Que ciúmes o que

Leoni Messina desviou o olhar da moça apenas por dois segundos para encarar o irmão, mas ele não podia deixa-la por muito tempo.

– É a sua garota? A mulher do beco? – Lucca perguntou.

– É a minha garota... É muita coincidência, não é?

– E é da máfia... Isso é ótimo. – Ele encarou o irmão. – É ótimo se você quiser se casar com ela.

– Não quero! – Ele continuou a olhar. – Você sabe que eu não vou frustrar uma mulher assim. Vai ser uma merda quando ela souber que...

– É, eu sei!

Ambos suspiraram, mas o Leoni Messina subitamente gargalhou.

A garota que havia acabado de tropeçar nos próprios pés o encarava com um olhar enviesado de reprovação, mas ele só conseguiu sentir a m*****a palpitação no peito.

– Ela é desastrada.

– E linda. Ela é perfeita. – Ele passou as mãos pelo rosto, esfregando o claro desespero. – Eu vou ter essa mulher. Eu preciso.

– Da máfia?

– Você sabe que isso não é um problema.

– Talvez seja... Essa aí é pequena, mas é valente.

Leoni Messina parecia embasbacado ao sorrir. – Eu sei. E é essa a merda toda. Eu amei isso.

Ele sentiu-se praticamente fora de si quando um jovem e alto homem a segurou pelo braço, com a mesma intensidade que ele fizera quando a chamou para dançar. Mas aquele rapaz apenas a arrastou para longe.

Os pés dele não puderam se conter no lugar, mas ele ainda tinha que manter o auto controle. Como poderia simplesmente socar qualquer pessoa que se atrevesse a toca-la, sem medir as consequências? Um Don jamais deve ser fraco. Um Don não pode amar.

– Parece que a sua garota do beco esta indo embora mais cedo.

Eles observaram a forma como o rapaz parecia brigar com ela. Giulia tinha os olhos atentos em direção ao rosto daquele homem, e isso incomodou o Leoni Messina mais que tudo.

– Eu quero saber quem é esse. Descubra tudo sobre eles!

– Você está com ciúmes?

– Não!

Lucca bateu no ombro do irmão, o cumprimentando com um certo deboche. – Meu deus, o grande Don da La cosa nostra finalmente foi fisgado por uma mulher.

– Não seja ridículo.

– Posso ser, mas você esta com ciúmes.

– Eu não gosto que se intrometam no meu caminho.

– Não é o que eu estou vendo. Admita.

Leoni Messina levou o copo de bebida a boca, mas o ódio não podia ser mais contido. Ele apertou o copo com os dedos cheios de anéis até rachar o cristal envolto nas mãos. – Chega! Eu vou acabar com essa palhaçada agora.

Os pés moveram-se dois passos antes que o Lucca Messina o puxasse de volta. – Não faz isso.

– Me solta, porra!

– Se você esta incomodado, saiba que esse é o Felipo Rossi.

– Felipo Rossi... Idaí?

– Filho do capo Rossi, irmão da sua garota.

Leoni Messina não sabia por que sentiu tanto alivio ao ouvir o irmão. – Irmão dela?

– É. Irmão. – Lucca o encarou.

– Por que você não me disse isso desde o começo?

– Aí, que graça teria?

– Você é um idiota, espero que saiba.

Lucca Messina sorriu. – Eu sei disso, e você me adora por isso.

– Se você diz... – Ele abriu as mãos e deixou que os cacos caíssem no chão.

Lucca Messina encarou o estrago do sangue nobre de um homem que nasceu para liderar pingando no chão. – Melhor mandar alguém arrumar essa bagunça.

– Chame a família dela para jantar. – Leoni Messina o interrompeu, o contendo com a palma da mão ferida.

Lucca Messina não precisou encarar o próprio ombro para saber que agora havia arruinado mais um terno caro. – Tem certeza? Ela é da família Rossi.

– O que tem isso?

– A família Rossi é a que eu falei... A que está sob a nossa investigação.

Leoni Messina encarou a porta, sentindo uma clara sensação de vazio. – Esse é mais um motivo.

– Você não vai pedi-la em casamento, não é?

– Não! Eu só quero que ela saiba quem eu sou.

Lucca sorriu, com os olhos alarmados de alguém que parecia ter decifrado as reais intenções do irmão mais velho. – Safado! Você vai se aproveitar da situação deles para usar ela, não vai?

– Não seja ridículo!

– Eu já entendi qual é o seu plano. Se forem mesmo traidores, sua garota vai acabar parando num bordel.

– Ela não vai! Eu não vou deixar uma mulher pura assim se acabar num antro.

Lucca o encarou com certa surpresa. – Vai mesmo se casar com ela, não vai? Pode me dizer. Você sabe que eu sempre vou te apoiar.

– Não! Mas não há nada de errado em manter uma amante.

– Mais uma...

– Como mais uma?

– Não se faça de bobo, eu vi vocês dois conversando...

– Não, Alessandra é só diversão. – Ele procurou a bebida que tanto precisava, dando conta de que a mão ainda sangrava. – Eu não a assumiria nunca!

– Mas ela é linda. Seria uma boa concubina se você desejasse.

– Ela é linda, e essa é a sua única qualidade.

Ele arrancou o lenço do bolso interno do terno e o pressionou contra a mão que mal parecia arder.

Lucca Messina o encarou. – E o que mais você quer de uma mulher?

O don sorriu com uma certa amargura, como se estivesse a pensar. Talvez fosse loucura esperar que uma mulher da máfia tivesse alguma fibra, mas ele ainda estava ali, imaginando como seria ter alguém realmente inteligente.

– Eu preciso de um favor.

– Mais um? – Lucca disse num tom de deboche, enquanto subitamente sentiu seu copo ser surrupiado por mãos mais rápidas que as dele.

– Eu devo algo a alguém...

– Quem? Você não é de ter débitos.

Leoni Messina levou o copo a boca e sentiu o liquido queimar como gasolina. – Que droga é isso?

Lucca sacudiu os ombros como um estabanado. – Um pouco de tudo que tinha. Achei que precisava de um incremento.

– Ficou uma merda. – Ele disse, bebendo mais um gole em seguida.

– E então, qual é o favor?

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