Apesar de não aparentar estar confortável, meu chefe ficou contente com a informação. Não era à toa. A Calisto era a maior joalheria do país, senão uma das maiores do mundo, e apesar de terem uma Revista também, a nossa se sobressaia, e ao contrário do que era dito em outras colunas, as famílias eram muito amigas, sendo assim, além de Paul e Marisa estarem presentes em uma pré exposição exclusiva feita para apresentar novas peças, Scott havia conseguido mais dois convites, e ficava a critério de Corey decidir quem teria o prazer de usá-los.— Isso é ótimo! Podemos ao menos dar uma prévia sobre o que esperar se dois dos nossos forem até lá. — É o que pensei. Vai ser bom poder escrever e publicar pelo menos alguns detalhes. A exposição é sempre muito bem vista e as pessoas se interessam. Em meio a conversa paralela dos dois, ia me retirar, contudo, quando mais uma vez girei os calcanhares para sair sem ao meu me despedir, Corey me parou.— O que acha de ir comigo, Corvinho? Cessei
Uma curiosidade boba sobre mim é que eu era uma das garotas mais corajosas da Família na hora de tomar decisões importantes que cabiam apenas a nós, mas quando se tratava de uma coisa super simples como dirigir um carro, eu morria de medo, literalmente. Eu odiava dirigir ou pilotar qualquer coisa, apesar de ter carteira de motorista para tal. Então, até tinha um belo carro na garagem, presente caríssimo que ganhei de Paul, mas vivia andando para cima e para baixo, de a pé quando possível, ou de táxi quando necessário. O veículo percorreu a rota em uma velocidade tranquila, o motorista de sempre, acostumado com toda a minha quietude. Observando as enormes árvores que cercavam a estrada até a mansão, me recordava de nossas idas frequentes à ilha da Família. Um lugar incrivelmente encantador, desde a casa rústica mas com todos os toques modernos de Marisa, até a floresta gigantesca que se estendia por dois terços de toda a ilha. Era lá onde os Jogos aconteciam, e era lá também que
Vendo Buck partir, adentrei de uma vez a mansão e quando meus passos me guiaram para a sala enorme, vi algo que de forma momentânea e estranha, mexeu comigo. Corey estava sentado, a imensa televisão ligada em um filme de comédia, o moletom cobrindo suas pernas e uma blusa preta o deixando lindo.Em seu colo, Lily estava sentada, com os braços envoltos no pescoço dele e um sorriso lindo nos lábios enquanto Corey sussurrava algo em seu ouvido. As mãos do homem pousavam gentilmente no corpo dela, uma nas costas, outra na panturrilha. Tentei sorrir, juntar toda a alegria em mim por vê-lo feliz, mas não deu, foi mais forte que eu. Assim que a loira percebeu minha presença, pareceu surpresa e ainda mais alegre, então forcei um sorriso nos lábios, mesmo que fosse contra qualquer vontade. — Chloe! Boa noite.Corey se assustou, olhou em minha direção e pareceu confuso. De fato, eu não ia com frequência na mansão, e provavelmente Marisa não tinha avisado nada a eles, visto que não me avis
Pensei em responder a mulher. Pensei sim em dizer que errou ao nos prender demais fazendo com que nosso desejo de ser livres fosse gritante, mas ela não ia gostar de ouvir. Suspirei, me servindo de uma rodela de kiwi docinha.— Não errou. Se acha que o Corey está fazendo pirraça, preciso dizer que está enganada. Ele só quer viver com uma pessoa que ama — falei assim que parei de mastigar. Ela bufou. — Ele deve ter te contado que eu abri minha boca para avisar que a Família decidiu que era a hora do bonitinho se casar. O que eu não contei é que fizeram isso porque ele não parava com mulher nenhuma, e se aparecesse uma fulana grávida, seria pior. Foi necessário. Agora veja o Scott, é o mais velho e eles ainda não estão incomodados pelo fato de ele não estar com alguém. — Isso porque nosso Lobo Branco faz o dever direitinho. Além de cumprir muito bem a sua função, não sai ficando com um monte de mulheres. Ele sempre foi pé no chão. É o certinho! — Capturei outra rodelinha de kiwi.—
