Assinei um último documento e o coloquei na imensa pasta que Mandy me trouxe. Não podia passar dois dias fora que eles deixavam tudo virar uma enorme bagunça. Pronta para enfim me levantar e seguir até a sala do meu chefe para saber o que tanto ele queria, ouvi três toques na porta e em seguida, Andrew colocou a cabeça para dentro como sempre fazia, sem esperar minha permissão. Isso ia começar a mudar. — Boa tarde, senhorita J.— Oi, Andi. O que foi? O ignorei fingindo olhar uma coisa importante na tela do computador e ele entrou de vez, fechando a porta atrás de si. — Você não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens e me desautorizou a entrar no seu prédio sem ser liberado. Acho que foi isso. — Cruzou os braços, não muito feliz. Ajeitei a postura e passei a lhe encarar. Já estava pronta para isso. Óbvio que essa conversa teria que acontecer. — Você criou uma cena ridícula naquela noite. Preciso dizer que foi contra todo o nosso combinado? Você praticamente marc
Engoli em seco ao ver Andrew saindo pela porta, e quando direcionei meus olhos para Scott, só senti vontade de chorar. Como podia ser tão ruim pra mim ser ligada àquele sobrenome?Bom, a resposta estava bem na minha frente, projetada em um homem. Aquela era a verdade mais difícil da minha vida. Sempre seria. — Você está bem? Ele te ofendeu de alguma forma antes que eu entrasse? Deu passos calmos até o meu lado da mesa fazendo meu peito apertar. Não devia ser assim, mas infelizmente ainda acontecia. — Estou ótima! Levantei com uma velocidade impressionante, indo para longe do homem.O loiro me olhou com tristeza. Sabia melhor do que ninguém que não devíamos ficar sozinhos em lugares fechados, muito menos quando eu estava sóbria. Porque o meu problema nunca seria se eu estivesse sob efeito de álcool ou coisa assim, mas sim quando eu me lembrava de tudo com muita clareza.— Pode me deixar sozinha, Scott? — pedi baixinho, me encolhendo no canto da sala como se tivesse medo. E ti
A mulher ao meu lado me olhou com a testa enrugada. Fiz questão de ignorá-la mais uma vez. Os batuques na mesa não iam acabar enquanto o homem não chegasse, era mais forte que eu, nervosismo e ansiedade andando lado a lado. Mais uma vez olhei para o relógio em meu pulso, verificando a hora e me certificando de que ele estava atrasado, o que não era de se estranhar. Sai correndo da Hayans para não ser barrada por mais ninguém, e só voltaria lá quando Jason dissesse coisas para me confortar. Era seu dever, então estava o esperando. Ri, sozinha e ainda tamborilando os dedos na mesa, com as unhas bem feitas e pintadas em um tom de azul. Me parecia ridículo pensar que Jason era o filho que mais causava problemas, o mais insuportável e o que mais agia com má fé, e ainda assim era ele o único capaz de me dizer coisas sábias, bom, pelo menos boas o suficiente para me manter com os pés no chão. Elevei o olhar por instinto, e depois de esperar por mais de vinte minutos, vi o homem passa
— Se não tivesse, não teria me chamado para conversar. E então, onde é que o Scott se encaixa na brincadeira. Os dois propuseram sexo a três? — perguntou com zombaria mas não me deixou responder. — Não, isso não. Scott jamais faria uma coisa dessas. Ele é o certinho. Sim! Scott Legard era o certinho, e também era o…— E ele te ama — completou, dessa vez suavizando as feições. — Scott te ama e pode abrir mão de você, mas te dividir com alguém por livre e espontânea vontade, isso não! Ainda mais esse alguém sendo o Corey. Acho que ele prefere a morte ao te ver com a cobra. Revirei os olhos fingindo não me abalar.— Não te chamei aqui para te ouvir falando isso, Jason. Será que pode levar isso a sério? Eu estou em um impasse aqui. — Gesticulei quase como se pedisse socorro. — Chloe, devo te lembrar que seus sentimentos por Corey são diferentes? Tem certeza que precisamos retomar essa conversa?Agora parecia um pai rígido falando com sua filha teimosa. E não, não havia motivos para me
