– Então quer dizer que você é uma senhorita da máfia...
Giulia pareceu distraída demais para responder-lhe qualquer coisa. Ela apenas estava ali, olhando para o lago enquanto realizava estranhos movimentos com as mãos delicadas.Ele franziu a testa e sentiu a irritação tomar-lhe todo o controle. Mas ele ainda se conteve. Aquele homem não perdia a sobriedade com facilidade, embora ela tivesse uma estranha influência sobre ele.– Eu estou falando com você! É de bom tom responder ao seu don!Mas ela ainda se manteve neutra como se aquilo não importasse de nada. Justo no momento em que ele pensou que ela apenas se jogaria contra a grama e pedir-lhe-ia vigoroso perdão pelo erro.Então ele avançou contra ela, pressionando a barriga da Giulia Rossi contra o batente de madeira adornado de flores.Os fones caíram na água, e ela sentiu que o coração caíra junto, de uma forma violenta e sofrida. – Você ficou maluco? – E então ela se virou para ele, pronta para dar-lhe um forte tapa.– Dessa vez não! Nenhuma mulher me bateu na vida além de você, e eu não estou disposto a deixar isso acontecer de novo.Giulia paralisou de medo ao ver aquele rosto familiar outra vez. – Você de novo?– Eu de novo... Feliz em me ver?– Nenhum pouco. – Mas não importava o quanto ela tentasse negar, os olhos a delataram no instante em que encontraram aquele profundo e frio olhar direcionado a ela.– Eu também não. Eu odiei te encontrar aqui! – Ele ironizou, embora a acariciasse no pescoço.– Me solta! – Ela se desvencilhou, dando-lhe um último tapa nas mãos. – Não fique me tocando assim. Eu não gosto.– Agora eu entendi tudo...– Entendeu o que?– O por que de você ser tão orgulhosa assim. Orgulhosa... e para a minha desgraça, muito atraente.Ela o olhou de cima a baixo como se desdenhasse de propósito, mas praguejou mentalmente por não encontrar um único defeito naquele homem. – E você, o que é?– Você pode vir comigo. Eu te mostro. – Ele sugeriu, com a malícia evidente.– Nem se eu fosse louca, iria com você assim! Me deixa em paz.– Eu posso. Ah, eu deixo você ir... Se você me deixar em paz também.– Eu? Eu nunca fiz nada para você! – Ela o encarou, confusa.– Tem certeza? E o que é isso?– O que? - Ele não precisou indicar para que ela olhasse para baixo. A inocência a fez empalidecer com o volume que havia se formado nas calças daquele homem, e Giulia pensou que acabaria desmaiando.Não havia nada demais além da marca explícita cujo o membro masculino se desenhava perfeitamente. Ainda assim, era mais do que ela já tinha visto em toda a sua vida virginal e superprotetora da máfia.Ele riu como um maldito palhaço sádico, mas a garota parecia indignada. Aquilo apenas o atiçou mais.– Admita, você quer.– Eu? E-e-eu... – Ela piscou varias vezes, tentando manter a concentração de não olhar para baixo outra vez. – Se afaste de mim!– Ou você vai chamar o seu pai?– Eu chamo! Se for preciso!Ele liberou um sorriso bem humorado e assentiu que sim com um gesto de cabeça. – Ok, eu vou permitir que você saia.Mas ela se virou com indignação. – Quem você pensa que é para falar assim? Você não manda em mim. Eu faço o que eu quiser.– Ok. Então fique! – ele pareceu satisfeito com todas as possibilidades.– Oh, você é... Um imbecil.– E mais alguns adjetivos que você não vai querer descobrir!– Você não pode mais se aproximar de mim. Eu não me importo se você for o presidente ou o filho ilegítimo do papa. Não se aproxime mais. Eu juro que mando os meus seguranças darem um jeito em você.Leoni Messina sorriu por dentro com o atrevimento. O doce atrevimento que ele apreciou como um desafio. – Anotado. A senhorita quer mais alguma coisa?– Fones.– O que disse?– Você me deve fones novos.– Se a senhorita quer um presente, vai ter que me dar algo em troca.Ela o encarou com os doces olhos arregalados. – Não! Você derrubou os meus na água. Agora você me deve!O canto direito do lábio se ergueu quando ele esboçou um sorriso quase ameaçador. – Entendido. Vou providenciar. Mais alguma coisa?– Não... – Ela se virou de costas, pronta para deixa-lo sozinho. – Ah, tem algo.– Tudo por você! – Ele piscou um olho.Giulia Rossi sacudiu a cabeça como se precisasse acordar a si mesma da tentação. – Não me olhe mais assim.– Assim como?