi no mesmo tom estúpido que ele. — Me comeu gostoso em cada canto do apartamento, só nunca foi para a minha cama porque ele não passa de sexo casual, de um cara que não vai durar muito tempo na minha vida, porque eu sou previsível, certo? Eu afasto os homens de mim.Corey estava tão perto,
O sol majestoso já estava se pondo quando cheguei na casa de Marisa Legard, ou melhor dizendo, na mansão Legard tão bem conhecida por mim. Havia muitos carros no estacionamento e um em especial me chamou a atenção. Era na cor rosa bebê, bem a cara da tal Lily. Conversei com a mulher uma única vez desde que Corey a apresentou. A loira me tratou como uma mera funcionária, e hoje, para sua surpresa, ela entenderia qual o meu posto na Família e qual o lugar que eu ocupava na mesa de jantar. Sim, isso era de grande importância, ela veria que sim.Não demorei para sair do táxi e caminhar em direção à escada, subindo lentamente cada degrau bem pintado para chegar até a porta de uns quatro metros, pesada e linda. A empurrei e adentrei o salão de entrada, avistando a imensa escada de mármore branco e os sofás chiquérrimos que adornavam o cômodo. Marisa tinha um dom incrível para decorar ambientes, não era atoa que iniciou sua carreira na Hayans como a designer de interiores que comandava
— É um prazer, Chloe.Estendi a mão para um aperto formal e ela retribuiu, parecendo muito gentil. Aproveitei para cumprimentar Lily também, com outro aperto de mão, e Corey não se contentou apenas com esse mesmo cumprimento que fui lhe dar, ele teve que me puxar pela cintura ignorando todas as pessoas ali, tocando minhas costas com a pele exposta pelo decote, e beijando meu rosto com uma demora perceptível e quase incômoda. Então, bem a contragosto, me desvencilhei dele para beijar Paul e Jason, meu pai adotivo e meu irmão do meio. Todos devidamente cumprimentados, e eu deixando bem destacado o meu papel ali. Se Lily achava que eu era só uma funcionária da Hayans e melhor amiga do seu noivo, percebeu que tinha se enganado.— Bom, todos estão no jardim. Vamos nos juntar a eles já que as majestades chegaram — Jason se referiu a mim e a mãe, saindo da cozinha acompanhado de Paul sem mais esperar.Fiquei intacta ao lado de Marisa enquanto um silêncio reinou por alguns segundos. A noi
Com toda a coragem que me sobrou, estufei o peito e dei mais alguns passos, fechando a porta atrás de mim. O cômodo estava do mesmo jeito que deixei quando me mudei há três anos. A cama de casal com o cobre leito branco e flores azuis estampando ele. Vários travesseiros na mesma estampa espalhados pela cama e poucos móveis espelhados pelo quarto. Sempre gostei de coisas simples e básicas. Uma cômoda e um armário grande eram suficientes para viver ali.Ainda trêmula, me aproximei de um criado mudo que nunca esteve ali antes, estranhando o móvel e seus "adornos".Havia três porta retratos em cima dele e pela escuridão do quarto não pude ver quais eram aquelas fotos. Não sei porquê preferi deixar só a luz da lua iluminar o cômodo, mas continuei sem acender a lâmpada. Quando estava próxima o bastante para identificar as fotografias, petrifiquei no lugar. Meus pés se fixaram no chão contra minha vontade, e meu corpo paralisou, quase junto à minha respiração.Que porra estava acontecen
Havia algo dentro de mim que me incomodava, algo como um bolo na garganta, um nó no cérebro e um aperto no peito, mas afinal, motivos não me faltavam para estar mal. Além do fato de ter tido um surto psicótico minutos antes, Jason já havia me lançado umas trezentas indiretas e sua língua enorme e afiada já havia proferido coisas cruéis, como sempre.Me remexi na cadeira de estofado macio e permaneci com a cara fechada, olhando para Lily e Corey que conversavam alegremente com a mãe da mulher, em uma mesa ao lado. Marisa se recusou a permanecer com eles, porém Paul foi bem expressivo e com apenas olhares os dois chegaram a conclusão de que desfazer das duas não era uma possibilidade. A garota tinha uma família pequena, chamou só algumas amigas para a festa e pelo que entendi, seu pai estava em uma viagem de negócios. Então, os meus pais, apesar de não estarem tão felizes, faziam a recepção das mulheres da melhor forma possível.— Chloe?Meu corpo deu um leve sobressalto ao ouvir a
Se dissesse que era novidade para mim as briguinhas dos três mosqueteiros, seria mentira. Durante toda a adolescência eles fizeram o meu inferno com isso, ou era Jason me enchendo o saco com sua chatice, ou Scott sempre querendo me ver andando na linha, ou Corey me mandando ficar longe dos dois porque eles eram problema e me olhavam com maldade. Só se juntavam de verdade no colégio, sempre que aparecia um interesse amoroso, ficavam em cima de mim como guarda costas impedindo que eu tivesse uma vida adolescente normal. Mesmo sabendo que pelas regras da Família eu não poderia me envolver com ninguém porque o meu casamento era decidido por eles, pelo menos uma parte, ainda assim eu queria vivenciar o primeiro beijo, as aventuras noturnas ao pular a janela, fugindo para encontrar alguém que me fizesse ter borboletas no estômago.Pude viver coisas das quais sonhei, no final, vivi até o que não imaginei. Quebrei todas as regras possíveis e fiz coisas que até hoje não acreditava. E era
— Você pediu a Lily em casamento porque a Família começou a planejar o seu? Está falando sério, Corey? Você é maluco?Enfim o empurrei para que se afastasse de vez. Mas era só o que me faltava!Claro que nenhum de nós gostava da ideia de deixar que a Família escolhesse em que ano e com quem nós deveríamos casar. Não era uma super regra deixar que eles escolhessem o pretendente, mas a data sim. Como Corey já estava beirando os trinta e não tinha arrumado ninguém, eles decidiram se intrometer, mas isso sempre foi o esperado.— A mamãe não aguentou e acabou me contando. Ela disse que não sabia quem seria a noiva, então com a convicção de que não seria alguém que me agradaria, fui atrás de uma pessoa por conta própria. Há regras que precisamos descumprir.Havia muitas regras para serem quebradas sim, mas agir por impulso quando o assunto era um casamento, de longe não seria a coisa mais sábia a se fazer.— Eu não acredito. Não consigo acreditar que você mal pensou em falar comigo sobre
Eu gostava de pensar que era humana, cheia de falhas, cometendo erros e equívocos quase todos os dias. Isso era bom, fazia com que a autocobrança não me enlouquecesse. Bastou quinze minutos conversando com Lily para eu entender que algo não estava certo. Ela não era um real problema, a manda chuva por trás de cada pedido chato e inusitado era Jasmine, futura sogra de Corey. Ao tentar fugir, acabei trombando com a jovem e ela quis saber se estava tudo bem. No início achei que só estivesse fingindo gentileza, mas logo percebi e entendi os motivos que fizeram Corey a escolher. Era boa, tinha um coração puro, parecia uma mulher simples, isso tudo longe dos olhos e da presença de sua querida mãe. Como precisava de uma distração para os fatores que passaram a tirar minha sanidade nas últimas três horas, acabei cedendo ao pedido de me sentar com minha família, que como Lily mesmo disse, logo seria "nossa" família. Minha mãe sorria alegre, conversando sobre coisas banais com Jasmine,