— Vou repetir mais uma vez. Não tem chance alguma de ele estar vivo, Chloe. Não tem! — Praticamente cuspiu as palavras na minha cara. Não me convenceu. Nada ia me convencer.Claro que falar para Corey sobre o que tinha acontecido, não ia rolar. Eu não podia contar que alguém estava brincando comigo, e que provavelmente havia descoberto sobre Joe bem quando um detetive apareceu querendo revirar todo o caso. Ele ia surtar, muito. — Nós nunca vimos um corpo, vimos? — Queria ver um corpo como? Você se esqueceu do que viu na última vez em que ele ainda respirava? — Exatamente! Ele respirava quando eu o vi pela última vez. Corey bateu as mãos na mesa e me encarou com um olhar nada amigável. Estava tirando a paciência dele com aquilo, claro, mas era necessário visto que agora tínhamos um problema em nosso pé. Então, Joe estava mesmo morto e cremado?— Chloe Clinton, o Joe está morto e fora de circulação desde aquela noite. Não é porque um detetive de merda se interessou pelo caso de
Apesar de não aparentar estar confortável, meu chefe ficou contente com a informação. Não era à toa. A Calisto era a maior joalheria do país, senão uma das maiores do mundo, e apesar de terem uma Revista também, a nossa se sobressaia, e ao contrário do que era dito em outras colunas, as famílias eram muito amigas, sendo assim, além de Paul e Marisa estarem presentes em uma pré exposição exclusiva feita para apresentar novas peças, Scott havia conseguido mais dois convites, e ficava a critério de Corey decidir quem teria o prazer de usá-los.— Isso é ótimo! Podemos ao menos dar uma prévia sobre o que esperar se dois dos nossos forem até lá. — É o que pensei. Vai ser bom poder escrever e publicar pelo menos alguns detalhes. A exposição é sempre muito bem vista e as pessoas se interessam. Em meio a conversa paralela dos dois, ia me retirar, contudo, quando mais uma vez girei os calcanhares para sair sem ao meu me despedir, Corey me parou.— O que acha de ir comigo, Corvinho? Cessei
Uma curiosidade boba sobre mim é que eu era uma das garotas mais corajosas da Família na hora de tomar decisões importantes que cabiam apenas a nós, mas quando se tratava de uma coisa super simples como dirigir um carro, eu morria de medo, literalmente. Eu odiava dirigir ou pilotar qualquer coisa, apesar de ter carteira de motorista para tal. Então, até tinha um belo carro na garagem, presente caríssimo que ganhei de Paul, mas vivia andando para cima e para baixo, de a pé quando possível, ou de táxi quando necessário. O veículo percorreu a rota em uma velocidade tranquila, o motorista de sempre, acostumado com toda a minha quietude. Observando as enormes árvores que cercavam a estrada até a mansão, me recordava de nossas idas frequentes à ilha da Família. Um lugar incrivelmente encantador, desde a casa rústica mas com todos os toques modernos de Marisa, até a floresta gigantesca que se estendia por dois terços de toda a ilha. Era lá onde os Jogos aconteciam, e era lá também que
Vendo Buck partir, adentrei de uma vez a mansão e quando meus passos me guiaram para a sala enorme, vi algo que de forma momentânea e estranha, mexeu comigo. Corey estava sentado, a imensa televisão ligada em um filme de comédia, o moletom cobrindo suas pernas e uma blusa preta o deixando lindo.Em seu colo, Lily estava sentada, com os braços envoltos no pescoço dele e um sorriso lindo nos lábios enquanto Corey sussurrava algo em seu ouvido. As mãos do homem pousavam gentilmente no corpo dela, uma nas costas, outra na panturrilha. Tentei sorrir, juntar toda a alegria em mim por vê-lo feliz, mas não deu, foi mais forte que eu. Assim que a loira percebeu minha presença, pareceu surpresa e ainda mais alegre, então forcei um sorriso nos lábios, mesmo que fosse contra qualquer vontade. — Chloe! Boa noite.Corey se assustou, olhou em minha direção e pareceu confuso. De fato, eu não ia com frequência na mansão, e provavelmente Marisa não tinha avisado nada a eles, visto que não me avis