– Como quem pode me ver nua.Ele riu alto pela primeira vez. – Vai ter que me pedir outra coisa.Ela olhou para trás com a ingênua expressão de indignação no rosto, mas correu para longe, como parecia fazer sempre que estava perto dele.Giulia sabia que estava prestes a perder a cabeça perto dele. E se não fosse a sua insanidade a ir embora, ele provavelmente acabaria por faze-lo ele mesmo no sentido literal.Então ela andou pelo vasto labirinto de vegetação bem cortada, até que sentiu o coração congelar de medo outra vez.– Isso... Vai. – Uma mulher gemeu, deitada na grama.Ela sabia que seria arriscado, mas ainda ajoelhou-se para esconder-se. Ela só precisava dar uma única olhada, mas naquele ponto, não havia como enxergar nada. Então ela tocou as palmas das mãos no chão e passou a engatinhar até que pudesse ver.– O que foi isso? – o homem parou subitamente.– Melhor irmos embora. – Ela disse.E naquele momento, Giulia pôde vê-los se levantar.Ela não os conhecia, mas sentiu que havia se arriscado demais. Na máfia não se tem ouvidos, olhos ou boca para o que não lhes é de interesse, e agora ela estava prestes a pagar o preço.Giulia sentiu o forte tapa.Ela arregalou os olhos, deixando cada aspecto do medo em evidência. O local onde havia sofrido o golpe doía, e ela já não podia parar de massagear a nádega direita. – Fiquei preocupado de que fosse atacada, mas acho que você esperava alguém aqui. Giulia se virou apressada. – Não. Eu não ia encontrar... – Mas ela percebeu que ele a devia desculpas outra vez. – Você está mudando de assunto. Quem te deu o direito de me tocar assim. – Bom, se você deixa essa bunda grande para cima, espera que eu faça o que? – Eu não... – Ela sentiu a ofensa atingir-lhe tanto que mal podia raciocinar. – Ok, eu não vou me explicar para você. – Por que você não pode. – Por que eu não quero. – Ela se levantou e tentou voltar pelo mesmo caminho. Algo a bloqueava, e ela sentiu as mãos quentes como fogo conte-la com grande fúria, apertando-lhe o braço de uma forma tão possessiva que ela mais pareceu uma propriedade dele de fato. – Nunca mais fale assim comigo. Ela o encarou com desconfiança. –
– Meu deus, o que eu fiz para merecer isso? – Quer que eu chame o cavalheiro que estava dançando com você antes? Giulia tentou soltar-se do homem que a prendia nos braços como se a tivesse por inteiro. – Não quero que chame ninguém. Não preciso da sua ajuda. Não preciso de ninguém para dançar comigo. Posso fazer isso sozinha. – Eu adoraria ver isso. – Me ver dançando sozinha? Me solte e verá! – No meu quarto. Estou na cobertura. – Ele liberou um sorriso de canto de boca. Giulia ergueu as mãos atrevidas mais uma vez naquela festa, e aquela altura, o Leoni Messina sabia bem o que esperar. Ele a segurou pelo pulso com tanta facilidade que a deixou assustada. – Me solta! – Ela puxou o braço para si, parando no meio da pista ainda em movimento de danças aleatórias dos casais distraídos. Leoni Messina a tomou pela cintura mais uma vez, e então pairou com ela pelo salão. – Eu conheci muitas mulheres no mundo, garota. Mas devo admitir que você é a mais corajosa que eu já vi.
Leoni Messina desviou o olhar da moça apenas por dois segundos para encarar o irmão, mas ele não podia deixa-la por muito tempo. – É a sua garota? A mulher do beco? – Lucca perguntou. – É a minha garota... É muita coincidência, não é?– E é da máfia... Isso é ótimo. – Ele encarou o irmão. – É ótimo se você quiser se casar com ela. – Não quero! – Ele continuou a olhar. – Você sabe que eu não vou frustrar uma mulher assim. Vai ser uma merda quando ela souber que... – É, eu sei! Ambos suspiraram, mas o Leoni Messina subitamente gargalhou. A garota que havia acabado de tropeçar nos próprios pés o encarava com um olhar enviesado de reprovação, mas ele só conseguiu sentir a maldita palpitação no peito. – Ela é desastrada. – E linda. Ela é perfeita. – Ele passou as mãos pelo rosto, esfregando o claro desespero. – Eu vou ter essa mulher. Eu preciso. – Da máfia? – Você sabe que isso não é um problema. – Talvez seja... Essa aí é pequena, mas é valente. Leoni Messina par
Giulia Rossi sentiu uma imediata falta dos fones de ouvido que tanto abafavam os sons agudos em sua cabeça. Ela pôde ouvir cada um dos gemidos que sua linda mãe emitia ao ser torturada por um marido controlador. Eles estavam no andar de baixo, e ela ainda esperava que o inútil irmão tomasse a frente e defendesse a sua mãe, mas aquilo nunca acontecia. Felipo Rossi era covarde demais para enfrentar quem quer que fosse. Desde pequena, tudo parecera desproporcional para ela. Ele ainda recebia todos os privilégios de ser um futuro capo, embora fosse a irmã mais nova a responsável por estudar todas as rotas e cumprir as funções que lhe era designado. E por mais que fosse injusto, ele não se ressentia por assumir os louros que não o pertencia, em troca de uma promessa de que daria ao menos a livre escolha a irmã, quando ele assumisse a liderança da família. “Você vai se casar com quem quiser”. Ela ainda podia ouvir vividamente em sua memoria, muito embora soubesse que Felipo Rossi não me