Eu devia ter feito uma coisa bem ruim na minha vida passada para estar pagando tão caro ultimamente. A mãe de Lily era uma cobra, eu até cheguei a ter dó da jovem quando ouvi as constatações da mais velha sobre os vestidos que ela experimentou, visto que, Marisa teve que ir junto nas provas e nas lojas que selecionei a pedido da noiva, e eu fui obrigada a lhe acompanhar, e essa ordem simplesmente partiu da própria Família. Merda!A Organização me colocou para uma missão em campo que não tinha nada a ver com minhas funções. Nada mesmo.Quando pensei que um momento de calmaria estava bem à frente, fui surpreendida por mais pedidos insuportáveis, do tipo que, precisava achar um salão de beleza onde só usavam produtos veganos, e tudo bem ela ter seu lado humano e querer fazer o bem do próprio modo, mas foi um saco sair procurando por coisas tão específicas que me faziam fugir de outras responsabilidades maiores. Para a minha sorte, nenhuma outra missão me foi designada nesse meio temp
— Achei que eu estivesse te protegendo a minha vida inteira, e agora eu começo a descobrir que você fazia tantas coisas pelas minhas costas, e eu mal sabia. Não consigo nem pensar em tudo o que eu deixei passar — murmurou tristonho. — Sabe o que você estava fazendo enquanto eu transava com o Scott? Você estava no quarto ao lado, fodendo uma garota diferente por noite! — expliquei bem calma. Era uma verdade escancarada.Corey desmanchou a postura de durão. Seu olhar sobre mim vacilou. De certa forma, se recompôs no seu melhor estado. — É por isso que você ficou com ele? Você tinha ciúmes?Arregalei os olhos não acreditando que ele tinha dito algo tão idiota. Ciúmes de Corey, naquela época? Não! Eu podia jogar a culpa nos acontecimentos anteriores, a suposta morte de Joe — que agora já não era mais uma certeza para mim — e minha cabeça conturbada querendo descobrir mais sobre minha mãe biológica. Talvez, sob essa pressão, eu escolhi um refúgio e encontrei ele em Scott. Mas ciúmes
→ Alguns anos antes.Tinha dias que eu gostava de fazer merdas, mas também tinha dias que eu exagerava muito ao decidir fazê-las. E sim, havia diferença em ambos os casos. Normalmente eu já descumpria bastante ordens, principalmente as regras chatas de Paul. Após meu "batismo", as coisas ficaram feias entre nós dois, e melhoraram muito com Jason, enquanto meu pai me jogou em uma floresta, me deixando à mercê de mim mesma para lidar com um homem que… bom, merecia o que recebeu, Jason me cuidou.Mas não foi uma coisa fácil. De jeito nenhum. E quando meu irmão mais insuportável chegou para me ajudar, sim, eu fiquei muito feliz e aliviada. Acontece que depois que você tira a vida de alguém pela primeira vez, sua cabeça não continua a mesma. Eu tinha que cumprir uma missão, sair com vida daquela ilha, e aquele "homem malvado" também tinha a dele, sair com vida depois de me vencer. Esse era o meu batismo. Então, escolhi ser a ganhadora desse jogo. Entre minha vida ou a dele, mil ve
Sorri, me abaixando para tirar o tênis dos pés e arrancar as meias junto. Quase caí de cara no chão, mas me equilibrei logo, retomando a postura enquanto o olhar acusador do homem pesava sobre mim.E que olhar!— Só saí pra dançar um pouco, nada demais. Não seja uma réplica do papai, Scott — choraminguei fazendo meu típico drama. No fim, dei de ombros enquanto chutei meus tênis para debaixo da cama e fui até o armário à procura de um pijama confortável. Teria que tomar banho e dormir, caso contrário, na manhã seguinte eu nem ia conseguir levantar da cama para dar a continuidade na mentira que Scott criou. Se eu quisesse dizer para Paul que cheguei cedo para me juntar ao café em família, teria que estar com uma cara aceitável. — Você está cheirando a álcool e a sexo. Preciso te dizer alguma coisa, pequeno Corvo? Olhei para ele por cima do ombro, louca pra fazer uma coisa que eu sequer deveria. Scott me chamava daquele jeito, assim como os outros costumavam chamar após eu ser des