Eu gostava de pensar que era humana, cheia de falhas, cometendo erros e equívocos quase todos os dias. Isso era bom, fazia com que a autocobrança não me enlouquecesse. Bastou quinze minutos conversando com Lily para eu entender que algo não estava certo. Ela não era um real problema, a manda chuva por trás de cada pedido chato e inusitado era Jasmine, futura sogra de Corey. Ao tentar fugir, acabei trombando com a jovem e ela quis saber se estava tudo bem. No início achei que só estivesse fingindo gentileza, mas logo percebi e entendi os motivos que fizeram Corey a escolher. Era boa, tinha um coração puro, parecia uma mulher simples, isso tudo longe dos olhos e da presença de sua querida mãe. Como precisava de uma distração para os fatores que passaram a tirar minha sanidade nas últimas três horas, acabei cedendo ao pedido de me sentar com minha família, que como Lily mesmo disse, logo seria "nossa" família. Minha mãe sorria alegre, conversando sobre coisas banais com Jasmine,
— Eu fui moldada durante todos os meus anos de vida. Treinei desde pequena, ouvi cada conselho seu e da Mari. O papai me ensinou cada método para ser firme, forte, e para resistir às piores situações. Me fizeram ser assim. Acho que a Lily pode ser boa também, após ser treinada. Quando entender os conceitos da Família, vai se adaptar. — Voltei a olhá-la e vi um pequeno sorriso nascendo em seus lábios. — És o meu orgulho, pequeno corvo. — Levou seus dedos um tanto enrugados até a minha mão que estava sobre a mesa e a acariciou. — Espero que ela realmente nos surpreenda. Odiaria ter que tirar aquele sorriso meigo do rosto dela. Oh sim, eu também não ia gostar disso, ainda mais com a superproteção de Jasmine sobre a filha. Provavelmente a polícia ficaria no pé da família para entender o que havia acontecido de fato, e isso ninguém queria. Pensei em arrumar um motivo para fugir, para mim, o assunto já havia sido encerrado. E como se nossas mentes estivessem ligadas uma à outra, Jason
O ar não entrava com facilidade em meus pulmões, e isso era assustador, mas não mais do que o que eu estava vendo.Corey se remexeu incomodado, cruzando os braços e manteve os olhos fixos no papel. — Um detetive me procurou faz dois dias. Por algum motivo estranho ele está revisando o caso do Joe, e sei lá porquê, quer falar comigo, claro, se eu aceitar. Não tem uma ordem judicial nem nada, é só um tipo de interesse pelo caso que nunca foi resolvido. Mas sinceramente, não sei o que pensar. É bem estranho que venham atrás de mim agora, de novo, e sobre uma coisa que… bom, o papai fez o belo trabalho de cortar qualquer ligação entre nós. Meu Deus. Que merda estava acontecendo nesses últimos dias? — Quer dizer então que esse detetive pode vir até mim também? Se ele está revirando o passado, se está em busca de alguma coisa, ele pode me encontrar lá, não pode, Corey? — perguntei atônita, olhando de lado. — Não se preocupe. Fiz tudo certo, você nunca teve nenhuma ligação com o Joe alé
— Quando eu disse que você era o nosso pecado, não menti. Quando começou a bater o pé dizendo que não tinha o nosso sangue e que nossos pais não eram os seus, nós três passamos a te ver com outros olhos, Jess — murmurou o apelido com uma sensualidade surreal. — Sei disso porque foi assim comigo. De um instante para o outro, você deixou de ser nossa irmãzinha para ser uma puta garota gostosa, que corria pela casa de biquíni tentando pegar seu celular da mão de algum de nós que sempre queria futricar. Sem saber o que dizer, umedeci os lábios, atordoada pelas palavras e pelo som de sua voz. Corey não parecia arrependido de nada, então continuou:— Por volta dos quinze você mudou seu estilo, passou a usar roupas mais discretas, e o efeito em mim foi contrário do que o imaginado. Eu me sentia tentado a saber o que você tanto escondia. O que tinha debaixo das calças, das camisetas largas. Então sim, acabei te desejando como o Jason desejava em segredo, e como o Scott também, por mais que