Giulia encarou os andares de baixo de uma gloriosa cobertura. As cores dos apartamentos acesos na noite pareciam mais atraentes que as pessoas que tomavam champanhe na sala. O anfitrião mal educado ainda não havia saído do quarto, e a garota apenas podia agradecer por isso. Ela esperava que pudesse estar menos atraente naquela noite, mas tudo havia sido preparado e controlado em sua vida. Suas roupas, as joias e até mesmo o penteado que usava no topo da cabeça foram calculadamente preparados para aquele dia que ela não sabia o que esperar. Não havia um único instante em que ela deixava de pensar no estranho atrevido, repreendendo a si mesma a cada segundo. Havia exatamente três noites em que sonhava com aquele homem surgindo em meio ao nada, apenas para roubar-lhe mais um beijo. Ela deveria ceder ao próprio desejo? Giulia virou-se em direção a porta que dava acesso a sala e deparou-se com a figura máscula do objeto dos seus melhores sonhos. Ela revirou os olhos, esperando que
Quase duas horas entediantes se passaram desde que todos foram ao andar de cima. Giulia ainda tentava manter a postura ereta, sentada no sofá como uma maldita boneca de decoração. Sua mãe, ao seu lado, gozava da mesma postura, embora demonstrasse gostar da vida recatada e controlada da máfia. – Mãe, por que o papai queria saber aonde você estava hoje? – Giulia interrompeu o silêncio. A sua mãe bebeu o champanhe de uma forma estranha. Helena Rossi pareceu tentar afogar-se no líquido gelado e borbulhante do copo como um suicídio de salvação. – Bobagem. – Ela contentou-se em apenas dizer a única palavra que fez a filha sentir-se desconfiada. – Mãe, o que você fez? – Ela encarou a mulher que claramente sentia-se desconfortável. – Não vai me interrogar agora como o seu pai faz, não é? Vocês são todos iguais. – Eu não sou igual a ninguém, mãe. – Eu não tenho saída, Giulia. Não posso dizer nada a você. É melhor que seja assim. A garota abaixou-se em frente ao sofá esperando que
Giulia Rossi segurou a súbita vontade de segura-lo com as pernas. Aquilo provavelmente seria apenas mais uma munição para as fantasias depravadas do don. Ela o encarou com frieza, tentando controlar o medo de destruir-se completamente ao cair no andar de baixo, mas ele a inclinou, e ela ainda tinha que garantir estar completamente entregue ou cairia acidentalmente. Ele tocou-a no pescoço, e em seguida a puxou de volta. Por que? O que ele queria com tudo isso? – Terminou sua demonstração de força ou ainda quer me testar mais? Ele esfregou o rosto por alguma razão, e no instante em que a Giulia sentiu os pés colarem-se na segurança do chão outra vez, ele a segurou pelas coxas, pressionando-se ao corpo dela. O beijo roubado a deixou completamente fora de si. As pernas completamente abertas estavam na posição perfeita que ele tanto havia fantasiado, mas Leoni Messina conteve-se apenas em senti-la pela barreira da calcinha que ele jurou amaldiçoar. Ela segurou-o pelo rosto par
Giulia Rossi sentiu o cheiro de pólvora no instante em que abriu a porta de casa. Ela sabia que havia algo de errado assim que pisou no tapete de cor neutra estendido no meio da sala. As luzes acessas indicavam que todos estavam ali, em uma espécie de reunião. A Helena Rossi encarou a filha com as mãos ainda amarradas na parte de trás do corpo. Giulia correu em direção a ela, mas conteve-se no instante em que ouviu o som da arma ser destravada. Ela sabia bem que quem quer que a estava ameaçando, provavelmente atiraria sem pensar duas vezes. Eram os inimigos a invadirem a casa para mais um dos lendários sequestros? Era o seu pai que havia enlouquecido de vez? Ela tinha mais medo da segunda opção. A cabeça girou rapidamente, e ela pode ver os olhos tempestuosos do Felipo Rossi, ainda brincando de mirar-lhe o cano da arma. Os olhos pareciam fantasiar o momento em que balas a atingiram, mas ele ainda conteve o dedo parado no gatilho, o sentindo tremer cada vez mais. Giulia não con