Na minha vida, existiu muitos momentos em que eu sabia que estava prestes a fazer algo errado, e mesmo com a sensação ruim e o medo, ia em frente em minhas vontades de fazer merda. Pois é, talvez pela milésima vez, eu iniciei uma merda.Arqueei as costas com meu corpo esparramado na cama, respirando tão pesado que o peito chegava a doer. Apertei mais forte o seio esquerdo, mordendo meu lábio para conter um gemido, por mais que soubesse que poderia gritar se quisesse, o vizinho de cima não estava em casa a essa hora e a de baixo também tinha saído para viajar, como fazia praticamente todo santo mês. Ri, me contorcendo no colchão macio, os lençóis branquíssimos se amarrotando abaixo de mim. Tinha que tentar pensar em qualquer outra coisa no mundo, precisava tentar distrair minha cabeça imaginando o que estava acontecendo do lado de fora, ou na Hayans, ou até mesmo no café da esquina, tudo para tentar me parar, mas meu corpo reagia de forma contrária aos meus pensamentos. Em contrap
Assinei um último documento e o coloquei na imensa pasta que Mandy me trouxe. Não podia passar dois dias fora que eles deixavam tudo virar uma enorme bagunça. Pronta para enfim me levantar e seguir até a sala do meu chefe para saber o que tanto ele queria, ouvi três toques na porta e em seguida, Andrew colocou a cabeça para dentro como sempre fazia, sem esperar minha permissão. Isso ia começar a mudar. — Boa tarde, senhorita J.— Oi, Andi. O que foi? O ignorei fingindo olhar uma coisa importante na tela do computador e ele entrou de vez, fechando a porta atrás de si. — Você não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens e me desautorizou a entrar no seu prédio sem ser liberado. Acho que foi isso. — Cruzou os braços, não muito feliz. Ajeitei a postura e passei a lhe encarar. Já estava pronta para isso. Óbvio que essa conversa teria que acontecer. — Você criou uma cena ridícula naquela noite. Preciso dizer que foi contra todo o nosso combinado? Você praticamente marc
Engoli em seco ao ver Andrew saindo pela porta, e quando direcionei meus olhos para Scott, só senti vontade de chorar. Como podia ser tão ruim pra mim ser ligada àquele sobrenome?Bom, a resposta estava bem na minha frente, projetada em um homem. Aquela era a verdade mais difícil da minha vida. Sempre seria. — Você está bem? Ele te ofendeu de alguma forma antes que eu entrasse? Deu passos calmos até o meu lado da mesa fazendo meu peito apertar. Não devia ser assim, mas infelizmente ainda acontecia. — Estou ótima! Levantei com uma velocidade impressionante, indo para longe do homem.O loiro me olhou com tristeza. Sabia melhor do que ninguém que não devíamos ficar sozinhos em lugares fechados, muito menos quando eu estava sóbria. Porque o meu problema nunca seria se eu estivesse sob efeito de álcool ou coisa assim, mas sim quando eu me lembrava de tudo com muita clareza.— Pode me deixar sozinha, Scott? — pedi baixinho, me encolhendo no canto da sala como se tivesse medo. E ti
A mulher ao meu lado me olhou com a testa enrugada. Fiz questão de ignorá-la mais uma vez. Os batuques na mesa não iam acabar enquanto o homem não chegasse, era mais forte que eu, nervosismo e ansiedade andando lado a lado. Mais uma vez olhei para o relógio em meu pulso, verificando a hora e me certificando de que ele estava atrasado, o que não era de se estranhar. Sai correndo da Hayans para não ser barrada por mais ninguém, e só voltaria lá quando Jason dissesse coisas para me confortar. Era seu dever, então estava o esperando. Ri, sozinha e ainda tamborilando os dedos na mesa, com as unhas bem feitas e pintadas em um tom de azul. Me parecia ridículo pensar que Jason era o filho que mais causava problemas, o mais insuportável e o que mais agia com má fé, e ainda assim era ele o único capaz de me dizer coisas sábias, bom, pelo menos boas o suficiente para me manter com os pés no chão. Elevei o olhar por instinto, e depois de esperar por mais de vinte minutos, vi o homem passa